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quinta-feira, 5 de junho de 2025

Carlos Alberto Alves e a Música Popular Alentejana



Tocadora de adufe

Bonecos de Estremoz de Carlos Alberto Alves.
Pintura de Cristina Malaquias.
Colecção Hernãni Matos

Em comunicação datada de 1998 (*), demonstrei que pela sua paisagem própria, pelo carácter do povo alentejano, pelo trajo popular, pela gastronomia, pela arte popular, pelo cancioneiro popular, pelo cante, pela música popular, pela casa tradicional, o Alentejo é uma região com uma identidade cultural própria.

No caso muito particular da música popular alentejana, também os executantes e os instrumentos musicais populares alentejanos, são parte integrante da identidade cultural alentejana, a qual urge preservar e valorizar enquanto memória do povo.

Etno-musicólogos como Michel Giacometti e Fernando Lopes Graça calcorrearam os campos do Alentejo nos anos 60 do século passado e efectuaram o registo etno-musical da região.

Conhecedor deste registo e daqueles que nele participaram, entre eles o seu tio Aníbal Falcato Alves, o barrista Carlos Alberto Alves, no mais estrito respeito pela técnica de produção e pela estética do Boneco de Estremoz, criou um conjunto de figuras sob a epígrafe MÚSICA POPULAR ALENTEJANA, o qual incorpora os tocadores dos seguintes instrumentos musicais populares alentejanos: adufe, bombo, cana aberta, cântaro, ferrinhos, harmónio, reco-reco, ronca, tambor, tamboril, trancanholas e viola campaniça. Com esta criação procura homenagear todos aqueles que contribuíram para o registo etno-musical do Alentejo.

Felicito o barrista pela qualidade do seu trabalho e pela iniciativa de criar estas figuras, a qual além de louvável é simultaneamente uma forma de afirmação pessoal que constitui mais um passo importante na consolidação da sua carreira como barrista.

HernânMatos

(*) - “A necessidade da criação da Região Administrativa do Alentejo” no Encontro promovido pelo Movimento “Alentejo – Sim à Regionalização por Portugal”. Estremoz, Junta de Freguesia de Santa Maria, 24 de Outubro de 1998.



Tocador de bombo

Tocador de cana rachada

Tocador de cântaro

Tocador de ferrinhos

Tocador de harmónio

Tocador de reque-reque

Tocador de ronca

Tocador de tambor

Tamborileiro

Tocador de tracanholas

Tocador  de viola campaniça.

quarta-feira, 21 de maio de 2025

Assobios de se lhes tirar o chapéu


Pucarinho enfeitado (assobio)

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Desde 2019 que venho acompanhando o trabalho da barrista Inocência Lopes e a ele me tenho referido nos meus escritos. Daí que possa afirmar que o mesmo se pauta por um estrito respeito pela técnica de produção e pela estética do Boneco de Estremoz. É, de resto, um trabalho revelador duma busca incessante de perfeição e de um caminho muito próprio.

A barrista, dotada de forte personalidade artística, tem-se afirmado através de um estilo pessoal, caracterizado por marcas identitárias diferenciadoras que a distinguem dos demais barristas.

A minha colecção integrava até agora apenas três trabalhos seus, correspondentes a temas que me são gratos: “Ceifeira”, “Primavera” e “Amor é cego”.  A eles se vieram juntar recentemente quatros assobios: “Pucarinho enfeitado”, “Candelabro enfeitado”, “Terrina enfeitada” e “Arco enfeitado”, encomendados há um ano atrás, no acto inaugural da sua exposição no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz. Tal facto é revelador de que a barrista “não tem mãos a medir”, o que muito me congratula, por confirmar o reconhecimento público do trabalho da barrista.

Os assobios criados por Inocência Lopes, constituem uma verdadeira mudança de paradigma. Na verdade, os assobios de barro vermelho de Estremoz integravam até então na sua decoração uma figura zoomórfica, antropomórfica ou mista. Com Inocência Lopes, os assobios passam também a incorporar espécimes de olaria enfeitada como elementos decorativos. Trata-se de uma inovação visualmente harmoniosa, que eu aplaudi e subscrevi, assim que se tornou conhecida.

Com tais criações a barrística de Estremoz ficou mais rica e a barrista prestou uma singela homenagem às bonequeiras de setecentos que estiveram na criação das peças de olaria enfeitada.

