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quarta-feira, 5 de março de 2025

Provérbios de Março


MARÇO - Iluminura (10,8x14 cm) do “Livro de Horas de D. Manuel I” [Século XVI 
(1517-1551)], manuscrito com iluminuras atribuídas a António de Holanda, conservado
no Museu Nacional de Arte Antiga. Pintura a têmpera e ouro sobre pergaminho. 
 
A água de Março é pior que nódoa no pano. - A geada de Março tira o pão do baraço e a de Abril nem ao baraço o deixa ir.
- A vinte e dois de Março ouga o pão com o mato, a noite com o dia, a erva com o sargaço, a fome com a barriga e a merenda do pastor nunca chega ao meio-dia.
- Agua de Março é pior que nódoa no pano.
- Água de Março pior é que nódoa no fato.
- Água de Março, no princípio ou no cabo, só que molhe o rabo do gato.
- Água de Março, pior é que nódoa no pano.
- Água de Março, quanta o gato molhe o rabo.
- Aí vem meu irmão Março, que fará o que eu não faço.
- Antes a estopa de Abril, que o linho de Março.
- Bodas em Março, é ser madraço.
- Cavas em Março e arrenda pelo São João (24/6), todos o sabem e poucos o dão.
- Cavas em Março e arrenda pelo São João (24/6), todos o sabem, mas poucos o dão.
- Dia de Março, dia de três ventos.
- Em 25 de Março, se o cuco não se ouvir, ou é morto ou não quer vir.
- Em Março espetam-se as rocas e sacham-se as hortas.
- Em Março espiam-se as rocas e sacham-se as hortas.
- Em Março o pão com o mato, a noite com o dia e o Pedro com a Maria.
- Em Março o sol rega e a chuva queima.
- Em Março ouga a erva com o sargaço.
- Em Março ouga a noite com o dia e o pão com o sargaço.
- Em Março queima a velha o maço para aguentar o pernaço.
- Em Março queima a velha o maço.
- Em Março, a três e a quatro.
- Em Março, aquece cada dia um pedaço.
- Em Março, cada dia chove um pedaço.
- Em Março, chove cada dia um pedaço.
- Em Março, cresce cada dia um pedaço.
- Em Março, de manhã pinga a telha e à tarde sai a abelha.
- Em Março, deita-te um pedaço.
- Em Março, esperam-se as rocas e sacham-se as hortas.
- Em Março, igual o trigo com o mato e a noite com o dia,
- Em Março, liga a noite com o dia e a noite com o sargaço.
- Em Março, merenda o pedaço; em Abril merenda o merendil.
- Em Março, merendica e folgaço.
- Em Março, nem migas, nem couves, nem esparto.
- Em Março, nem rabo-de-gato molhado.
- Em Março, o pão com o mato, a noite com o dia e o Pedro com a Maria.
- Em Março, o que dormes, o que eu faço.
- Em Março, o sol rega e a água queima.
- Em Março, onde quer eu passo.
- Em Março, onde quer passo.
- Em Março, onde quero eu passo.
- Em Março, queima a velha o maço.
- Em Março, rebenta a erva nem que lhe dês com um maço.
- Em Março, tanto durmo como faço.
- Em tardes de Março, recolhe teu gado.
- Em vinte cinco de Março, se o cuco não se ouvir, ou é morto ou não quer vir.
- Entre Março e Abril o cuco há-de ouvir.
- Entre Março e Abril o cuco há-de vir.
- Enxame de Março apanha-o no regaço.
- Inverno de Março e seca de Abril, deixam o lavrador a pedir.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevado, Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem o ano abundoso.
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso, Março mulinhoso, Abril chuvoso, Maio ventoso, fazem o ano formoso.
- Lá vem o irmão Março, que não deixará ovelha, nem farrapo, nem o pastor se for fraco.
- Lua cheia em Março trovejada, trinta dias é molhada.
- Março amoroso faz o ano formoso.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João (24/6) calmoso, fazem o ano formoso.
- Março amoroso, Abril ventoso, Maio remeloso, fazem o ano formoso.
- Março baço, a noite com o dia, o pão com o sargaço.
- Março chove cada dia o seu pedaço.
- Março chuvento, ano lagarento.
- Março chuvoso, São João (24/6) farinhoso.
- Março de ano bissexto, muita fome e muito mortaço,
- Março duvidoso, São João (24/6) farinhoso.
- Março frio ou molhado, enche o celeiro e farta o gado.
- Março leva a ovelha e o farrapo e o pastor se ele é fraco; o cão escapará ou não.
- Março liga a noite com o dia, o Manel c’oa Maria, o pão com o mato e a erva com o sargaço.
- Março liga a noite com o dia, o Manel co'a Maria, o pão com o pato e a erva com o sargaço.
- Março mal quando molha o rabo ao gato, se de Fevereiro ficou farto.
- Março marçagão de manhã cara de cão, ao meio-dia de rainha e à noite de fuinha.
- Março marçagão, cura meadas, esteiras não.
- Março marçagão, de manhã cara de anjo, à noite cara de ladrão.
- Março marçagão, de manhã cara de cão, à tarde cara de rainha, e à noite cava com a foucinha.
- Março marçagão, de manhã cara de cão, ao meio-dia cara de rainha e à noite corta com a foicinha.
- Março marçagão, de manhã cara de carvão, à tarde sol de Verão.
- Março marçagão, de manhã chove, de tarde está bom.
- Março marçagão, de manhã focinho de cão, ao meio-dia de rainha e à noite de fuinha.
- Março marçagão, manhã de Inverno, tarde de verão.
