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terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Adagiário do frio


Mulher da azeitona de Estremoz. Ilustração de Cesar Abbott.
Bilhete-postal ilustrado edição Centro de Novidades (Porto, 1942).

O QUE É O FRIO
O Inverno é caracterizado por baixas temperaturas, responsáveis por sentirmos frio. Este é uma sensação fisiológica contrária à sensação de calor e está associado às baixas temperaturas.
É sabido da Física que pelo “Princípio Fundamental da Calorimetria”, “Quando se põem em contacto dois corpos a temperaturas diferentes, o mais quente arrefece e o mais frio aquece, até ficarem ambos à mesma temperatura”. Por isso no Inverno, como o meio ambiente está a uma temperatura inferior à do nosso corpo, este tende a perder calor por irradiação a favor do meio ambiente, o que se traduz num abaixamento da temperatura do nosso corpo. Por isso sentimos frio. No Verão é exactamente o contrário, pois o meio ambiente está a uma temperatura superior à do nosso corpo, pelo que tende a perder calor por irradiação a favor do nosso corpo, pelo que a temperatura deste aumenta. Daí sentirmos calor.

TRAJE POPULAR ALENTEJANO
Para nos protegermos do frio usamos vestuário, que funciona como barreira à perda de calor corporal, por isolamento térmico. O traje popular alentejano assegurava sabiamente esse isolamento.
O camponês alentejano usava barrete na cabeça que lhe protegia as orelhas do frio, ao contrário do chapéu. Usava ainda pelico ou samarra de pele de borrego ou de ovelha e por baixo destes, sucessivamente colete, camisola e camisa. Uma cinta cingia a cintura. Nas pernas, safões de pele de ovelha ou de borrego. Por baixo, sucessivamente calças de saragoça forte e ceroulas de flanela. Podia ainda cobrir-se ou transportar ao ombro uma espessa, pesada e quente manta alentejana, fabricada em centros com tradições tecelãs (Reguengos de Monsaraz, Mértola, Castro Verde, Grândola, Almodôvar e Serpa.). Nos pés, sapatos grossos de atanado com polainas ou botas caneleiras ou joelheiras e por baixo destas, grossas meias de lã. Assim trajavam pastores e ganhões durante a jorna (lavrar, charruar, cavar, podar). Terminada esta e em certas circunstâncias podiam usar capote de saragoça ou de burel.

Maioral e ajuda, figuras da pastorícia alentejana, no início do séc. XX.
Bilhete-postal ilustrado edição Malva (Lisboa).

Pastor alentejano.
Aguarela de Alberto de Souza (1880-1961), pintada em 1935. 

Pastor (Início do séc. XX).
Bilhete-postal ilustrado edição de Faustino António Martins (Lisboa). 

Um campónio alemtejano em dia de festa.
Bilhete-postal ilustrado edição Costa (Lisboa).

As camponesas alentejanas que participavam na apanha da azeitona e na monda, usavam uma saia forte, atada em forma de calças, a fim de facilitar o trabalho. Nas pernas, grossas meias de lã e nos pés sapatos fortes de atanado. No tronco, para além da roupa interior, camisa, blusa de malha e xaile. Nos braços, mangueiras de um tecido barato, visando proteger as mangas da blusa durante o trabalho. A cabeça era protegida por um lenço, atado atrás. Por cima do lenço usavam um chapéu de feltro.

ADAGIÁRIO DO FRIO
É diversificado e vasto o adagiário português, onde é utilizada explicitamente a palavra frio. Até à presente data recolhemos 100 adágios sobre o frio, os quais foram sistematizados, conforme adiante se indica.
  
