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segunda-feira, 17 de fevereiro de 2025

A República é uma bebedeira


Bêbado sentado numa pipa, com um odre de vinho nas mãos.
Oficinas de Estremoz dos finais do séc. XIX.


Adquiri recentemente um belo e curioso exemplar de barrística popular produzido numa das Oficinas de Estremoz dos finais do séc. XIX, tematicamente situado no domínio satírico, o que me é particularmente grato.
Representa um homem trajando à moda da época, sentado numa pipa, com um odre de vinho nas mãos. As notórias rosetas que ostenta nas faces, indiciam tratar-se de um bêbado. Este, apresenta a cabeça coberta por um barrete frígio vermelho, símbolo da Revolução Francesa (1789) e desde então adoptado como inequívoco símbolo do regime republicano, que em 1910 seria implantado em Portugal.
O Partido Republicano Português foi fundado em 1876, iria crescer e a propaganda republicana iria suscitar adesão popular às suas propostas, que abalavam fortemente a monarquia no poder desde o início do reinado de D. Afonso Henriques (1143).
Naturalmente que a batalha ideológica entre monárquicos e republicanos seria intensa e cada um dos lados tinha os seus apoiantes e os seus detractores. Essa batalha ideológica teria repercussões em vários domínios: na literatura, na imprensa, na ilustração e é claro na arte popular, acabando os autores por serem partidários duma facção ou da outra.
A meu ver, o presente exemplar de barrística popular estremocense é uma sátira monárquica à República, já que o bêbado usa barrete frígio vermelho. A mensagem anti-republicana implícita parece ser evidente: “A República é uma bebedeira”.
De salientar a decoração da base octogonal (quadrangular com as pontas cortadas em bisel), sarapintada com manchas brancas, verdes e pretas, que configuram um tecido camuflado.

Publicado inicialmente em 17 de Julho de 2021

quarta-feira, 22 de janeiro de 2025

Erros de sacristia


Fig. 1 – Capitulares do meu nome. 



No dia 19 de Agosto de 1946 veio a este mundo uma criança do sexo masculino, o qual sou eu e a quem no dia do baptismo, a madrinha deu o nome de “Hernâni António Carmelo de Matos”. Trata-se de um nome constituído pelo antropónimo composto “Hernâni António” e pelos sobrenomes “Carmelo” e “Matos”. Iremos ver que foi um nome que veio a alimentar uma estória quase tão comprida como a légua da Póvoa.
O antropónimo
Começando pelo antropónimo “Hernâni António”, importa conhecer o porquê e as consequências de ter recebido cada um destes nomes. Em primeiro lugar “Hernâni”. A minha madrinha e tia, pessoa simples do povo e desprovida de conhecimentos literários, desconhecia completamente a existência do drama “Hernâni” da autoria do escritor francês Vítor Hugo. Todavia, era do conhecimento público a existência de um alentejano ilustre, natural do Redondo, de seu nome Hernâni António Cidade (Fig. 2), distinto homem de letras e amiúde falado nos jornais. A minha madrinha terá achado o nome bonito e para mais o nome de um alentejano e tudo. E eu lá fiquei “Hernâni António”. Foi um nome que teve consequências ao longo da minha vida. Primeiramente na vida escolar, pelo facto de me chamar “Hernâni”, palavra começada por “H”, a oitava letra do alfabeto português, então com 23 letras, fazia com que eu não fosse dos primeiros a ser chamado a provas orais. Primeiro iam os Abeis, os Balbinos, os Carlos, os Danieis, os Edgares, os Faustinos e os Gaspares. Só depois ia eu, o que me deixava mais algum tempo para estudar para as orais, afim de poder “tapar buracos” que tivessem ficado abertos durante o ano escolar. Lá diz o provérbio optimista: “Enquanto o pau vai e vem, folgam as costas”. Todavia, as consequências de me chamar “Hernâni” não ficaram por aqui.
Com o desenvolvimento da minha personalidade, adquiri hábitos de leitura e como coleccionador tornei-me bibliófilo. Naturalmente que a minha biblioteca começou então a incorporar entre outras, obras do Dr. Hernâni António Cidade, algumas com dedicatória autógrafa a terceiros. O facto de me chamar “António”, levou-me também a coleccionar iconografia antoniana, nomeadamente a nível de barrística popular estremocense (Fig. 3). A nível bibliófilo, além dos seus Sermões e de biografias que sobre ele têm sido escritas, interesso-me por obras que abordam Santo António na Literatura de Tradição Oral, os aspectos etnográficos das festividades populares do Dia de Santo António, bem como a iconografia antoniana, sobretudo nas suas vertentes pictórica e azulejar.

Fig. 2 – Hernâni António Cidade (1887-1975), professor universitário, ensaísta,
historiador e crítico literário, natural do Redondo.

