Do Tempo da Outra Senhora
A Escrita como Instrumento de Libertação do Homem
quinta-feira, 17 de julho de 2025
António Cunhal (1910-1932), artista plástico neo-realista
quarta-feira, 16 de julho de 2025
Ceifeira adormecida - Litografia de Manuel Ribeiro de Pavia
No Alentejo de outros tempos, a
colheita do trigo recorria à ceifa manual, actividade sazonal dificultada pelo
rigor do clima. Ceifeiros e ceifeiras sentiam-no bem no corpo. O trabalho
penoso e mal pago, realizava-se de “sol a sol”, interrompido apenas por
refeições rápidas e frugais. A “bucha” ao pegar no trabalho, o “almoço” pelas
10 horas da manhã, o “jantar” sensivelmente pelas 2 da tarde, a que se seguia a
“sesta” de duas horas para um retemperar de forças. A sesta ocorria à sombra de
uma azinheira ou de molhos de trigo e durava até serem acordados pelo manajeiro.
A faina prolongava-se até às 8 da noite, altura em que tinha lugar a “ceia”, a
última refeição do dia, finda a qual trabalhavam até haver luz e o manajeiro
dar a ordem de “solta”. Depois era o descanso nocturno, até ao nascer do sol do
dia seguinte.
A sesta dos ceifeiros é um tema
recorrente na arte portuguesa. Manuel Ribeiro de Pavia na litografia “Ceifeira
adormecida” (Fig. 2 e Fig. 3) patenteia uma ceifeira a descansar, encostada a
uma árvore e protegida pela sua sombra. Observe-se que a litografia é anterior
à criação da GRAVURA - Sociedade Portuguesa de Gravadores (1956). A prova nº 7
da litografia “Ceifeira adormecida” (Fig. 1) é uma prova de cor com um cromatismo mais vivo que o trabalho final
(Fig. 2), o qual teve uma tiragem de 50 exemplares cujo cromatismo é mais sóbrio.
José Malhoa (Fig. 3) no óleo sobre tela “A sesta dos
ceifeiros” (1895), mostra um grupo de ceifeiros a descansar à sombra de uma
árvore, a qual não aparece representada.
Dordio Gomes (Fig. 4) no óleo sobre tela “A sesta dos
ceifeiros” (1918), representa ceifeiros a descansar, protegidos por molhos de
trigo.
Publicado inicialmente a 16 de Julho de 2024
terça-feira, 15 de julho de 2025
Sei que não vou por aí!
"Não sei por onde vou,
Publicado inicialmente em 15 de Julho de 2013
segunda-feira, 14 de julho de 2025
Atributos, pormenores e estilo
A barrística de Estremoz é diversificada, pelo que legitimamente se põe a questão de saber quais as características que os exemplares produzidos ao modo de Estremoz, não podem deixar de ter. Vou procurar dar uma resposta a essa questão num caso concreto.
Atributos
Na barrística de Estremoz, cada um dos chamados “Bonecos da Tradição”, goza de determinados atributos. Estes não são mais que as particularidades invariantes que obrigatoriamente um barrista deve ter em conta na confecção de cada uma dessas figuras. Essas particularidades estão associadas a cada uma dessas figuras e ajudam a identificá-las.
No caso da figura conhecida por “Mulher a passar a ferro” (Figs.
Pormenores
Para além das particularidades invariantes atrás referidas, existem outras particularidades variáveis (pormenores) cuja inclusão na manufactura de uma figura, depende do livro arbítrio do barrista. No caso da figura conhecida por “Mulher a passar a ferro”, esses pormenores são os seguintes:
- MESA: pode variar o tipo de mesa, bem como a sua cor e a cor do tampo;
- FERRO DE ENGOMAR: pode ser de diferentes tipos;
- PEÇA DE ROUPA A SER ENGOMADA: de tipo e cor variável;
- PEÇAS DE ROUPA EXSTENTES EM CIMA DA MESA: Em número, tipo e cor variável;
- COBERTURA DO TAMPO DE MESA: pode existir ou não;
- MÃO ESQUERDA DA MULHER: pode estar assente sobre a mesa, segurando ou não a peça de roupa, mas pode estar também apoiada no corpo, em posição variável;
- VESTIDO DA MULHER: de tipo, cor e componentes variáveis;
- OUTRO VESTUÁRIO DA MULHER: pode trajar avental ou ter um xaile nas costas;
- CABELO DA MULHER: o penteado é variável;
- CABEÇA DA MULHER: a cabeça pode estar a descoberto ou ser protegida por um lenço ou ainda estar ornamentada com uma canoa;
- GEOMETRIA DA BASE: rectangular ou trapezoidal, com as pontas vivas, adoçadas ou aparadas em bisel;
- TOPO DA BASE: verde-escuro simples ou pintalgado de zarcão, branco e amarelo. Em alternativa pode ter uma decoração que simula um chão, como por exemplo, de tijoleira;
- ORLA DA BASE: zarcão, castanho ou pintalgado com as cores da base.
Estilo
O estilo é o modo como cada barrista se exprime, revelando a sua individualidade através de marcas identitárias que lhe são próprias e que se repetem ao longo da sua produção.
A pluralidade de resultados distintos possíveis de obter na confecção de uma figura, mesmo dos chamados “Bonecos da tradição”, é reveladora da riqueza da barrística de Estremoz.
domingo, 13 de julho de 2025
Auto da Alma
São Pedro (Entre 1610 e 1612) . Peter Paul Rubens (1577–1640). Óleo sobre