Existem indícios do frio:
- Quando a candeia chora, está o frio fora; quando ri está o feio para vir.
O frio tem determinadas consequências:
- A chuva e o frio metem a lebre a caminho. (1)
- A fome e o frio metem um homem em casa do inimigo. (2)
- A fome e o frio nunca criaram infante.
- A fome e o frio obrigou-o a fazer as pazes com o tio.
- Dá-lhes frio e sequidão que as terras te gearão
- Fome e frio fazem o gado galego. (3)
- Frio e fome não fazem bom cabelo.
- Frio, focinho e bico, não fazem ninguém rico.
- Manhã fria traz bom dia.
- Norte frio, água no rio.
- Um dia frio e outro quente, põem o homem doente. (4)
Nem tudo é consequência do frio:
- Frio não quebra osso e chuva não quebra costela.
O frio pode ser um mal menor:
- Antes frio e geada que chuva porfiada.
- Não temam o frio nem a geada, mas a chuva porfiada. (5)
O frio pode ser superado:
- Quem tem brio não tem frio.
- Frio a valer, trabalhar para aquecer.
- Quem não anda por frio e por sol não faz seu prol.
O frio pode ser uma livre opção:
- Pai com frio, filho com cobertor.
Existem relações do frio com o calor:
- O que tapa o frio tapa o calor.
- Calma em tempo frio traz molhado. (6)
-  Calor em tempo frio, chuva por castigo. (7)
O frio é medido fisiologicamente por órgãos anatómicos animais ou humanos:
- Frio como nariz de cão. (8)
O frio está indissociavelmente relacionado com o vestuário:
- A cada qual dá Deus o frio conforme o vestido. (9)
- Cada um sente o frio, conforme a coberta. (10)
- Dá Deus roupa segundo o frio.
A sanidade exige o equilíbrio entre o frio e o calor:
- A saúde é a justa medida entre o calor e o frio.
O frio pode gerar o ruído:
- O bácoro, a fome e o frio, fazem grande ruído.
- Porcos com frio e homens com vinho fazem grande ruído.
O frio está patente no adagiário dos meses:
- Bom tempo no Janeiro e mau no estio, bom ano de fome, mau ano de frio.
- Chuva em Janeiro e não frio, dá riqueza no estio. (11)
- Janeiro frio e molhado não é bom para o gado.
- Janeiro frio e molhado, enche a tulha e farta o gado.
- Janeiro frio ou temperado, passa-o enroupado. (12)
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
- Em Fevereiro neve e frio, é de esperar calor no estio.
- Em Fevereiro, frio ou quente, chova sempre.
- Fevereiro, fêveras de frio e não de linho. (13)
- Abril frio e molhado, enche o celeiro e o gado. (14)
- Abril frio, pão e vinho. (15)
- Frio de Abril as pedras vai ferir. (16)
- Maio frio e Junho quente fazem o lavrador valente.
- Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente. (17)
- Maio frio e ventoso, faz o ano formoso.
- Em Junho, frio como punho.
- Agosto, frio em rosto. (18)
- Em Agosto passa o frio pelo rosto.
- Ande o frio onde andar, no Natal cá vem parar. (19)
- Ande o Natal por onde andar, que ele o frio há-de ir buscar.
- Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio.
- Dezembro frio, calor no estilo.
- Em Dezembro treme de frio cada membro. (20)
O frio pode constituir uma qualidade:
- A água é fria, mas mais é quem com ela convida.
- A faneca, com três efes: fresca, fria e frita.
Há actos que devem ser praticados a frio:
- A vingança é um prato que se come frio.
- O caldo quente e a injúria em frio.

.....................

(1) Variante:
- A fome e o frio faz vir a lebre ao caminho.
(2) Variantes:
- Fome e frio entregam o homem ao seu inimigo.
- A fome e o frio fazem o homem acolher-se à casa do inimigo.
- Fome e frio metem a pessoa com seu inimigo.
- Fome e frio te fará meter com teu inimigo.
(3) Variantes:
- A fome e o frio fazem o gado galego.
- Fome, frio e mau trato, fazem o gado galego.
- O frio e a fome fazem o gado galego.
(4) Variantes:
- Dia frio e dia quente, fazem andar o homem doente.
- Dia frio e outro quente, faz o homem doente.
(5) Variante:
- Não hei medo ao frio nem à geada, senão á chuva porfiada.
(6) Variante:
- Calma em tempo frio traz molhado; frio em tempo molhado, traz resfriado.
(7) Variante:
- Calor em tempo frio, trá-lo molhado.
(8) Variantes:
- Calcanhar de homem, cu de mulher e focinho de cão, nunca sentem o Verão.
- Calcanhar de homem, cu de mulher e nariz de cão, três coisas frias são.
- Cu de mulher e nariz de cão, nunca conheceram Verão.
- Há duas coisas que não conhecem Verão: rabo de mulher e focinho de cão.
- Nariz de cão, cu de mulher e mãos de barbeiro, frios como gelo.
- Nariz de cão e cu de gente, nunca está quente.
- Nariz de cão e cu de mulher estão sempre frios.
(9) Variantes:
- A cada um dá Deus o frio conforme a roupa, mas mais a quem tem pouca.
- A cada qual dá Deus o frio conforme a roupa.
- A cada qual dá Deus o frio conforme anda vestido.
- Dá Deus o frio conforme a roupa.
- Deus dá o frio conforme a roupa.
(10) Variante:
- Cada um sente o frio, como anda vestido.
(11) Variante:
- Chuva de Janeiro e não frio, vai dar riqueza ao estio.
(12) Variante:
- Janeiro frio ou temperado, não deixa de ir enroupado.
(13) Variante:
- Em Fevereiro, febras de frio e não de linho.
- Em Fevereiro, fibras de frio e não de linho.
(14) Variante:
- Abril frio e molhado, enche celeiro e farta o gado.
(15) Variantes:
- Abril frio, traz pão e vinho.
- Abril frio, ano de pão e vinho.
(16) Variante:
- Frio de Abril, nas pedras vá ferir.
(17) Variante:
- Maio frio, Junho quente, bom pão, vinho valente.
(18) Variante:
- Agosto, frio no rosto.
(19) Variantes:
- Ande o frio por onde andar que o Natal o irá buscar.
- Ande o frio por onde andar, ao Natal há-de vir parar.
- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.
- Ande o frio por onde andar, o Natal o vai buscar.
- Ande o frio por onde andar, pelo Natal cá vem parar.
- Ande o frio por onde andar, pelo Natal há-de chegar.
(20) Variante:
- Em Dezembro treme o frio em cada membro.
(21) Variante:
- O caldo em quente, a injúria em frio.