- Março marçagão, pela manhã rosto de cão, à tarde Verão.
- Março marçagão, tarde de Verão.
- Março marçagão: de manhã cara de cão, ao meio dia de rainha e à noite de fuinha.
- Março marceja, pela manhã chove a à tarde calmeja.
- Março marcheia, de manha arreganha o pastor, à tarde desenxameia a colmeia.
- Março molinhoso, São João (24/6) farinhoso.
- Março o cria. Março o fia.
- Março pardo e venturoso traz o ano formoso.
- Março pardo, antes enxuto que molhado.
- Março pelarço as noites como os dias, os meses como os marcos.
- Março queima a dama do paço.
- Março ventoso e Abril chuvoso, do bom colmeal farão astroso.
- Março virado de rabo, é pior que o diabo.
- Março zangado é pior que o diabo.
- Março, aguaço.
- Março, encanar.
- Março, marçagão, de manhã cara de rainha, de tarde corta com a foucinha.
- Março, marçagão, de manhã Inverno, de tarde Verão.
- Março, marçagão, manhã de Inverno, tarde de rainha, noite corta que nem foucinha.
- Março, marçagão, manhãs de Inverno e tardes de Verão.
- Março, queima a dama do paço.
- Março, tanto durmo como faço.
- Nasce a erva em Março, ainda que lhe dêem com o maço.
- Nasce erva em Março, ainda que lhe dêem com um maço.
- No dia vinte e cinco de Março vêm as merendas, abalam os serões.
- No tempo do cuco, tanto está molhado como enxuto.
- O enxame de Março mete-o no regaço.
- O grão em Março, nem em casa nem no saco.
- O grão, em Março, nem na terra nem no saco.
- O sol de Março queima a menina no palácio.
- Páscoa em Março, ou fome ou mortaço.
- Poda em Março, vindima no regaço.
- Poda-me em Janeiro, empa-me em Março e verás o que te faço.
- Podar em Março é ser madraço.
- Podar em Março ou no folhato.
- Pouca água em Março, pouco bagaço.
- Quando em Março arrulha a perdiz, ano feliz.
- Quando Março sai ventoso, sai Abril chuvoso.
- Quando o Março sai ventoso, sai o Abril chuvoso.
- Quando Outubro for erveiro, guarda para Março o palheiro.
- Quando troveja em Março, aparelha os cubos e o baraço.
- Quando troveja em Março, aparelha os cubos e o braço.
- Quando troveja em Março, aparelha os cubos e o sargaço.
- Quando troveja em Março, semeia no alto e no baixo.
- Quando vem Março ventoso, Abril sai chuvoso.
- Quanto vale o carro e o carril? Tanto como a chuva entre Março e Abril.
- Quem em Março assoreou, tarde acordou, mas quem a sua maçaroca fiou, com ela se achou.
- Quem em Março come sardinha, em Agosto lhe pica a espinha.
- Quem em Março não merenda, aos mortos se encomenda.
- Quem em Março relva, não tem pão nem erva.
- Quem em Março seroou, tarde ou mal acordou.
- Quem em Março vê uma farroba, em Abril vê mais de mil.
- Quem não poda até Março, vindima no regaço.
- Quem não poda em Março, vindima no regaço.
- Quem poda em Março, é madraço.
- Quem poda em Março, vindima no regaço.
- Quem tenha força no braço, que cave e pode em Março.
- Queres bom cabaço, semeia-o em Março.
- Sáveis por São Marcos (25/4), enchem-se os barcos.
- Se entre Março e Abril o cuco não vier, o fim do mundo está para vir.
- Se não chover entre Março e Abril, venderá El-rei o carro e o carril.
- Se o cuco não vem entre Março e Abril, ou é morto ou está para vir.
- Se o vires em Março, apanha-o no regaço; se o vires em Abril, deixa-o ir; se o vires em Maio, agarrai-o; se o vires em Junho, nem que seja como um punho
- Se ouvires trovejar em Março, semeia no alto e no baixo.
- Se queres bom cabaço, semeia-o em Março.
- Se queres um bom cabaço, semeia-o em Março.
- Secura de Março, ano de vinho.
- Sol de Março queima a dama no paço.
- Sol de Março, pega como pegamaço, e fere como maço.
- Tardes de Março, recolhe teu gado.
- Temporã é a castanha que em Março arreganha.
- Temporã é a castanha que por Março arrebenta.
- Todos os meses me virás ver, menos em Março que quero crescer.
- Trovoada em Março, semeia no alto e no baixo.
- Uma escarabanada entre Março e Abril, vale mais que a dama no palácio, com seu carro e carril.
- Vai-te aos cubos do moinho; teu braço a novos proveja, quando por Março troveja.
- Vai-te embora Fevereirinho de vinte e oito, que deixaste os meus bezerrinhos todos oito; deixo estes, que aí vem o meu irmão Março que, de oito só deixa quatro.
- Vai-te embora Fevereiro que levaste o meu cordeiro! Aí vem meu irmão Março que de oito te deixa quatro.
- Vai-te embora Fevereiro que levaste o meu cordeiro! Deixa vir o meu irmão Março que de oito te deixa quatro.
- Vai-te embora irmão Fevereiro que cá fica a minha ovelha com o meu cordeiro, mas lá vem o irmão Março que não deixará ovelha nem farrapo, nem o pastor se for fraco.
- Vento de Março e chuva de Abril, fazem o Maio florir.
- Vento de Março e chuva de Abril, vinho a florir.
- Vento de Março, chuva de Abril, fazem o Maio florir.
- Vinho de Março, nem vai ao cabaço.
- Vinho que nasce em Maio, é para o gaio; se nasce em Abril, vai ao funil; se nasce em Março, fica no regaço.

