sexta-feira, 8 de dezembro de 2023

Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Vila Viçosa


Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Vila Viçosa, Padroeira de Portugal.   

A 8 de Dezembro, a Igreja Católica comemora a Festa da Imaculada Conceição, definida como uma festa universal em 28 de Fevereiro de 1476 pelo Papa Sisto IV (1414-1484).
De acordo com o dogma católico, a Imaculada Conceição é a concepção da Virgem Maria sem mancha ("mácula" em latim) do pecado original. O dogma diz que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi protegida por Deus, da falta de graça santificante que atormenta a humanidade, porque ela estava cheia de graça divina. Proclama igualmente que a Virgem Maria viveu uma vida isenta de pecado. 
A Imaculada Conceição foi solenemente definida como dogma pelo Papa Pio IX (1792-1878) na sua bula “Ineffabilis Deus” em 8 de Dezembro de 1854. A encarnação de Jesus no ventre da Virgem Maria exigia que ela estivesse completamente livre de pecado para poder gerar seu Filho. A Igreja Católica considera que o dogma é apoiado pelos textos bíblicos [Gênesis (3:15), Cântico dos Cânticos (4:7), (Êxodo 25:10-11), (Jó 14:4), (Deuteronómio 10:3) e (Apocalipse 11:19)], bem como escritos de Padres da Igreja, como Irineu de Lyon (c. 130-202) e Ambrósio de Milão (340-397). 
A imagem de Nossa Senhora da Conceição, Padroeira de Portugal, em pedra de ançã, encontra-se no altar-mor do Santuário de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, estando tradicionalmente coberta por ricas vestimentas, muitas delas oferecidas por Rainhas e damas da Casa Real Portuguesa. Segundo a tradição, a imagem da padroeira terá sido oferecida pelo Condestável do Reino, D. Nuno Álvares Pereira (1360-1431), que a terá adquirido em Inglaterra.
O Santuário fica situado dentro dos muros medievais do Castelo da Vila, exactamente no local onde outrora se erguia a ermida gótica consagrada a Nossa Senhora do Castelo, fundada por D. Nuno Álvares Pereira. Em finais do século XIV, D. Nuno Álvares Pereira fez consagrar esta igreja a Nossa Senhora da Conceição, sendo o primeiro templo em toda a Península Ibérica a Ela consagrado e antecedendo em quase 500 anos a definição do dogma da Imaculada Conceição. O actual Santuário resulta da reforma levada a cabo em 1569, no reinado de D. Sebastião. 
Em finais do séc. XIV, a Guerra da Independência contra Castela (1383-1385) enraizou nos portugueses a veneração a Nossa Senhora da Conceição, a qual viria a ser aprofundada no decurso da Guerra da Restauração (1640-1668).
Por provisão régia de D. João IV (1604-1656), de 25 de Março de 1646, referendada em Cortes Gerais, Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, foi Proclamada Padroeira de Portugal e a partir de então nunca mais os monarcas portuguesas da Dinastia de Bragança voltaram a usar a coroa real na cabeça, uma vez que D. João IV depositou a sua coroa os pés da imagem de Nossa Senhora da Imaculada Conceição de Vila Viçosa.
Em 6 de Fevereiro de 1818, o Rei D. João VI (1767-1826) agradece à Padroeira a resistência nacional às invasões francesas e concede nova benesse ao Santuário, erigindo-o cabeça da nova Ordem Militar de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa.
No Santuário de Vila Viçosa estão sediadas as Confrarias de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa, fundada por D. Nuno Álvares Pereira e a Confraria dos Escravos de Nossa Senhora da Conceição.
No dia 8 de Dezembro de cada ano, dia da solenidade da Imaculada Conceição, Padroeira de Portugal, decorre uma grande peregrinação anual ao Santuário de Vila Viçosa.

Publicado inicialmente a 8 de Dezembro de 2013

Vera Magalhães recebeu o Certificado de Artesã Produtora de Bonecos de Estremoz

 

A barrista Vera Magalhães ladeada pelo  Presidente do Município, José Daniel Sadio
pelo Presidente da Assembléia Municipal, Ricardo Catarino.
 Fotografia de Município de Estremoz.

Teve lugar ontem no Salão Nobre dos Paços do Concelho de Estremoz, uma Sessão Comemorativa do 6.º aniversárioda Inscrição da Produção de Figurado em Barro de Estremoz na ListaRepresentativa de Património Cultural Imaterial da UNESCO.

