Mostrar mensagens com a etiqueta Estações do Ano. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Estações do Ano. Mostrar todas as mensagens

segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Novembro, mês da engorda


Novembro (1412-1416). Irmãos Limbourg (370/80–1416). Les très riches heures
du Duc de Berry. Manuscript (Ms. 65), 294 x 210 mm. Musée Condé, Chantilly.

Novembro é o décimo-primeiro mês do ano no calendário gregoriano e juliano. Tem a duração de 30 dias. A sua designação provém do étimo latino novem (nove), uma vez que era o nono mês do calendário romano, que começava em Março.
Novembro, em astrologia, começa com o trópico astrológico oeste, com o Sol no signo de Escorpião e termina no signo de Sagitário.
Em astronomia, o Sol começa na constelação de Balança, passa através da constelação de Escorpião cerca de 24 a 29 e termina na constelação de Ophiuchus, que é a única constelação zodiacal, não associada a qualquer signo astrológico.
No calendário republicano francês, Novembro correspondia aos meses de Brumário [(Brumaire) - 22 de Outubro a 20 de Novembro] e Frimário [(Frimaire): 21 de Novembro a 20 de Dezembro].
No antigo calendário japonês, Novembro é denominado Shimo-tsuki (11º mês), que para os japoneses é o mês da geada.
Novembro é um mês de Outono no Hemisfério Norte e de Primavera no Hemisfério Sul. Por isso, Novembro no Hemisfério sul é o equivalente sazonal de Maio no Hemisfério Norte e vice-versa.
Novembro começa no mesmo dia da semana que Fevereiro em anos comuns e Março em todos os anos. Novembro termina no mesmo dia da semana em Agosto de cada ano. Novembro começa no mesmo dia da semana que Junho do ano anterior em anos comuns e Setembro e Dezembro do ano anterior, em anos bissextos. Novembro termina no mesmo dia da semana que Março e Junho do ano anterior em anos comuns e Setembro do ano anterior em anos bissextos.
Os signos do Zodíaco correspondentes ao mês de Novembro são:
- Escorpião (23 de Outubro - 22 de Novembro)
- Sagitário (23 de Novembro – 21 de Dezembro)
A pedra zodiacal de Novembro é o topázio e a flor é o crisântemo.
Como noutros meses há datas especiais a assinalar, sob a forma de Dias Nacionais, Internacionais e Mundiais:
01 de Novembro - Dia de Todos os Santos
01 de Novembro - Dia da Luta Contra o Cancro
02 de Novembro - Dia de Finados
05 de Novembro - Dia Mundial do Cinema
06 de Novembro - Dia Internacional para a Prevenção da Exploração do Meio Ambiente em Tempos de Guerra e Conflito Armado)
08 de Novembro - Dia Europeu da Alimentação e da Cozinha Saudáveis
09 de Novembro - Dia Internacional contra o Fascismo e o Anti-Semitismo
10 de Novembro - Dia Mundial da Ciência para a Paz e Desenvolvimento
11 de Novembro - Dia de São Martinho
11 de Novembro - Dia do Armistício
14 de Novembro - Dia Mundial da Diabetes
15 de Novembro - Dia Nacional da Língua Gestual Portuguesa
16 de Novembro - Dia Internacional para a Tolerância
16 de Novembro - Dia Nacional do Mar
17 de Novembro - Dia Nacional do Não Fumador
18 de Novembro -  Dia Europeu da Protecção das Crianças contra a Exploração Sexual e o Abuso Sexual
19 de Novembro - Dia Internacional do Homem
20 de Novembro - Dia da Industrialização da África
20 de Novembro - Dia Universal da Criança
21 de Novembro - Dia Mundial da Televisão
21 de Novembro - Dia Europeu da Fibrose Quística
24 de Novembro - Dia Nacional da Cultura Científica
25 de Novembro - Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres
29 de Novembro - Dia Internacional de Solidariedade com o Povo da Palestina
3ª quarta-feira de Novembro - Dia Mundial das Doenças Pulmonares Obstrutivas Crónicas
3ª quinta-feira de Novembro - Dia Mundial da Filosofia
3º domingo de Novembro - Dia Mundial da Memória das Vítimas de Acidentes da Estrada
Em Novembro não há feriados nacionais, uma vez que o governo português, por imposição da troika, eliminou do calendário, de 1913 até 1917, inclusive, os tradicionais feriados de Corpo de Deus, 5 de Outubro, 1 de Novembro e 1 de Dezembro. Todavia, mantêm-se os seguintes feriados municipais
6 de Novembro - Boticas, Paços de Ferreira, Rio Maior, Valpaços (Criação do Município)
11 de Novembro - Alijó, Meda, Penafiel, Pombal, Torres Vedras (São Martinho)
19 de Novembro -  Odivelas, Trofa (Criação do Município)
23 de Novembro - Gavião (Foral manuelino)
24 de Novembro - Entroncamento (Criação do Município)
24 de Novembro - Sines (Elevação a Vila)
25 de Novembro - Calheta (Santa Catarina)
27 de Novembro - Guarda (Foral de D. Sancho I)
30 de Novembro - Mesão Frio (Santo André)
O calendário litúrgico da Igreja Católica é o seguinte:
01 – Todos os Santos.
02 – Todos os Finados.
03 - São Martinho de Porres; São Humberto de Liège; Santa Sílvia.
04 - São Carlos Boromeu. Bispo.
05 - São Zacarias; Santa Isabel; Santa Bertila; Beato Guido Maria Conforti.
06 - São Leonardo de Noblac; Beato Nuno Álvares Pereira.
07 - São Prosdócimo; São Wilibrordo; Beato Francisco Palau, Confessor; 
08 - São Godofredo; Cinco Santos Escultores Mártires.
09 - Santo Orestes: São Teodoro Mártir; Beata Elisabete da Trindade Catez.
10 - São Leão Magno, Papa e Doutor; Santo André Avelino.
11 - São Martinho de Tours.
12 - São Josafat Kuncewicz, bispo e mártir.
13 - Santo Estanislau Kostka; São Diogo de Alcalá; Beato Eugênio Bossilkov.
14 - Santo Serapião.
15 - Santo Alberto Magno, bispo e doutor; São Leopoldo III.
16 - Santa Gertrudes; Santa Margarida.
17 - Santa Isabel da Hungria,religiosa.
18 - Santo Frediano; São Romão;
19 - São Roque Gonzáles e companheiros; São José José Kalinowski.
20 - São Félix de Valois; Santo Edmundo.
21 - São Gelásio I, Papa.
22 - Santa Cecília; Beato Tomás Reggio.
23 - Santo Clemente I, papa e mártir; Santa Felicidade e sete irmãos; Santo Columbano, religioso.
24 - Santo André Dung-Lac.
25 - Santa Catarina de Alexandria; São Pedro Bispo de Alexandria.
26 - São Leonardo de Porto Maurício; Santo Humilde de Bisignano.
27 - Santo Virgílio; Santa Catarina Labour.
28 - São Tiago das Marcas.
29 - São Saturnino de Toulouse. 
30 - Santo André, Apóstolo.
De salientar que os  provérbios de Novembro são o reflexo do calendário agro-pastoril, que nos códices medievais e renascentistas, para além dos símbolos astrológicos e zodiacais, aparecem ilustrados com cenas de engorda de porcos. 
  