Texto publicado inicialmente em 25 de Outubro de 2012

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Combinação de cores


Mulher das galinhas. José Moreira (1926-1991).
cores
Graças à vista podemos percepcionar a forma e a cor dos objectos, entre eles os Bonecos de Estremoz. A cor: A luz solar visível que nos ilumina é uma luz branca, composta de luzes de diferentes cores que, ao atravessar as gotas de água de uma nuvem, sofrem nas gotas uma dupla refracção, dispersando –se num conjunto de sete cores que constituem o espectro solar. Do exterior para o interior do arco-íris a sequência de cores é: vermelho, laranja, amarelo, verde, azul, anil e violeta. 

Arco-íris.

A luz solar, ao iluminar os objectos, é parcialmente absorvida neles, sendo a fracção restante reflectida pela superfície. Daí que a cor dum objecto seja a cor da luz que ele reflecte. Quando um objecto não absorve nenhuma das cores do espectro solar e reflecte todas, então a sua cor é o branco. Se, pelo contrário, um objecto absorve todas as cores do espectro solar e não reflecte nenhuma, então a sua cor é o preto.

Classificação das cores
De acordo com a Teoria das Cores há diversos tipos de cores. Temos assim:
- CORES PRIMÁRIAS – São aquelas que não se conseguem obter a partir de outras cores: azul, vermelho, amarelo.

Cores primárias.

- CORES SECUNDÁRIAS - Resultam da combinação de quaisquer duas cores primárias: laranja (vermelho e amarelo), verde (amarelo e azul), roxo ou violeta (vermelho e azul).

Cores secundárias

- CORES TERCIÁRIAS -  Resultam da combinação de uma cor primária com uma cor secundária:  vermelho-arroxeado (vermelho e roxo), vermelho-alaranjado (vermelho e laranja), amarelo-alaranjado (amarelo e laranja), amarelo-esverdeado (amarelo e verde), azul-esverdeado (azul e verde), azul-arroxeado (azul e roxo). 

Cores terciárias.

- CORES QUATERNÁRIAS – Resultam da combinação de duas cores secundárias: Ardósia (verde e roxo), castanho (laranja e roxo) e Citrino (laranja e verde).

Cores quaternárias

- CORES NEUTRAS – São: branco, preto e cinza (mistura de branco e preto). Podem servir de base para diversas combinações.

Cores neutras.

Círculo cromático
O círculo cromático é um círculo constituído por 12 cores (3 primárias, 3 secundárias e 6 terciárias) dispostas sequencialmente no chamado círculo cromático, que sintetiza o modo como as cores secundárias foram obtidas pela combinação das primárias, bem como as cores terciárias foram obtidas pela combinação das primárias com as secundárias.
O círculo cromático é uma ferramenta muito utilizada na arte, design e outras áreas criativas, por permitir inferir as combinações de cores que são harmoniosas.

O círculo cromático sintetiza o modo como a partir das cores primárias resultam
todas as outras. É ainda um instrumento útil na combinação harmoniosa de cores.