Significado de Hernâni
O antropónimo “Hernâni” encontra a sua origem em “Hernan”, variante de “Hernando”, versão espanhola de “Fernando”.
Este último nome é uma contracção de “Ferdinando” do latim “Ferdinandus”, que por sua vez proveio do gótico “Ferdinand”, palavra composta de “fardi” (viagem) e “nand” (pronto). O antropónimo “Hernâni”, poderá então significar “pronto/preparado para a viagem".
Por outro lado, “Fernando” pode derivar do alemão “Firthunands”, palavra composta de “firthu” (paz)  e “nands” (audaz). O antropónimo “Hernâni” poderá assim designar "Aquele que se atreve a tudo para conservar a Paz".
O antropónimo Hernâni popularizou-se por ser o pseudónimo do herói e título homónimo da obra teatral do escritor francês Victor Hugo, representada pela primeira vez em 1830 e a partir do qual o compositor italiano Giuseppe Verdi, compôs em 1844 uma ópera em 4 actos.
Significado de António
O antropónimo “António” provém do latim “Antonius”, que significa “digno de apreço” ou “de valor inestimável”. É um dos nomes mais populares da antroponímia portuguesa, devido, sobretudo, a Santo António de Lisboa.
O sobrenome Carmelo
O meu primeiro sobrenome e muito bem, é “Carmelo”, nome de família do meu avô materno, Manuel Carmelo (ferroviário), mais conhecido por “Manuel Alturas”. É um sobrenome que encerra em si várias estórias. A primeira é a sorte de que sendo neto do Manuel Alturas e muito mais alto que ele, nunca ninguém se ter lembrado de me chamar “Monte Carmelo”. A segunda é o facto de eu ter uma caligrafia que mais parece um desenho abstracto. Não porque eu tenha estrabismo, não senhor. Quem tem de me ler é que pode ficar estrábico. Era uma alegria ler as pautas de exame afixadas na Faculdade de Ciências que frequentei, nas quais figurava o meu nome. Raramente aparecia a palavra ”Carmelo”. Esta era substituída por sobrenomes como “Carrelo”, “Carpelo”, “Corvelo”, “Carvalho”, “Camelo”, “Capeto”, “Corneto” e “Carapeto”, constituindo uma cornucópia de sobrenomes espúrios. É claro que nunca me queixei. A culpa era minha e só minha. Desabituado de escrever nos cadernos de duas linhas usados na Instrução Primária, comecei a escrever à rédea solta logo no Liceu. Este facto veio a agravar-se na Universidade, onde a necessidade de rapidamente tirar apontamentos nas aulas para ter por onde estudar, distorceu ainda mais a minha caligrafia. Para além disso, a palavra “Carmelo” aparecia, por diversas vezes, substituída pela palavra “Caramelo” e daí o mal o menos, já que ambas as palavras são variantes do mesmo sobrenome. Todavia, o sobrenome “Carmelo” sugere algo de natureza monástica ao passo que “Caramelo” é um sobrenome polivalente. Tanto designa um rebuçado confeccionado a partir de açúcar queimado, como a água congelada (gelo), alguém de nome desconhecido (sinónimo de tipo ou gajo) ou trabalhador rural do distrito de Coimbra que noutros tempos vinha trabalhar para o Alentejo.
O sobrenome “Carmelo” aparece na genealogia alentejana e para além da família “Carmelo de Matos, existem outras como “Carmelo Grazina”, “Carmelo Morais”, “Carmelo Aires” e “Carmelo Alcaide”.
O sobrenome Matos
Chegámos aqui a um ponto crucial desta crónica e é aqui que “a porca torce o rabo”. Vejamos porquê.
A 1 de Julho de 1923 nasce na aldeia da Cunheira da freguesia e concelho de Chança, uma criança do sexo masculino (o meu futuro pai), que seria o primeiro de 4 filhos de Manuel Sabino (pedreiro) e Antónia Matos (doméstica). À criança foi dado o nome que consta no registo baptismal “João Sabino de Matos”. Trata-se de um facto estranho já que de acordo com a tradição em vigor, consignada na lei, o último sobrenome a atribuir a um recém-nascido deve ser o do pai. De acordo com tal disposição, os meus tios (duas tias e um tio) saíram “Matos Sabino”. Todavia, o meu pai saiu “Sabino de Matos” e não “Matos Sabino”, como se o pai tivesse deixado de ser pai para passar a ser mãe e esta tivesse deixado de ser mãe, para passar a ser pai. Se o caso não se tivesse passado na Igreja, eu diria que tinha sido obra do “Diabo”. Mas não, foi troca dos sobrenomes pelo padre de serviço, quem sabe se às voltas com uma digestão difícil.
O sono de Deus
Reza o adagiário português que “Deus não dorme”. Com o devido e democrático respeito pelas crenças do próximo, não penso que assim seja. Se Deus não dormisse ou pelos menos não estivesse distraído, o padre da Cunheira não teria invertido a ordem dos sobrenomes de família. Creio piamente que o Senhor teria dado no padre um celestial abanão, que o levasse a emendar o erro crasso em que incorreu. Fruto dele, sou “Carmelo de Matos” e não “Carmelo Sabino”. Felizmente que o sobrenome “Matos”, que até está antecedido de um “de”, não se escreve com dois “tt” ou seja “Mattos”. Se assim fosse, algum maldizente daqueles que por aí abundam, poder-se-ia lembrar de me acusar de ser pretensioso, por onomasticamente me travestir em “sangue azul”, que de facto não sou. De salientar, que embora por efeitos práticos, mantenha o nome com um sobrenome errado, para efeitos genealógicos deverei ser encarado como um “Carmelo Sabino” e não como um “Carmelo de Matos”. 
Erro de sacristia
Todas as estórias têm um fim e esta chegou ao fim. Todavia, todas as estórias têm também uma moral. Neste caso, creio ser legítimo concluir que o erro cometido pelo padre foi um “erro de palmatória”, daqueles que levavam os professores do antigamente a dar pelo menos uma palmatoada da praxe em cada mão do aluno com a “Dona Rosa” de uso pessoal. Para além disso, foi um “erro de sacristia” que eu não perdoo e que só o Senhor na sua infinita benevolência poderá perdoar.