Publicado inicialmente em 27 de Fevereiro de 2011

MARÇO - Iluminura (9,8x13,3 cm) do “Livro de Horas de D. Fernando”
[Século XVI (1530-1534)], manuscrito com iluminuras da oficina Simon
Bening, conservado no Museu Nacional de Arte Antiga. Pintura a têmpera
e ouro sobre pergaminho.

MARÇO - Iluminura do “Livro de Horas do Duque de Berry”
(Século XV), manuscrito com iluminuras dos irmãos Paul,
Jean et Herman de Limbourg, conservado no Museu Condé,
em Chantilly, na França.

MARÇO - Óleo sobre tela (216 x 145,5 cm) de Leandro Bassano (1557–1622), pintada cerca
de 1595/1600. Kunsthistorisches Museum, Viena.

domingo, 2 de fevereiro de 2025

Provérbios de Fevereiro


FEVEREIRO - Iluminura (10,8x14 cm) do “Livro de Horas de D. Manuel I”
[Século XVI (1517-1551)], manuscrito com iluminuras atribuídas a
ntónio de Holanda, conservado no Museu Nacional de Arte Antiga.
Pintura a têmpera e ouro sobre pergaminho.

- A castanha e o besugo, em Fevereiro não têm sumo.
- A doçura de Fevereiro, faz o dono cavalheiro.
- A dois dias de Fevereiro, sobe ao outeiro: se a candelária chorar, está o Inverno a chegar; se a candelária sorrir, está o Inverno para vir.
- A Fevereiro e ao rapaz perdoa tudo quanto faz, se Fevereiro não for secalhão e o rapaz não for ladrão.
- A neve que em Fevereiro cai das serras, poupa um carro de estrume às vossas terras.
- Água de Fevereiro enche o celeiro.
- Água de Fevereiro mata o onzeneiro.
- Aí vem o meu irmão Março que, de oito só deixa quatro.
- Aí vem o meu irmão Março, que fará o que eu não faço.
- Ao Fevereiro e ao rapaz, perdoa tudo quanto faz.
- Aproveite em Fevereiro quem folgou em Janeiro
- Aproveite Fevereiro quem folgou em Janeiro.
- Aveia de Fevereiro enche o celeiro.
- Bons dias em Janeiro enganam o homem em Fevereiro.
- Bons dias em Janeiro, pagam-se em Fevereiro.
- Candelária (2/2) chovida, à candeia dá vida.
- Chuva de Fevereiro mata o onzeneiro.
- Chuva de Fevereiro vale por estrume.
- Chuva em Dia das Candeias(2/2), ano de ribeiras cheias.
- Dia de S. Brás (3), a cegonha verás, e se não a vires o Inverno vem atrás.
- Dia de S. Matias (24), começam as enxertias. .
- Em dia de S. Matias (24) começam as enxertias.
- Em Fevereiro chega-te ao lameiro.
- Em Fevereiro chuva, em Agosto uva.
- Em Fevereiro enche a velha o fumeiro.
- Em Fevereiro entra o sol em qualquer rigueiro.
- Em Fevereiro mata o teu carneiro.
- Em Fevereiro mete obreiro.
- Em Fevereiro neve e frio, é de esperar calor no estio.
- Em Fevereiro põe a mãe ao soalheiro e manda-lhe um saraivem.
- Em Fevereiro põe o teu fumeiro.
- Em Fevereiro põe o teu porquinho ao sol.
- Em Fevereiro, cada sulco um regueiro.
- Em Fevereiro, chega-te ao lameiro.
- Em Fevereiro, ergue-se o centeio, a aveia enche o celeiro e a perdiz faz-se ao poleiro.
- Em Fevereiro, frio ou quente, chova sempre.
- Em Fevereiro, mete obreiro; pão te comerá, mas obra te fará.
- Em Fevereiro, no primeiro jejuarás, no segundo guardarás, no terceiro dia de S. Brás.
- Em Fevereiro, vai acima ao outeiro: se vires verdejar, põe-te a chorar; se vires terrear, põe-te a cantar.
- Fevereiro afoga a mãe no ribeiro.
- Fevereiro chuvoso faz o ano formoso.
- Fevereiro coxo, em seus dias vinte e oito.
- Fevereiro couveiro faz a perdiz ao poleito
- Fevereiro é dia, e logo é Santa Maria (2/2).
- Fevereiro é o mais curto mês e o menos cortês.
- Fevereiro enxuto rói mais que todos os ratos do mundo.
- Fevereiro enxuto, rói mais pão do que quantos ratos há no mundo.
- Fevereiro faz dia, e logo Santa Maria (2/2).
- Fevereiro matou a mãe no soalheiro.
- Fevereiro quente, traz o diabo no ventre.
- Fevereiro recoveiro faz a perdiz ao poleiro; Março três ou quatro.
- Fevereiro trocou dois dias por uma tijela de papas.
- Fevereiro, chover.
- Fevereiro, enganou a mãe ao soalheiro.
- Fevereiro, fêveras de frio, e não de linho.
- Fevereiro, matou a mãe ao soalheiro.
- Fevereiro, o mais curto mês e o menos cortês.
- Fevereiro: rego cheio.
- Janeiro geoso e Fevereiro chuvoso fazem o ano formoso.
- Lá vem Fevereiro, que leva a ovelha e o carneiro.
- Janeiro gioso, Fevereiro nevoso, Março molinhoso, Abril chuvoso, Maio ventoso faz o ano formoso.
- Luar de Janeiro faz sair a galinha do poleiro, lá vem Fevereiro que leva a galinha e o carneiro.
- Neve de Fevereiro, presságio de mau celeiro.
- Neve em Fevereiro não faz bom celeiro.
- Neve em Fevereiro, é como a água carregada num cesteiro.
- Neve em Fevereiro, é mau para o celeiro.
- Neve que em Fevereiro cai das serras, poupa um carro de estrume às vossas terras.
- O primeiro de Fevereiro jejuarás, o segundo guardarás e o terceiro é dia de S. Brás; semeia o cebolinho e tê-lo-ás.
- O sol de Fevereiro matou a mãe ao soalheiro.
- O tempo de Fevereiro enganou a mãe ao soalheiro.
- Para parte de Fevereiro, guarda a lenha no quinteiro.
- Para parte de Fevereiro, guarda lenha.
- Pelo S. Matias (24), noites iguais aos dias.
- Por S. Brás (3) atirarás.
- Por S. Matias (24) começam as enxertias.
- Por S. Matias (24), antes de Março cinco dias salta da boga na cascalheira.
- Quando a candeia (2) chora, já o Inverno vai fora, quando a candeia ri, ainda o Inverno está para vir.
- Quando a Candelária (2) chora, o inverno já está fora; quando a Candelária ri, o inverno está para vir.
- Quando Fevereiro não tem grande frio, o vento dominará até ao Estio.
- Quando não chove em Fevereiro, não há bom prado, nem bom centeio.
- Quando não chove em Fevereiro, não há bom prado, nem bom palheiro.
- Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado nem bom celeiro.
- Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado, nem bom centeio
- Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado, nem bom lameiro, nem bom corno no carneiro.
- Quando não chove em Fevereiro, nem bom prado, nem bom palheiro.
- Quando não chove em Fevereiro, nem prados nem centeio.
- Quando não chove em Fevereiro; nem bom centeio nem bom lameiro.
- Quem andar a gosto, não sai de casa em Fevereiro.
- Quem quiser o alho cabeçudo, planta-o no mês do Entrudo.
- Quem quiser o alho cabeçudo, sache-o pelo Entrudo.
- Quer no começo quer no fundo, em Fevereiro vem o Entrudo.
- Rindo se vai Fevereiro, porque lhe jejuam no seu dia primeiro.
- S. Brás (3) te afogue que Deus não pode.
- Se a Candelária (2/2) chora, está o Inverno fora, se a Candelária rir está o Inverno para vir.
- Se a Senhora das Candeias (2/2) ri e chora, está o inverno meio dentro e meio fora.
- Se a Senhora das Candeias (2/2) chora, está o inverno fora.
- Se a Senhora das Candeias (2/2) rir, está o inverno para vir.
- Se o Inverno não faz o seu dever em Janeiro, faz em Fevereiro.
- Se queres ser bom grãoseiro, semeia-o em Fevereiro.
- Se seco e quente é o mês de Fevereiro, guarda para os cavalos o feno no celeiro.
- Tanta chuva pelas candeias (2/2), tantas abelhas pelas colmeias.
- Tantos dias de geada terá Maio, quantos de nevoeiro teve Fevereiro.
- Vai-te embora Fevereirinho de vinte e oito, que deixaste os meus bezerrinhos todos oito; deixo estes, que
- aí vem Março que de oito deixa quatro.
- Vai-te embora Fevereiro com os teus vinte e oito; se durasses mais quatro, não durava cão nem gato.
- Vai-te embora Fevereiro que levaste o meu cordeiro! Aí vem meu irmão Março que de oito te deixa quatro.
- Vai-te embora Fevereiro, que não me deixaste nenhum cordeiro.
- Vai-te embora irmão Fevereiro que cá fica a minha ovelha com o meu cordeiro; mas lá vem o irmão Março que não deixará ovelha nem farrapo, nem o pastor se for fraco.
- Vale mais no rebanho ter um lobo, que mês de Fevereiro formoso.
- Vale mais uma raposa no galinheiro, que um homem em camisa em Fevereiro.