Bem-haja, Inocência Lopes. Estamos todos de parabéns.

Hernâni Matos


Candelabro enfeitado (assobio)

Terrina enfeitada (assobio)

Arco enfeitado (assobio)

sábado, 26 de abril de 2025

Os assobios de Jorge Carrapiço


Jorge Carrapiço (1968 -  ) a pintar um assobio. Fotografia de Mário Tiago.

Ao barrista Jorge Carrapiço dedico
esta estrofe de quatro versos heptasilábicos
de rima alternada:

De aspecto belo e bizarro,
pois um barrista o compôs,
foi modelado com barro,
o assobio de Estremoz.


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Preâmbulo
Os assobios são Bonecos de Estremoz com morfologia e funcionalidade muito próprias, apenas superados na sua pequenez pelos ganchos de meia. Sob um ponto de vista morfológico são habitualmente classificados em zoomórficos[1], antropomórficos[2] e compostos[3]. Pela sua funcionalidade os apitos são simultaneamente instrumentos musicais e brinquedos.

Encomenda
De há uns tempos a esta parte que tenho encomendado Bonecos de Estremoz ao barrista Jorge Carrapiço, bisneto de Ana das Peles, a quem consegui motivar e incentivar a modelar ao modo de Estremoz.
A mais recente encomenda foi constituída por assobios, para os quais lhe facultei como documentação, imagens de assobios produzidos por Ana das Peles pertencentes à minha colecção, bem como a outras, como é o caso da do Museu Nacional de Etnologia, que inclui também exemplares anteriores aos executados por aquela barrista.
Por diversas vezes me encontrei com Jorge Carrapiço, antes de este ter começado a dar resposta à minha solicitação. Foram conversas abertas e fugazes, com o tempo a passar sem se dar por ele. Todas elas focalizadas nas imagens que lhe forneci, visando a execução de assobios inspirados em modelos antigos. Acabámos por acordar um certo número de características a conferir aos assobios, as quais descrevo seguidamente.

Geometria das bases e dimensões das figuras
FIGURAS ZOOMÓRFICAS: Base ovóide com cerca de 5 cm de largura e 7 cm de comprimento, incluindo o tubo de sopro. Altura de cerca de 13 cm nos galináceos e 10 cm nos columbídeos. FIGURAS ANTROPOMÓRFICAS: Base ovóide com cerca de 5 cm de largura e 7 cm de comprimento, incluindo o tubo de sopro. Altura de cerca de 14 cm. FIGURAS COMPOSTAS: Base rectangular (3,5 cm x 5,5 cm). Altura até ao lombo do animal de cerca de 6 cm e altura total de cerca de 14 cm.

Modelação
Modelação simplificada[4], pelo que certos elementos das figuras, em vez de serem modelados são pintados. Galos sempre peitudos, com crista e barbela de galo e de pescoço levantado com ar dominador, como se estivessem a cantar. Galinhas menos corpulentas que os galos, mas mais gordas porque estão chocas, com crista e barbela mais pequenas que as dos galos e sem a cabeça levantada como eles. Pombas com perfil e tipo de cauda bem definido. Cavalos com focinho e cascos de tipo uniforme. Cestos de forma tronco-cónica pouco pronunciada.
Tubo de sopro cortado na vertical na extremidade. Furação do tubo de sopro de acordo com desenho esquemático elaborado pelo barrista Jorge da Conceição.

Assentamento das figuras nas bases
Nos assobios zoomórficos e antropomórficos, figuras assentes sensivelmente próximas do bordo situado no lado oposto ao tubo de sopro. Nas figuras compostas, os cascos das montadas assentes na proximidade dos vértices da base rectangular.
Figuras sempre viradas para o lado oposto do tubo de sopro, de modo que a sua parte frontal esteja virada para os ouvintes e a parte traseira para o apitador.

Decoração
À semelhança da modelação, decoração também simplificada[5]. Bases com fundo branco, pintalgadas com pintas verdes bandeira e vermelhas[6], de forma irregular e espaçadas[7], que além de decorarem a base, embelezam o conjunto. Extremidade do tubo de sopro não pintada, permanecendo na cor do barro.

Envernizamento
Utilização de verniz mate.