Há que ter em conta que as cores influenciam directamente as nossas emoções. Daí que a pintura deva sempre ter em conta o resultado provocado pela disposição e quantidade das cores usadas.
As cores que são opostas no círculo, dizem-se cores complementares.
O círculo cromático é composto de cores quentes (amarelo, laranja amarelado, laranja, vermelho alaranjado e vermelho) e cores frias (amarelo esverdeado, verde, verde azulado, azul, azul violeta e violeta). O branco, que reflecte todas as outras cores, é considerado uma cor fria. Já o preto, que absorve todas as cores, pode ser considerada uma cor quente. As cores quentes e as cores frias influenciam o modo como nos vestimos. No Verão devemos usar cores frias, claras e coloridas. Já no Inverno devemos usar cores escuras. Algumas vezes algumas cores frias parecem mais quentes que outras. Por exemplo, o violeta e o verde ambos são cores frias, mas o violeta é mais quente que o verde.

Combinação de cores
Para se alcançar uma combinação harmoniosa de cores, há que recorrer a combinações de cores já estudadas e que são de diversos tipos:

COMBINAÇÃO DE CORES MONOCROMÁTICA
Quando se usa só uma cor ou variações das suas tonalidades. Aqui os contrastes entre as cores são suaves. A combinação de cores monocromática utiliza variações de luminosidade e saturação de uma mesma cor. Estas combinações simples e elegantes, são de fácil percepção pelo observador especialmente quando se trata de tons azuis e verdes. Admite ainda acessoriamente uma cor neutra como branco, preto ou cinzento. A combinação de cores monocromática carece de contraste, pelo que não é tão vibrante como a combinação de cores complementares.

Alguns dos tons de azul.

COMBINAÇÃO DE CORES ANÁLOGAS
Quando se combina uma cor primária com as cores vizinhas no círculo cromático, as quais possuem uma cor básica em comum. Uma cor é utilizada como a dominante enquanto que as adjacentes são utilizadas para enriquecer a harmonia. As combinações de cores análogas transmitem a sensação de unidade e coerência. Admitem acessoriamente a utilização de uma cor neutra. São tão fáceis de criar quanto as combinações de cores monocromáticas, no entanto são mais ricas. De salientar que uma combinação de cores análogas carece de cor de contraste. Deste modo não é tão vibrante como uma combinação de cores complementares.
São possíveis as combinações:
- Verde azulado, azul, azul violeta.
- Vermelho violeta, vermelho, vermelho alaranjado.
- Amarelo esverdeado, verde, verde azulado.

Combinação de cores análogas.

COMBINAÇÃO DE CORES COMPLEMENTARES
Quando se combina uma cor com a cor oposta no círculo cromático. É admissível a combinação de cores frias e cores quentes. Esta combinação associa uma cor mais vibrante com uma cor mais sóbria. Ao utilizar-se esta harmonia deve-se escolher uma cor como dominante e utilizar a complementar para destaques. Como por exemplo, utilizar uma cor para fundo e a outra para destacar os elementos mais importantes. A combinação de cores complementares oferece elevado contraste, ideal para despertar a atenção do observador.
 São possíveis as combinações:
- Amarelo, violeta.
- Laranja amarelado, azul violeta.
- Laranja, azul.
- Vermelho alaranjado, verde azulado.
- Vermelho, verde.
- Vermelho violeta e amarelo esverdeado.

Combinação de cores complementares.

COMBINAÇÃO DE CORES EM TRÍADE
Quando se combinam três cores equidistantes no círculo cromático. Uma tal combinação forma um triângulo equilátero dentro do círculo cromático. É muito simples de constituir uma tríade de cores. Basta escolher uma cor no círculo cromático, saltar três cores, escolher a próxima, saltar mais três cores e escolher a próxima. Sendo uma combinação harmónica, a combinação de cores em tríade é mais colorida que a combinação de cores complementares, análogas ou monocromáticas.
A combinação de cores em tríade não oferece tanto contraste como a combinação de cores complementares, mas é mais harmoniosa.
São possíveis as combinações:
- Vermelho, amarelo, azul.
- Vermelho alaranjado, amarelo esverdeado, azul violeta.
- Laranja, verde, violeta.
- Laranja amarelado, verde azulado, vermelho violeta.

Combinação de cores em tríade.

