domingo, 29 de junho de 2025
Jorge da Conceição e o Porteiro do Céu
quarta-feira, 11 de junho de 2025
Eu e Santo António de Lisboa
- Santo António na barrística popular estremocense (13-06-2011)
- Santo António no Azulejo Português (14-06-2012)
- Santo António na tradição popular estremocense (26-06-2912)
- Joana Oliveira, uma barrista que se afirma (30-05-2020)
- Auto do desconfinamento de Santo António (13-06-2020)
- Inocência Lopes e o infortúnio de Santo António (29-06-2020)
- Um gancho de meia antonino (21-11-2020)
- Santo António no púlpito (11-12-2020)
domingo, 8 de junho de 2025
Louça de Redondo no Mercado das Velharias em Estremoz
1. Barranhão de grandes dimensões decorado com base na tradicional tricromia verde-amarelo-ocre castanho, característica da louça vidrada de Redondo. Bordo beliscado e esponjado de verde. Fundo com decoração mista, fitomórfica e zoomórfica, na qual um arbusto florido serve de poiso a um bando de passarinhos, que também esvoaçam em torno dele, já com o bico carregado,. numa clara alegoria à Primavera.
O traço do esgrafitado é fino, firme e seguro, configurando o desenho ter saído das mãos de grande artista.
Autoria e datação por
determinar,
2. Prato de louça de barro vermelho de Redondo, pintado e não vidrado por Francisco Cardadeiro (Chico Galinho). A pintura cinge-se à parte frontal do prato, o fundo é negro e a decoração policromática e fitomórfica reproduz os habituais elementos decorativos da mobília tradicional alentejana. No bordo do prato existe simetria alternada dos elementos decorativos usados do prato. No fundo, existe simetria axial em relação ao eixo central.
Datação por determinar.
quinta-feira, 5 de junho de 2025
Carlos Alberto Alves e a Música Popular Alentejana
Pintura de Cristina Malaquias.
Colecção Hernãni Matos
Em comunicação datada de 1998 (*), demonstrei que pela sua paisagem própria, pelo carácter do povo alentejano, pelo trajo popular, pela gastronomia, pela arte popular, pelo cancioneiro popular, pelo cante, pela música popular, pela casa tradicional, o Alentejo é uma região com uma identidade cultural própria.
No caso muito particular da
música popular alentejana, também os executantes e os instrumentos musicais
populares alentejanos, são parte integrante da identidade cultural alentejana,
a qual urge preservar e valorizar enquanto memória do povo.
Etno-musicólogos como Michel
Giacometti e Fernando Lopes Graça calcorrearam os campos do Alentejo nos anos
60 do século passado e efectuaram o registo etno-musical da região.
Conhecedor deste registo e
daqueles que nele participaram, entre eles o seu tio Aníbal Falcato Alves, o
barrista Carlos Alberto Alves, no mais estrito respeito pela técnica de
produção e pela estética do Boneco de Estremoz, criou um conjunto de figuras
sob a epígrafe MÚSICA POPULAR ALENTEJANA, o qual incorpora os tocadores dos
seguintes instrumentos musicais populares alentejanos: adufe, bombo, cana
aberta, cântaro, ferrinhos, harmónio, reco-reco, ronca, tambor, tamboril,
trancanholas e viola campaniça. Com esta criação procura homenagear todos
aqueles que contribuíram para o registo etno-musical do Alentejo.
Felicito o barrista pela qualidade do seu trabalho e pela iniciativa de criar estas figuras, a qual além de louvável é simultaneamente uma forma de afirmação pessoal que constitui
mais um passo importante na consolidação da sua carreira como barrista.
Hernâni Matos
(*) - “A necessidade da criação da Região Administrativa
do Alentejo” no Encontro promovido pelo Movimento “Alentejo – Sim à
Regionalização por Portugal”. Estremoz, Junta de Freguesia de Santa Maria, 24
de Outubro de 1998.
segunda-feira, 26 de maio de 2025
O Sporting na cerâmica de Redondo
Olaria desconhecida Último quartel do séc. XX.
sábado, 29 de março de 2025
Costurar é preciso!
sábado, 15 de março de 2025
Tocador de ronca
No Alentejo de outrora, grupos de homens agasalhados do
frio, percorriam as ruas dos povoados em compasso lento e solene, entoando
cantares de Natal ou das Janeiras. Paravam aqui e ali, para dedicar os seus
cantos aos moradores de determinadas casas. Os cantares eram acompanhados pelo
som, grave e fundo, das roncas percutidas por tocadores. A ronca é um
instrumento musical tradicional do Alentejo, pertencente à classe dos
membranofones de fricção. Ainda pode ser encontrado na zona raiana (região de
Portalegre, Elvas, Terrugem e Campo Maior).
quinta-feira, 13 de março de 2025
Tocadora de adufe
sábado, 15 de fevereiro de 2025
Novamente o "Barbeiro sangrador"
sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025
O reencontro de dois caminhantes
É sabido que não há caminho,
como nos ensina o poeta sevilhano António Machado: “Caminhante, são teus
rastos / o caminho, e nada mais; /caminhante, não há caminho, / faz-se caminho
ao andar.” (…).
Cada um de nós segue o seu
próprio caminho, o que não impede que alguns caminhos se cruzem. Foi assim que
o meu caminho e o de Mestre Xico Tarefa se cruzaram em 1980 no Terreiro do Paço
Ducal de Vila Viçosa. Tal ocorreu no decurso do I Encontro de Olaria Regional
do Alto Alentejo, que ali teve lugar entre 4 e 15 de Junho desse ano.