Publicado inicialmente em 4 de Novembro de 2011

terça-feira, 12 de novembro de 2024

Manto de Outono

 

Manto de Outono. Vale de Rodão. Fotografia de Catarina Matos.


À minha filha Catarina

O testemunho da joaninha
O manto de Outono é a preparação da Primavera que há de vir e na qual a Natureza ciclicamente renasce.
A joaninha é a testemunha viva, ainda que silenciosa mas alegremente pintalgada, dum retemperar de forças que a Terra Mãe urde para gáudio de todos nós.

Simbolismo da joaninha
Uma joaninha pode comer mais de 200 pulgões por dia. Como estes últimos insectos são considerados pragas para as plantações, as joaninhas são encaradas como um insecticida natural, o que constitui uma sorte para os agricultores. Daí as joaninhas serem consideradas um símbolo de sorte, além de representarem a protecção, a renovação, a harmonia e o equilíbrio.

A joaninha na literatura oral
Em primeiro lugar, destaco uma lengalenga que integra o imaginário da nossa infância. Trata-se da: ”JOANINHA VOA”, cujo conteúdo proclama:

“Joaninha, voa, voa
Que o teu pai está em Lisboa
Com um caldinho de galinha
Para dar à Joaninha.

Joaninha, voa, voa
Que o teu pai está em Lisboa
Com um rabinho de sardinha
Para comer que mais não tinha…

Joaninha, voa, voa
Que o teu pai foi a Lisboa
Com um saco de dinheiro
Pra pagar ao sapateiro.

Joaninha, voa, voa
Que o teu pai foi pr’a Lisboa
Com um saco de farinha
Para dar à avozinha.

Joaninha, voa, voa
Que o teu pai está em Lisboa
Tua mãe está no moinho
A comer pão com toucinho.”

Em segundo lugar, refiro o único provérbio que conheço sobre joaninhas e que as incita a voar, porventura para combaterem os pulgões nocivos às plantas: "Joaninha voa voa, leva as cartas a Lisboa."
A finalizar, relato uma saborosa adivinha:
PERGUNTA: - Qual é o cúmulo da vaidade?
RESPOSTA: - É a joaninha comprar creme para tirar os pontos negros!

Vem aí o Inverno
Em breve a joaninha hibernará para renascer na Primavera e prosseguir o inescapável Ciclo da Vida. Mas isso é outra estória...

quarta-feira, 19 de junho de 2024

Os dias de verão - Sophia de Mello Breyner Andresen





Os dias de verão

Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)


Os dias de verão vastos como um reino
Cintilantes de areia e maré lisa
Os quartos apuram seu fresco de penumbra
Irmão do lírio e da concha é nosso corpo

Tempo é de repouso e festa
O instante é completo como um fruto
Irmão do universo é nosso corpo

O destino torna-se próximo e legível
Enquanto no terraço fitamos o alto enigma familiar dos astros
Que em sua imóvel mobilidade nos conduzem

Como se em tudo aflorasse eternidade

Justa é a forma do nosso corpo


Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004)

Publicado em 19 de  Junho de 2024 

#Poesia Portuguesa - 218

quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O frio na gíria popular

 

Costumes alentejanos (1923). Jaime Martins Barata (1899-1970).
Aguarela sobre papel. Museu Grão Vasco, Viseu.

 

Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar
Rui Veloso in "Não há estrelas no céu"


Em Janeiro, o frio “é fruta da época”, pelo que não é de estranhar ouvirem-se frases que em gíria popular traduzem o rigor da frialdade:- “Está cá um barbeiro”; - “Está cá um briol”; - “Está cá um griso”, - “Está frio como o diabo”, - “Está um frio de rachar”, - “Estou frio como um cão”. De resto, o frio que impera, faz-nos:  - “Bater o dente”; - “Tiritar de frio”; - “Tremer de frio”.

A abundância de expressões idiomáticas atinentes ao vocábulo “frio“, é reveladora da riqueza da nossa língua, sem a qual não há cultura portuguesa e identidade cultural nacional, uma vez que a construção desta se alicerça naquelas.

Há, pois, que lutar contra a agressiva operação de colonização linguística, veiculada maioritariamente pelos meios de comunicação social, os quais nos bombardeiam com estrangeirismos e muito em especial com anglicismos em nome da globalização, apregoada por alguns como uma fatalidade irreversível.

Publicado inicialmente em 10 de Janeiro de 2024

domingo, 22 de outubro de 2023

Adagiário das castanhas

 

MULHER DAS CASTANHAS (1938) - Ana das Peles (1869-1945).
Ex-colecção Azinhal Abelho. Colecção Hernâni Matos.


À Catarina, minha filha,
que nesta época anda envolvida
na apanha da castanha na sua quinta.

Anualmente entre Junho e Julho, os castanheiros ficam floridos e a estas flores sucedem-se os ouriços, que encerram as castanhas, as quais começam a cair no início do Outono, em Setembro e Outubro.
É vasto o adagiário das castanhas:

- A castanha amarela em Agosto tem a tinta no rosto.
- A castanha é de quem a come e não de quem a apanha.
- A castanha e o besugo em Fevereiro não têm sumo.
- A castanha em Agosto a arder e em Setembro a beber.
- A castanha tem três capas de Inverno: a primeira mete medo, a segunda é lustrosa e a terceira é amarga.
- A castanha tem uma manha: vai com quem a apanha.
- A castanha veste três camisas: uma de tormentos, outra de estopa e outra de linho.
- A noz e a castanha é de quem a apanha.
- Ao assar as castanhas, as que estouram são as mentiras dos presentes.
- Arreganha-te, castanha, que amanhã é o teu dia.
- As castanhas apanham-se quando caem.
- As castanhas para o caniço e o boneco para o porco.
- As folhas de castanheiro andam sete anos na terra e depois ainda voam.
- Carregadinho de castanha, vai o burrinho para Idanha.
- Castanha assada, pouco vale ou nada, a não ser untada.
- Castanha bichosa, castanha amargosa.
- Castanha peluda, castanha reboluda.
- Castanha perdida, castanha nascida.
- Castanha que está no caminho é do vizinho.
- Castanha quente só com aguardente, comida com água fria causa “azedia”.
- Castanha semeada, p´ra nascer, arrebenta.
- Castanhas boas e vinho fazem as delícias do S. Martinho.
- Castanhas caídas, velhas ao souto.
- Castanhas do Marão, a escolher se vão.
- Castanhas do Natal sabem bem e partem-se mal.
- Castanheiro para a tua casa, corta-o em Janeiro.
- Com castanhas assadas e sardinhas salgadas não há ruim vinho.
- Crescem os reboleiros, morrem os castanheiros.
- Cruas, assadas, cozidas ou engroladas, com todas as manhãs, bem boas são as castanhas.
- Dá-me castanhas, dar-te-ei banhas.
- De bom castanheiro, boa acha.
- De bom castanheiro, bom madeiro.
- De castanha em castanha (roubando) se faz a má manha.
- De castanheiro caído todos fazem lenha.
- Desde que a castanha estoira, leve o diabo o que ela tem dentro.
- Do castanho ao cerejo, mal me vejo.
- Em ano de muito ouriço não faças caniço.
- Em minguante de Janeiro, corta o teu castanheiro.
- Em Setembro, antes de chover, o souto o arado quer ver.
- Folha amarela do castanheiro cai ao chão.
- Mais vale castanheiro, que saco de dinheiro.
- No dia de S. Martinho, come-se castanhas e bebe-se vinho.
- No dia de S. Martinho, lume, castanhas e vinho.
- No dia de S. Martinho, mata o teu porco, chega-te ao lume, assa castanhas e prova o teu vinho.
- No dia de São Julião, quem não assar um magusto não é cristão.
- O castanheiro, para plantar, precisa ir na mão, o carvalho às costas e o sobreiro no carro.
- O céu é de quem o ganha e a castanha de quem a apanha.
- O ouriço abriu, a castanha caiu.
- Oliveira do meu avô, castanheiro do meu pai e vinha minha.
- Os ouriços no São João são do tamanho de um botão.
- Pelo S. Martinho castanhas assadas, pão e vinho.
- Pelo São Francisco, castanhas como cisco.
- Quando gear, o ouriço vai buscar.
- Quando o sol aperta, o ouriço arreganha.
- Quem castanhas come, madeira consome.
- Quem não sabe manhas, não come castanhas.
- Raiz de castanheiro, dá bom braseiro.
- Sete castanhas são um palmo de pão.
- Temporã é a castanha, que em Agosto arreganha.

BIBLIOGRAFIA
- BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez e Latino. Vol. I a X. Officina de Pascoal da Sylva. Coimbra, 1712-1728.
- CHAVES, Pedro. Rifoneiro Português. Imprensa Moderna, Lda. Porto, 1928.
- DELICADO, António. Adagios portuguezes reduzidos a lugares communs / pello lecenciado Antonio Delicado, Prior da Parrochial Igreja de Nossa Senhora da charidade, termo da cidade de Evora. Officina de Domingos Lopes Rosa. Lisboa, 1651.
- MARQUES DA COSTA, José Ricardo. O Livro dos Provérbios Portugueses. Editorial Presença. Lisboa, 1999.
- ROLAND, Francisco. ADAGIOS, PROVERBIOS, RIFÃOS E ANEXINS DA LINGUA PORTUGUEZA. Tirados dos melhores Autores Nacionais, e recopilados por ordem Alfabética por F.R.I.L.E.L. Typographia Rollandiana. Lisboa, 1780.

Publicado inicialmente em 22 de Outubro de 2023

MULHER DAS CASTANHAS (1906) – Ilustração de Raquel Roque
Gameiro para capa da revista “Serões”, de Novembro de 1906.

sábado, 18 de março de 2023

Atrás da Primavera, outras Primaveras hão de vir

 

O testemunho da Primavera. A Boniqueira - Joana Santos Ceramista


Há uma Primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!
FLORBELA ESPANCA (1894-1930)

Fascínio é o natural e intenso sentimento despertado pela imagem aqui apresentada. Lado a lado, duas Primaveras com os mesmos atributos, a mesma estética e o mesmo cromatismo, diferentes apenas no tamanho. Uma é Primavera adulta e a outra uma Primavera menina.
É notória uma forte ligação entre elas, patente na mão da mãe que segura a mão da filha, a quem comunica confiança e também ternura, igualmente transmitida pelo olhar que a Primavera menina absorve, encantada. É a partilha de saberes, de luz e de claridades, de cores e de tons, de perfumes e sons. É o legado de marcas identitárias ciclicamente propaladas à natureza e que assinalam a sua renovação. É uma mensagem de esperança nos dias da amanhã. É o revelar de um paradigma: Atrás da Primavera, outras Primaveras hão de vir.
O Testemunho da Primavera de Joana Santos é simultaneamente o testemunho do génio criativo e da mente brilhante de uma mulher ceramista, que há muito pôs a magia das suas mãos tecnicamente dotadas, em sincronia harmónica com os impulsos de alma. É um deleite de espírito a visualização e a contemplação das suas criações. É, de resto, um privilégio e isso para mim é muito importante, usufruir do privilégio da sua amizade.

Publicado em 18 de Abril de 2023

quinta-feira, 20 de maio de 2021

As Primaveras de Ana Catarina Grilo


Primaveras. Ana Catarina Grilo (1974-   ).

Estas Primaveras há muito que nos aquecem a alma. Sim, porque a alma também precisa de ser aquecida. E então sentimo-nos rejuvenescidos, mais novos que nós próprios e com vontade de nos transformar em borboleta e pousar de flor em flor, até nos transformarmos em larva e regressar na Primavera seguinte, novamente borboleta. É isso a vida. Uma sucessão de ciclos com picos primaveris que mantêm a chama da alma acesa.
Obrigado Ana por partilhar connosco estas Primaveras ternurentas. Bem-haja.

Hernâni Matos
Publicado a 20 de Maio de 2021

sábado, 7 de novembro de 2020

Isabel Pires e a Alegoria do Outono

 

Alegoria do Outono (2018). Isabel Pires (1955-  ).

