sábado, 16 de agosto de 2025
Quando as bilhas de Estremoz se passeavam por Sintra e frequentavam as praias da região
domingo, 10 de agosto de 2025
A ânsia de toda a beleza do mundo
domingo, 8 de junho de 2025
Louça de Redondo no Mercado das Velharias em Estremoz
1. Barranhão de grandes dimensões decorado com base na tradicional tricromia verde-amarelo-ocre castanho, característica da louça vidrada de Redondo. Bordo beliscado e esponjado de verde. Fundo com decoração mista, fitomórfica e zoomórfica, na qual um arbusto florido serve de poiso a um bando de passarinhos, que também esvoaçam em torno dele, já com o bico carregado,. numa clara alegoria à Primavera.
O traço do esgrafitado é fino, firme e seguro, configurando o desenho ter saído das mãos de grande artista.
Autoria e datação por
determinar,
2. Prato de louça de barro vermelho de Redondo, pintado e não vidrado por Francisco Cardadeiro (Chico Galinho). A pintura cinge-se à parte frontal do prato, o fundo é negro e a decoração policromática e fitomórfica reproduz os habituais elementos decorativos da mobília tradicional alentejana. No bordo do prato existe simetria alternada dos elementos decorativos usados do prato. No fundo, existe simetria axial em relação ao eixo central.
Datação por determinar.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
José Lacerda no Mercado das Velharias em Estremoz
- O meu amigo desculpe. Você
tem estudos. Se não é Doutor tem de ser Engenheiro.
Eu bem lhe dizia que era só Professor
e mais coisa nenhuma, mas não havia maneira de sairmos dali e eu já estava pelos
ajustes. Um dia, disse-lhe:
- “Está o caldo entornado” e “Temos
a burra nas couves”.
Parece que foi remédio santo. A
partir daí, passou a tratar-me por amigo Hernâni e o nosso relacionamento
passou a ser mais natural e saudável.
Fazemos negócio sempre que calha ter
alguma peça que me encha as medidas. Ele já sabe o que me interessa e começa a cantar
alto como se estivesse no Orfeão e eu, naturalmente, faço ouvidos de
mercador. Por outras palavras, esgrimimos. É manha contra artimanha. E lá
fazemos negócio, normalmente pouco silencioso, mas tudo acaba em bem ou em mal.
Depende do ponto de vista. Umas vezes engana-me ele, outras vezes engano-o eu. E já ouvi da boca dele,
aquilo que para mim é encarado como um elogio:
- Amigo Hernâni: Você é mais cigano do que eu.
Ao longo dos tempos, o meu amigo José
Lacerda tem-me vendido arte pastoril, Bonecos de Estremoz, louça de barro
vermelho de Estremoz e louça vidrada de Redondo, tendo com isso contribuído para
a edificação das minhas colecções. É claro que nem sempre compro, pois mesmo
que me interesse, nem sempre é oportuno abrir os cordões à bolsa. É
nessas alturas que ele me diz:
- O meu amigo não se preocupe.
Não precisa de pagar agora. Paga depois.
O que vale é que eu estou
imunizado contra a lábia dele.
José Lacerda é uma figura muito
popular e uma referência no Mercado das Velharias em Estremoz. No terrado que
semanalmente ocupa no Rossio de Estremoz, destaca-se a sua banca bem provida de
chocalhos. Foi esse pormenor, o tema escolhido pelo seu filho Tói Lacerda, para
encomendar um Boneco de Estremoz que representasse o pai no Mercado da Velharias.
A criação da figura deve-se ao barrista José Carlos Rodrigues, a quem felicito
pelo bem conseguido trabalho. Através dele, o cigano José Lacerda ficou
perpetuado na barrística popular estremocense. Basta olhar para o Boneco que se
é levado a dizer:
- Olha o Lacerda!
domingo, 6 de outubro de 2024
Repercussões do 5 de Outubro no leito dos portugueses
São conhecidos diversos tipos de camas
de ferro com a coroa real portuguesa, dos quais os exemplares da Fig. 2 e da fig. 3 são apenas dois.
