sexta-feira, 2 de maio de 2025
Israel, minha Vaga Estrela – François Truffaut, Cineasta Marrano
quarta-feira, 9 de outubro de 2024
NA JANELA DO TEMPO
Novo livro de Georgina Ferro apresentado
na Sociedade de Artistas Estremocense
Reportagem de Hernâni Matos. Fotografias de Manuel Xarepe
A Sessão de apresentação
Com o Salão de Festas da Sociedade de Artistas Estremocense literalmente cheio, teve lugar a partir das 16 horas e 30 minutos do passado dia 28 de Setembro, a sessão de lançamento e apresentação do livro “NA JANELA DO TEMPO / TRADIÇÃO, CONTRABANDO E EMIGRAÇÂO”, da autoria de Georgina Ferro, editado em Julho passado pelas edições Colibri, com uma tiragem de 500 exemplares.
A sessão foi coordenada por Fátima Crujo e a intervenção de abertura coube a João Ferro, Presidente da Direcção. Na Mesa encontravam-se o editor do livro, Fernando Mão de Ferro, Hernâni Matos e a autora, que falaram por esta ordem.
Coube a Hernâni Matos fazer a apresentação formal da obra, finda a qual solicitou uma calorosa salva de palmas para a autora, que agradeceu emocionada. Seguiu-se a leitura de excertos de estórias do livro pela filha Sónia Ferro e pelos netos Clara Ferro e Tiago Ferro. No final, a autora autografou o livro para o muito público presente.
A autora
A autora, professora aposentada do 1º ciclo, é natural de Manteigas, onde nasceu a 8 de Dezembro de 1948, dia consagrado a Nossa Senhora da Conceição. Daí que, segundo diz, se tenha sentido “sempre abençoada e protegida por todas as mães: a Mãe Natureza, a Mãe Celestial e a Mãe da Terra”. A autora revela-nos que repartiu o tempo de infância ente Manteigas, Aldeia do Bispo (Sabugal) e Covilhã. Frequentou a Instrução Primária até à 3ª classe em Aldeia do Bispo (Sabugal) e a 4ª classe em Manteigas. Ingressou depois no Ensino Liceal no Colégio de Nossa Senhora Auxiliadora, no Monte Estoril. Em 1967 ingressou na Escola do Magistério Primário de Évora e terminado o Curso, começou a leccionar o Ensino Primário no ano de 1969 em Rosário (Alandroal), a que se seguiram Veiros, Selmes (Vidigueira), Aldeia da Serra e Glória, onde leccionou 32 anos, até se aposentar em 2003.
Fixou-se em Estremoz em 1972 e aqui casou e teve 3 filhos: Sónia, Pedro e Inês. Sem nunca ter perdido os laços afectivos à terra natal e aos territórios da sua infância, Georgina é cumulativamente uma estremocense adoptiva, que tem participado activamente na vida social da Comunidade em múltiplos aspectos: educativos, cívicos e culturais.
Conheço seguramente a Georgina desde o início do exercício do Magistério Primário na Freguesia da Glória, da sua ligação à Comunidade, do seu reconhecimento por parte da mesma e do seu amor às coisas campaniças.
Lembro-me de partilhar há muito com a Georgina uma grande admiração pelo “Ti Rolo” da Aldeia de Cima (Glória), que exercia sobre nós um fascínio incomensurável, pela sua oralidade transbordante e pelos artefactos de arte pastoril nascidos das suas mãos mágicas, nos quais projectava toda a imaginária popular, lavrada em chifres e paus sabiamente escolhidos.
Lembro-me do nascimento da sua filha Sónia e tive o privilégio de ser professor de Física de 12º ano do seu filho Pedro. Foi uma experiência encantadora, pois além do Pedro ser um aluno fortemente motivado, eu tive oportunidade de pôr em prática o método de ensino-aprendizagem personalizado, preconizado por muitos pedagogos. É que o Pedro era o único aluno da turma. Nenhum de nós deixou os seus créditos por mãos alheias e a experiência pedagógica foi um êxito.
Lembro-me do envolvimento da Georgina no Projecto Serra de Ossa, desde o início, no tempo da liderança de Gil Malta e de ela ter participado em 1998, conjuntamente com outros professores, entre os quais eu me incluo, nas “Segundas Jornadas da Serra d’Ossa”, levadas a efeito na Escola Secundária da Rainha Santa Isabel. A sua bem-sucedida intervenção oral nessas jornadas, foi o embrião dos seus primeiros livros, publicados ambos em 2005: “Plantas Medicinais da Serra d'Ossa” e “Por um Amanhã Mais Verde, Mezinhas Caseiras com Plantas da Serra d'Ossa”.