LER AINDA

Folhas secas e frutos maduros
O Outono é a estação do ano compreendida entre o Verão e o Inverno, que corresponde entre nós, aos meses de Setembro, Outubro, Novembro e Dezembro. Caracteriza-se por um declínio gradual da temperatura e é marcada por tempo chuvoso, ventoso e pouco ensolarado.
Uma das características principais da estação é a mudança da coloração das folhagens das árvores, que passam a apresentar tons amarelados e avermelhados e caem. O Outono é assim a estação da libertação que abre as portas a uma futura renovação na Primavera seguinte.
No Outono, os frutos já estão maduros e começam a cair no chão, pelo que têm lugar as colheitas das culturas de Verão (milho, girassol, etc.), de muitos tipos de frutos (uvas, maçãs, peras, marmelos, etc.) e de frutas secas (castanhas, nozes, avelãs, etc.).

O Outono na Tradição Oral
As colheitas de Outono estão presentes na tradição oral. Em particular, no CANCIONEIRO POPULAR, que põe os meses a falar: “Eu sou o Setembro / Que tudo recolho, / Trigos e milhos, / Palhas e restolho.” e “Eu sou o Outubro, / O mês dos Outonos, / Engrosso as terras / Proveito dos donos.”.
As colheitas de Outono estão igualmente presentes no ADAGIÁRIO. Relativamente a Setembro, o adagiário regista que “Agosto amadura, Setembro derruba” e “Em Setembro, colhendo e comendo”, mas recomenda: “Para vindimar deixa Setembro acabar”. Para além disso, afirma que: “Pelo São Miguel (29/09) os figos são mel” e “Setembro que enche o celeiro, salva o rendeiro”.
No que respeita a Outubro, o adagiário proclama que “Outubro sisudo colhe tudo” e pormenoriza algumas dessas colheitas: - Milho e feijão: “Em Outubro não fies só lã; recolhe o teu milho e o teu feijão, senão de Inverno tens a tua barriga em vão”; - Castanha: “Pelo São Simão (28/10), quem não faz um magusto, não é cristão”; - Fava: “Por São Simão (28/10), fava na mão” - Uva: “ Por São Lucas (18/10) bem sabem as uvas” e “Por São Simão e São Judas (28/10), colhidas são as uvas”.

Referências poéticas
A temática do Outono tem sido abordada por muitos poetas portugueses. Do Outono nos fala Fernando Pessoa[i] no poema “No entardecer da terra”[ii] : “No entardecer da terra / O sopro do longo Outono / Amareleceu o chão. / Um vago vento erra, / Como um sonho mau num sono, / Na lívida solidão.  (…)
Do Outono fala também Florbela Espanca[iii] no soneto “Outonal”[iv]: (…) / “Outono dos crepúsculos doirados, / De púrpuras, damascos e brocados! / - Vestes a terra inteira de esplendor!” (…). No soneto “Ruínas” [v] acrescenta: “Se é sempre Outono o rir das Primaveras, / Castelos, um a um, deixa-os cair... / Que a vida é um constante derruir / De palácios do Reino das Quimeras!” (…).
Do Outono nos fala ainda Miguel Torga [vi]  no poema homónimo: “ Tarde pintada / Por não sei que pintor. / Nunca vi tanta cor / Tão colorida! / Se é de morte ou de vida, / Não é comigo. / Eu, simplesmente, digo / Que há tanta fantasia / Neste dia, / Que o mundo me parece / Vestido por ciganas adivinhas, / E que gosto de o ver, e me apetece / Ter folhas, como as vinhas.”

Alegorias do Outono na Pintura
Em Portugal, pintores como Columbano Bordalo Pinheiro[vii] e José Malhoa[viii], entre outros, utilizaram as características do Outono atrás referidas ao criarem composições alegóricas desta estação do ano.
Essas mesmas características constituem o tema central de telas criadas por grandes nomes da pintura universal, dos quais destaco cronologicamente: Francesco del Cossa[ix], Giuseppe Arcimboldo[x], Pieter Pauwel Rubens[xi], Nicolas Poussin[xii], Rosalba Carriera[xiii], Jacob van Strij[xiv],  Jacob Cats[xv] , Jean-François Millet[xvi] e Frederic Edwin Church[xvii].

Alegoria do Outono na Barrística de Estremoz
Na Barrística de Estremoz, existem exemplares designados genericamente por Primaveras, cuja característica principal é ostentarem um arco com flores apoiado nos ombros e circundando a cabeça. A origem de tais Bonecos remonta pelo menos ao séc. XIX. Para além de serem figuras de Entrudo, são alegorias à estação homónima, que evocam remotos rituais vegetalistas de celebração e exaltação do desabrochar da natureza, os quais vieram a ser assimilados pela Igreja Católica, que começou a comemorar o Entrudo.
O ano tem quatro estações, pelo que faz sentido existirem alegorias para todas elas. Foi o que pensou a barrista Isabel Pires que criou alegorias para as estações em falta. O presente texto tem por finalidade analisar a Alegoria do Outono de Isabel Pires.

Morfologia da figura
Formalmente e em termos morfológicos a Alegoria do Outono é semelhante à de alguns modelos de Primavera. Assim: 1 - Ostenta um arco ornamentado com o que simula serem folhas secas de uma planta indeterminada e parras secas repartidas em lóbulos pontiagudos que configuram estrelas, tal como o arco da Primavera está enfeitado com flores; 2 - Segura numa das mãos um cacho de uvas e na outra, um cabaz de vime com os frutos da época: diospiros, romãs, marmelos, castanhas, nozes, uvas. Existe aqui uma analogia com o que se passa nalguns modelos de Primavera, que sustentam uma cornucópia numa das mãos e na outra um ramalhete de flores; 3 - A cabeça está adornada com uma grinalda de folhas secas, tal como a cabeça da Primavera pode estar ataviada com plumas, toucados ou chapéus.
Para além destas analogias formais entre a Alegoria do Outono de Isabel Pires e certos modelos de Alegorias das Primavera, há a salientar que a Alegoria do Outono: 1 - Traja um vestido rodado em tom de Bordeaux, com gola verde de inspiração vegetalista e orla bicolor verde-amarela, cores que para além do Bordeaux são igualmente cores de folhas. As mangas do vestido estão decoradas com um fileira de folhas secas dispostas no sentido longitudinal. Uma guirlanda de folhas secas desce do ombro esquerdo em direcção ao cesto e ali se bifurca em duas guirlandas que seguem em direcção à orla do vestido, donde pendem parcialmente; 2 – Calça meias brancas e botas de cor Bordeaux. Estas têm a extremidade do cano com uma orla verde de inspiração vegetalista, da qual pendem folhas secas de cor Bordeaux e amarelo acastanhado; 3 - Assenta numa base circular de cor verde, orlada no topo com girassóis; 4 – O rosto está muito bem definido e é revelador do tratamento fortemente naturalista que a barrista imprime às suas criações. De salientar que os brincos pendentes das orelhas configuram duas folhas, de cor amarela.

