domingo, 29 de junho de 2025
Jorge da Conceição e o Porteiro do Céu
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
XVIII Exposição de Presépios de Artesãos de Estremoz
A Galeria Municipal D. Dinis recebe a XVIII Exposição de Presépios de Artesãos de Estremoz, uma referência no Alentejo.
Esta mostra conta com mais de 30
Presépios, produzidos com diversos materiais, dos artesãos: Afonso Ginja, Ana
Catarina Grilo, Ana Godinho, António Moreira, Carlos Alberto Alves, Carlos
Pereira, Conceição Perdigão, Fátima Lopes, Francisca Carreiras, Henrique
Painho, Inocência Lopes, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge Carrapiço, Jorge da
Conceição, José Vinagre, Luís Parente, Luísa Batalha, Madalena Bilro, Maria
José Camões, Pedro Vinagre, Perfeito Neves, Ricardo Fonseca, Sara Sapateiro,
Sandra Cavaco, Sofia Luna, e Vera Magalhães.
A exposição poderá ser visitada
até dia 6 de janeiro de 2025, com entrada gratuita, numa organização da Câmara
Municipal de Estremoz.
quarta-feira, 1 de maio de 2024
Poesia Portuguesa - 165
Natal
Álvaro Feijó (1916-1941)
Nasceu.
Foi numa cama de folhelho
entre lençóis de estopa suja
num pardieiro velho.
Trinta horas depois a mãe pegou na enxada
e foi roçar nas bordas dos caminhos
manadas de ervas
para a ovelha triste.
E a criança ficou no pardieiro
só com o fumo negro das paredes
e o crepitar do fogo,
enroscada num cesto vindimeiro,
que não havia berço
naquela casa.
E ninguém conta a história do menino
que não teve
nem magos a adorá-lo,
nem vacas a aquecê-lo,
mas que há-de ter
muitos Reis da Judeia a persegui-lo;
que não terá coroas de espinhos
mas coroa de baionetas
postas até ao fundo
do seu corpo.
Ninguém há-de contar a história do menino.
Ninguém lhe vai chamar o Salvador do Mundo.
Álvaro Feijó (1916-1941)
terça-feira, 23 de janeiro de 2024
Uma jóia da História Postal de Estremoz
Fig. 2
quinta-feira, 4 de janeiro de 2024
Poesia portuguesa - 104
Bonecos de Estremoz
Maria de Santa Isabel (1910-1992) [i]
segunda-feira, 1 de janeiro de 2024
Um singular berço das pombinhas de Ricardo Fonseca
O presente berço do Menino Jesus, conhecido por “berço das pombinhas” (Fig. 1), cuja simbologia já foi por mim analisada [i], é duma tipologia que já era executado por oficina de barristas de Estremoz desconhecidos, de finais do séc. XIX – princípios do séc XX, os quais assinalavam a sua produção com a marca incisa “EXIREMOZ”, aposta por percussão de carimbo. Este tipo de berço continuou a ser produzido por Gertrudes Rosa Marques (1840-1921), Ana das Peles (1869-1945), Mariano da Conceição (1903-1959), Sabina Santos (1921-2005), Liberdade da Conceição (1913-1990), José Moreira (1926-1991), Maria Luísa da Conceição (1934-2015), Fátima Estróia (1948 - ) e Irmãs Flores [(Maria Inácia (1957 - ) e Perpétua (1958 - )] [ii].
No berço de Ricardo Fonseca (1986- ) é
dominante uma dicromia quente-frio, materializada cromaticamente pelo binário
ocre amarelo – azul do Ultramar, tradicionalmente usado na arquitectura popular
desta terra transtagana, iluminada pelas claridades do Sul. A cor de fundo do
berço é o ocre amarelo, à excepção do folho que encima o espaldar do berço e cuja
coloração é a do azul do Ultramar.
A dicromia dominante dá uma forte
contribuição para contextualizar o berço em termos identitários alentejanos.
Esta contextualização é reforçada pela decoração do berço com elementos
fitomórficos associados à região: espiga de trigo, papoila e ramo de oliveira
(no espaldar) e ramo de sobreiro (na cercadura lateral do berço).