No decurso da cerimónia foi entregue à barrista Vera Magalhães, o Certificado de Artesã Produtora de Bonecos deEstremoz, que lhe foi outorgado pela Adere-CERTIFICA, entidade credenciada para conceder aquela certificação.

Anteriormente, a barrista Vera Magalhães frequentou um “Curso de Formação sobre Técnicas de Produção de Bonecos de Estremoz”, que entre 20 de Setembro a 6 de Dezembro de 2019, teve lugar no Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte, em Estremoz. O Curso foi promovido pelo CEARTE – Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património, em parceria com o Município de Estremoz. O Curso com a duração de 150 horas e de Nível QNQ 2, teve formação técnica a cargo do barrista Jorge da Conceição. Foi frequentado por 16 formandos, dos quais até à presente data, 4 foram certificados pela Adere – CERTIFICA, como artesãos produtores de Bonecos em Barro de Estremoz.

Mais recentemente, a barrista teve a Exposição “TRADIÇÃO E CULTURA - Bonecos de Estremoz de Vera Magalhães” patente ao público no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, entre os dias 9 de Setembro e 26 de Novembro.

quinta-feira, 7 de dezembro de 2023

Aconteceu há 6 anos: Inscrição da Produção de Figurado em Barro de Estremoz na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade

Parte da delegação portuguesa que se deslocou à República da Coreia. Da esquerda
para a direita: Luís Mourinha (Presidente da Câmara Municipal de Estremoz), Manuel
António Gonçalves de Jesus (Embaixador de Portugal na República da Coreia), António
Ceia da Silva (Presidente do Turismo do Alentejo) e Hugo Guerreiro (Director do Museu
Municipal de Estremoz e Responsável Técnico da Candidatura). Fotografia reproduzida
com a devida vénia, a partir do Facebook de António Ceia da Silva.


Importa aqui e mais uma vez, salientar o mérito daqueles a quem se deve o êxito de uma candidatura que se viria a tornar vitoriosa:
1º) Hugo Guerreiro, Director do Museu Municipal de Estremoz, que despoletou e argumentou a candidatura, a qual veio a ter êxito e que corresponde ao primeiro figurado do mundo a merecer a distinção de Património Cultural Imaterial da Humanidade.
2º) Os barristas do passado e do presente, que com o labor e criatividade das suas mãos mágicas e desde as bonequeiras de setecentos, transmitiram de geração em geração e até à actualidade, uma produção sui generis de Bonecos em barro, dita ao “modo de Estremoz”.
3.º) O escultor José Maria de Sá Lemos, que nos anos 30 do séc. XX e recorrendo à velha bonequeira Ana das Peles primeiro e ao Mestre oleiro Mariano da Conceição depois, deu um contributo decisivo para a revitalização da produção de Bonecos de Estremoz, considerada extinta desde 1921.
4º) Os estudiosos, investigadores, escritores e publicistas que com o seu esforço não deixaram morrer a memória dos Bonecos de Estremoz: Luís Chaves, D. Sebastião Pessanha, Virgílio Correia, Azinhal Abelho, Solange Parvaux, Joaquim Vermelho e outros.
5.º) Os coleccionadores, dos quais o mais destacado é Júlio dos Reis Pereira, que ao longo de décadas foram reunindo, catalogando, estudando, comparando e interpretando espécimes que viabilizaram a apresentação de uma candidatura pelo Município de Estremoz.
- BEM HAJAM!

quarta-feira, 6 de dezembro de 2023

Exposição "Menino Jesus no Berço"



Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 6 de Dezembro de 2023

O Centro Interpretativo para a Valorização e Salvaguarda do Boneco de Estremoz apresenta, a partir de 9 de dezembro, na sua Sala de Exposições Temporárias, a Exposição “Menino Jesus no Berço” – Figurado de Estremoz.
Esta exposição surge a partir do desafio lançado aos barristas, atualmente a produzirem figurado de Estremoz, para que fizessem, nesta época em que se celebra o nascimento de Jesus, a figura do Menino Jesus deitado no Berço.
Nesta mostra contamos com a participação dos Barristas Afonso e Matilde Ginja, Ana Catarina Grilo, Carlos Alberto Alves, Fátima Estróia, Inocência Lopes, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge da Conceição, José Carlos Rodrigues, Luís Parente, Luísa Batalha, Madalena Bilro, Manuel Broa, Ricardo Fonseca e Vera Magalhães.
A exposição poderá ser visitada até 28 de janeiro de 2024.
Venha visitar!

terça-feira, 5 de dezembro de 2023

Mitologia Popular do Natal


Bento Coelho da Silveira (1620-1708). Adoração dos Pastores.