Andámos ambos por ali e
integrávamos a Comissão Organizadora do Encontro. Eu em representação da Casa
da Cultura de Estremoz e ele em representação do Centro Cultural Popular Bento
de Jesus Caraça. As nossas preocupações de então centravam-se na necessidade de
salvaguarda da matriz identitária das olarias de cada Centro Oleiro do Alto
Alentejo e na tomada de medidas que impedissem a descontinuidade de produção
das olarias.
O Mestre Xico Tarefa era um
operacional no terreno, que não parava quieto, andava sempre para aqui e para
ali, a tratar de uma coisa ou outra. Entre as múltiplas tarefas de que foi
encarregue esteve a produção de um prato comemorativo do Encontro, a ser
oferecido aos participantes. Daí eu estar na posse de um exemplar que tive a
honra de receber na época, o qual está na génese da minha condição de
coleccionador de louça de barro vidrado de Redondo. O trabalho de roda é de
Mestre Xico Tarefa e a pintura e o esgrafitado são da autoria de Mestre Álvaro
Chalana (1916-1983).
Ao receber de bom grado o
prato comemorativo do Encontro, herdei uma pesada responsabilidade e brotou em
mim o fascínio pela cerâmica redondense, que nunca mais parou e cuja chama se
mantem bem viva. Aquele prato tem para mim especial significado. Foi o primeiro
exemplar da minha colecção de cerâmica redondense. Por mais raro e mais valioso
que seja outro espécime adquirido ou que venha a adquirir, aquele ocupará
sempre um lugar muito privilegiado no meu coração. É que foi o primeiro da
minha colecção, saído das mãos de Mestre Xico Tarefa e de Mestre Álvaro Chalana
e que ficou a selar o cruzamento do meu caminho com o primeiro destes mestres.
Decorridos
45 anos sobre o primeiro cruzamento dos nossos caminhos, voltámos a cruzar-nos.
Desta feita, o terreiro é outro. Trata-se da ADOE - Associação Dinamizadora da
Olaria de Estremoz. Ele como formador, na qualidade de Mestre Oleiro. Eu, como
consultor had hoc, na qualidade de coleccionador e investigador da
barrística popular de Estremoz.
De então
para cá, o Mestre Xico Tarefa tem desenvolvido uma carreira notável como Mestre
Oleiro e como formador das novas gerações, o que muito me regozija e enche de
orgulho como seu amigo e admirador em que entretanto me tornei.
A sua
obra fala por si e é um exemplo paradigmático para os mais novos. Encerra em si
própria, o respeito pela ancestralidade da olaria popular alentejana, temperado
pela criatividade inovadora que lhe brota da alma e que com fidelidade se
transmite às mãos mágicas que são as suas.
Obrigado
Mestre pela beleza criada para usufruto e deleite de espírito de todos aqueles
que apreciam o seu trabalho.
Bem-haja,
Mestre Xico!
quinta-feira, 13 de fevereiro de 2025
A recuperação da olaria tradicional de Estremoz está na ordem do dia
A recuperação da olaria tradicional de Estremoz está na ordem do dia
quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025
Inspiração maçónica em bilha de Estremoz
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
José Lacerda no Mercado das Velharias em Estremoz
- O meu amigo desculpe. Você
tem estudos. Se não é Doutor tem de ser Engenheiro.
Eu bem lhe dizia que era só Professor
e mais coisa nenhuma, mas não havia maneira de sairmos dali e eu já estava pelos
ajustes. Um dia, disse-lhe:
- “Está o caldo entornado” e “Temos
a burra nas couves”.
Parece que foi remédio santo. A
partir daí, passou a tratar-me por amigo Hernâni e o nosso relacionamento
passou a ser mais natural e saudável.
Fazemos negócio sempre que calha ter
alguma peça que me encha as medidas. Ele já sabe o que me interessa e começa a cantar
alto como se estivesse no Orfeão e eu, naturalmente, faço ouvidos de
mercador. Por outras palavras, esgrimimos. É manha contra artimanha. E lá
fazemos negócio, normalmente pouco silencioso, mas tudo acaba em bem ou em mal.
Depende do ponto de vista. Umas vezes engana-me ele, outras vezes engano-o eu. E já ouvi da boca dele,
aquilo que para mim é encarado como um elogio:
- Amigo Hernâni: Você é mais cigano do que eu.
Ao longo dos tempos, o meu amigo José
Lacerda tem-me vendido arte pastoril, Bonecos de Estremoz, louça de barro
vermelho de Estremoz e louça vidrada de Redondo, tendo com isso contribuído para
a edificação das minhas colecções. É claro que nem sempre compro, pois mesmo
que me interesse, nem sempre é oportuno abrir os cordões à bolsa. É
nessas alturas que ele me diz:
- O meu amigo não se preocupe.
Não precisa de pagar agora. Paga depois.
O que vale é que eu estou
imunizado contra a lábia dele.
José Lacerda é uma figura muito
popular e uma referência no Mercado das Velharias em Estremoz. No terrado que
semanalmente ocupa no Rossio de Estremoz, destaca-se a sua banca bem provida de
chocalhos. Foi esse pormenor, o tema escolhido pelo seu filho Tói Lacerda, para
encomendar um Boneco de Estremoz que representasse o pai no Mercado da Velharias.
A criação da figura deve-se ao barrista José Carlos Rodrigues, a quem felicito
pelo bem conseguido trabalho. Através dele, o cigano José Lacerda ficou
perpetuado na barrística popular estremocense. Basta olhar para o Boneco que se
é levado a dizer:
- Olha o Lacerda!