A manta listada que cobre o
Menino Jesus é amovível (Fig. 2), o mesmo se passando com o Menino Jesus (Fig.
3), que estava assente num pano branco, por sua vez assente em palhinhas.
Este exemplar de berço do Menino Jesus
constitui um bom exemplo da possibilidade que existe de introduzir inovação
morfológica e contextualização regional em exemplares do Figurado de Estremoz,
sem que estes deixem de pertencer ao chamado núcleo central daquele Figurado.
[i]
MATOS, Hernâni. “Contributo
para uma Simbólica das Figuras de Presépio” in jornal E, n.º 324,
Estremoz, 21 de Dezembro de 2023. [Em linha]. Disponível em: https://dotempodaoutrasenhora.blogspot.com/2023/12/contributo-para-uma-simbolica-das.html
[Consultado em 31 de Dezembro de 2023].
[ii]
Sabina Santos produziu também outro tipo de berço, habitualmente designado por
“berço dos anjinhos”, que foi igualmente confeccionado pelos barristas que se
lhe seguiram.
Fig. 2
quinta-feira, 21 de dezembro de 2023
Contributo para uma Simbólica das Figuras de Presépio
Publicado inicialmente em 21 de Dezembro de 2023
quinta-feira, 14 de dezembro de 2023
Poesia portuguesa - 103
Ary dos Santos (1936-1984)
Tu que dormes a noite na calçada de relento
Numa cama de chuva com lençóis feitos de vento
Tu que tens o Natal da solidão, do sofrimento
És meu irmão amigo
És meu irmão
O Natal é quando um Homem quiser!
E tu que dormes só no pesadelo do ciúme
Numa cama de raiva com lençóis feitos de lume
E sofres o Natal da solidão sem um queixume
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
Tu que inventas ternura e brinquedos para dar
Tu que inventas bonecas e comboios de luar
E mentes ao teu filho por não os poderes comprar
És meu irmão amigo
És meu irmão
E tu que vês na montra a tua fome que eu não sei
Fatias de tristeza em cada alegre bolo-rei
Pões um sabor amargo em cada doce que eu comprei
És meu irmão amigo
És meu irmão
Natal é em Dezembro
Mas em Maio pode ser
Natal é em Setembro
É quando um homem quiser
Natal é quando nasce uma vida a amanhecer
Natal é sempre o fruto que há no ventre da Mulher
quarta-feira, 6 de dezembro de 2023
Exposição "Menino Jesus no Berço"
quarta-feira, 29 de novembro de 2023
XVII Exposição de Presépios de Artesãos de Estremoz
quinta-feira, 12 de outubro de 2023
Poesia Portuguesa - 103
Poema de Hernâni Matos
Modelar é uma arte, solta do coração e que dali a reparte, guiada a cada mão. É com mãos e com barro, água, teques e jeito, um encontro bizarro: modelar a preceito. Tem bola, rolo, placa. Com eles vai fazer, tudo o que se destaca. É lindo de se ver. O rolo dá um braço e dá a perna então, com um gesto do traço que nasce com a mão. A bola dá cabeça e dá olhar, razão para que lá mereça ter lugar a visão. Placa dá avental, vestidos e safões. É roupa sem igual em várias ocasiões. Após modelação, é cozer e pintar. Envernizar então, e sua obra acabar. Secar para cozer, com o tempo a passar, para não acontecer, a figura estalar. Cozer tem a sua arte, nunca é de repente, que a figura se parte. Disso estou bem ciente. Pigmentos são zarcão e azul dito Ultramar. Como ocre e vermelhão, dão tintas p'ra pintar. As cores são reais, são representação desses dados visuais, fruto da observação. O verniz dá beleza, concede protecção, previne da rudeza de feia alteração. Há Presépios e Santos, desfilam procissões e há muitos recantos das humanas paixões. Tem a mulher no lar, com o chá a servir, com a roupa a lavar e o que mais há de vir. Da cidade o aguadeiro, a mulher dos chouriços, o peralta e leiteiro, como