Fig. 1 – PALÁCIO
TOCHA NO INÍCIO DO SÉCULO XX.
Bilhete-postal ilustrado de editor desconhecido.
Colecção do autor.
A imagem da Fig. 1 reproduz um bilhete-postal
ilustrado expedido de Estremoz, a 8 de Agosto de 1913, por Frederique da Silva
Pinto, para Luiz Pinto Marvão, proprietário dum Armazém de Mobílias, no Porto,
a quem solicita um catálogo de preços. O porte do bilhete-postal era 1 centavo
e hoje é 0, 42 €, ou seja 8.400 vezes mais. Só por isso, que não por
saudosismos balofos, apetece-nos voltar ao tempo da outra Senhora.
Frederique da Silva Pinto era o proprietário do Palace
Hotel, que na época funcionava no segundo e terceiro piso do Palácio Tocha e era
um Hotel destinado à alta sociedade. Era um luxo pernoitar nele, sobretudo no
quarto em que se hospedou em 1860, o Rei D. Pedro V.
O rés-do-chão só tinha uma entrada, correspondente
hoje ao número 100-A do Largo D. José I, em Estremoz. Ainda
não tinha sido rasgada porta para o nº 100, onde funcionou o consultório do
dentista, Dr. Vieira da Luz, nem para o número 100B, onde na telenovela
Belmonte, supostamente funcionava a clínica veterinária da Drª Julieta
Milheiro. Nessa época funcionava no rés-do-chão esquerdo, a sede do Sindicato
Agrícola, fundado a 11 de Março de 1907 e antecessor do Grémio da Lavoura. A
direcção do Sindicato, que nesse ano de 1913 realizou em Estremoz uma exposição
de gado caprino, era constituída pelos Senhores Roberto Rafael Reynolds, Luís
Ferreira de Carvalho, José de Matos Cortes, Joaquim José de Almeida Caramelo e
António Sampaio de Sousa Maldonado. A vida do Sindicato teve altos e baixos até
que em 1 de Agosto de 1941, passou a integrar a Organização Corporativa da
Agricultura, com a designação de Grémio da Lavoura.
Em 1913 estava-se no final da Belle Époque,
caracterizada por inovações tecnológicas como o automóvel. Frente ao Palácio
Tocha vê-se estacionada uma “Dona Elvira” da época, no sentido contrário àquele
em que se fazem actualmente o estacionamento e a progressão do trânsito. Na
época e de acordo com a imagem da Fig. 2, os trens puxados a cavalo coexistiam
com os automóveis que estacionavam frente ao Palace Hotel, à semelhança do que
com o beneplácito das autoridades, acontece ainda hoje nalgumas artérias da cidade.
De salientar que na época, ainda não estava murado o chamado Jardim Eng. José Rodrigues Tocha, levantado pelo proprietário no largo fronteiro. Este começou por se chamar Rossio de São Brás e tem conhecido ao sabor das circunstâncias, designações como Largo D. José I, Largo General Graça e Largo Dragões de Olivença
BIBLIOGRAFIA
[1] - CRESPO, Marques. Estremoz e o seu Termo Regional. Edição do autor. Estremoz, 1950.
[2] – ESPANCA, Túlio. Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Évora. Concelhos de
Arraiolos, Estremoz, Montemor-o-Novo, Mora e Vendas Novas. I volume.
Academia Nacional de Belas Artes. Lisboa, 1975.
Fig. 2 – PALÁCIO
TOCHA NO INÍCIO DO SÉCULO XX.
Bilhete-postal ilustrado de editor desconhecido.
Colecção do autor.
Fig. 3 – JARDIM DO PALÁCIO TOCHA NO INÍCIO DO SÉCULO XX.
FREDERIQUE DA SILVA PINTO E FAMÍLIA.
FREDERIQUE DA SILVA PINTO E FAMÍLIA.
Bilhete-postal ilustrado de editor desconhecido.
Colecção do autor.
O Tocha nunca foi proprietário do Palácio. Na época era propriedade da família Reynolds, a quem o Eng. Tocha pagava 100 mil reis anuais pelo arrendamento. Penso também que o Palace Hotel seria explorado pelo Frederique da Silva Pinto (que também nunca foi propriedade deste).
ResponderEliminarPost muito bom. Abraço.
Caro Anónimo:
EliminarEnquanto fonte documental, o bilhete-postal ilustrado apresenta no rosto, as legendas “ESTREMOZ - Palace Hotel” e “Proprietário – Frederique da Silva Pinto”, confirmada pela assunção da condição de proprietário do Hotel, ao subscrever o bilhete-postal ilustrado, conforme costa no verso, o qual me abstive de reproduzir, mas que cito.
Também a obra de Túlio Espanca citada na Bibliografia, refere o Engº José Rodrigues Tocha, como proprietário do imóvel. A essa fonte recorri, daí a informação que presto ao público.
Creio que Hugo Guerreiro, Director do Museu Municipal, que redigiu em tempos um trabalho sobre o Engº José Rodrigues Tocha, possa fundamentar ou não a fonte a que recorri.
Os meus melhores cumprimentos.
Palace Hotel...Jóia da arquitectura e da história do turismo em Estremoz,no Alentejo e...em Portugal.
ResponderEliminarO turismo é uma das mais-valias, nacionais e internacionais para mudar o rumo da sociedade actual, substituindo os mercados e o consumismo de um consumo que nada acrescenta a felicidade do ser humano.
...
E o turismo não é apenas e só no que se transformou. ... Ou seu aproveitamento mercantil, desvirtua a finalidade da sua filosofia que na sua essência é uma actividade para fruir os tempos livres, conhecendo,participando e vivendo a natureza,o património,a cultura e o convívio e amizade com os povos que visitam e os que são visitados..
...
Estamos num tempo de mudanças politicas,económicas sociais e culturais onde a criatividade e o empreendedorismo não necessitam de leis, porque dependem de cada um de nós, numa organização de interesses colectivos....
E a nossa cidade,tem história,tem património,tem paisagens,tem acessos,tem uma geografia privilegiada nas ligações com o...mundo.
E, tem também os estremocenses e as novas gerações que...não sejam obrigadas, como muitos de nós fomos...somos emigrante e imigrantes.
Um abraço com saudades da minha/nossa cidade.
Domingos Xarepe
Domingos:
EliminarAgradeço o teu comentário como prestigiado técnico de Turismo e, naturalmente, como Amigo.
Um grande abraço para ti.