Publicado inicialmente em 4 de Fevereiro de 2011


terça-feira, 14 de janeiro de 2025

Adagiário do frio


Mulher da azeitona de Estremoz. Ilustração de Cesar Abbott.
Bilhete-postal ilustrado edição Centro de Novidades (Porto, 1942).

O QUE É O FRIO
O Inverno é caracterizado por baixas temperaturas, responsáveis por sentirmos frio. Este é uma sensação fisiológica contrária à sensação de calor e está associado às baixas temperaturas.
É sabido da Física que pelo “Princípio Fundamental da Calorimetria”, “Quando se põem em contacto dois corpos a temperaturas diferentes, o mais quente arrefece e o mais frio aquece, até ficarem ambos à mesma temperatura”. Por isso no Inverno, como o meio ambiente está a uma temperatura inferior à do nosso corpo, este tende a perder calor por irradiação a favor do meio ambiente, o que se traduz num abaixamento da temperatura do nosso corpo. Por isso sentimos frio. No Verão é exactamente o contrário, pois o meio ambiente está a uma temperatura superior à do nosso corpo, pelo que tende a perder calor por irradiação a favor do nosso corpo, pelo que a temperatura deste aumenta. Daí sentirmos calor.

TRAJE POPULAR ALENTEJANO
Para nos protegermos do frio usamos vestuário, que funciona como barreira à perda de calor corporal, por isolamento térmico. O traje popular alentejano assegurava sabiamente esse isolamento.
O camponês alentejano usava barrete na cabeça que lhe protegia as orelhas do frio, ao contrário do chapéu. Usava ainda pelico ou samarra de pele de borrego ou de ovelha e por baixo destes, sucessivamente colete, camisola e camisa. Uma cinta cingia a cintura. Nas pernas, safões de pele de ovelha ou de borrego. Por baixo, sucessivamente calças de saragoça forte e ceroulas de flanela. Podia ainda cobrir-se ou transportar ao ombro uma espessa, pesada e quente manta alentejana, fabricada em centros com tradições tecelãs (Reguengos de Monsaraz, Mértola, Castro Verde, Grândola, Almodôvar e Serpa.). Nos pés, sapatos grossos de atanado com polainas ou botas caneleiras ou joelheiras e por baixo destas, grossas meias de lã. Assim trajavam pastores e ganhões durante a jorna (lavrar, charruar, cavar, podar). Terminada esta e em certas circunstâncias podiam usar capote de saragoça ou de burel.

Maioral e ajuda, figuras da pastorícia alentejana, no início do séc. XX.
Bilhete-postal ilustrado edição Malva (Lisboa).

Pastor alentejano.
Aguarela de Alberto de Souza (1880-1961), pintada em 1935. 

Pastor (Início do séc. XX).
Bilhete-postal ilustrado edição de Faustino António Martins (Lisboa). 

Um campónio alemtejano em dia de festa.
Bilhete-postal ilustrado edição Costa (Lisboa).

As camponesas alentejanas que participavam na apanha da azeitona e na monda, usavam uma saia forte, atada em forma de calças, a fim de facilitar o trabalho. Nas pernas, grossas meias de lã e nos pés sapatos fortes de atanado. No tronco, para além da roupa interior, camisa, blusa de malha e xaile. Nos braços, mangueiras de um tecido barato, visando proteger as mangas da blusa durante o trabalho. A cabeça era protegida por um lenço, atado atrás. Por cima do lenço usavam um chapéu de feltro.

ADAGIÁRIO DO FRIO
É diversificado e vasto o adagiário português, onde é utilizada explicitamente a palavra frio. Até à presente data recolhemos 100 adágios sobre o frio, os quais foram sistematizados, conforme adiante se indica.
  
Existem indícios do frio:
- Quando a candeia chora, está o frio fora; quando ri está o feio para vir.
O frio tem determinadas consequências:
- A chuva e o frio metem a lebre a caminho. (1)
- A fome e o frio metem um homem em casa do inimigo. (2)
- A fome e o frio nunca criaram infante.
- A fome e o frio obrigou-o a fazer as pazes com o tio.
- Dá-lhes frio e sequidão que as terras te gearão
- Fome e frio fazem o gado galego. (3)
- Frio e fome não fazem bom cabelo.
- Frio, focinho e bico, não fazem ninguém rico.
- Manhã fria traz bom dia.
- Norte frio, água no rio.
- Um dia frio e outro quente, põem o homem doente. (4)
Nem tudo é consequência do frio:
- Frio não quebra osso e chuva não quebra costela.
O frio pode ser um mal menor:
- Antes frio e geada que chuva porfiada.
- Não temam o frio nem a geada, mas a chuva porfiada. (5)
O frio pode ser superado:
- Quem tem brio não tem frio.
- Frio a valer, trabalhar para aquecer.
- Quem não anda por frio e por sol não faz seu prol.
O frio pode ser uma livre opção:
- Pai com frio, filho com cobertor.
Existem relações do frio com o calor:
- O que tapa o frio tapa o calor.
- Calma em tempo frio traz molhado. (6)
-  Calor em tempo frio, chuva por castigo. (7)
O frio é medido fisiologicamente por órgãos anatómicos animais ou humanos:
- Frio como nariz de cão. (8)
O frio está indissociavelmente relacionado com o vestuário:
- A cada qual dá Deus o frio conforme o vestido. (9)
- Cada um sente o frio, conforme a coberta. (10)
- Dá Deus roupa segundo o frio.
A sanidade exige o equilíbrio entre o frio e o calor:
- A saúde é a justa medida entre o calor e o frio.
O frio pode gerar o ruído:
- O bácoro, a fome e o frio, fazem grande ruído.
- Porcos com frio e homens com vinho fazem grande ruído.
O frio está patente no adagiário dos meses:
- Bom tempo no Janeiro e mau no estio, bom ano de fome, mau ano de frio.
- Chuva em Janeiro e não frio, dá riqueza no estio. (11)
- Janeiro frio e molhado não é bom para o gado.
- Janeiro frio e molhado, enche a tulha e farta o gado.
- Janeiro frio ou temperado, passa-o enroupado. (12)
- Janeiro geoso, Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso, Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso.
- Em Fevereiro neve e frio, é de esperar calor no estio.
- Em Fevereiro, frio ou quente, chova sempre.
- Fevereiro, fêveras de frio e não de linho. (13)
- Abril frio e molhado, enche o celeiro e o gado. (14)
- Abril frio, pão e vinho. (15)
- Frio de Abril as pedras vai ferir. (16)
- Maio frio e Junho quente fazem o lavrador valente.
- Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente. (17)
- Maio frio e ventoso, faz o ano formoso.
- Em Junho, frio como punho.
- Agosto, frio em rosto. (18)
- Em Agosto passa o frio pelo rosto.
- Ande o frio onde andar, no Natal cá vem parar. (19)
- Ande o Natal por onde andar, que ele o frio há-de ir buscar.
- Dezembro com Junho ao desafio, traz Janeiro frio.
- Dezembro frio, calor no estilo.
- Em Dezembro treme de frio cada membro. (20)
O frio pode constituir uma qualidade:
- A água é fria, mas mais é quem com ela convida.
- A faneca, com três efes: fresca, fria e frita.
Há actos que devem ser praticados a frio:
- A vingança é um prato que se come frio.
- O caldo quente e a injúria em frio.