outros aqui omissos. Do campo uma ceifeira, um pastor e um ganhão, mais uma azeitoneira, todos os que ali estão. Galeria dos Santos: onde vai São João, a Virgem aos prantos e António folião. Também a procissão, mostra solenidade, com padre, sacristão, povo mais irmandade. O Natal é chegado e logo nos seduz o presépio montado. Ali nasceu Jesus. Lá vem o Carnaval com o seu “Amor é Cego” e Primavera tal, que nenhuma renego. E por fim os apitos. Que bela brincadeira, gozo de pequenitos, bem à sua maneira. O púcaro enfeitado, cantarinha também. Recipiente ornado que beleza que tem. Bonecos que cantamos e só nos dão alegria. Amigos quase humanos no nosso dia a dia. Assim, da Humanidade tornaram-se Património, orgulho da cidade e do povo campónio. Cá, os nossos barristas brilharam bem então, já que foram artistas da classificação. Barristas do presente, barristas do passado que a memória consente, todo aqui é louvado. Hernâni Matos (1946 - ) |
quarta-feira, 12 de julho de 2023
NATIVIDADE - uma tipologia de cantarinha enfeitada, criada pelas Irmãs Flores
domingo, 7 de maio de 2023
Dia da Mãe e Bonecos de Estremoz
O Dia da Mãe é uma data comemorativa que visa homenagear anualmente a maternidade e as mães pelo amor, carinho e dedicação que têm com os seus filhos, servindo igualmente para reforçar e demonstrar o amor dos filhos pelas suas mães. Em Portugal, é comemorado no primeiro domingo de Maio, mês conhecido entre os católicos como o mês de Maria, Mãe de Jesus (em particular Nossa Senhora de Fátima), o que acontece desde a década de 70 do século passado. Até então e desde 1950 que a comemoração do Dia da Mãe, instituído pela Mocidade Portuguesa Feminina, organização juvenil do Estado Novo, ocorria a 8 de Dezembro, dia de Nossa Senhora da Imaculada Conceição.
Deste modo, no conjunto dos Bonecos de Estremoz, os exemplares que numa perspectiva católica e sob um ponto de vista temático, estão associadas ao Dia da Mãe são:
1 - NOSSA SENHORA DA IMACULADA CONCEIÇÃO – Representação da Virgem Maria concebida sem pecado original, através de dogma pelo Papa Pio IX (1792-1878) na sua bula “Ineffabilis Deus” em 8 de Dezembro de 1854. Tem sete atributos: a meia-lua e a serpente sob os pés, os anjos e a nuvem nos pés, as mãos postas ao nível do coração, o manto azul e a coroa com cruz.
2 - NOSSA SENHORA DE FÁTIMA – Representação de uma das invocações atribuídas à Virgem Maria e que teve a sua origem nas aparições recebidas por três pastorinhos no lugar da Cova da Iria (Fátima), a primeira das quais ocorreu no dia 13 de Maio de 1917 ao meio-dia. Tem como principais atributos: o manto e a túnica claros, as mãos postas ao nível do coração, coroa com cruz e a seus pés, três crianças de joelhos, de mãos postas e de cabeça levantada para a Virgem.
3 - SAGRADA FAMÍLIA – Representação da família de Jesus de Nazaré, composta de acordo com a Bíblia por José, Maria e Jesus.
4 - NOSSA SENHORA A CAVALO (FUGA PARA O EGIPTO) - Representação dum evento relatado no Evangelho de São Mateus (Mateus 2:13-25), no qual após a Adoração dos Magos, José foge para o Egipto com Maria sua esposa e seu filho recém-nascido Jesus, após ter sido avisado por um Anjo do Senhor, do massacre de crianças com menos de dois anos, que ia ser perpetrado por ordem de Herodes I, o Grande, receoso que a criança que os Magos proclamavam como novo rei, lhe tomasse o trono e o poder.
5 - PIEDADE – Representação de Jesus morto nos braços de sua mãe.
Hernâni Matos
Publicado inicialmente a 7 de Maio de 2023