Balanço final
O trabalho desenvolvido pelo barrista Jorge Carrapiço na satisfação da encomenda por mim feita, foi um contributo muito válido no sentido da recuperação do cunho popular dos assobios de barro de Estremoz. Na verdade, a sua produção nos últimos anos tem sido caracterizada por uma modelação e uma decoração cada vez mais elaboradas, as quais distorceram a funcionalidade daquilo que devia ser um brinquedo e um instrumento musical e passou a ser simplesmente um objecto decorativo.


[1] Galo, Galo no disco, Galo no poste, Galo no tronco com rebentos, Galo na árvore, Galo no pinheiro, Galo no arco, Galo no poleiro, Cesto de ovos, Cesto de ovos com asa, Cesto de ovos com arco, Galinha no choco em cesto, Galinha no choco em cesto com asa, Galinha no choco em cesto com arco, Pomba, Pomba no disco, Pomba no tronco, Pomba no pinheiro, Pomba no choco em cesto, Pomba no choco em cesto com asa, Pomba no choco em cesto com arco. 
[2] Senhora de pezinhos, Peralta, Sargento.
[3] Amazona, Peralta a cavalo, Sargento a cavalo.
[4] Historicamente os assobios eram utilizados sobretudo por crianças, pelo que sendo fáceis de partir, tinham de ser repostos, daí que a sua produção não devia ser onerosa, o que exigia simplificação da produção.
[5] Idem.
[6] Optou-se por pintas verdes e vermelhas, não só por estarem patentes em exemplares de apitos antigos, mas também por serem marcas de portuguesismo, já que o verde e o vermelho são cores da bandeira portuguesa, as quais simbolizam a esperança e a coragem do povo português.
[7] As pintas, através das suas cores, regularidade e distribuição, contribuem para a identificação do autor dum assobio. 

Publicado inicialmente em 26 de Abril de 2021

Galo.

Galo no disco.

Galo no tronco.

Galo no tronco com rebentos.

Galo na árvore.

Galo no pinheiro - 1.

Galo no pinheiro - 2

Galo no arco.

Galo no poleiro.

Cesto de ovos.


Cesto de ovos com asa.

Cesto de ovos com arco.

Galinha no choco em cesto.

Galinha no choco em cesto com asa.

Galinha no choco em cesto com arco.

Pomba.

Pomba no disco.

Pomba no tronco.

Pomba no pinheiro.

Pomba no choco em cesto.

Pomba no choco em cesto com asa.

Pomba no choco em cesto com arco.

Senhora de pezinhos.

Peralta.

Sargento.

Amazona.

Peralta a cavalo.

Sargento.

quarta-feira, 15 de janeiro de 2025

João de Sousa Carvalho


João de Sousa Carvalho, filho de Paulo de Carvalho e de Ana Maria Angelica, nasceu em Estremoz no dia 22 de Fevereiro de 1745. Começou os estudos musicais aos oito anos, no Colégio dos Santos Reis Magos, em Vila Viçosa. Protegido pelo rei D. José I, aos quinze anos é enviado para Itália por este monarca com o objectivo de se aperfeiçoar na arte dos sons. Aí ingressa no Conservatório de Santo Onofre de Capuana, em Nápoles. Terá tido como mestres, Nicollo Porpora, Carlo Cotumacci e Joseph Dol e contacto com músicos como Paisiello, Piccini e Cimarosa, e com as tendências do classicismo europeu.
Regressa a Portugal em 1767, ocupando primeiro o lugar de professor de contraponto e mais tarde, o de mestre de capela no Seminário da Patriarcal, em Lisboa. Aí teve como discípulos António Leal Moreira, Marcos Portugal, João José Baldi, João Domingos Bomtempo e o cantor e compositor italiano Giuseppe Toti.
Em 1778, João de Sousa Carvalho é nomeado professor de Música da Corte e passa a residir no Palácio Velho da Ajuda. Bem remunerado e casado rico em 1783, leva uma vida desafogada que lhe permite comprar propriedades no Alentejo e no Algarve.
A produção musical autenticada de João de Sousa Carvalho distribui-se por três grandes grupos: Música Dramática, Música Sacra e Música Profana não Dramática.
A Música Dramática é constituída por dezasseis obras: cinco óperas, dez serenatas e uma cantata.
A Música Sacra constas de três hinos Te Deum mais duas árias, sete missas, quatro salmos, uma oratória e um motete.
A Música Profana consta de árias, bem como um dueto e uma cavatina, uma modinha e uma sonata.
Protagonista no triunfo da música italiana em Portugal, a linguagem de João de Sousa Carvalho não abdica de um certo gosto genuinamente lusitano. Da sua vasta produção destacam-se as óperas l'Amore Industrioso (1769), Testoride Argonauta (1780), bem como as serenatas Perseo (1779) e Penelope nella partenza da Sparta (1782).
João de Sousa Carvalho terá falecido entre as Quaresmas de 1799 e 1800, provavelmente no Alentejo.
João de Sousa Carvalho foi sem dúvida um dos maiores compositores de toda a história da música portuguesa e um filho ilustre de que a cidade de Estremoz muito justamente se orgulha.
Com a Mostra Filatélica de Homenagem a João de Sousa Carvalho terminou o ciclo das Comemorações do 250º Aniversário do Nascimento do insigne músico, que iniciadas em 1995 se prolongaram até 1996. Estas comemorações da responsabilidade da Câmara Municipal de Estremoz e dinamizadas pelo então vereador do Pelouro da Cultura, José Varge, contaram com o apoio de uma Comissão Executiva da qual a Associação Filatélica Alentejana fez parte.