.....................

(1) Variante:
- A fome e o frio faz vir a lebre ao caminho.
(2) Variantes:
- Fome e frio entregam o homem ao seu inimigo.
- A fome e o frio fazem o homem acolher-se à casa do inimigo.
- Fome e frio metem a pessoa com seu inimigo.
- Fome e frio te fará meter com teu inimigo.
(3) Variantes:
- A fome e o frio fazem o gado galego.
- Fome, frio e mau trato, fazem o gado galego.
- O frio e a fome fazem o gado galego.
(4) Variantes:
- Dia frio e dia quente, fazem andar o homem doente.
- Dia frio e outro quente, faz o homem doente.
(5) Variante:
- Não hei medo ao frio nem à geada, senão á chuva porfiada.
(6) Variante:
- Calma em tempo frio traz molhado; frio em tempo molhado, traz resfriado.
(7) Variante:
- Calor em tempo frio, trá-lo molhado.
(8) Variantes:
- Calcanhar de homem, cu de mulher e focinho de cão, nunca sentem o Verão.
- Calcanhar de homem, cu de mulher e nariz de cão, três coisas frias são.
- Cu de mulher e nariz de cão, nunca conheceram Verão.
- Há duas coisas que não conhecem Verão: rabo de mulher e focinho de cão.
- Nariz de cão, cu de mulher e mãos de barbeiro, frios como gelo.
- Nariz de cão e cu de gente, nunca está quente.
- Nariz de cão e cu de mulher estão sempre frios.
(9) Variantes:
- A cada um dá Deus o frio conforme a roupa, mas mais a quem tem pouca.
- A cada qual dá Deus o frio conforme a roupa.
- A cada qual dá Deus o frio conforme anda vestido.
- Dá Deus o frio conforme a roupa.
- Deus dá o frio conforme a roupa.
(10) Variante:
- Cada um sente o frio, como anda vestido.
(11) Variante:
- Chuva de Janeiro e não frio, vai dar riqueza ao estio.
(12) Variante:
- Janeiro frio ou temperado, não deixa de ir enroupado.
(13) Variante:
- Em Fevereiro, febras de frio e não de linho.
- Em Fevereiro, fibras de frio e não de linho.
(14) Variante:
- Abril frio e molhado, enche celeiro e farta o gado.
(15) Variantes:
- Abril frio, traz pão e vinho.
- Abril frio, ano de pão e vinho.
(16) Variante:
- Frio de Abril, nas pedras vá ferir.
(17) Variante:
- Maio frio, Junho quente, bom pão, vinho valente.
(18) Variante:
- Agosto, frio no rosto.
(19) Variantes:
- Ande o frio por onde andar que o Natal o irá buscar.
- Ande o frio por onde andar, ao Natal há-de vir parar.
- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.
- Ande o frio por onde andar, o Natal o vai buscar.
- Ande o frio por onde andar, pelo Natal cá vem parar.
- Ande o frio por onde andar, pelo Natal há-de chegar.
(20) Variante:
- Em Dezembro treme o frio em cada membro.
(21) Variante:
- O caldo em quente, a injúria em frio.

Texto publicado inicialmente em 25 de Outubro de 2012

sexta-feira, 28 de junho de 2024

Adagiário dos Santos Populares Portugueses

 



As actividades agro-pastoris e pescatórias estão associadas ou são balizadas por determinadas datas, tanto do calendário juliano como do calendário hagiológico. Daí não ser de estranhar que os nomes dos Santos Populares integrem o adagiário português.

Santo António (13 de Junho)
- Dia de Santo António vêm dormir as castanhas ao castanheiro.
- Não peças água a Luzia e a Simão, nem sol a António e a João, que eles tudo isso te darão.

São João (24 de Junho)
- A chuva de S. João, bebe o vinho e come o pão.
- A chuva de S. João, tolhe o vinho e não dá pão.
- Água de S. João, tira o vinho e não dá pão.
- Ande o Verão por onde andar, pelo S. João cá vem parar.
- Até S. Pedro, o vinho tem medo.
- Cavas em Março e arrenda pelo São João, todos o sabem, mas poucos o dão.
- Chuva de S. João, acaba com o vinho e não ajuda o pão.
- Chuva de S. João, talha vinho e não dá pão.
- Chuva pelo S. João, bebe o vinho e come o pão.
- Chuvinha de S. João, cada pinga vale um tostão.
- Do Natal a São João, seis meses são.
- Em Abril queima a velha o carro e o carril, uma camba que ficou, ainda em Maio a queimou e guardou o seu melhor tição para o mês de São João.
- Em dia de São Pedro, vê o teu olivedo e se vires um bago espera por um cento.
- Galinhas de S. João, pelo Natal poedeiras são.
- Galinhas de São João, pelo Natal ovos dão.
- Guarda pão para Maio, lenha para Abril e o melhor tição para o S. João.
- Lavra pelo S. João e terás palha e pão.
- Lavra pelo S. João se queres ter pão.
- Lavra pelo São João se queres ter palha e pão.
- Maio louro, mas nem muito louro e São João claro como olho-de-gato.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João calmoso, fazem o ano formoso.
- Março chuvoso, S. João farinhoso.
- Março duvidoso, S. João farinhoso.
- Março molinhoso, S. João farinhoso.
- Não peças água a Luzia e a Simão, nem sol a António e a João, que eles tudo isso te darão.
- Ouriços do S. João, são do tamanho de um botão.
- Pelo S. João, a sardinha pinga no pão.
- Pelo S. João, ceifa o teu pão.
- Pelo S. João, deve o milho cobrir o cão.
- Pelo S. João, figo na mão, pelo S. Pedro, figo preto.
- Pelo S. João, lavra e terás palha e pão.
- Pelo S. João, perdigoto na mão.
- Pelo S. João, semeia o teu feijão.
- Pelo São João, foice na mão.
- Pintos de S. João, pela Páscoa ovos dão.
- Porco, no São João, meão; se meão se achar, podes continuar; se mais de meão, acanha a ração.
- Quando Jesus se encontra com João, até as pedras dão pão.
- Quando o vento ronda o mar na noite de S. João, não há Verão.
- Quem quiser bom melão, semeia-o na manhã de São João.
- S. João e S. Miguel passados, tanto manda o amo como o criado.
- Sardinha de S. João, já pinga no pão.
- Se bem me quer João, suas obras o dirão.
- Se queres ter pão, lavra pelo São João.
-Tem o porco meão pelo S. João.

