Fotografia de Rui Alves.
À Catarina, minha filha:
Como decerto já perceberam, sou um homem dado a prazeres. Tenho prazer em escrever, assim como muito me agrada que me leiam e se possam regalar com a leitura.
A gestação dum texto nem sempre é fácil. Pode ser rápida, mas também pode ser demorada. Todavia, o parto é sempre doloroso e ainda bem que assim é. Torna-se necessário sentir na pele o que custa criar algo, a partir de pouco mais que coisa nenhuma. Por isso não se pode escrever a metro, como quem enche chouriços. Há que ser artesão das palavras.
Os textos precisam de despertar o apetite como de morangos se tratasse e ter sonoridade quanto baste como os ribeiros de água cristalina.
Alguma “patine” também é precisa, Por isso, os textos devem ter cabelos brancos e rugas, que isso faz parte da beleza da vida.
De resto, é importante fazer passar a mensagem “Maria não vás com as outras”. O texto deve ter cabeça própria e mergulhar raízes na nossa identidade cultural, única forma de nos imunizar do contágio da eurocracia de pacotilha.
Finalmente, se o texto for irreverente, tanto melhor. E se deitar a língua de fora ao poder, então ainda melhor.
PIM! O texto chegou ao fim!
Tem toda a razão não se escreve a metro nem a pressão, simplesmente se escreve com uma certa inspiração ditada da sabedoria e do coração. De outra forma não faz sentido. E só por isso vou
ResponderEliminarcontinuando a ler os seus escritos, porque também para ler é preciso saber entender.
Rosa Casquinha
Obrigado, Rosa, pelo seu comentário.
ResponderEliminarHernâni, meu amigo do coração!... Sabes do que falas e do ofício que conhecemos. Das noites e dias de um outra dimensão que se avassala e que se vai moldando ao ser que vai dar grito e oferenda de sonhos a quem rasga horizontes de palavras alentadas. Nós porfiamos,é o nosso mais belo destino!... De se dar a gentes e mundos.
ResponderEliminarAmigo Hernâni, tem toda, toda a razão. Custa, dói na alma e na carne, no sono que não vem, na palavra que não diz tudo...
ResponderEliminarGosto de o ler e entendo o que diz. Mas, sobretudo, gostei do sabor que tem essa imagem de um texto irreverente deitar de fora a língua ao poder! É que cada vez este merece mais que lhe deitem a língua de fora!
Obrigada pelo gosto que me/nos dá !
Fernanda:
EliminarUm Texto é um pretexto para dizer ou não aquilo que nos vai na Alma.
Um Texto pode ser uma proclamação libertária, mas também uma declaração de Amor ou o reconhecimento de um desamor que está fora de prazo.
Um Texto pode ser tudo isso e milhentas coisas mais. Revolucionário, ternurento, solidário e por aí adiante.
O que um Texto nunca poderá ser é prostituto e cúmplice com o poder. Por isso, a Missão do Texto, para além do pretexto dele próprio, é desmascarar, ridicularizar e isolar o poder.
É preciso deitar-lhe a língua de fora, fazer-lhe manguitos e mesmo piretes fálicos com os três dedos centrais da mão direita, que é aquela que mais força tem.
E todos os PINS que possamos clamar, serão sempre insuficientes.
Por isso o Texto nunca poderá chegar ao fim. Terá que renascer sempre, com vigor redobrado, tal como a Luz que se reforça com a Sombra.
Obrigado pelo seu comentário e pelo estímulo das suas palavras. Os meus respeitos.
Achei este seu pequeno texto uma maravilha. Não o conhecia nem ao seu blog; vim para aqui dirgido por um comentário do FaceBook que até já nem consigo encontrar; se não fosse um convicto agnóstico até diria que foi milagre. Gostei. Vou explorar os seus blogs quando tiver tempo. Para já fica nos favoritos. Continue.
ResponderEliminarLuís Tenório
Luís:
EliminarMuito obrigado pelo seu comentário.
Procurarei não desmerecer o interesse manifestado na minha leitura.
Cumprimentos.
de acordo.
ResponderEliminarPedro:
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
O texto é o caminho que percorremos à procura de novos rumos...
A angústia da página em branco é semelhante à da posse. Será que consigo? Depois começa-se lentamente, meigamente, esperando que a página goste de ser preenchida e tomada. Num alto de inspiração sente a respiração de quem a escreve, de quem a ama, de quem a possui. E findo o texto, escrevedor satisfeito e cansado, olha a página, consolado. Escrever é amar!
ResponderEliminarJorge Sales Golias
Escrever é muitas coisas. Entre elas amar, o que é uma das coisas mais importantes.
EliminarObrigado pelo seu comentário, Jorge.
Sentir o livro
ResponderEliminarviver
amar
viajar
mergulhar no feitiço das palavras
experienciar
sofrer
rir
brincar
chorar de emoção…
descobrir
encetar uma aventura
estímulo à imaginação.
Maria do Rosário de Freitas
12 de Novembro de 2012
Rosário:
EliminarMuito obrigado pelo seu belo poema onde poeticamente nos fala do acto de leitura. Bem haja.