domingo, 25 de julho de 2021

Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz vai abrir


O Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz situa-se no Palácio dos Marqueses
de Praia e Monforte, em Estremoz.

Transcrito com a devida vénia de
 newsletter do Município de Estremoz,
de 27 de Julho de 2021.

Dia 9 de agosto, pelas 11:00 horas, vai ter lugar a inauguração ao público do Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, no Palácio dos Marqueses da Praia e Monforte, Rua Vasco da Gama, Estremoz.
Na sessão constará o descerramento de placa evocativa do momento, um momento musical com Rui Moura e uma visita guiada ao espaço pelo responsável técnico do projeto Hugo Guerreiro.
No âmbito do Plano de Valorização e Salvaguarda da Produção do Figurado em Barro de Estremoz, do projeto da Candidatura à Lista Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO, foi previsto a efetivação deste Centro Interpretativo. Este espaço resulta exatamente do êxito da Candidatura e do projeto de Valorização e Salvaguarda que o enquadra.
O objetivo principal do Centro Interpretativo passa por se colocar o foco no presente e futuro do Boneco de Estremoz, sendo que a exposição foi idealizada para ser dinâmica nos conteúdos e apresentação do figurado. Procurou-se dar destaque aos produtores, no fundo os grandes protagonistas desta história multisecular, e que pelo seu trabalho nos permitiram ainda hoje desfrutar desta tradição artesanal. Valorizar as pessoas e não apenas a sua produção, é um dos grandes objetivos do projeto.
Na exposição permanente teremos igualmente, de modo inovador, um espaço onde o visitante individual pode experimentar modelar uma figura ao modo de Estremoz. Desta forma, para além do conhecimento teórico, o visitante terá assim oportunidade de conhecer pela prática a especificidade da tradição que é hoje Património da Humanidade.
Por fim, este espaço terá no piso térreo uma valência inteiramente dedicada à área educativa, desde sempre a grande aposta do Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho.
O espaço vai abrir de terça-feira a domingo, tendo entrada gratuita até final do mês de outubro de 2021.

Newsleter do Município de Estremoz
27 de Julho de 2021










sábado, 24 de julho de 2021

Despertar para a poesia, de Francisco Ramos

 

Francisco Ramos, autor de "Despertar para a poesia".


"Despertar para a poesia” é o título do livro de poemas de Francisco Martinho Garrido Ramos, a ser apresentado ao público, no próximo dia 31 de Julho, sábado, pelas 17 horas, no Auditório do Pavilhão A do Parque de Feiras, em Estremoz.A apresentação do autor e da obra estarão a cargo de João Meira e Cruz e Hernâni Matos, respectivamente prefaciador e posfaciador do livro.
O autor, natural de São Bento do Ameixial, pai de três filhas e agricultor que já plantou muitas árvores, publica agora um livro por ocasião da passagem do seu 80.º aniversário.
A maioria dos poemas foram escritos no decurso da pandemia e divulgados nas redes sociais, onde o seu círculo de amigos o incentivou à publicação, o que agora aconteceu. Com ela fica completa a trindade de coisas, que de acordo com a tradição, um homem deve fazer na vida.
A edição é do autor e contou com o apoio do Município de Estremoz.


quinta-feira, 22 de julho de 2021

António Carmelo Aires e a Cerâmica de Redondo


António Carmelo Aires. 

Ao meu amigo António Carmelo Aires:

Carmelo Aires investigou
a cerâmica redondense
e logo um livro publicou.
Assim o seu trabalho vence.


CERÂMICA DO REDONDO - UM OUTRO OLHAR, é o título da obra de António Carmelo Aires, lançada pelas dezoito horas do passado sábado, dia 16 de Julho, no auditório do Centro Cultural de Redondo.
A sessão de lançamento do livro foi dirigida pelo Presidente da Câmara Municipal, que tinha à sua esquerda e sucessivamente, o autor e o Presidente da Junta de Freguesia de Redondo. Por sua vez, à direita do Presidente, encontravam-se sucessivamente a Directora Regional de Cultura do Alentejo e o prefaciador do livro.
O evento abriu com uma intervenção do Presidente da Câmara, à qual se seguiram as intervenções do prefaciador, da Directora Regional de Cultura e do autor.
A cerimónia terminou com uma sessão de autógrafos.