A presente colectânea de superstições e tradições populares sobre o Natal, recolhidas de três fontes bibliográficas distintas, cujos autores as recolheram da tradição oral, mostra novamente a riqueza da Mitologia Popular Portuguesa:
- Cerca de um mês antes do Natal, lançam trigo ou cizirão num pequeno recipiente, o qual vai sendo continuamente borrifado com água. São as searinhas do Menino Jesus, utilizadas posteriormente na decoração dos presépios (Elvas). [3]
- A construção ou reparação do lar deve ser efectuada na noite de Natal. [1]
- À meia-noite do dia de Natal deve sair-se para o campo e colher arruda, alecrim, salva e erva-terrestre. A arruda frita-se em azeite para usar nas fricções e das outras plantas faz-se chá para beber quando se está doente. [1]
- A rosa de Jericó desabrocha na noite de Natal, conservando-se aberta até ao dia da Purificação. [1]
- À rosa de Jericó é atribuída a virtude de facilitar o nascimento das crianças. Para tal, a rosa é lançada numa tigela com água e à medida que vai abrindo, o parto é facilitado. A planta é vendida pelos judeus ambulantes, sendo boa para a enxaqueca quando se aspira o aroma que exala ao abrir-se. C$olocada num oratório na noite de Natal, encontra-se aberta pela manhã. (Elvas). [2]
- Na noite de Natal percorrem as ruas, ao som da ronca e em grandes cantorias. (Elvas). [3]
- Quando canta na noite de Natal, o galo diz: “Jesus é Cristo.” (Elvas). [2]
- Na noite de Natal, os rapazes costumam assar muitas pinhas, costumando guardar os cascos das que são mansas, meio-queimadas, para serem incendiadas por altura de trovoadas, a fim destas passarem. (Barcelos). [2]
- Havendo luar na noite de Natal, é sinal de no próximo ano haver muito leite. [2]
- Devem-se comer cinco bagos de uva quando a hóstia é erguida na missa da noite de Natal, a fim de evitar dores de cabeça. [3]
- Uvas comidas seguidamente à meia-noite de Natal, livram de sezões (Évora). [1], [2]
- É bom ficar a mesa posta no fim da ceia de Natal, que é para os Apóstolos virem comer. (Barcelos). [2]
- Ao meio-dia do dia de Santa Bárbara devem deitar-se algumas galinhas para tirarem na noite de Natal. Todo o galo nascido nessa noite, cantará sempre à meia-noite. [1]
- As pessoas nascidas no dia de Natal ou de Ano Bom são muito felizes. [1]
- As pessoas nascidas no dia de Natal vivem muito tempo. [1]
- O cepo da fogueira do Natal e os cotos de velas usadas nessa época, têm grandes virtudes contra as coisas más. [1]
- O vento que sopra à meia-noite do dia de Natal, não muda de direcção até ao dia de São João. [1]
- Para curar uma pessoa de ataques epilépticos, esta deve ser medida com uma cana, a qual na noite de Natal deve ser colocada por detrás do altar do Menino Jesus. [1]
- No presépio, a mula espalhava o feno e a vaca juntava-o. Daí a maldição de Nossa Senhora à mula: —"Não parirás! — prometendo à vaca que a carne dela seria a que sustentaria mais (Elvas). [2], [3]

BIBLIOGRAFIA
[1] - PEDROSO, Consiglieri. “Supertições Populares”, O Positivismo: revista de Filosofia, Vol. III e IV. Porto, 1981-1882.
[2] - PIRES, THOMAZ A. A noite de Natal, o Anno Bom e os Santos Reis (2ª edição). António José Torres de Carvalho. Elvas, 1923.
[3] – PIRES, THOMAZ A. Tradições Populares Transtaganas. Tipographia Moderna. Elvas, 1927.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 22 de Dezembro de 2010

Lançamento do livro "O Motorista dos Cortes/Histórias da minha terra" de José Domingos Ramalho

 


Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 29 de Novembro de 2023

Dia 9 de dezembro, pelas 15:30 horas, o Museu Berardo Estremoz vai receber o lançamento do livro "O Motorista dos Cortes/Histórias da minha terra", de José Domingos Ramalho.
Depois de “O Ameixa tem Uma Filha”, – Edição da 5 Livros – 2022, José Domingos Ramalho, volta a escrever sobre a vida das gentes e paisagens humanas do Alentejo.
Mestre em Recursos Humanos e Desenvolvimento Sustentável e Licenciado em Sociologia, é co-autor da obra Diagnóstico Social: Teoria, metodologia e casos práticos - Edição Sílabo 2017.
O autor dedica parte da sua vida ao estudo da grafologia e é conhecida a sua paixão pela cultura, gastronomia e etnografia alentejana.
Venha conhecer duas histórias das gentes alentejanas, num só livro!
A entrada para a iniciativa é gratuita.

Sinopse
O Motorista dos Cortes
Entre a primeira e a segunda guerra mundial, uma família tradicional alentejana, trouxe ao mundo sete raparigas e dois rapazes.
No dia em que uma das filhas engravidou e o parceiro não quis assentar-se como pai, a vida da família mudou radicalmente.
A rapariga passou à condição de mulher escondida e o rapaz refugiou-se na Lisboa castiça, boémia e fadista.
Ao fim de vinte anos de destinos separados, será a filha de ambos, já em idade adulta, a promover a união dos progenitores, mas a estória pode ter um desfecho inesperado.



segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

26 – Santa Bárbara


Santa Bárbara. Sabina Santos (1921-2005). Colecção particular.

Diz a lenda que Santa Bárbara nasceu e viveu no final do séc. III, na cidade de Nicomédia, na actual Turquia. Era uma jovem muito bela. Dióscoro, seu pai, era um pagão rico que a desejava proteger dos pretendentes. Por isso encerrou-a numa torre, onde mandou abrir duas janelas, mas entretanto teve que viajar. Quando regressou, a filha tinha-­se feito baptizar e mandara rasgar uma terceira janela, em honra à Santíssima Trindade. O pai ficou irado, pelo que ela teve de fugir, abrindo-se os rochedos para que ela passasse. Descoberta, foi capturada pelo progenitor e levada a tribunal. Aí foi condenada a ser exibida nua por todo o país e padeceu toda sorte de suplícios, acabando por ser executada pelo próprio pai, que a degolou com uma espada. Logo após a sua morte, um raio fulminou o filicida.
Santa Bárbara é Protectora contra relâmpagos e tempestades, bem como Padroeira de artilheiros, mineiros, geólogos, engenheiros militares, armeiros e de todos aqueles que trabalham com o fogo. É igualmente Padroeira de profissões relacionadas com torres e a sua construção (cabouqueiros, pedreiros, arquitectos) e ao seu uso como prisão (presidiários e guardas de prisão).
Os atributos de Santa Bárbara são numa mão (geralmente a direita) a palma do martírio e na outra a torre com três janelas onde o pai a encerrou. A torre pode aparecer também a seus pés e pode segurar a espada com que foi degolada ou segurar o cálice com a hóstia.
Santa Bárbara, cuja festa litúrgica ocorre a 4 de Dezembro, tem considerável presença na tradição oral portuguesa. A nível de adágios: “Só se lembra(m) de Santa Bárbara, quando faz trovões". Está igualmente presente no cancioneiro popular de Angra do Heroísmo:

“Ò Senhora Santa Barba,
Senhora dos corações,
Ninguém se lembra dela
Senão quando faz trevões”.

Existem também orações populares como esta:

“Santa Bárbara Bendita,
Que no céu está escrita
com papel e água benta,
nos livre desta tormenta”.

No que respeita a superstições populares, existia a crença de que as palmas e os ramos de alecrim, bentos na Procissão do Domingo de Ramos, afastavam as trovoadas. De resto, era hábito tocar os sinos durante as trovoadas, pois havia a crença popular de que o toque fazia afastar os raios e os trovões. Em Castedo do Douro, um dos sinos da Igreja até tem gravado o nome de Santa Bárbara. Actualmente, as orações e o toque de sinos foram substituídos por pára-raios, o que levou Guerra Junqueiro (1850-1923) a escrever:

“Pára-raios nas Igrejas,
É para mostrar aos ateus,
Que os crentes quando troveja,
Não têm confiança em Deus”.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente a 21 de Maio de 2015