Com a implantação da República Portuguesa em 5 de Outubro de 1910, há uma mudança
de paradigma em múltiplos aspectos da vida social da época. Não admira, pois,
que algum fabricante de camas de ferro, com sentido de oportunidade para o
negócio, tivesse decidido adaptar a sua produção aos novos tempos.
A imagem da Fig. 1 mostra-nos em pormenor
o topo das costas de uma cama de ferro. Em moldura elíptica de orla rendilhada,
está patente uma alegoria republicana. Em primeiro plano, o barrete frígio, símbolo
republicano da liberdade. Em segundo plano, um facho que emite luz, virado para
a esquerda do observador, o qual integra a simbologia maçónica.
Aqueles dois símbolos
conjuntamente quererão significar que “por detrás da República está a Maçonaria”
ou “a República é de inspiração maçónica” ou ainda “por detrás da República
está a ânsia da liberdade”.
O barrete frígio e o facho de luz
estão implantados num campo de flores, que a serem mimosas, simbolizam a
inocência e a pureza, virtudes que na alegoria estarão associadas à República e
à Maçonaria.
Há entre nós, respigadores natos,
farejadores de fino olfacto, guardadores de memórias compulsivos, os quais
deambulam por aqui e por ali, em casas de adelo e mercados de velharias, “em busca do tempo perdido", como diria Marcel Proust. São heróis na maioria
anónimos, muitas vezes com limitados ou mesmo parcos recursos, que a expensas
suas, tomam a iniciativa e a liberdade de trazer à luz do dia, testemunhos e
por vezes despojos do passado, que são importantes memórias materiais indispensáveis
à construção e à explicitação da nossa memória histórica enquanto Povo e da nossa
identidade cultural enquanto Nação.
MUITO OBRIGADO, MANUELA MENDES!
sábado, 3 de agosto de 2024
Alforge – Mercado das Velharias de Estremoz
O alforge aqui apresentado, fazia
parte do recheio de um monte alentejano e foi confeccionado em tecido grosseiro com
quadrados vermelhos e brancos. Encontra-se guarnecido à volta com um debrum branco
e o topo dos sacos ostenta um recorte branco com um bordado cor-de-rosa. De
cada uma das extremidades do saco pende uma borla cor-de-rosa.
Os sacos encontram-se
monogramados com as letras “M” e “A, bordadas a linha cor-de-rosa,
correspondentes decerto às iniciais do(a) proprietário(a) e cada uma das letras
está ladeada por dois pés de uma flor indefinida, bordada a vermelho,
cor-de-rosa e verde claro.
A decoração do alforge não
faria sentido em exemplares usados no serviço diário, o que me leva a admitir que se
destinava a ser usado apenas em dias festivos, como era o caso da “bênção do
gado” pelo pároco da freguesia, tradição rural cuja origem se perde na memória
dos tempos.
domingo, 14 de julho de 2024
Agente do FBI? Nem pensar!
sexta-feira, 29 de dezembro de 2023
O guardador de memórias e o Mercado das Velharias em Estremoz
terça-feira, 14 de março de 2023
MERCADO TRADICIONAL DE ESTREMOZ / Bom filho à casa torna
segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023
Esquilo em madeira, possível artefacto de arte pastoril
terça-feira, 27 de setembro de 2022
Esta é a estória de ser coleccionador
Publicado inicialmente em 27 de Setembro de 2022
domingo, 21 de agosto de 2022
Arte pastoril e devoção
Publicado inicialmente em 21 de Agosto de 2022
sexta-feira, 29 de julho de 2022
Arte pastoril - Carretilhas
quinta-feira, 9 de junho de 2022
Mercado das Velharias de Estremoz - Crónica duma morte previsível