terça-feira, 18 de novembro de 2025
Estória da amizade entre um oleiro e o seu barbeiro, na Vila de Redondo, no ano de 1941
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Carlos Alves e a cozinha dos ganhões
[i] Bancos rústicos confeccionados com pernadas de sobreiro.
quinta-feira, 6 de novembro de 2025
A cadeirinha de "Prometida"
quinta-feira, 2 de outubro de 2025
A tradição oleira de Estremoz
terça-feira, 30 de setembro de 2025
O curso natural das coisas
Nasci
em 1946 no número 14 do Largo do Espírito Santo em Estremoz, mesmo ali ao
cantinho (Fig. 1 e Fig. 2). Ao meio da Rua dos Banhos, do lado direito, morava o mestre oleiro e
barrista Mariano da Conceição. Bem perto da casa dos meus pais era também a rua
do Lavadouro, onde ao meio funcionara a Cerâmica Estremocense de Mestre Emídio
Viana. Não seria isto um augúrio de que iria estar ligado à olaria? É caso para
dizer que “Eu não acredito em coincidências, mas que as há, há”.
Na
minha juventude, os passeios pelo Rossio levavam-me invariavelmente a deter nos
stands da Olaria Alfacinha (Fig. 3) e da Olaria Regional, onde mirava e remirava as
peças oláricas, mas onde não comprava nada, não só porque não chegara ainda a
altura de o fazer, mas porque como jovem de então, só tinha cotão nos bolsos
das calças.
Em 1963, a participação da olaria e da barrística no Cortejo Etnográfico integrado nas Festas da Exaltação da Santa Cruz (Fig. 4 a Fig. 11) foram determinantes na tomada de consciência de um jovem de 17 anos como eu, de que tanto a olaria como a barrística eram manifestações vigorosas não só da identidade cultural estremocense, como da identidade cultural alentejana.
Entretanto,
ingressei na Universidade e só em 1972 comecei a comprar objectos oláricos e
Bonecos de Estremoz, após ter ingressado como professor na então Escola
Industrial e Comercial de Estremoz. Eram compras às pinguinhas, já que em
início de carreira ganhava pouco mais do que coisa nenhuma,
Naturalmente, que as aquisições causadas pelo fascínio do barro precisavam de ser consolidadas com conhecimentos. Foram determinantes na minha formação como coleccionador, livros como “Barros de Estremoz” de Azinhal Abelho (Fig. 12), “Algumas palavras acerca de Púcaros de Portugal” de Carolina Michaëlis de Vasconcelos,(Fig. 12), “La céramique populaire du Haut-Alentejo” de Solange Parvaux (Fig. 13),e mais tarde “Barros de Estremoz”, de Joaquim Vermelho (Fig. 13),, a que se seguiram outros livros e brochuras, adquiridos muitas vezes no mercado alfarrabista.
As
leituras levaram-me a formular questões relativamente àquilo que leio e aos
objectos oláricos que vou adquirindo, pelo que a minha formação científica me
induz a investigar, visando "Pôr o preto no branco".
Com a morte em 2016 de Mestre Mário Lagartinho, decano da olaria e o último oleiro de Estremoz, constituiu uma tragédia cultural. Tornou-se real a necessidade de preservação e salvaguarda da olaria tradicional de Estremoz, acção que em devido tempo veio a ser despoletada pelo Município de Estremoz, em parceria com entidades oficiais para isso vocacionadas.
terça-feira, 23 de setembro de 2025
A ADOE no rescaldo do 1º Encontro Nacional de Olaria em Évora Monte
No passado dia 21 de Setembro tive o privilégio de
participar no Castelo de Évora Monte no Colóquio “RECENTRAR - Memória, Barro e Saber-fazer“, integrado no Encontro Nacional de Olaria, que ali teve lugar.
A minha participação foi fruto do honroso convite que me foi
formulado pela Senhora Doutora Mathilda Dias Coutinho, coordenadora do projecto
de investigação 2LEGACY, no sentido de participar no Colóquio na qualidade de
coleccionador e investigador da olaria de Estremoz, convite a que naturalmente
acedi e que muito me congratulou.
A minha comunicação subordinada à epígrafe “O guardador de
memórias” e acompanhada de projecção em PowerPoint, teve o seguinte epílogo:
O legado da antiga tradição oleira de Estremoz constitui
indiscutivelmente Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal.
O legado é caracterizado pela excelência dos exemplares oláricos que o
integram, o que é revelador da exigência que constitui a sua recuperação e
preservação, visando a salvaguarda da identidade cultural estremocense.
Nessa missão está envolvida a ADOE, cujos associados têm recebido
formação continuada, ministrada por Mestre Xico Tarefa, visando o seu
aperfeiçoamento técnico e artístico. Tal só foi possível com o apoio
indispensável e insubstituível do Município de Estremoz e do CEARTE - Centro de
Formação Profissional para o Artesanato e Património.
Hernâni Matos
sábado, 2 de agosto de 2025
Dia de Sortes
quarta-feira, 21 de maio de 2025
Assobios de se lhes tirar o chapéu
Desde 2019 que venho acompanhando
o trabalho da barrista Inocência Lopes e a ele me tenho referido nos meus
escritos. Daí que possa afirmar que o mesmo se pauta por um estrito respeito pela
técnica de produção e pela estética do Boneco de Estremoz. É, de resto, um
trabalho revelador duma busca incessante de perfeição e de um caminho muito próprio.
A barrista, dotada de forte
personalidade artística, tem-se afirmado através de um estilo pessoal, caracterizado
por marcas identitárias diferenciadoras que a distinguem dos demais barristas.
A minha colecção integrava até
agora apenas três trabalhos seus, correspondentes a temas que me são gratos: “Ceifeira”,
“Primavera” e “Amor é cego”. A eles se
vieram juntar recentemente quatros assobios: “Pucarinho enfeitado”, “Candelabro
enfeitado”, “Terrina enfeitada” e “Arco enfeitado”, encomendados há um ano
atrás, no acto inaugural da sua exposição no Centro Interpretativo do Boneco de
Estremoz. Tal facto é revelador de que a barrista “não tem mãos a medir”, o que
muito me congratula, por confirmar o reconhecimento público do trabalho da
barrista.
Os assobios criados por Inocência
Lopes, constituem uma verdadeira mudança de paradigma. Na verdade, os assobios
de barro vermelho de Estremoz integravam até então na sua decoração uma figura
zoomórfica, antropomórfica ou mista. Com Inocência Lopes, os assobios passam
também a incorporar espécimes de olaria enfeitada como elementos decorativos.
Trata-se de uma inovação visualmente harmoniosa, que eu aplaudi e subscrevi,
assim que se tornou conhecida.
Com tais criações a barrística de
Estremoz ficou mais rica e a barrista prestou uma singela homenagem às
bonequeiras de setecentos que estiveram na criação das peças de olaria
enfeitada.
Bem-haja, Inocência Lopes.
Estamos todos de parabéns.