Em Setembro de 2012, a Georgina concedeu-me o privilégio de participar na apresentação pública do meu livro “Memórias do Tempo da Outra Senhora”, o que muito me congratulou.
Em Dezembro de 2013 a Georgina brindou-nos com o lançamento do seu livro de poesia “O MEU ARRAIAR POR TERRAS DO SABUGAL”, editado pela Colibri, o qual foi apresentado na Casa de Estremoz pela Maria do Céu Pires e pela Francisca de Matos.
Desta feita, coube-me a mim fazer a apresentação formal do seu mais recente livro “NA JANELA DO TEMPO / TRADIÇÃO, CONTRABANDO E EMIGRAÇÂO”, na sequência do convite que me foi endereçado pela autora e que eu gostosamente aceitei.
A obra
Fisicamente é um livro brochado, de 22,8 x 16 cm e 236 páginas, dado à estampa pelas prestigiadas Edições Colibri de Fernando Mão de Ferro. Tem capa a cores de Raquel Ferreira, gizada a partir de fotografia de Abel Cunha. Na primeira badana figura uma pequena biografia e a fotografia da autora e na segunda badana, um excerto de uma das estórias do livro. Este tem prefácio de José Carlos Lage, o qual confessa que é “Fácil e ao mesmo tempo difícil” falar das poesias e das crónicas de Georgina. Por sua vez, em posfácio impresso na contracapa, Francisca de Matos afirma e muito bem, que “Esta obra é, sobretudo, uma grande lição de vida, um legado que não deve, não pode ser esquecido”.
O livro é um livro de estórias ou não fosse Georgina, para além de notável poetisa, uma extraordinária contadora de estórias. Não estórias quaisquer, nem tão pouco inventadas ou arquitectadas, mas estórias reais ocorridas no tempo da sua infância, repartida entre Manteigas, Aldeia do Bispo (Sabugal) e Covilhã.
São estórias com personagens reais, de carne e osso, como o Ti Júlio, a Ti Mariana, a Senhora Isabel Augusta, o Ti Zé Ramos, a Menina Zéfinha, o tio António Pantalona, o tio Zé Manso e não sei quantos mais, numa infinidade numerável que não consegui quantificar. São eles que constituem aquilo que com orgulho, Georgina chama “A Minha Gente”.
São estórias contadas e redigidas numa escrita fluida e ágil, eficaz na pintura descritiva das paisagens rurais e do interior das casas aldeãs. Escrita que é também uma partilha intimista das emoções e sentimentos dos personagens, incluindo Georgina, também ela própria, personagem por direito próprio e inalienável. Tudo sempre minuciosamente filigranado ao pormenor, numa linguagem rica, valorizada pelo uso de vocábulos regionais, cujo sentido, se necessário pode ser decifrado num glossário que antecede o índice final.
São estórias do tempo em que nas aldeias se tocavam as Trindades.
As hortas eram regadas com água tirada das noras e das picotas. Comia-se daquilo que a terra dava e em situações de carência havia partilha e entreajuda ente vizinhos e familiares. Todavia, a falta de dinheiro para bens de mercearia e para comprar entre outras coisas, petróleo para alumiar, levavam alguns, mais aflitos e mais afoitos, a entrar no contrabando através da raia de Espanha ou a dar o salto para França.
Apesar de tudo ou talvez por isso, rezava-se a Deus, à Mãe de Jesus, ao Anjo da Guarda e a Santo Antão para proteger o gado.
A menina Zefinha andava de taleigo à cabeça, a ti Mariana remendava as ceroulas do Ti Júlio e a ti Neves do Ti Júlio punha-lhe ventosas e papas de linhaça, a ver se ele arribava.
A roupa era cosida, remendada e transformada, passando dos mais crescidos para os mais pequenos. O pão era amassado de tarde para ficar a dormir à noite e os mais velhos davam a bênção aos mais novos antes destes adormecerem.
Isto e muito mais, são registos de memórias de tempos idos dos personagens do livro. Tempos e vivências difíceis e duras, mas também de afectos, partilhas e tradições numa Comunidade onde Georgina nasceu e cresceu, com a qual se identifica e que pela mesma é reconhecida e idolatrada.
Georgina é, pois, uma guardadora de memórias, muitas delas guardadas no presente livro e que por serem reconhecidas pela Comunidade que a viu nascer e crescer, integram a memória colectiva local e contribuem com a sua quota parte para a memória colectiva regional e para a memória colectiva nacional.