COMBINAÇÃO COM COR COMPLEMENTAR DIVIDIDA
Quando se combinam três cores que formam um quadrado dentro do círculo cromático. Trata-se de uma combinação de cores menos vibrante que a combinação com cores análogas e a combinação com cores complementares. É muito fácil de conseguir. Basta escolhera uma cor no círculo cromático e em vez de se escolher a cor complementar, escolhem-se as duas cores que lhe são adjacentes. Trata-se de uma combinação de cores que oferece grande contraste sem a tensão da combinação complementar de cores. Por outro lado, a combinação com cor complementar dividida oferece mais nuances que a a combinação com cores complementares, ao mesmo tempo que retém o contraste visual.
São possíveis as combinações:
- Verde, vermelho alaranjado, vermelho violeta.
- Verde azulado, vermelho, laranja.
- Azul, vermelho alaranjado, laranja amarelado.
- Azul violeta, laranja, amarelo.
- Violeta, laranja amarelado, amarelo esverdeado.
- Vermelho violeta, amarelo, verde.
- Vermelho, amarelo esverdeado e verde azulado.
- Vermelho alaranjado, verde, azul.
- Laranja, azul violeta, verde azulado.
- Laranja amarelado, violeta, azul.
- Amarelo, vermelho violeta, azul violeta.
- Amarelo esverdeado, violeta, vermelho.

Combinação com cor complementar dividida.

COMBINAÇÃO DE CORES EM QUADRADO
Quando se combinam quatro cores que formam um quadrado dentro do círculo cromático. Trata-se de uma combinação de cor vibrante, já que corresponde à combinação de dois pares de cores complementares. É muito fácil de constituir um quadrado de cores. Basta escolhera uma cor no círculo cromático, saltar duas cores, escolher a próxima, saltar mais duas cores, escolher a próxima, saltar mais duas cores e escolher a próxima. Esta combinação de dois pares de cores complementares é das mais ricas de todas as combinações, mas é muito difícil de trabalhar. Se as quatro cores são utilizadas em iguais proporções, a harmonia parecerá desequilibrada, pelo que deverá sempre ser escolhida uma cor como dominante em relação às restantes.
São possíveis as combinações:
- azul, vermelho, laranja, verde.
- violeta, vermelho alaranjado, amarelo, verde azulado.

- vermelho,laranja, amarelo esverdeado, azul.
.
Combinação de cores em quadrado.

COMBINAÇÃO DE CORES EM RECTÂNGULO
Quando se combinam quatro cores que formam um rectângulo dentro do círculo cromático. Trata-se de uma combinação de cor vibrante, já que corresponde à combinação de dois pares de cores complementares. É muito fácil de constituir um rectângulo de cores. Basta escolher uma cor no círculo cromático, saltar uma cor, escolher a próxima, saltar mais três cores, escolher a próxima, saltar mais uma cor e escolher a próxima. À semelhança da combinação de dois pares de cores complementares em quadrado, também a combinação de dois pares de cores complementares em rectângulo é das mais ricas de todas as combinações, mas é muito difícil de trabalhar. Se as quatro cores são utilizadas em iguais proporções, a harmonia parecerá desequilibrada, pelo que deverá sempre ser escolhida uma cor como dominante em relação às restantes.
São possíveis as combinações:
- Vermelho, laranja, verde, azul.
- Vermelho alaranjado, laranja amarelado, verde azulado, azul violeta.
- Laranja, amarelo, azul, violeta.
- Laranja amarelado, amarelo esverdeado, azul violeta, vermelho violeta.
- Amarelo, verde, violeta, vermelho.
- Amarelo esverdeado, verde azulado, vermelho violeta, vermelho alaranjado.

Combinação de cores em rectângulo.
BIBLIOGRAFIA

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Côvado à vista!



O padrão medieval de côvado surgiu a descoberto e devidamente sinalizado no FESTIVAL DA RAINHA - IV Feira Medieval de Estremoz, que nos passados dias 20 e 21 de Maio, teve lugar no Castelo de Estremoz. Congratulo-me por o Município ter aceite uma sugestão minha, devidamente fundamentada e apresentada já lá vão dois anos e meio.