Cromatismo da figura
Sob um ponto de vista cromático são dominantes os tons de Bordeaux e de amarelo, característicos das folhas secas e da fruta da época.

Simbolismo da Alegoria
Em termos simbólicos, a Alegoria do Outono, tal como a Alegoria da Primavera, está ligada à renovação da natureza. Assenta numa base verde, cor que simboliza a esperança e a renovação, aqui associadas ao Outono. As parras secas que ornamentam a composição, configuram estrelas, fontes de luz associadas ao simbolismo celeste, nomeadamente a esperança e a renovação. Os girassóis que ornamentam a base, dada a sua mobilidade em relação ao Sol, são um símbolo de instabilidade, aqui associado ao fluir da natureza e à sucessão cíclica das estações do ano.

Epílogo
O Outono é a estação das frutas, das folhas secas, da renovação. É o Inverno que se avizinha. Mas no dizer de Albert Camus[xviii], “Outono é outra Primavera, cada folha uma flor.”. Essa a intuição e também a convicção de Isabel Pires, que teve a sagacidade de criar uma Alegoria do Outono ou melhor, a primeira Alegoria do Outono na Barrística de Estremoz. Para além da qualidade da execução e da criatividade, pelo seu pioneirismo é merecedora de toda a nossa admiração, o que aqui registo e sublinho.
 
BIBLIOGRAFIA
ESPANCA, Florbela. Charneca em Flor. Livraria Gonçalves. Coimbra, 1931.
ESPANCA, Florbela. Livro de Máguas - Soror Saudade. Livraria Gonçalves. Coimbra, 1931.
EVANGELISTA, Júlio. Cantares de todo o ano. Colecção Educativa – Série F – N.º 6. Campanha Nacional de Educação de Adultos. Lisboa, s/d.
PESSOA, Fernando. No entardecer da terra in Ilustração Portuguesa , 2ª série, nº 83. Lisboa, 28-1-1922.
TORGA, Miguel. Diário X. Edição do autor. Coimbra, 1968.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 7 de Novembro de 2020

[i] Fernando Pessoa (1888-1935). 
[ii] Ilustração Portuguesa, 2ª série, nº 83. Lisboa: 28-1-1922.
[iii] Florbela Espanca (1894-1932).
[iv] De “Charneca em Flor”.
[v] De “Livro de Máguas - Soror Saudade”.
[vi] De “Diário X”.
[vii] Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929, pintor naturalista e realista.
[viii] José Malhoa (1855-1933), pintor naturalista.
[ix] Francesco del Cossa (c. 1435-c. 1477), pintor italiano, renascentista.
[x] Giuseppe Arcimboldo (1526-1593), pintor italiano, maneirista.
[xi] Pieter Pauwel Rubens (1577-1640), pintor flamengo, barroco.
[xii] Nicolas Poussin (1594-1665), pintor francês, barroco.
[xiii] Rosalba Carriera (1675-1757), pintora italiana, barroca.
[xiv] Jacob van Strij (1756-1815), pintor holandês, barroco.
[xv] Jacob Cats (1741-1799), pintor holandês, rócócó.
[xvi] Jean-François Millet (1814-1875), pintor francês, realista.
[xvii] Frederic Edwin Church (1826-1900), pintor americano, romântico.
[xviii] Albert Camus (1913-1960), escritor franco-argelino.
 


segunda-feira, 6 de julho de 2020

A Primavera de Joana Oliveira


Primavera de arco (2020) - Parte da frente. Joana Oliveira (1978-  ).
A Primavera constitui há muito um tema transversal a toda a poesia portuguesa. Camões, numa “Elegia” confessa: “Vi já que a Primavera, de contente, / De mil cores alegres, revestia / O monte, o rio, o campo, alegremente.”. Por sua vez, Florbela Espanca, no soneto “Amar” proclama: “Há uma Primavera em cada vida: / É preciso cantá-la assim florida, / Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!”. Já o cancioneiro popular considera que: “Primavera, linda flor / Como ela não há iguais: / Primavera volta sempre, / Mocidade não vem mais!”.
A Primavera dos pintores
A Primavera é o tema central de obras de grandes mestres da pintura universal, com destaque pessoal para Sandro Botticelli, Jacob Grimmer, Tintoretto, Christian Bernhard Rode, János Rombauer, Caude Monet, Alfons Mucha, Veloso Salgado e José Malhoa.
Os seus quadros representam a natureza, verdejante e florida, com a presença alegórica de graciosas figuras femininas, enquadradas por flores, em ramos, grinaldas ou arcos.
A Primavera dos barristas
Na barrística popular de Estremoz existem figuras designadas genericamente por “Primaveras”, que para além de constituírem uma alegoria à estação do mesmo nome, são também figuras de Entrudo e registos dos primitivos rituais vegetalistas de celebração e exaltação do desabrochar da natureza.
Como figuras emblemáticas que são, as Primaveras constituem um tema inescapável à modelação por qualquer barrista. Nela são variados os caminhos que se lhe deparam. Em primeiro lugar, a modelação, a qual pode ser executada na linha de continuidade dos barristas precedentes ou alternativamente num rumo que de certo modo constitui uma ruptura com aquela prática. Trata-se de uma ruptura que sem fugir aos cânones da modelação tradicional, proclama as suas próprias marcas identidárias, notórias na estética da figura criada. Em segundo lugar, a decoração desta. Aqui pode haver uma inovação na cromática tradicional que reforce a mensagem que é intrínseca ao tema, bem como a introdução de elementos de composição que reforcem a contextualização temática.         
A Primavera de Joana Oliveira
A barrista Joana Oliveira recriou recentemente a chamada “Primavera de arco”. Na sua construção seguiu o segundo dos caminhos anteriormente apontados: o da inovação. E fê-lo para dar conta do modo como vê as coisas e com a força anímica que é seu timbre.              
A Primavera nasceu-lhe das mãos e tomou forma. Cresceu como figura, emancipou-se e autonomizou-se para fazer companhia a um apaixonado incorrigível da barrística popular de Estremoz. Permitam-me que vos apresente a “Primavera” que é e será sempre de Joana Oliveira. 
É uma figura de corpo elegante, aspecto juvenil e delicado, com ar jovial, da qual irradia luminosidade e frescura.
A postura das mãos parece antecipar o levantamento dos braços para o corpo rodopiar sobre si mesmo. E aqui reside aquilo que me parece ser uma das características mais importantes da modelação de Joana Oliveira: a capacidade mágica de através de uma representação estática, sugerir uma representação cinemática. E só este pormenor, revela-nos de imediato, Joana Oliveira como uma barrista de primeira água. 
Na decoração da figura, predominam o verde e o amarelo. O primeiro é a cor da natureza viva, associada ao crescimento e à renovação. O segundo traduz a alegria e o calor humano que lhe está associado. O azul do chapéu transmite serenidade, tranquilidade e harmonia a todo o conjunto.
Gratidão
Eu queria agradecer-lhe Joana, a beleza da figura que criou.
Bem haja! 
Publicado inicialmente a 6 de Julho de 2020

Primavera de arco (2020) - Parte de trás. Joana Oliveira (1978-  ).

sexta-feira, 13 de março de 2020

Vem aí a Primavera!