A obra
A obra abre com Agradecimentos do autor, a que se segue um excelente Prefácio da autoria de Hugo Guerreiro, Historiador e Museólogo, que nos diz que: “Dificilmente um investigador deixará de analisar um trabalho em que o autor apresenta dados de relevância histórica, sociológica, antropológica e etnológica, vividos na primeira pessoa e depois maturados ao longo de várias décadas de amor à arte”. E acrescenta: “…mais que uma memória, este livro é igualmente um trabalho de análise e investigação, que servirá para aumentar e aprofundar o conhecimento actual da temática tratada.”
No Preâmbulo, o autor confessa ter espírito de coleccionador e gosto pela arte do barro, o que o levou ao longo de décadas a recolher mais de trezentas peças do centro oleiro de Redondo, umas já existentes na sua velha casa, outras adquiridas e outras doadas. Revela-nos ainda que por impedimento da sua actividade profissional e por deveres cívicos, só há poucos anos começou a estudar o conjunto reunido e o fruto desse estudo foi agora por ele dado à estampa.
A obra distribui-se por 11 capítulos:1-Preâmbulo, 2-Redondo e a decoração das suas peças, 3-O problema da autoria e da identificação das peças oláricas, 4-Peças já desaparecidas ou em vias de desaparecer, 5-Redondo, centro produtor de talhas?, 6-Mestre Álvaro Chalana, 7- Ti Rita, 8-Mestre Estevão Zorrinho, 9-Hermínio José Zorrinho, 10-A minha colecção, 11-Peças da mina colecção cedidas para exposição e figurando em obras escritas.
O autor justifica a estrutura do livro com base nas suas motivações pessoais. No final da obra, o leitor tem à sua disposição um Glossário de termos relativos à nomenclatura de peças oláricas de diferentes tipologias e funcionalidades, bem como técnicas de decoração.
O livro, profusamente ilustrado a cores, com design gráfico de Alexandra Mariano, fotografias de Manuel Ribeiro e capa de Luís Aires, tem capa dura, 21,5 cm x 30 cm, 170 páginas e 1027 g de peso. A edição é uma edição conjunta da Câmara Municipal do Redondo e da Junta de Freguesia do Redondo. A tiragem é de 500 exemplares, impressos na Gráfica Eborense.

O autor
António Carmelo Aires é natural de Redondo, onde nasceu em 1937. Médico veterinário, iniciou a sua carreira profissional em Gaia, transferindo-se mais tarde para Évora, onde exerceu clínica rural e ocupou cargos de chefia em múltiplos organismos oficiais. Esta actividade culminou com a sua nomeação para Presidente da Comissão de Coordenação Regional do Alentejo em 1970, à qual se seguiu o cargo de Presidente da Comissão de Coordenação do Alentejo, o qual desempenhou até à sua aposentação em 1996.
No quadro europeu desempenhou igualmente inúmeros cargos no âmbito do Desenvolvimento Regional, da Viticultura e da Cultura Regional, tendo integrado missões de estudo da OCDE a Itália e à Jugoslávia.
Sócio de numerosas associações científicas, tem trabalhos seus publicados em revistas da especialidade. Colaborador activo da imprensa regional e local, sobretudo na área do Desenvolvimento Regional. Ao longo dos anos tem organizado, participado e comissariado inúmeras exposições e mostras de cultura alentejana.
Como coleccionador é polifacetado e os seus interesses incluem o barro vermelho, a porcelana, a faiança, o vidro, os têxteis e os artefactos de cozinha.

Balanço final
A obra contou muito para a sua elaboração com a vivência e vasta colecção do autor, que a estudou em profundidade, recorrendo a fontes escritas referidas na Bibliografia citada no final.
A obra de Carmelo Aires vem preencher uma lacuna que há muito se fazia sentir não só entre os coleccionadores como entre os estudiosos e vem enriquecer também a bibliografia cerâmica portuguesa. Para além de outros méritos, o livro caracteriza com rigor e profundidade a decoração da cerâmica redondense que é única, que é património imaterial local e integra a matriz identitária da cultura popular local.
O autor está, pois, de parabéns por mais este valioso contributo para a perpetuidade do registo da cultura redondense.

Publicado no jornal E nº 272
Estremoz, 22 de Julho de 2021


 
A obra de António Carmelo Aires.

Os oradores da sessão.

Um aspecto da assistência.



terça-feira, 20 de julho de 2021

Carlos Alves e o pastor de tarro e manta


Pastor de tarro e manta (2021). Carlos Alves (1958-  ).