É a memória colectiva que nos ajuda a construir e manter a nossa identidade cultural e histórica, preservando tradições, valores e experiências comuns.
É a memória colectiva que nos permite aprender com os erros e sucessos do passado, o que é essencial para o desenvolvimento e a evolução da sociedade.
A memória colectiva desempenha um papel crucial no exercício da cidadania e da democracia, pois é através da memória colectiva que as lutas e conquistas dos nossos antepassados são lembradas e honradas, incentivando a luta por um futuro melhor e mais justo.
Daí a importância de que se reveste o livro, cuja leitura vivamente recomendo.
quinta-feira, 23 de novembro de 2023
Lúcia Cóias partiu. Fica a saudade.
quarta-feira, 8 de novembro de 2023
CASA DO ALENTEJO, CULTURA, LIBERDADE E SOLIDARIEDADE - 100.º ANIVERSÁRIO
Integrado nas Comemorações do Centenário da Casa do Alentejo, terá lugar na sede desta casa regionalista, em Lisboa, no próximo dia 10 de Novembro (6.ª feira), a partir das 17 horas, a apresentação do livro Casa do Alentejo, Cultura, Liberdade e Solidariedade - 100.º aniversário. Digna-se presidir à sessão, Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
A apresentação do livro estará a
cargo de Ana Paula Amendoeira (Directora Regional da Cultura do Alentejo) e
Santiago Macías (Director do Panteão Nacional).
Com coordenação de Rosa Calado e
Fernando Mão de Ferro, o presente livro é um contributo de cerca de 50
investigadores para um melhor conhecimento do Alentejo e da histórica
“Embaixada Cultural” em Lisboa. Fundada por alentejanos que procuravam, através
do convívio, práticas culturais e acções solidárias, minimizar as saudades do
seu território e das suas gentes. 100 anos depois, a Casa do Alentejo continua
aberta ao Mundo, com os mesmos propósitos e valores, e as mais variadas
manifestações sociais e culturais, inspiradas nos valores da Paz, da Justiça
Social e da Liberdade.
O livro, editado por Edições
Colibri e pela Casa do Alentejo, tem 490 páginas de formato 22,0 cm x 28,0 cm,
com impressão a cores em papel couché de 135 grs. O livro pode ser adquirido na
Casa do Alentejo, nas edições Colibri e em todas as livrarias que distribuem
obras daquela editora. O preço de venda ao público é de 40 €.
CASA DO ALENTEJO, CULTURA, LIBERDADE E SOLIDARIEDADE - 100.º ANIVERSÁRIO
Índice
terça-feira, 14 de junho de 2022
ABÍLIO MARÇAL, UM REPUBLICANO DAS BEIRAS – O Homem, o Político e a Obra
sábado, 21 de agosto de 2021
Hernâni Matos
Filomena Barata
Lisboa, 19 de Agosto de 2021
segunda-feira, 2 de agosto de 2021
O “Despertar para a poesia” de Francisco Ramos
terça-feira, 27 de julho de 2021
Hernâni Matos: do lado esquerdo, o centro
terça-feira, 22 de junho de 2021
Homenageando o Professor Hernâni Matos
HOMENAGEANDO O PROFESSOR HERNÂNI MATOS
Professor Hernâni Matos
Junta a teoria aos factos
Com muita desenvoltura;
P’lo muito que tem feito
Merece o nosso respeito
Por ser homem da cultura!
Dos vultos mais competentes
Em áreas tão diferentes
Numa muito longa lista:
É um insigne escritor
Etnógrafo, professor,
E Mestre filatelista
É expositor e jurado,
“Expert” do figurado
Essa arte, (que tão nobre,)
Património Imaterial
Deste nosso Portugal
Que tanto orgulho nos cobre!
É firme nas convicções
E em certas reflexões
Que por vezes o consomem...
É excelente escritor
Um “Franco-atirador”
Mas mais que tudo é um HOMEM!Quem o conhece de perto
Reconhece-lhe por certo
Virtudes que são verdades...
Admirá-lo é um direito
Prestando assim o seu preito
A quem só tem qualidades...