Reconhecimento do padrão medieval de côvado
Em finais de Dezembro de 2014, iniciei um conjunto de 3 artigos no jornal Brados do Alentejo, nos quais dava conta do reconhecimento da existência na primitiva Casa da Câmara de Estremoz, de um padrão medieval de côvado. Este consistia num sulco vertical de 66 cm, observável no segundo colunelo à direita da porta de entrada e parcialmente coberto com argamassa.
Chamada de atenção ao Município de Estremoz
A existência em Estremoz de uma medida-padrão medieval é uma mais valia em termos arqueológicos, históricos, metrológicos e turísticos. A partir daquela data, Estremoz passou a figurar por direito próprio, na rota das medidas-padrão medievais portuguesas. Considerei desde logo, ser da máxima importância, a inventariação, preservação e valorização daquele padrão. Daí que tenha sugerido ao Município de Estremoz para que procedesse à remoção da argamassa que ainda a ocultava parcialmente, que a sinalizasse e a divulgasse na imprensa nacional, notificando também a Academia Portuguesa de História e o Instituto Português da Qualidade, da existência da mesma.
Medidas medievais de comprimento
O sistema de medidas de comprimento usado em Portugal na Idade Média para medir e transaccionar tecidos, incluía o “côvado” (66 cm) e a uniformidade do seu valor terá sido generalizado a todo território nacional, provavelmente desde os meados do séc. XIII, o que facilitaria o combate à fraude. Todavia, alguns mercadores usavam medidas mais curtas que o devido. Daí a necessidade da existência de medidas-padrão para aferir a autenticidade das medidas usadas pelos mercadores.
As Ordenações Afonsinas registam a obrigatoriedade das medidas terem marcas a certificar a sua validade, fixando também multas a aplicar a quem usasse medidas sem marcas de aferição ou comprimento insuficiente. A aferição das medidas usadas pelos mercadores seria feita pelo seu confronto com as medidas-padrão gravadas na pedra, devendo aquelas encaixar nestas, sem folgas no sentido do comprimento. A marcação das medidas aferidas deveria ser realizada por alguém habilitado para o fazer, assegurando a autenticidade das marcas e a sua aceitação pelas partes envolvidas numa transacção comercial: mercadores e compradores.
Localização do padrão
A localização da medida-padrão de côvado na primitiva Casa da Câmara de Estremoz não é ocasional, uma vez que visando salientar a sua legalidade, as medidas padrão eram gravadas em locais importantes ligados à Coroa ou à Igreja, junto de locais onde se desenvolvia o comércio, pelo que a feira medieval de Estremoz teria lugar no Largo do Castelo, local onde se situa a primitiva Casa da Câmara de Estremoz. Virgínia Rau no livro “Feiras Medievais Portuguesas/Subsídios para o seu estudo” (1943), diz-nos que a Feira franqueada de Estremoz foi criada em 1463 por D. Afonso V.
Datação provável da ocultação do padrão
As medidas medievais de comprimento foram abolidas e consideradas ilegais a partir de 1 de Janeiro de 1860, data da entrada em vigor de um decreto assinado por D. Pedro V, que implementava o Sistema Métrico Decimal, que tinha como unidade de comprimento o metro.
A partir daquela data, a medida-padrão de côvado era desnecessária para a aferição de côvados usados no comércio. Passaria a ser apenas um sulco no mármore dum colunelo da primitiva Casa da Câmara. Provavelmente terá sido nesta época que o padrão medieval de côvado terá sido preenchido com argamassa.
Publicado no Jornal E nº 178, de 1 de Junho de 2017

sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Sua Excelência, a cunha


Brasão dos Cunha

A cunha está na ordem do dia. Porque se trata dum termo susceptível de interpretação bivalente, merece ser analisado à lupa.

A cunha em si própria
A cunha é uma máquina simples que consiste numa peça de aço ou madeira rija, terminada em ângulo diedro muito agudo e que se introduz à força pela aresta correspondente ao ângulo diedro mais agudo, entre as partes dum mesmo corpo que se querem separar. As cunhas permitem fender ou dividir corpos sólidos como madeiras ou rochas, aproveitando sempre que possível quaisquer sulcos, fendas ou veios que aquelas apresentem. Na prática, uma cunha é um duplo plano inclinado transportável, cujo funcionamento obedece ao mesmo princípio do plano inclinado. Ao mover-se no sentido da sua extremidade afilada, a cunha gera forças intensas na direcção perpendicular ao sentido do movimento. A cunha é a base de todas as ferramentas de corte usadas no trabalho de materiais, como o formão, o escopro, o machado, o ferro da plaina, os pregos, as lâminas das facas e das tesouras.
Enquanto máquinas simples, as cunhas estão registadas no adagiário português: “Com cunhas se racham pedras” e “Se não fossem as cunhas, não se rachavam paus”. Na gíria popular, “ À cunha” significa “Completamente cheio”. Em termos de toponímia, “Cunha” é topónimo aplicável a lugares de freguesias e freguesias, havendo ainda que distinguir entre “Cunha Alta”, “Cunha Baixa” e “Cunhas”. O anexim “Cunha” aparece também no contexto das alcunhas alentejanas. A nível de antroponímia, “Cunha” é um sobrenome português e galego de origem toponímica, documentado desde o século XIII e aplicável a inúmeras pessoas notáveis. No que respeita a heráldica, “Cunha” é uma figura heráldica em forma de cunha, o conhecido utensílio dos ra­chadores de lenha, o qual só figura nas armas das famílias com este nome e é representável por um trapézio isósceles com a base virada para cima. Da heráldica dos “Cunha”, muito haveria a dizer, mas que se omite, não por preconceito republicano, mas por real falta de espaço.