São Pedro (29 de Junho)
- Até São Pedro, há o vinho medo.
- Dia de São Pedro, tapa o rego.
- Dia de São Pedro, vê o teu olivedo; e, se vires um grão, espera por cento.
- Nevoeiro de São Pedro põe em Julho o vinho a medo.
- Pelo São Pedro vai ao arvoredo; se vires uma, conta um cento.

domingo, 21 de abril de 2024

A participação do RC3 nos acontecimentos do 25 de Abril de 1974

 


O presente relato tem por base a cronologia dos acontecimentos, sustentada por documentos do MFA, muito em especial o Relatório da Operação “25 de Abril de 74”, subscrito pelo Capitão Andrade Moura, Comandante do Esquadrão do RC3 que interveio nas operações militares do 25 de Abril, bem como pelo Coronel Caldas Duarte, Comandante do RC3.


A origem do Movimento das Forças Armadas
O derrube da ditadura mais velha da Europa – o regime de Salazar e de Caetano - foi conseguido em 25 de Abril de 1974, graças à acção militar coordenada do Movimento das Forças Armadas – MFA, cuja origem remonta ao clima de instabilidade no interior das próprias forças armadas, particularmente do Exército, instabilidade essa que se manifestou em meados de 1973, com o surgimento do denominado Movimento dos Capitães, o qual aglutinava oficiais de média patente, insatisfeitos com as suas remunerações e com a perda de prestígio da oficialidade do quadro permanente, bem como com a Guerra Colonial que, desde 1961, ou seja, há 13 anos, se arrastava em 3 frentes, sem se antever uma solução política para a mesma, bem como pela previsibilidade de uma derrota militar iminente.
No seu poema “As portas que Abril abriu!”, o saudoso poeta José Carlos Ary dos Santos, diz-nos quem fez o de Abril de 1974:

Quem o fez era soldado
homem novo Capitão
mas também tinha a seu lado
muits homens na prisão.”

E mais adiante:

Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.”

A Missão atribuída ao RC3 à data do 25 de Abril de 1974
O RC3 de Estremoz tinha, à data dos acontecimentos do 25 de Abril, quadros que haviam regressado da Guiné, nos finais do ano anterior. A Unidade era uma das mais bem apetrechadas do sul do país. Era, sem sombra de dúvida, a mais forte em termos de material blindado, pelo que o comando do MFA contava com ela para assegurar o êxito da acção.
A Missão do RC3 era marchar o mais rapidamente possível sobre Lisboa, na madrugada de 25 de Abril de 1974, com uma coluna de auto-metralhadoras e estacionar na zona da portagem da ponte sobre o Tejo, ficando a constituir reserva às ordens do Posto de Comando do MFA. Para tal, havia que deslocar um Esquadrão constituído por dois pelotões de reconhecimento e um terceiro de Atiradores.
Dia 24 de Abril, pelas 3 horas, o Capitão Alberto Ferreira desloca-se à Aldeia da Serra onde recebe um aparelho de transmissões E/R TR28 e a Ordem de Operações, que entrega nesse dia de manhã ao Capitão Andrade Moura, que pôs ao corrente da situação o Major Fernandes Tomás, tendo ambos analisado a situação da Unidade em face de certos factores negativos que lhes apresentavam e eram:
- Presença do Director da Arma de Cavalaria, General Bessa, que se encontrava na Unidade desde 23 de Abril e que pernoitaria em 24 na cidade, em casa do Comandante.
- Intensificação da vigilância sobre os Oficiais do MFA da Unidade e sobre os capitães Miquelina Simões e Gastão da Silva, ambos de Lanceiros 1.
- A presença de Companhias recentemente apresentadas para instrução de Especialidades.
Após essa análise foi decidido não tomar qualquer atitude antes duma hora que pudesse provocar a quebra do segredo do que estava planeado. Esta decisão tinha como consequência a Impossibilidade da saída do Esquadrão à hora prevista, pois este não estava municiado e as munições encontravam-se em local afastado das viaturas. Dia 24 de Abril, pelas 10 horas, o Capitão Andrade Moura envia a Portalegre o Aspirante Matos de Sousa, para entregar a Ordem de Operações ao Capitão Gomes Pereira.
Dia 25 de Abril, pela 1 h 30 min da madrugada, o Capitão Andrade Moura solicita ao Major Machado Faria, que tinha acabado de chegar dum jantar oferecido ao General 8essa, a comparência em sua casa. Posto ao corrente do assunto, logo adere ao MFA.
Dia 25 de Abril, pelas 2 h da madrugada, os Capitães Andrade e Moura e Alberto Ferreira consideram problemática a saída da Unidade pois têm poucos apoios internos. A única possibilidade será conquistar o apoio do Comandante Coronel Caldas Duarte. Abordam-no então no sentido da sua adesão ao MFA. Este mostra-se indeciso e pede tempo para reflectir.
Dia 25 de Abril, pelas 4 h 30 min da madrugada, após cerca de duas horas de reflexão, o Comandante Coronel Caldas Duarte adere ao Movimento, colocando-se inteiramente ao lado dos seus oficiais. Iniciam-se então, de imediato os preparativos para a saída da coluna.
Chegados ao Quartel, o Capitão Andrade Moura ocupa a Central Telefónica e é posto em execução o plano de recolha de Oficiais e Sargentos, iniciando-se a preparação do Esquadrão. Colocado o pessoal ao corrente dos factos, logo aderem em bloco, mostrando todos desejos de marchar sobre Lisboa.

Composição do Esquadrão do RC3
A composição do Esquadrão era a seguinte:
Comandante do Esquadrão – Capitão Andrade Moura, coadjuvado pelo Capitão Alberto Ferreira. Acompanhou a força até à Ponte Salazar o Coronel Caldas Duarte. Integraram-se ainda na força os Capitães Miquelina Simões e Gastão da Silva, ambos do Regimento de Lanceiros 1 de Elvas, onde estavam colocados na sequência do frustrado golpe das Caldas, em 16 de Março.
1.º Pelotão de Reconhecimento: - Comandante 1.º Sargento Silva Brás; Comandantes de Secção: Furriel Miliciano. Correia, 1º Cabo Miliciano Caldeira, 1.º Cabo Miliciano Correia. Praças: 40.
2.° Pelotão de Reconhecimento: Comandante Aspirante Oficial Miliciano Matos de Sousa; Comandantes de Secção: 1.º Cabo Miliciano Martins; Praças 30.
3.° Pelotão Atiradores: Comandante Aspirante Oficial Miliciano Montalvão Machado; Comandantes de Secção: Furrieis Milicianos Barata e Maçôas; Praças: 30. O Oficial de ligação do Esquadrão era o Aspirante Miliciano Coelho Cordeiro.