Publicado inicialmente em 11 de Setembro de 2012


Bilhete postal comemorativo dos 250 Anos do Nascimento de João de Sousa Carvalho,
emitido pelos Correios de Portugal, em 27/3/1995. Obliteração comemorativa de
  Estremoz  da Homenagem a Sousa Carvalho, do dia 15/12/1996.
Enviado sob registo pelo Maestro António Vitorino de Almeida a Hernâni Matos.
  Verso do bilhete postal anterior com uma passagem duma composição de
Sousa Carvalho, transcrita pelo punho do maestro António Vitorino de Almeida.

João de Sousa Carvalho (1745-1798):
Stellae in caelis obscurantur

sexta-feira, 1 de novembro de 2024

CONCERTO DOS UHF – A heroína ali foi a música

 

UHF - Capa do album À FLOR DA PELE (1981)


CONCERTO DOS UHF – A heroína ali foi a música [1]

Crónica rock [2] ou talvez não, por Hernâni Matos

 

Crónica publicada no jornal
Brados do Alentejo nº48 (3ª série),
de 25 de Setembro de 1981


Uma viola baixo, uma viola ritmo e uma bateria poderão não fazer uma orquestra. Fazem, porém, um concerto de rock. Que o digam a meia bancada e o terço de ringue que no passado dia 18 de Setembro [3], na Esplanada Parque em Estremoz, assistiram ao concerto dos UHF.

Amplificador que difunde vibrações, volts transformados em decibéis, poluição sonora estandardizada dum conjunto desfalcado dum vocalista que é também viola ritmo.

Montanhas de amplificadores e um aparato de projectores verde-laranja-branco, verde-laranja-branco, verde-… Poça que já me doía a vista.

Corpo forrado de jeans, camisetes e ténis. Homens programados, gestos computorizados, corpos electrificados geradores de música. E nas convoluções epilépticas, violas tricotam música que as malhas que o som tece lá vão aquecendo a malta. É preciso é conjugar o verbo pular.

Embora se vissem senhoras em traje de passeio, predominava a juventude, que o rock não liga com o reumático. Havia tipos exóticos, cabelos à Black Power, rapazes tipo West Side com Marias para todos os paladares. Havia também uma bebedeira com um lenço ao pescoço e um chapéu à 3 mosqueteiros, enfiado num pau de virar tripas. É que estas coisas têm os seus próprios regulamentos e a malta tem de ir fardada a rigor.

Ambiente morno, que em Estremoz nada pega. Um palco decorado com barreiras e uma mão cheia de PSP´s e PE’s que não chegaram a fazer falta, que não houve problemas com a malta. Oh, meu! Ainda dizem que a juventude é violenta!

Na escuridão, beijos generosos que se dão e óculos escuros que se tiram, pois à noite todos os gatos são pardos.

Os cigarros que tremulam são os novos pirilampos da sociedade de consumo.

Há quem deambule por aqui e por ali e há quem beba cerveja, que o escuro não mata a sede.

As coisas aqueceram aí pelo “Modelo Fotográfico”, não percebemos se vestido se despido, que por essa altura os tímpanos já tinham pifado. O quê? Queres um fósforo? Toma lá pá! Não tens de quê!

Com o “Cavalo de Corrida” atingiu-se o auge da morneza, com a malta de braços erguidos como quem protesta contra o preço da carne, o que não era o caso, pois ali todos tinham ido ao concerto por sua livre vontade.