A cunha em sentido figurado
Na gíria popular, a palavra “cunha” é usada como sinónimo de “tráfico de influências”. Meter uma cunha” significa “Pedir o favor de uma pessoa influente” e “Ter uma cunha” é “Contar com a protecção de uma pessoa influente”. Daí, que com tal sentido, esteja registada no adagiário português: “Para lá da Gardunha só te safas com uma cunha”. É caso para perguntar:
- E na nossa terra?
A resposta é óbvia:
- Estamos para lá da Gardunha. Existe uma instituição chamada “cunha”!
Diz-nos o adagiário português que, embora haja quem pense que “Um favor qualquer um faz”, isso não exclui a presunção de que “Favores alegados, pagos estão”, bem como “De grandes senhores, grandes favores”, os quais não os farão indiscriminadamente, já que “Favor ao comum, favor a nenhum”.
Há quem diga que isto está a mudar. Eu tenho bastantes dúvidas, já que “A dúvida é a sala de espera do conhecimento” e “Quem duvida não se engana”.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

A importância das medidas padrão medievais

Padrão das medidas de Vara e Meia Vara, gravadas verticalmente na ombreira
direita da Porta da Vila das muralhas de Monsaraz, na face voltada ao interior.

Na sequência dos artigos anteriores “DESCOBERTA ARQUEOLÓGICA / Padrão Medieval de côvado identificado em Estremoz” (B.A. nº 848) e “Ainda o padrão medieval de côvado / Confirmada a descoberta” (B.A. nº 850), entendi ser conveniente esclarecer a importância das medidas padrão medievais.
Após a fundação da nacionalidade e com a consolidação do Estado surgiu a necessidade de uniformização dos padrões de medida, por se considerar que a mesma unidade de medida não devia ter valores diferentes em pontos distintos do país. Assim o impunha a identidade do território como Estado e as trocas comerciais entre as diversas regiões.
Era privilégio real o estabelecimento e regulamentação dos padrões de medida, os quais eram definidos na carta de foral que o rei atribuía a cada concelho. 
As medidas padrão medievais tinham uma função reguladora, normalizadora e moralizadora. Por um lado asseguravam a defesa do consumidor. Por outro lado, tinham uma finalidade fiscal, sendo utilizadas na aplicação de tributos reais, de impostos devidos à entrada nas povoações de produtos agrícolas, de impostos incidentes na propriedade, tendo em conta a sua área e de direitos de importação incidentes no comércio internacional. As medidas padrão eram assim instrumentos de poder e de vassalagem.
NOTA FINAL – Por lapso, no artigo “Ainda o padrão medieval de côvado / Confirmada a descoberta” (B.A. nº 850), não apareceu a legenda da figura. Era a seguinte: “ Padrão medieval de Vara e Meia Vara na Porta do Sol das muralhas do Redondo”.



quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Ainda o padrão medieval de côvado

Padrão da medida de Côvado gravada verticalmente no segundo colunelo à
Direita da porta de entrada da primitiva Casa da Câmara de Estremoz.