A partida para Lisboa
De acordo com o “Plano Geral das Operações”, o início do cumprimento das missões militares estava previsto para as 3 horas da madrugada do dia 25 de Abril, sendo que só às 7 h, depois de armado e municiado e com bastante atraso em relação ao horário previsto, o Esquadrão do RC3 segue pela estrada Estremoz-Pegões-Setúbal.
No final da coluna seguem viaturas Berlier com munições, água, combustível e óleo.
A cerca de 4 km de Estremoz, uma viatura Unimog avaria. Verificando-se a Impossibilidade da sua reparação, O Capitão Andrade Moura ordena que a mesma seja abandonada. À passagem por Arraiolos nova viatura avaria e é também abandonada. Após uma paragem causada pelo aquecimento das viaturas blindadas, a marcha continua. Em Vendas Novas foi decidido atestar as viaturas, pois receava-se que, ao atingir a Ponte Salazar, a autonomia das mesmas fosse limitada, o que poderia impedir o cumprimento das missões que fossem atribuídas ao Esquadrão. Até Palmela não se regista qualquer incidente mas, junto da estação, avaria outra viatura, que não sendo possível reparar, foi abandonada no local.
Em Mortiça, o Esquadrão deriva em direcção a Palmela, a fim de evitar qualquer tentativa de intercepção por parte das tropas estacionadas em Setúbal.

A chegada à Ponte Salazar
Finalmente, cerca das 13 h 15 min do dia 25 de Abril, o Esquadrão do RC3 chega à Ponte Salazar, comunicando ao Posto de Comando do MFA que tomara posições. O Posto de Comando determina que o Esquadrão marche sobre a Casa de Reclusão da Trafaria para libertar os militares presos. O Comandante da Unidade, Coronel Caldas Duarte permanece na Ponte Salazar, seguindo posteriormente para Lisboa com os Capitães Miquelina Simões e Gastão da Silva que, em carro civil e como batedores, tinham acompanhado o Esquadrão desde Estremoz, trabalho que muito facilitou a sua marcha.
Pelas 13 h 30 min começam a chegar ao Posto de Comando do MFA notícias da tentativa de cerco às forças da Escola Prática de Cavalaria, de Santarém, comandadas pelo Capitão Salgueiro da Maia e que estão a cercar o Quartel do Carmo.

A Missão em Lisboa
Pelas 13 h 45 min, face à gravidade da situação, o Posto de Comando dá uma contra-ordem às forças do RC3 que se dirigiam ao presídio da Trafaria, para, o mais rapidamente possível, inverterem o sentido e dirigirem-se à zona do Quartel do Carmo, para dar apoio à retaguarda das forças da Escola Prática de Cavalaria que já ocupavam o Largo, a fim de aliviar a pressão que estava a ser exercida sobre elas por duas Companhias da G.N.R., uma Companhia de Polícia de Choque e quatro blindados do R. C. 7, que não tinham ainda aderido ao Movimento.
Invertida a marcha, o Esquadrão do RC3 atravessa a Ponte Salazar, atinge o Largo do Rato, dirigindo-se para o Carmo pela Rua da Escola Politécnica. Junto da Imprensa Nacional recebe as primeiras manifestações de apoio da população civil, que se dirige ao Capitão Andrade Moura, prestando Informações sobre as posições ocupadas pelas forças da G.N.R.
O Esquadrão chega em tempo record à zona do Largo do Carmo. Aí, os Capitães Andrade Moura e Alberto Ferreira dispõem as forças na Rua Nova da Trindade, na Rua da Misericórdia e no Largo de Camões, colocando-se em posição de bater os carros de Cavalaria 7 que se encontravam no alto do Chiado. Fazem então ver aos oficiais da G. N. R. que a situação era insustentável para eles e intimam-nos a renderem-se ou a abandonarem o local, dirigindo-se aos quartéis.
Cerca de 10 minutos após a entrada em cena do RC3, as forças leais ao regime, que tentavam o cerco à Escola Prática de Cavalaria no Largo do Carmo, desmobilizam. Pelas 14 horas, o Brigadeiro Junqueira dos Reis, do RC7, abandona o local e o restante pessoal do RC7 retira-se das posições no Largo de Camões e apresenta-se ao Capitão Andrade Moura, aderindo ao MFA.
Perante a intimidação do RC3, o comandante das forças da GNR contacta o Comando-Geral e após 30 minutos concentram-se no Largo da Misericórdia, seguindo depois para os quartéis. De salientar que os oficiais da G.N.R., desde o primeiro momento, tentaram resolver a situação de molde a evitar uma confrontação. O Esquadrão do RC3 manteve as suas posições até cerca das 19 h 30 min, tendo seguidamente ocupado o Largo do Carmo, pois tinha recebido ordens para tomar conta do Quartel da G. N. R.
Pelas 14 h 30 min, é lido um comunicado, pela voz da estremocense, Clarisse Guerra, locutora do Rádio Clube Português, no qual se noticiavam os objectivos já conquistados pelo MFA e era ainda divulgado o cerco ao Professor Marcelo Caetano e membros do Governo no quartel do Carmo.
Às 18 horas, o estremocense General António de Spínola, mandatado pelo Posto de Comando do MFA recebe no Quartel do Carmo, a rendição do 1º ministro, Professor Marcelo Caetano, a quem informa que ele e os restantes dirigentes do regime serão conduzidos ao Funchal por um DC6 da Força Aérea.
Do Quartel do Carmo saem, às 19 h 35 min, numa Auto-Metralhadora Chaimite, sob escolta da Escola Prática de Cavalaria, dirigindo-se ao Posto de Comando do MFA no Regimento de Engenharia 1, na Pontinha, onde chegam às 20 h 30 min. Com eles segue o General António de Spínola, que informa que acabara de assumir o poder no Quartel do Carmo.
Pelas 20 h 30 min, o povo de Lisboa que, desde manhã, segue as movimentações militares, começa a engrossar pelas ruas da Baixa, à medida que as Forças do MFA iam conquistando objectivos. A população começa depois a dirigir-se massivamente para a sede da PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso.
Pelas 21 h, os agentes da PIDE vendo a sua sede cercada pela população, abrem fogo indiscriminado, tendo feito 4 mortos e 45 feridos que serão socorridos pela Cruz Vermelha e encaminhados para o Hospital de S. José e para o Hospital Militar.
O Capitão Andrade Moura, estacionado no Largo do Carmo, ouve os disparos e é informado por populares do que se passa na sede da PIDE. Dirige-se então para a Rua António Maria Cardoso, a fim de evitar mais derramamento de sangue. Há grande dificuldades para que um veículo blindado de reconhecimento - PANHARD e dois jeeps atinjam o local, visto que a população deseja vingança e, completamente fora de si, impede qualquer manobra. Atingida aquela rua, a Panhard estaciona junto ao Teatro de S. Luís. A população pede vingança e que se ataque o edifício, em cujas janelas se viam alguns membros da PIDE/DGS.
Como a força era pequena para iniciar o cerco, o Capitão Andrade Moura ordena a comparência de reforços que estavam junto do Quartel do Carmo. Chegados estes, coloca vários atiradores naquela rua, enquanto outra Panhard e atiradores tomam posição na Rua Duques de Bragança e mais tarde na Rua Vítor Cordon.
O Capitão Andrade Moura, com prudência, a fim de mais uma vez evitar derramamento de sangue na tentativa da tomada da sede da PIDE de assalto, exige a sua rendição, o que não se processa logo. Como as forças eram insuficientes, o Capitão Andrade Moura pede instruções ao Comando do MFA, bem como reforços para completar o cerco à sede da PIDE, onde, conforme se soube posteriormente, estavam cerca de 250 agentes barricados, oferecendo resistência às forças do Exército.
Como não foram recebidas quaisquer ordens para um ataque que continuava a ser exigido pela população, este não foi executado. O Capitão Andrade Moura tenta então explicar à população a atitude do RC3. Após bastantes esforços, foi compreendido. Contudo, os populares não arredam pé, mas não Interferem, pedindo unicamente para os militares não deixarem fugir os Pides.