Primavera de arco (Alegoria à estação homónima).
Liberdade da Conceição (1913-1990).

A Primavera é a estação do ano que sucede ao Inverno e antecede o Verão.
No hemisfério norte a Primavera tem início no equinócio de Março (20 de Março) no qual o dia e a noite têm a mesma duração na linha do equador. A cada dia que passa, a duração do dia aumenta e da noite diminui, o que faz aumentar a insolação. A Primavera termina no solstício de Junho (20 de Junho). As datas referidas variam pouco de ano para ano.
A Primavera marca a renovação da natureza, sendo especialmente associada ao reflorescimento da flora e da fauna terrestres.
Como é natural, a Primavera marca presença no adagiário português:
- Após a névoa opaca do Inverno, sempre vem o colorido vivo da Primavera
- Borboleta branca: Primavera franca.   
- Como vires a Primavera, assim pelo al espera.
- Dizem os antigos, gente rude e sincera: nunca passou por mau tempo a chuva da Primavera.
- Foi atravessando os rigores do Inverno que o tempo chegou à Primavera.
- Por morrer uma andorinha não acaba a Primavera.
- Um cuco não trás a Primavera.
- Um dia de Outono vale por dois de Primavera.
- Uma andorinha não faz a Primavera.
- Uma andorinha só não faz a Primavera.
- Uma flor não faz Primavera.
- Uma palavra gentil é como um dia de Primavera.


Publicado a 13 de Março de 2020

domingo, 24 de março de 2019

A Primavera no figurado de Estremoz


PRIMAVERA (séc. XX). Autor desconhecido. Altura: 20; largura: 10;
diâmetro: 8,5 (cm). Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

No figurado de Estremoz existem imagens conhecidas genericamente por “Primaveras”. Trata-se de representações de figuras de Entrudo, envolvidas em rituais de vegetação, que anunciavam e saudavam a proximidade da Primavera, na qual a natureza e muito em especial a flora, refloresce.

Publicado inicialmente a 24 de Março de 2019
 
PRIMAVERA (séc. XX). Ana das Peles. Altura: 22; largura: 12; 
diâmetro: 8,6 (cm). Museu Nacional de Etnologia, Lisboa. 

PRIMAVERA (séc. XX). Olaria Alfacinha. Altura: 26; largura: 14;
diâmetro: 8,6 (cm). Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.
 
PRIMAVERA (séc. XX). Ana das Peles. Altura: 30; largura: 16;
diâmetro: 10,7 (cm). Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

PRIMAVERA (séc. XX). Ana das Peles. Altura: 20,5; largura: 9,5;
diâmetro: 9,5 (cm). Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Adagiário do Verão


Verão. Gravura de Paul van Somer II (activo ca.1670 – 1714).

O Verão, estação caracterizada por elevadas temperaturas, decorre de cerca de 21 de Junho até por volta de 23 de Setembro. O adagiário de Verão é assim o somatório dos adágios de Junho, Julho, Agosto e Setembro, que já foram inventariados nos respectivos meses. Daí que aqui só se apresentem aqueles em que figura explicitamente a palavra Verão:
- A água com que no Verão se há-de regar, em Abril há-de ficar.
- A água que no Verão há-de regar, de Abril e Maio há-de ficar.
- A burra de vilão, mula é no Verão.
- A formiga faz as suas provisões no Verão, ajunta no tempo de ceifa o seu alimento.
- A Inverno chuvoso Verão abundoso.
- Ande por onde andar o Verão, chega sempre pelo S. João;
- Ande por onde andar o Verão, há-de vir no S. João.
- Março, marçagão, de manhã Inverno, à tarde Verão.
- Março, marçagão, manhãs de Inverno e tardes de Verão.
- Nem no Inverno sem capa, nem no Verão sem cabaça.
Nem o Inverno sem capa, nem o Verão sem cabaça.
- No Verão acabam as ceias e começam os serões.
- No Verão ardem os montes e secam as fontes.
- No Verão o sol dá paixão.
- O Verão colhe e o Inverno come.
- Orelha de homem, nariz de mulher e focinho de cão, nunca viram o Verão.
- Outubro suão, negaças de Verão.
- Pão de hoje, carne de ontem, vinho do outro Verão, fazem um homem são.
- Quem no Verão colhe, no Inverno come.
- Sol nascente desfigurado, No Inverno, frio, no Verão, molhado.
- Uma (só) andorinha não faz o Verão.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente a 23 de Julho de 2018

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Provérbios de Maio


MAIO - Iluminura do “Livro de Horas do Duque de Berry” (Século XV), manuscrito
com iluminuras dos irmãos Paul, Jean et Herman de Limbourg, conservado no
Museu Condé, em Chantilly, na França.