Confirmada a descoberta
Entre 28 e 30 de Dezembro passado, houve troca de emails entre mim e o Professou Doutor Mário Jorge Barroca do Instituto de Arqueologia, Departamento de Ciências e Técnicas do Património, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
Aquele Professor certificou a veracidade da descoberta por mim divulgada em artigo publicado no nº 848-3ª série (25-12-2014) do jornal “Brados do Alentejo”, sob a epígrafe:DESCOBERTA ARQUEOLÓGICA / Padrão Medieval de côvado identificado em Estremoz . Disse-me o Docente Universitário que já o tinha identificado e iria adicioná-lo a uma actualização do seu “Inventário das Medidas Medievais Portuguesas”. Referiu ainda que o meu texto, pelo qual me felicitou, iria ser citado naquele Inventário como a primeira publicação que se referiu a esta descoberta.
Remoção da massa vedante do padrão
No artigo anterior sugeri ao Município que fosse removida a argamassa que ainda oculta parcialmente o padrão medieval de côvado. Chamo agora a atenção para o facto de o pedreiro que o fizer, o dever fazer com todo o cuidado, de modo a só remover a massa vedante do sulco, sem o danificar. Por outro lado e é uma observação nova que agora faço, esta argamassa que é de dois tipos, deveria ser recolhida, visando a sua análise pelo Laboratório Hércules da Universidade de Évora. Na verdade, os investigadores que estão a efectuar o estudo material e técnico dos Bonecos de Estremoz, através do estudo das argamassas poderiam balizar a data em que o padrão de côvado foi oculto, anteriormente à fotografia do “SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitectónico”, divulgada no meu artigo anterior e obtida em 1968 no decurso de obras de restauro e onde a ocultação está patente.
A importância da descoberta
Penso que a descoberta é da máxima importância, pelo que após o padrão medieval de côvado ser desobstruído de toda a argamassa e revelado na sua totalidade, deveria ser alvo de divulgação mediática por parte do Município, a qual a meu ver deveria ser de âmbito nacional.
A partir de agora, Estremoz figurará por direito próprio, na rota das medidas-padrão medievais portuguesas. No Alentejo e para além de Estremoz, foram há muito identificadas medidas-padrão nas seguintes localidades e lugares: CASTELO DE VIDE - Porta do Castelo (Vara); MONFORTE – Igreja da Madalena (Meia Braça e Meia Vara); ALANDROAL – Porta do Castelo (Vara); REDONDO – Porta do Sol das Muralhas do Redondo (Vara e Meia Vara); MONSARAZ – Porta da Vila das Muralhas de Monsaraz (Vara e Meia Vara).  
Datação provável da ocultação do padrão
As medidas medievais de comprimento (palmo, côvado, meio côvado, vara, meia vara e braça) foram utilizadas em Portugal até ao séc. XIX. O metro, que ainda hoje é usado como unidade de comprimento, faz parte do Sistema Métrico Decimal, que foi adoptado em Portugal por decreto de D. Maria II (1819-1853), de 13 de Dezembro de 1852, o qual estipulava um prazo de dez anos para a sua entrada em vigor. Daí que em 20 de Junho de 1859 tenha sido assinado por D. Pedro V (1837-1861), o decreto pelo qual passa a vigorar o metro como unidade de comprimento a partir da data de 1 de Janeiro de 1860, sendo a partir desta data abolidas e consideradas ilegais todas as medidas medievais de comprimento. A partir desta data a medida-padrão de côvado era desnecessária para a aferição de côvados usados no comércio. Passara a ser apenas um sulco no mármore dum colunelo da primitiva Casa da Câmara. Provavelmente terá sido nesta época que o padrão medieval de côvado terá sido preenchido com argamassa. De resto, no início do séc. XVIII, a Casa da Câmara já havia sido transferida para a Rua Nova da Praça (hoje rua 5 de Outubro), frente à demolida Igreja de Santo André. Na Praça (actual Largo Luís de Camões), realizava-se todos os sábados, um mercado.
No séc. XVIII, Estremoz já não tinha a feira franqueada criada em 1463 por D. Afonso V. Tinha duas feiras francas com a duração de três dias: - A Feira de Santiago com início a 25 de Julho e que tinha lugar no Grande Rossio (actual Rossio Marquês de Pombal); - A Feira de Santo André com início a 30 de Novembro e que decorria no Rossio de São Brás (presentemente Largo D. José I).
Não será despropositado admitir que possam ter existido e que ainda não foram descobertos, padrões medievais de medidas de comprimento, na Praça, no Grande Rossio ou no Rossio de São Brás. É um assunto que carece de investigação.




Padrão da medida de Vara gravada verticalmente na ombreira direita de uma
Porta do Castelo de cabeço de Vide, na face voltada ao exterior.
 Padrões das medidas de Meia Braça e Meia Vara gravadas verticalmente em
coluna do alpendre da Igreja da Madalena, em Monforte.
Padrão da medida de Vara gravada verticalmente na ombreira direita da
Porta do Castelo do Alandroal, na face voltada ao exterior.
 Padrão das medidas de Vara e Meia Vara gravadas verticalmente na ombreira
direita da Porta do Sol das muralhas do Redondo, na face voltada ao exterior.
Padrão das medidas de Vara e Meia Vara gravadas verticalmente na ombreira
direita da Porta da Vila das muralhas de Monsaraz, na face voltada ao interior.