A madrugada do dia 26 de Abril
Os reforços, constituídos por dois destacamentos da Marinha, comandados pelo Capitão Tenente Costa Correia, chegam cerca das 2 h do dia de 26 de Abril. Foi então acordado que a força do RC3 se encarregaria do controlo das traseiras da sede da PIDE e que a Marinha controlaria o resto do edifício. Entretanto, já o RC3 capturara doze agentes da PIDE/D.G.S. e tinha abatido um que fugira, ao ser-lhe dada ordem de se entregar.
Pelas 3 h do dia 26, o Capitão Tenente Costa Correia, não conhecendo as intenções no interior da sede da PIDE, tenta acalmar os ânimos dos populares que se encontravam nas imediações e aguarda pelo nascer do dia. É ainda decidido utilizar um dos agentes capturados para servir de medianeiro entre a força e a Direcção da PIDE.

O dia 26 de Abril
Pelas 8 h 30 min da manhã, este vem a informar que o director da PIDE, Major Silva Pais e os seus agentes estavam dispostos a render-se, se as Forças Armadas garantissem a protecção aos agentes.
Às 9 h, o Capitão Tenente Costa Correia, o Capitão Andrade Moura e o Major Campos Andrada entram na sede da PIDE, onde aceitam a rendição desta.
Às 9 h 30 min, os militares do RC3 desarmam os agentes da PIDE e passam revista às instalações. No exterior, as forças de Marinha tentam conter a multidão, a qual grita, exigindo "justiça popular". São de seguida tomadas medidas destinadas a garantir a segurança das instalações e manter em funcionamento o Serviço de Estrangeiros e a Interpol. É também pedido ao Capitão Tenente Almada Contreiras que tome medidas para evacuar os agentes da PIDE, uma vez que a animosidade dos populares era crescente.
De salientar que a rendição da PIDE se dá após 12 horas de espera, ao longo das quais foi necessária a intervenção junto dos populares, recomendando prudência e civismo, a fim de evitar uma chacina de grandes proporções, que teria ocorrido se os populares tivessem concretizado um pretendido ataque às instalações onde os Pides estavam barricados.
Pelas 13 horas do dia 26 de Abril, iniciar-se-ia a libertação dos presos políticos nas cadeias de Caxias e Peniche.

A noite de 26 de Abril
Durante toda a noite do dia 26 de Abril, o esquadrão do R.C.3. manteve-se em duas posições: Largo do Carmo e Sede da PIDE. O dispositivo manteve-se até às 18 h, hora a que o Esquadrão recebe ordem de recolher ao Regimento de Cavalaria 7. Atingido este Regimento, o Esquadrão recebe ordens de seguir para Évora, a fim de escoltar o novo Comandante da Região Militar Sul, Coronel de Cavalaria Fontes Pereira de Melo. Porém, em virtude do cansaço dos homens, que há duas noites não dormiam, o Capitão Andrade Moura solicita ao Comando do MFA que a missão só seja cumprida ao amanhecer do dia 27. Tendo sido atendido, ficou o Esquadrão instalado no R.C.7.

O regresso a Estremoz
Dia 27 de Abril, pelas 6 h 30 min da madrugada, o Esquadrão do RC3 inicia o regresso a Estremoz, com a missão de escoltar até Évora o novo comandante da Região Militar Sul, Coronel Fontes Pereira de Melo. Évora é atingida cerca das 13h 45 min. O regresso do Esquadrão dá-se por Évora Monte. Durante todo o percurso, os militares do RC3 são alvo de significativas manifestações de regozijo, tanto dos automobilistas com que se cruzam na estrada, como pelos populares das povoações por onde a coluna passa.

A chegada a Estremoz
A entrada dá-se pelas portas de Santo António até ao quartel do Regimento, onde o Esquadrão do RC3, cumprida a missão que o levara a Lisboa, é alvo de grandiosa recepção popular, sendo aclamado pela multidão entusiasmada e recebendo honras militares.
Estremoz estivera presente na hora da libertação através do papel determinante desempenhado pelo RC3 no desenrolar dos acontecimentos. É caso para parafrasear o poeta José Carlos Ary dos Santos, dizendo:

“Foi esta força viril
de antes quebrar que torcer
que em vinte e cinco de Abril
fez Portugal renascer.”

Hernâni Matos
Publicado no jornal E, nº 332, de 11 de Abril de 2024

À frente da coluna militar, o Comandante do Esquadrão,
Capitão Andrade Moura.

A alegria da vitória, que o cansaço não conseguiu abater.
De pé, o 1º Sargento Francisco Brás.

O capitão Alberto Ferreira e os seus homens,
com um sorriso de satisfação.

À vista de Estremoz, a coluna militar em movimento.
Sempre presente, o “V” da Vitória.

Aspecto parcial da coluna militar no seu regresso e com a missão cumprida.


O Comandante do Esquadrão, Capitão Andrade Moura,
entra na cidade pelas Portas de Santo António.

Um aspecto da coluna militar a atravessar as Portas de Santo António.

À chegada, frente ao edifício do RC3: Honras Militares e Aclamação Popular.