Estremoz, 19 de Setembro de 2019
(Jornal E nº 231, de 7-10-2019)
Publicado inicialmente em 20 de Outubro de 2010


Fig. 3 – Santo António. Imagem devocional em barro de Estremoz, da autoria do
barrista e oleiro Mariano da Conceição (1903-1959). Colecção do autor.

domingo, 31 de dezembro de 2023

Mensagens de Ano Novo



Na passagem de cada ano é usual cada um de nós formularmos “Votos de Feliz Ano Novo”, aos nossos familiares e amigos, bem como a pessoas do nosso círculo de relações.

Actualmente, os modos mais correntes de o fazer são através das mensagens por telefone, email, vídeo e videoconferência. Mas nem sempre foi assim.

Anteriormente à globalização e à era digital, para além dos “Votos de Feliz Ano Novo”, serem formulados através de relacionamento humano interpessoal, existiam cartões ilustrados com mensagens pré-impressas, os quais se expediam pelos correios e eram arautos dos votos por nós formulados, acabando na maioria dos casos por dar origem a uma missiva da mesma tipologia, expedida em sentido contrário. Tudo isto pertence ao passado.

A riqueza e cromatismo das ilustrações era notável, pelo que tais cartões são actualmente peças de colecção muito apreciadas.

As imagens aqui apresentadas pertencem a cartões com mensagens impressas em língua inglesa, tanto do Reino Unido como dos Estados Unidos da América e a respectiva datação remonta aos primórdios do séc. XX. As imagens dos cartões ilustram predominantemente: - A despedida do “Ano Velho” associada à entrada do “Ano Novo”; - A meia-noite de 31 de Dezembro e as zero horas de 1 de Janeiro, assinaladas num relógio de ponteiros; - A folha de calendário do primeiro dia de Janeiro; - Símbolos dos votos formulados (trevo de 4 folhas, ferradura, cornucópia, porquinho); - Festejos de passagem de ano.

É tal o deleite de espírito provocado pela visualização destas imagens que me apetece dizer:
- Oh tempo volta para trás!

Hernâni Matos 

Publicado inicialmente a 31 de Dezembro de 2023





































quinta-feira, 17 de março de 2022

Ilustrações de Margarida Maldonado em Exposição



Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 16 de Março de 2022.

"As Velhas" é o nome da exposição de ilustrações de Margarida Maldonado que irá ser inaugurada, dia 19 de março, pelas 15:00 horas, na Sala de Exposições Temporárias do Museu Municipal de Estremoz.
Margarida Maldonado é de Estremoz, pintora autodidata, Educadora de Infância já reformada e autora e ilustradora de vários livros de história e poesia, sobre esta exposição diz-nos:
“Os ricos viajam no espaço, o covid por toda a parte. Em Glasgow decide-se o futuro da humanidade, por cá cai o governo. Os Partidos degladiam-se nas respetivas Sedes; multidões nas ruas pelo clima. Sobe o preço da água, da luz, da gasolina. Não há médico de família para todos, o dinheiro não chega para os medicamentos. As velhas só querem estar! Tranquilamente e cheias de gratidão pelo sol quente do dia, pelo brilho da lua para espreitar à noite. A luz e o silêncio, o céu azul e as flores bravias, os frutos e os pássaros. O cheiro e as cores dos campos , os animais e as couves da horta. Dão os bons dias à vizinhança os novos agricultores recém chegados. Nada lhes consegue roubar a felicidade de viver no espaço rural. Sorriem, desatam os nós dos dedos e crescem-lhes rendas brancas contra as saias pretas.” (Margarida Maldonado)
A mostra vai estar patente até dia 19 de junho de 2022 e é composta por cerca de cinco dezenas de ilustrações que representam mulheres, às quais carinhosamente chama as Velhas, que vivem tranquilamente no interior do Alentejo completamente alheias aos problemas que se passam no Mundo e trabalhos que ilustram os tranquilos campos e Vilas no Alentejo.