 AO BARRISTA CARLOS ALVES:

O modelar um pastor
bem requer ocasião.
É criado com rigor
mais amor no coração.

LER AINDA:


Ex-libris do Alentejo
O Alentejo de hoje não é o mesmo que nos foi legado pelos nossos avós. Desde então que ocorreram transformações profundas no meio ambiente, na paisagem, nos meios de produção, nas relações de trabalho, no tecido social e em muitos outros aspectos.
As fainas agro-pastoris processam-se hoje de modo diferente e os actores já não são os mesmos. Uns desapareceram, outros descaracterizaram-se e deixam atrás de si, pegadas etnográficas diferentes daquelas que deixavam até cerca de meados do séc. XX. Todavia, os registos etnográficos desses actores de antanho permanecem vivos na memória de muitos de nós. E é assim, que o pastor de ovelhas com todos os seus atributos, continua a ser utilizado como ex-libris do Alentejo. Trata-se de um personagem com forte presença nas letras e nas artes, perpetuado em fotografias, pinturas e esculturas em pedra, madeira ou barro. Escusado será dizer que continua a ser também objecto de representação pelos barristas de Estremoz. É o que se passa em particular com o chamado “pastor de tarro e manta”, cujos atributos usados na representação são: pelico (ou samarra) e safões, botas, chapéu aguadeiro, cajado, tarro e manta. Desses atributos nos fala o cancioneiro popular alentejano:

"Tod’a vida gardê gado,
E sempre fui ganadêro,
Uso cêfoes e cajado,
E pelico e caldêra.” [2]

“Toda a vida guardei gado,
Toda a vida fui pastor,
Deixei botins e cajado
Por via do meu amor.” [2]

“Debaixo das azinheiras
Encostado ao teu cajado,
Com o chapéu de abas largas
Vejo-te guardando o gado.” [1]

“Neste tarro de cortiça
oferta do meu amor,
até o pão com chouriça
às vezes sabe melhor.” [3]

Memórias guardadas
Coleccionador de memórias, já perdi o conto aos exemplares de pastores que povoam a minha colecção, começando no séc. XVIII e acabando, por enquanto, nos dias de hoje. O exemplar mais recente é da autoria de Carlos Alves, barrista que aposta numa modelação fortemente naturalista que procura representar as coisas tal como elas são, para o que recorre á representação de texturas. No presente caso, texturizou a pele dos safões, a cortiça do tarro e o cabelo do pastor. O cromatismo da figura segue igualmente a filosofia usada na modelação: procura colorir as coisas com as cores naturais que elas têm.
A modelação e o cromatismo da figura aqui patentes são notáveis. O cromatismo é assaz suave e harmonioso, uma vez que é dominante uma tricromia em que o verde (cor fria) é acompanhado de duas cores neutras: o preto e o castanho em diversas modalidades.
O pendor fortemente naturalista da modelação e do cromatismo de Carlos Alves, parecem-me ser as marcas identitárias mais fortes do barrista, as quais aqui registo e aplaudo:

BIBLIOGRAFIA
[1] – DELGADO, Manuel Joaquim. Subsídio para o Cancioneiro Popular do Baixo Alentejo. Vol. I. Instituto Nacional de Investigação Científica. Lisboa, 1980
[2] - PIRES, A. Tomaz. Cantos Populares Portuguezes. Vol. IV. Typographia e Stereotipía Progresso. Elvas, 1912.
[3] – SANTOS, Victor. Cancioneiro Alentejano – Poesia Popular, Livraria Portugal, Lisboa, 1959.

sábado, 17 de julho de 2021

A República é uma bebedeira


Bêbado sentado numa pipa, com um odre de vinho nas mãos.
Oficinas de Estremoz dos finais do séc. XIX.