Quanto à encenação, aquilo tava uma maravilha, pá! Era a gaja da saia transparente que tirava fotografias à contraluz e foi o blusão despido aí por alturas do “Cavalo de Corrida”, que era p’ra a gente acreditar que aquilo estava mesmo a aquecer. E até deu p’ra haver publicidade, que um sumo que se bebe no palco é sede comercial que é preciso promover.

Vale tudo menos tirar olhos. Não pensava isto quem no outro dia ia tirando um ao António Manuel Ribeiro (vocalista - viola ritmo), pois estava acompanhando o rock ao ritmo da fisga. Aquilo de colcheias e projecteis à mistura não resultou e o Tó Manel ia ficando como o Luís Vaz, vulgo Camões.

Isqueiros que se se acendem aqui e ali nos braços erguidos ao alto, como quem paga uma promessa a Fátima.

E eis que um fogo de artifício cria a apoteose que os espectáculos devem apresentar no fim. E aqui houve encenação de pormenor na cor cardinalícia que conferiu a solenidade que a apoteose precisava ter.  E no momento em que termina o concerto, os músicos erguem as violas bem alto, como um sacerdote num templo ao proceder à consagração da hóstia.

Música que se extingue, artifício de fogo que se acaba. Resta o fumo que o vento acaba por levar. E com aquela nuvem passageira, os músicos saem pela esquerda baixa para logo de seguida, numa semi-escuridão e com blusas trocadas entre si por questões de segurança, irem direitinhos à cozinha do bufete. A traça não perdoa. É preciso encher a mula, pá!

Uma hora de espectáculo. 13 composições, 85 contos de cachet. Nada mau. E o “Estremoz”[4]? Terá reforçado a verba ou averbado o esforço?

E é isto o rock. Rock à Portuguesa, pois claro!

Quando tiver um puto, hei de lhe dizer:

- Porta-te bem ou levo-te ao rock!

 Hernâni Matos

[1] Concerto realizado pelos UHF no ringue da Esplanada Parque em Estremoz, no dia 18 de Setembro de 1981.
[2] Crónica publicada no jornal Brados do Alentejo nº48 (3ª série), de 25 de Setembro de 1981.
[3] De 1981.
[4] Clube Futebol Estremoz.

sábado, 19 de fevereiro de 2022

Exposição Biográfica de Tomaz Alcaide

 


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Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 16 de Fevereiro de 2022.


De 19 de fevereiro a 27 de março de 2022 vai estar patente, no Teatro Bernardim Ribeiro, a exposição biográfica de Tomaz Alcaide.
Esta exposição é uma compilação de documentos e memórias que traduzem a importância do tenor estremocense, que foi aplaudido de pé nos melhores teatros do mundo.
Segundo um facto narrado pelo Diretor da Orquestra da Ópera de Paris ao senhor Professor Artur Trindade e que vem descrito no Jornal “Brados do Alentejo”, de 19 de maio de 1940, “O público, que não o conhecia ainda, desgostou-se. Alcaide entrou em cena, com o teatro a abarrotar de gente.
Houve sussurros, arrastar de pés e outras precipitadas manifestações de descontentamento. Mas o nosso compatriota, impõe-se, cria, com a sua presença e a sua arte divina, um ascendente imperativo sôbre o público de Paris; e com tal galhardia se houve que, no fim do 2º acto, aquêle mesmo público descontente, se ergueu num delírio que eu nunca saberia descrever, e que foi uma das maiores apoteoses com que terá sido festejado um artista lírico.”.
Em 2011 o Município de Estremoz entregou-lhe o título de Cidadão Honorário e a Medalha de Ouro da Cidade, no dia em que depositou as suas cinzas no monumento erguido em sua homenagem, junto à casa onde nasceu, a 16 de fevereiro de 1901, data que, 121 anos depois, é motivo para mais uma exposição e mais uma cerimónia de deposição de cinzas, desta vez, da sua esposa Asta-Rose Alcaide.
Visite a exposição do homem que correu o mundo, mas que nunca abdicou da terra que o viu nascer, palavras do próprio publicadas numa nota num livro autobiográfico que publicou em 1961 chamado “Tomaz Alcaide - um cantor no palco e na vida”: “… Deus fez-me nascer em Portugal e por nada deste mundo renegaria a minha pátria.”.
Hernâni Matos