sábado, 4 de outubro de 2025
Arte pastoril perde um dos seus maiores
segunda-feira, 29 de setembro de 2025
As primeiras memórias da olaria
Até
então, a água era distribuída por aguadeiros que a acarretavam em
cântaros de folha de Flandres ou de barro, transportados em cangalhas assentes
no dorso de burros ou em divisórias de carroças para o transporte de água. Recolhida nas fontes, assim ia parar à casa
dos fregueses. À chegada, à porta da rua, a água era transvasada do cântaro que
a transportara para um cântaro de barro do freguês.
Os
aguadeiros eram figuras do quotidiano diário da época que ficaram perpetuadas
na barrística de Estremoz.
Tal
como os aguadeiros também as mulheres das castanhas, como figuras
do quotidiano diário da época, ficaram perpetuadas na barrística de Estremoz.
Qualquer
das memórias desperta em mim outras memórias. Assim, a memória dos aguadeiros
carrega consigo a memória da frescura e do sabor inigualável da água contida em
recipiente de barro. Por outro lado, a memória das mulheres das castanhas
transporta consigo o odor e o sabor das castanhas assadas. É caso para dizer
que as memórias são como as cerejas, vêm umas atrás das outras.
Hernâni Matos
domingo, 28 de setembro de 2025
O guardador de memórias
Tenho
o coleccionismo na massa do sangue. Sou geneticamente um coleccionador e
cumulativamente um contador de estórias, não só de estórias
reais, mas também das estórias que as coisas me contam sobre os segredos que a
sua existência encerra.
Ao
longo da minha vida de coleccionador reuni mais de 200 objectos oláricos de
diferentes tipologias, morfologias, funcionalidades e tamanhos, os quais têm
entre si um elo comum: foram produzidos pelas extintas olarias de Estremoz. São,
pois, memórias do passado. Ao reunir um acervo pessoal dessas peças, tornei-me,
eu próprio, um guardador de memórias.
Estas
memórias guardadas, conjuntamente com muitas outras memórias, integram a
chamada memória colectiva, a qual nos ajuda a construir e manter
a nossa identidade cultural e histórica, preservando tradições, valores e
experiências comuns.
É a
memória colectiva que nos permite aprender com os erros e sucessos do passado,
o que é essencial para o desenvolvimento e a evolução da sociedade.
Como
guardador de memórias, assumo-me como fiel guardião da nossa ancestral matriz
identitária, incumbido duma nobre missão: a de transmitir às novas gerações, a
importância e a riqueza da pluralidade do passado e das tradições do nosso
povo, para que elas tenham consciência de que urge resistir a uma globalização
castrante, que assimptoticamente procurará reduzir à chapa zero, as nossas
identidades culturais, a nível local, regional e nacional.
terça-feira, 23 de setembro de 2025
A ADOE no rescaldo do 1º Encontro Nacional de Olaria em Évora Monte
No passado dia 21 de Setembro tive o privilégio de
participar no Castelo de Évora Monte no Colóquio “RECENTRAR - Memória, Barro e Saber-fazer“, integrado no Encontro Nacional de Olaria, que ali teve lugar.
A minha participação foi fruto do honroso convite que me foi
formulado pela Senhora Doutora Mathilda Dias Coutinho, coordenadora do projecto
de investigação 2LEGACY, no sentido de participar no Colóquio na qualidade de
coleccionador e investigador da olaria de Estremoz, convite a que naturalmente
acedi e que muito me congratulou.
A minha comunicação subordinada à epígrafe “O guardador de
memórias” e acompanhada de projecção em PowerPoint, teve o seguinte epílogo:
O legado da antiga tradição oleira de Estremoz constitui
indiscutivelmente Património Cultural Imaterial de Interesse Municipal.
O legado é caracterizado pela excelência dos exemplares oláricos que o
integram, o que é revelador da exigência que constitui a sua recuperação e
preservação, visando a salvaguarda da identidade cultural estremocense.
Nessa missão está envolvida a ADOE, cujos associados têm recebido
formação continuada, ministrada por Mestre Xico Tarefa, visando o seu
aperfeiçoamento técnico e artístico. Tal só foi possível com o apoio
indispensável e insubstituível do Município de Estremoz e do CEARTE - Centro de
Formação Profissional para o Artesanato e Património.
Hernâni Matos
sexta-feira, 19 de setembro de 2025
Colóquio “RECENTRAR: Memória, Barro e Saber-fazer “- Encontro Nacional de Olaria
quinta-feira, 18 de setembro de 2025
Exposição "O Legado do barro de Estremoz"
segunda-feira, 15 de setembro de 2025
Colóquio "RECENTRAR / Memória, Barro e Saber-fazer" - Évora Monte, 20 e 21 de Setembro
domingo, 24 de agosto de 2025
Berço com bébé, assobio de Maria Luísa da Conceição
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
Assobios devocionais
Colecção Hernãni Matos.
segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Todo o mundo é composto de mudança
sábado, 16 de agosto de 2025
Quando as bilhas de Estremoz se passeavam por Sintra e frequentavam as praias da região
quinta-feira, 31 de julho de 2025
Bonecos de Estremoz nos contentores do lixo? Não, obrigado!
Desenterrando uma velha crónica (1)
segunda-feira, 28 de julho de 2025
Atrás da Primavera, outras Primaveras hão de vir
quarta-feira, 23 de julho de 2025
Assobios de Jorge da Conceição
terça-feira, 22 de julho de 2025
No tempo em que não havia “Barbies”
(Colecção Hernâni Matos)
Com uma tal manufactura, a mulher
da Família (mãe, avó, tia ou irmã) dava à criança a quem a boneca era
destinada, três grandes lições:
- A primeira era uma lição de
economia circular, já que havia o reaproveitamento de tecidos que havia sido
abatidos ao serviço, mas que assim continuavam a ter préstimo. A criança ficava
assim a perceber a importância do combate ao desperdício;
- A segunda era uma lição de
amor, dada pela mulher da Família à criança que a recebia, o que contribuía para
o reforço dos laços inter-geracionais;
- A terceira lição era uma lição
de pedagogia. já que a dádiva constituía um incentivo ao brincar, actividade
insubstituível na formação e socialização da criança.
Nem sempre o passado foi melhor
que o presente, mas em muitos casos foi e há contextos que podem ser apontados
como exemplos a seguir. É o caso das “bonecas de trapo”, aqui apresentado como
paradigma.