- A água que no Verão há-de regar, em Abril e Maio há-de ficar.
- A água, Maio a dá, Maio a leva.
- A boa cepa, Maio a deita.
- A erva, Maio a dá, Maio a leva.
- A geira de Maio vale os bois e o carro, a de Julho vale os bois e o jugo.
- A melhor cepa, Maio a deita.
- A melhor cepa, para Maio a guardes.
- A ti chova todo o ano e a mim, Abril e Maio.
- A velha, em Maio, come castanhas ao borralho.
- Abril chove para os homens e Maio para as bestas.
- Abril chuvoso e Maio ventoso fazem o ano formoso.
- Abril chuvoso, Maio ventoso e Junho amoroso, fazem um ano formoso.
- Abril e Maio, chaves do ano.
- Abril frio, pão e vinho. Maio come o trigo e Agosto bebe o vinho.
- Abril, espigar; Maio, engrandecer; Junho, ceifar; Julho, debulhar; Agosto, engravelar; Setembro, vindimar.
- Abril, queijos mil e em Maio, três ou quatro.
- Agua d'Ascensão, tira o vinho e dá o pão.
- Água de Maio e três de Abril valem por mil.
- Água de Maio, pão para todo o ano.
- Água de Maio, pão tremês, não o percas nem o dês.
- Águas de regar, de Abril e Maio hão-de ficar.
- Ainda não nasceu nem há-de nascer, quem em Maio o Sete-estrelo há-de ver.
- As favas, Maio as dá e Maio as leva.
- Boa cepa, Maio a deita.
- Borreguinho de Maio, se to pedirem, dai-o.
- Chovam trinta Maios e não chova em Junho.
- Chova-te o ano todo, mas a mim, Abril e Maio.
- Chuva da Ascensão, das palhinhas faz pão,
- Chuva de Ascensão não dá palhas nem pão.
- Chuva de Maio faz as novas ranhosas e as velhas formosas.
- Chuvas da Ascensão, bebem vinho e comem pão.
- Chuvinha da Ascensão, até da palha faz pão.
- De Maio a Abril, ainda que te pese, me hei-de rir.
- De Maio a Abril, há muito que pedir.
- De Maio a Abril, não há muito que rir.
- De Maio a Abril, pouco vai que rir.
- Deixa lenha para Maio, que a fome de Maio sempre veio e há-de vir.
- Depois de Maio, a lampreia e o sável dai-o.
- Dia de Maio, dia de má ventura, mal amanhece, logo escurece.
- Dias de Maio, dias de amargura, ainda não é dia, já é noite escura.
- Dias de Maio, dias de amargura, mal amanhece é logo noite escura.
- Diz Maio a Abril: ainda que te pese, me hei-de rir.
- Do mês de Maio o calor, de todo o ano, o valor.
- Em Abril, águas mil e em Maio, três ou quatro.
- Em Abril dorme o moço ruim e em Maio dorme o moço e o amo.
- Em Abril e Maio, moenda para todo o ano.
- Em Abril queijos mil e em Maio, três ou quatro.
- Em Abril queima a velha o carro e o carril e deixa um tição para Maio, para comer as cerejas ao borralho.
- Em Abril queima a velha o carro e o carril e o que ficou, em Maio o queimou.
- Em Abril, queijos mil e em Maio, três ou quatro.
- Em casa vazia, Maio depressa se avia.
- Em Dezembro, descansar; em Janeiro, trabalhar.
- Em Janeiro junta a perdiz ao parceiro, em Fevereiro faz um rapeiro, em Março faz o covacho, em Abril enche o covil, em Maio, pi-pi-pi para o mato.
- Em Maio a quem não tem basta-lhe o saco.
- Em Maio bonitão, come-se vinho e muito pão
- Em Maio come a velha as cerejas ao borralho e ainda guarda o canhoto para Junho.
- Em Maio, a chuvinha da Ascensão dá palhinhas e dá pão.
- Em Maio, a quem não tem basta-lhe o saco.
- Em Maio, ainda os bois estão oito dias ao ramalho.
- Em Maio, as cerejas uma a uma, leva-as o gaio; em Junho a cesto e a punho.
- Em Maio, as cerejas, come-as a velha ao borralho.
- Em Maio, até a unha do gado faz estrume.
- Em Maio, bebe o boi no rego.
- Em Maio, canta o gaio.
- Em Maio, cerejas ao borralho.
- Em Maio, chocai-o.
- Em Maio, com sono caio.
- Em Maio, come a velha a cereja ao borralho.
- Em Maio, deixa a mosca o boi e toma o asno.
- Em Maio, espetam-se as rocas e sacham-se as portas.
- Em Maio, gradai-o.
- Em Maio, há muito ceifão, mas em Junho é que se vê quem eles são.
- Em Maio, iguala o pão com o mato, a noite com o dia, o Sol com a Lua e o Manei com a Maria.
- Em Maio, já a velha aquece o palácio.
- Em Maio, lava-se com água pelo rego.
- Em Maio, nem à porta de casa saio.
- Em Maio, o calor, a todo o ano dá valor.
- Em Maio, o rafeiro é galgo.
- Em Maio, onde quer eu caio.
- Em Maio, passarinho em raio.
- Em Maio, queima-se a cereja ao borralho.
- Em Maio, vai e torna com recado.
- Em Maio, verás a água com que regarás.
- Em princípio de Maio, corre o lobo e o veado
- Entre Abril e Maio, moenda para lodo o ano.
- Enxames em Abril, mil; em Maio, apanhai-os; pelo São João, apanhai-os ou não.
- Favas, Maio as dá, Maio as leva.
- Fevereiro couveiro faz a perdiz ao poleiro; Março, três ou quatro; Abril, cheio está o covil; Maio, pio-pio pelo mato; Junho, como um punho; em Agosto as tomarás a cosso.
- Fevereiro couveiro, faz a perdiz ao poleiro; Março, três ou quatro; Abril, cheio está o covil; Maio pio, pio pelo mato.
- Fevereiro faz o rapeiro; Março põe três ou quatro; Abril enche o covil; Maio, pi-pi pelo mato.
- Fevereiro ricoqueiro, faz a perdiz ao poleiro; Março, três ou quatro; Abril, cheio está o covil; Maio, pio, pio, pelo mato; Junho, como um punho; em Agosto, as tomarás em cosso.
- Fiandeira não ficaste, pois em Maio não fiaste.
- Fraco é o Maio que não rompe uma croça.
- Fraco é o Maio que não rompe uma palhoça.
- Fraco é o Maio se o boi não bebe na pegada.
- Guarda pão para Maio, lenha para Abril e o melhor tição para o S. João.
- Guarda pão para Maio, lenha para Abril, o melhor bicão para o São João.
- Guarda para Maio o teu melhor saio.
- Janeiro geadeiro. Fevereiro aguadeiro. Março chover cada dia seu pedaço. Abril águas mil coadas por um funil. Maio pardo celeiro grado. Junho foice em punho.
- Janeiro gear. Fevereiro chover. Março encanar. Abril espigar. Maio engrandecer. Junho ceifar. Julho debulhar. Agosto engavelar. Setembro vindimar. Outubro revolver. Novembro sêmea., Dezembro nasceu Deus para nos salvar.