domingo, 27 de fevereiro de 2022

O fascínio da cerâmica de Redondo

 

Bacia. Oleiro desconhecido. 1910-1911.


Pontapé de saída
A cerâmica de Redondo exerce há muito sobre mim, um enorme e justificado fascínio: pela diversidade da sua tipologia, pela riqueza e variedade da sua morfologia, pela tecnologia de fabrico, pela sua decoração, pelos processos pelos quais é concretizada, pelas temáticas da decoração, pelo cromatismo, pela funcionalidade dos seus modelos e, finalmente, pela sua História e Etnografia.

O jogo em si
Ao longo dos anos fui reunindo exemplares que fui adquirindo, sobretudo no Mercado das Velharias em Estremoz e mais recentemente através de compras “on line”.
Ultimamente cheguei à conclusão que era imperioso inventariar os espécimes da minha colecção, pelo que se tornava necessário estudá-los, o que tenho vindo a fazer, recorrendo à bibliografia existente e que disponho ao meu alcance. Não tem sido tarefa fácil, a começar pela datação das peças, as quais não estando datadas, é sempre aproximada. A maioria das peças não estão assinadas, pois isso era pratica corrente. Deste modo, há um número considerável delas, para os quais não consegui identificar nem o oleiro, nem o(a) decorador(a). A tarefa a que me propus é uma tarefa hercúlea, daquelas que vulgarmente são designadas por “bico de obra”. Para ser mais preciso: a inventariação sem mácula de uma peça olárica de Redondo, é humanamente impossível, tal como o é a quadratura do círculo. Todavia, tal impossibilidade não me tem impedido de procurar inventariar os meus exemplares, tendo em conta os itens em relação aos quais é possível fazê-lo.
Uma tal inventariação tem sido acompanhada de uma leitura antropológica, que delas vou fazendo e na sequência das qual acabo por contruir uma estória, já que as peças falam comigo e eu sou um contador de estórias. As mesmas têm sido divulgadas no meu blogue "Do Tempo da Outra Senhora"  e posteriormente na minha página do Facebook.

Remate final
Recentemente e na sequência da divulgação da mais invulgar peça da minha colecção, recebi do historiador, Dr. José Calado, um comentário que muito me congratulou:
- Fantástica. Muito obrigado por mais esta extraordinária partilha...
A minha resposta célere foi a que reproduzo de seguida:
- É com todo o gosto que o faço. Como coleccionador sinto necessidade de estudar as peças que me tocam a alma e a divulgação dos resultados da minha pesquisa é um corolário natural que culmina todo o processo. Todavia, este não fica fechado. É um processo sempre em aberto, permeável a todas as descobertas e/ou reflexões que eu próprio ou alguém possa produzir. Nesse sentido, a representação que faço da peça é uma representação dinâmica, já que se encontra em permanente reconstrução.
É isso que prometo continuar a fazer, já que sou resiliente e costumo reincidir. Podem ter a certeza.

BIBLIOGRAFIA
MADUREIRA, João. Memórias da Olaria de Redondo. Centro de Documentação do Pão. Terena, 2015
CALADO, José. Redondo Terra de Oleiros. Santa Casa da Misericórdia de Redondo. Redondo, 2013.
CARMELO AIRES, António. Cerâmica de Redondo – Um Outro Olhar. Câmara Municipal de Redondo. Redondo, 1921.
Hernâni Matos

Bacia. Oleiro desconhecido.

Alguidar. Oleiro desconhecido.

Prato covo. Ti Rita (1891-1974).

Prato covo. Ti Rita (1891-1974).

Bacia. Álvaro Chalana (1916-1983).


Prato covo.  Álvaro Chalana (1916-1983).

Prato covo.  Álvaro Chalana (1916-1983).


Bacia. Ti Rita (1891-1974).


Bacia. Oleiro desconhecido.

Prato covo. Olaria Beira.

Prato peixeiro.  Álvaro Chalana (1916-1983).

Barril.  Álvaro Chalana (1916-1983).

Borracha. F. R. Cte, oleiro. 1941