Adquiri recentemente um belo e curioso exemplar de barrística popular produzido numa das Oficinas de Estremoz dos finais do séc. XIX, tematicamente situado no domínio satírico, o que me é particularmente grato.
Representa um homem trajando à moda da época, sentado numa pipa, com um odre de vinho nas mãos. As notórias rosetas que ostenta nas faces, indiciam tratar-se de um bêbado. Este, apresenta a cabeça coberta por um barrete frígio vermelho, símbolo da Revolução Francesa (1789) e desde então adoptado como inequívoco símbolo do regime republicano, que em 1910 seria implantado em Portugal.
O Partido Republicano Português foi fundado em 1876, iria crescer e a propaganda republicana iria suscitar adesão popular às suas propostas, que abalavam fortemente a monarquia no poder desde o início do reinado de D. Afonso Henriques (1143).
Naturalmente que a batalha ideológica entre monárquicos e republicanos seria intensa e cada um dos lados tinha os seus apoiantes e os seus detractores. Essa batalha ideológica teria repercussões em vários domínios: na literatura, na imprensa, na ilustração e é claro na arte popular, acabando os autores por serem partidários duma facção ou da outra.
A meu ver, o presente exemplar de barrística popular estremocense é uma sátira monárquica à República, já que o bêbado usa barrete frígio vermelho. A mensagem anti-republicana implícita parece ser evidente: “A República é uma bebedeira”.
De salientar a decoração da base octogonal (quadrangular com as pontas cortadas em bisel), sarapintada com manchas brancas, verdes e pretas, que configuram um tecido camuflado.

sexta-feira, 16 de julho de 2021

Barristas de Estremoz do passado

 



ANA DAS PELES (1869-1945)
75 anos da morte de Ana das Peles
MARIANO DA CONCEIÇÃO (1903-1959)
FRANCISCA VIEIRA DE BARROS (1874-1957)
ACLÉNIA PEREIRA  (1927-2012)
ARMANDO ALVES (1935 -  )
SABINA SANTOS (1921-2005)
LIBERDADE DA CONCEIÇÃO (1913-1990)
JOSÉ MARCELINO MOREIRA (1926-1991)
ISABEL CARONA BENTO
ANTÓNIO LINO DE SOUSA (1918-1982)
QUIRINA ALICE MARMELO (1922-2009) 
MÁRIO LAGARTINHO (1935-2016)
IRMÃOS GINJA (1938,1949 - )
MARIA LUÍSA DA CONCEIÇÃO (1934-2015)
PAULO CARDOSO (1968 -   )
RUI BARRADAS (1953 - )
JOÃO FORTIO (1951 -  )
GUILHERMINA MALDONADO (1937-2019)
FÁTIMA LOPES (1974)

Hernâni Matos

quinta-feira, 15 de julho de 2021

Barristas de Estremoz do presente





ANA CATARINA GRILO (1974- )- 
Auto dos ganchos de meia
Todos diferentes, todos iguais!
A Senhora de pezinhos de Ana Catarina Grilo
Ana Catarina Grilo, uma barrista que veio para ficar
AFONSO GINJA E MATILDE GINJA (1949, 1953 - )
INOCÊNCIA LOPES (1973-   )
CURIOSIDADES - Figurado de Estremoz de Inocência Lopes
Bonecos de Estremoz de Inocência Lopes
IRMÃOS GINJA (1938- , 1949- )
IRMÃS FLORES (1957, 1958- )
NATIVIDADE - uma tipologia de cantarinha enfeitada, criada pelas Irmãs Flores 
EXPOSIÇÃO "IRMÃS FLORES, 50 ANOS EM 50 BONECOS" 
Exposição "Irmãs Flores, 50 anos em 50 Bonecos" 
Figurado de Estremoz em selo
JOANA OLIVEIRA (1978-   )
Joana Santos e o “Ti Manel do tarro”
O Carlos e a Joana: Olha que dois!
A Boniqueira Joana
JORGE CARRAPIÇO (1968 -  )  
Bonecos de Estremoz: Jorge Carrapiço
JORGE DA CONCEIÇÃO (1963- ) 
JOSÉ CARLOS RODRIGUES (1970-  )
MADALENA BILRO (1959-  )
MARIA ISABEL CATARRILHAS PIRES (1955-  )
Um singular berço das pombinhas de Ricardo Fonseca
Contributo para uma Simbólica das Figuras de Presépio
SARA SAPATEIRO  (1995-  )
Sara Sapateiro e o aristocrata rural
VERA MAGALHÃES (1966- ) 
TRADIÇÃO E CULTURA - Bonecos de Estremoz de Vera Magalhães
Bonecos de Estremoz de Vera Magalhães
Seis esculturas em alto relevo
Vera Magalhães e a escultura em alto-relevo
As Manas Perliquitetes de Vera Magalhães
Auto das damas dos girassóis
Vera Magalhães no Reino de Liliput
A Dama dos Girassóis de Vera Magalhães