- Janeiro gear. Fevereiro chover. Março encanar. Abril espigar. Maio engrandecer. Junho ceifar. Julho debulhar. Agosto engavelar. Setembro vindimar. Outubro revolver. Novembro semear. Dezembro nascer.
- Janeiro geoso. Fevereiro nevoso. Março frio e ventoso. Abril chuvoso e Maio pardo, fazem um ano abundoso. Julho, debulhar. Agosto, engravelar. Julho é o mês das colheitas, Agosto o mês das festas.
- Maio alaga a fonte e passa a ponte.
- Maio às pedradas, deita por terra as searas.
- Maio chocoso e Junho claroso, fazem o ano formoso.
- Maio chocoso, ano formoso.
- Maio chuvoso ou pardo, faz pão vistoso e grado.
- Maio chuvoso torna o ano formoso
- Maio chuvoso, ano formoso.
- Maio claro e ventoso, faz o ano rendoso.
- Maio come o pão, Agosto bebe o vinho.
- Maio come o trigo, Agosto bebe o vinho.
- Maio come o trigo, Junho bebe o vinho.
- Maio couveiro não é vinhateiro.
- Maio é o mês em que canta o cuco.
- Maio engrandecer, Junho ceifar, Julho debulhar.
- Maio faz o pão e Agosto bebe o vinho que o tira do covil.
- Maio faz o pão e Agosto o milhão.
- Maio frio e Junho quente fazem o lavrador valente.
- Maio frio e Junho quente, trás o diabo no ventre.
- Maio frio e Junho quente: bom pão, vinho valente.
- Maio frio e ventoso, faz o ano formoso.
- Maio hortelão, muita parra e pouco pão.
- Maio jardineiro, enche o celeiro.
- Maio louro, mas nem muito louro e São João claro como olho-de-gato.
- Maio me molhou, Maio me enxugou.
- Maio não dá capote ao marinheiro.
- Maio não dá capote.
- Maio o deu, Maio o leva.
- Maio pardo e Junho claro podem mais que os bois e o carro.
- Maio pardo e ventoso, faz o ano formoso.
- Maio pardo e ventoso, faz o ano venturoso.
- Maio pardo, faz o ano farto.
- Maio pardo faz o lavrador honrado.
- Maio pardo, ano claro.
- Maio pardo, ano farto e ventoso, ano formoso.
- Maio pardo, ano farto.
- Maio pardo, centeio grado.
- Maio pardo, enche o saco.
- Maio pardo, faz o pão grado.
- Maio pardo, Junho claro, fazem o lavrador honrado.
- Maio pardo, Junho claro.
- Maio pardo. Junho claro, fazem pão grado.
- Maio pedrado destrói os pastos e não farta o gado.
- Maio pequenino, de flores enfeitadinho.
- Maio que não der trovoada, não dá coisa estimada.
- Maio que não rompe uma croça, não é Maio.
- Maio que seja de gota e não de mosca.
- Maio rompe uma croça.
- Maio serôdio ou temporão, espiga o grão
- Maio ventoso, ano formoso.
- Maio ventoso, ano rendoso.
- Maio venturoso, ano venturoso.
- Maio, ao princípio chuvoso e no meio pardo, enche o saco.
- Maio, cava de raio.
- Maio, come o trigo e Agosto, bebe o vinho.
- Maio, engrandecer; Junho, ceifar.
- Mal vai ao Maio se o boi não bebe na pegada.
- Março amoroso, Abril chuvoso, Maio ventoso, São João calmoso, fazem o ano formoso.
- Março amoroso, Abril ventoso e Maio remeloso, fazem o ano formoso.
- Mês de Maio, mês de má aventura, apenas anoitece é logo noite escura.
- Mês de Maio, mês das flores, mês de Maria, mês dos amores.
- Não há luar como o de Maio, mas lá virá o de Agosto que lhe dará no rosto.
- Não há Maio sem trovões, nem homem sem calções.
- O Maio me molha, o Maio me enxuga.
- Peixe de Maio, a quem vo-lo pedir dai-o.
- Pela Ascensão coalha a amêndoa e nasce o pinhão.
- Pela Ascensão nasce o pinhão.
- Por Abril dorme o moço madraceirão e por Maio, dorme o moço e o patrão.
- Por Abril, dorme o moço ruim e por Maio, dorme o moço e o amo.
- Por onde Abril e Maio passou, tudo espigou.
- Por onde Maio passou nado, tudo deixou espigado.
- Por Santo Urbão (25 de Maio), gavião na mão.
- Primeiro de Maio molhado, fruta bichada.
- Primeiro de Maio, corre o lobo e o veado.
- Quando chove na Ascensão, até as palhinhas dão pão.
- Quando em Maio arrulha a perdiz, ano feliz.
- Quando em Maio não troa, não é ano de broa.
- Quando em Maio relva, nem pão, nem erva.
- Quando Maio acha nado, deixa tudo espigado.
- Quando Maio chegar, é preciso enxofrar.
- Quando Maio chegar, quem não arou tem de arar.
- Quem em Abril não varre a eira e em Maio não rega a leira, anda todo o ano em canseira.
- Quem em Maio não merenda, aos finados se encomenda.
- Quem em Maio relva, não tem pão nem erva.
- Quem me vir e ouvir, guarde pão para Maio e lenha para Abril.
- Quem quer mal à sua vizinha, dá-lhe em Maio uma sardinha e em Agosto a vindima.
- Sardinha de Maio não vale um zangaio.
- Sáveis em Maio, maleitas todo o ano.
- Se chover em Maio, carregará el-rei o carro e em Abril, carril e entre Abril e Maio, o carril e o carro.
- Se chover entre Maio e Abril, carregará o lavrador o carro e o carril.
- Se não chover em Maio, carregará el-rei o carro e em Abril o carril e, entre Abril e Maio, o carril e o carro.
- Se não chover em Março e Abril, dará el-rei o carro e o carril por uma fogaça e um funil e a filha a quem a pedir.
- Se não chover entre Maio e Abril, dará a velha o carro e o carril, por uma fogaça e um funil e a filha a quem lha pedir.
- Se não chover entre Maio e Abril, dará el-rei o carro e o carril, por uma fogaça e a filha a quem a pedir.
- Sol de Maio e boa terra, fazem melhor gado que o pastor mais afamado.
- Tantos dias de geada terá Maio, como de nevoeiro teve Fevereiro.
- Tantos dias de geada terá Maio, quantas vezes de nevoeiro teve Janeiro.
- Tantos dias de geada terá Maio, quantos de nevoeiro teve Fevereiro.
- Trovoada de Maio depressa passa.
- Trovões em Maio, morte de padre.
- Uma água de Maio e outra de Abril, valem por mil.
- Uma água de Maio e três de Abril valem por mil.
- Vai-te embora mês de Maio, mês de pouca ventura: mal amanhece é logo noite escura.
- Vento de Março, chuva de Abril, fazem o Maio florir.
- Vinho que nasce em Maio, é para o gaio; se nasce em Abril, vai ao funil; se nasce em Março, fica no regaço.
- Viva o Maio carambola, que lá se vai jogando à bola.

Publicado inicialmente em 1 de Maio de 2015