Professor, meu grande amigo,
Em boa hora lhe digo:
Pelo crer que a si se pôs,
Ganha, pois, o meu louvor
Por ser um grande SENHOR
Desta cidade Estremoz
domingo, 20 de junho de 2021
Pode alguém ser quem não é? / A propósito de Hernâni Matos
sexta-feira, 18 de junho de 2021
Naquela esquina um amigo
terça-feira, 15 de junho de 2021
Professor Hernâni: das Ciências à preservação da Cultura

A
recordação mais antiga que tenho do professor Hernâni Matos é das aulas de
Química, do 10.º ao 12.º ano. Homem de altura imponente e voz forte, um pouco
austero na primeira impressão, conseguia manter desde o início a ordem na sala
de aula e ganhava também o respeito dos alunos pela sua segurança no
conhecimento e no ensino das matérias. A convivência permitia também conhecer o
seu sentido de humor muito próprio. O programa de Química estava todo explicado
nos acetatos que projetava durante as aulas e que entregava para fotocopiar e
distribuir entre os alunos. Incentivava a prática de muitos exercícios, o que
era fundamental para a consolidação da aprendizagem.
Sempre
foi evidente o seu zelo pela organização e sistematização, fundamental para
viabilizar a disponibilidade de tempo para os seus muitos interesses para além
da ciência. Penso que a sua maior paixão na altura era a filatelia, mas muitos
interesses se foram juntando com um espírito persistente, minucioso, curioso,
irrequieto, ativista, resiliente, colecionador e empreendedor.
Quando
penso no professor Hernâni, não consigo deixar de pensar também na companheira
da sua vida, a professora Fátima, com o seu ar discreto e sereno. Diz-se que ao
lado de um grande homem, há sempre uma grande mulher. Será também aqui o caso
pelo seu cuidado com a família, persistência, resiliência, mostrando bonita
admiração pelos projetos do seu marido.
De
facto, o professor Hernâni tem feito um trabalho notável de recolha, reflexão,
promoção e preservação do património cultural português e, particularmente, da
cidade de Estremoz e da sua barrística. Fê-lo por diversos meios e iniciativas,
não ficando também de fora da revolução da internet com o seu blogue “Do tempo
da outra senhora” e página do Facebook. Enquanto filhos desta terra alentejana
e cidadãos portugueses, ficamos-lhe gratos por todo este trabalho e empenho.
Bem-haja, professor Hernâni.
Filipe Glória Silva
domingo, 9 de maio de 2021
EXTREMOZ VILLA – ESTREMOZ CIDADE
quinta-feira, 6 de maio de 2021
O Livro dos Dias Contados
O autor
António Júlio Andrade Rebelo é natural de Tomar, onde nasceu em 1959. É professor do Ensino Secundário há 36 anos e lecciona na Escola Secundária Rainha Santa Isabel em Estremoz desde 1984/85. Licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1981 e obteve o doutoramento em Filosofia pela Universidade de Évora em 2014.
Em Estremoz foi Director do CENFORSEGA – Centro de Formação Sebastião da Gama e Vereador do Pelouro aa Cultura da Câmara Municipal de Estremoz.
Tem participado em palestras e seminários na área de filosofia e cinema: Fundação Calouste Gulbenkian, Universidade de Lisboa, Universidade do Porto, Universidade da Beira Interior, Universidade de Valladolid e Universidade de Castilla La Mancha.
Publicou “A Maldade no Cinema de Ingmar Bergman” editado pela Colibri em 2015.
A obra
A obra estrutura- se em 26 capítulos: Criação do mundo - nascimento do silêncio, Lua – claridade e sombra, Silêncio e instante, Campo-mar, Três perguntas, Viagem, Visível e invisível. Finito e infinito, Outeiro dos condenados, Tempo e trindade, Corpo e carne, Esperança, Composição do olho, Mar com luz, Tempo, corpo e alma, Jogo de espelhos, Espelho e vidro, Canto dos pássaros, Acontece com a lua cheia, Modo de ser novo, Entardecer, Ressurreição e esperança, Névoa, Beleza, Venerável, Subúrbio e convento, Encerramento e abertura.
Da obra diz o prefaciador Luís Cabanejo. “Este livro não é uma ficção filosófica, embora contenha alguns dos seus principais ingredientes: uma narrativa – nem linear nem mundana – e um discurso reflexivo. Também não é um conjunto de fragmentos ensaísticos, ainda que nele se procure rondar ou sondar, de modo oblíquo ou frontal, ideias que têm ocupado a Filosofia e a Religião como o mal, o silêncio ou a natureza. Tão-pouco se pode classificar o texto como diarístico, apesar de comunicar impressões pessoalíssimas e relatar situações que se inscrevem na vida real e concreta do seu autor.”
A obra, constituída por um volume com capa mole, 20 cm x 14 cm, de 100 páginas, é edição é da Colibri e tem o preço de capa de 9 euros.
segunda-feira, 19 de abril de 2021
Dois em um