domingo, 24 de agosto de 2025
Berço com bébé, assobio de Maria Luísa da Conceição
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
Assobios devocionais
Colecção Hernãni Matos.
segunda-feira, 18 de agosto de 2025
Todo o mundo é composto de mudança
quarta-feira, 23 de julho de 2025
Assobios de Jorge da Conceição
quinta-feira, 5 de junho de 2025
Carlos Alberto Alves e a Música Popular Alentejana
Pintura de Cristina Malaquias.
Colecção Hernãni Matos
Em comunicação datada de 1998 (*), demonstrei que pela sua paisagem própria, pelo carácter do povo alentejano, pelo trajo popular, pela gastronomia, pela arte popular, pelo cancioneiro popular, pelo cante, pela música popular, pela casa tradicional, o Alentejo é uma região com uma identidade cultural própria.
No caso muito particular da
música popular alentejana, também os executantes e os instrumentos musicais
populares alentejanos, são parte integrante da identidade cultural alentejana,
a qual urge preservar e valorizar enquanto memória do povo.
Etno-musicólogos como Michel
Giacometti e Fernando Lopes Graça calcorrearam os campos do Alentejo nos anos
60 do século passado e efectuaram o registo etno-musical da região.
Conhecedor deste registo e daqueles que nele participaram, entre eles o seu tio Aníbal Falcato Alves, o barrista Carlos Alberto Alves, no mais estrito respeito pela técnica de produção e pela estética do Boneco de Estremoz, criou um conjunto de figuras sob a epígrafe MÚSICA POPULAR ALENTEJANA, o qual incorpora os tocadores dos seguintes instrumentos musicais populares alentejanos: adufe, pandeireta, bombo, tambor, ronca, cana rachada, cântaro, udu, ferrinhos, reque-reque, tamboril, trancanholas, castanholas, chocalho, guizos, flauta, viola campaniça e harmónio. Com esta criação procura homenagear todos aqueles que contribuíram para o registo etno-musical do Alentejo.
Felicito o barrista pela qualidade do seu trabalho e pela iniciativa de criar estas figuras, a qual além de louvável é simultaneamente uma forma de afirmação pessoal que constitui
mais um passo importante na consolidação da sua carreira como barrista.
Hernâni Matos
(*) - “A necessidade da criação da Região Administrativa
do Alentejo” no Encontro promovido pelo Movimento “Alentejo – Sim à
Regionalização por Portugal”. Estremoz, Junta de Freguesia de Santa Maria, 24
de Outubro de 1998.
quarta-feira, 21 de maio de 2025
Assobios de se lhes tirar o chapéu
Desde 2019 que venho acompanhando
o trabalho da barrista Inocência Lopes e a ele me tenho referido nos meus
escritos. Daí que possa afirmar que o mesmo se pauta por um estrito respeito pela
técnica de produção e pela estética do Boneco de Estremoz. É, de resto, um
trabalho revelador duma busca incessante de perfeição e de um caminho muito próprio.
A barrista, dotada de forte
personalidade artística, tem-se afirmado através de um estilo pessoal, caracterizado
por marcas identitárias diferenciadoras que a distinguem dos demais barristas.
A minha colecção integrava até
agora apenas três trabalhos seus, correspondentes a temas que me são gratos: “Ceifeira”,
“Primavera” e “Amor é cego”. A eles se
vieram juntar recentemente quatros assobios: “Pucarinho enfeitado”, “Candelabro
enfeitado”, “Terrina enfeitada” e “Arco enfeitado”, encomendados há um ano
atrás, no acto inaugural da sua exposição no Centro Interpretativo do Boneco de
Estremoz. Tal facto é revelador de que a barrista “não tem mãos a medir”, o que
muito me congratula, por confirmar o reconhecimento público do trabalho da
barrista.
Os assobios criados por Inocência
Lopes, constituem uma verdadeira mudança de paradigma. Na verdade, os assobios
de barro vermelho de Estremoz integravam até então na sua decoração uma figura
zoomórfica, antropomórfica ou mista. Com Inocência Lopes, os assobios passam
também a incorporar espécimes de olaria enfeitada como elementos decorativos.
Trata-se de uma inovação visualmente harmoniosa, que eu aplaudi e subscrevi,
assim que se tornou conhecida.
Com tais criações a barrística de
Estremoz ficou mais rica e a barrista prestou uma singela homenagem às
bonequeiras de setecentos que estiveram na criação das peças de olaria
enfeitada.
Bem-haja, Inocência Lopes.
Estamos todos de parabéns.
sexta-feira, 1 de novembro de 2024
CONCERTO DOS UHF – A heroína ali foi a música
CONCERTO DOS UHF – A
heroína ali foi a música [1]
Crónica rock [2] ou talvez não, por Hernâni Matos
Uma viola baixo, uma viola ritmo
e uma bateria poderão não fazer uma orquestra. Fazem, porém, um concerto de
rock. Que o digam a meia bancada e o terço de ringue que no passado dia 18 de Setembro [3],
na Esplanada Parque em Estremoz, assistiram ao concerto dos UHF.
Amplificador que difunde
vibrações, volts transformados em decibéis, poluição sonora estandardizada dum
conjunto desfalcado dum vocalista que é também viola ritmo.
Montanhas de amplificadores e um
aparato de projectores verde-laranja-branco, verde-laranja-branco, verde-… Poça
que já me doía a vista.
Corpo forrado de jeans, camisetes
e ténis. Homens programados, gestos computorizados, corpos electrificados
geradores de música. E nas convoluções epilépticas, violas tricotam música que
as malhas que o som tece lá vão aquecendo a malta. É preciso é conjugar o verbo
pular.
Embora se vissem senhoras em
traje de passeio, predominava a juventude, que o rock não liga com o reumático.
Havia tipos exóticos, cabelos à Black Power, rapazes tipo West Side com Marias
para todos os paladares. Havia também uma bebedeira com um lenço ao pescoço e
um chapéu à 3 mosqueteiros, enfiado num pau de virar tripas. É que estas coisas
têm os seus próprios regulamentos e a malta tem de ir fardada a rigor.
Ambiente morno, que em Estremoz
nada pega. Um palco decorado com barreiras e uma mão cheia de PSP´s e PE’s que
não chegaram a fazer falta, que não houve problemas com a malta. Oh, meu! Ainda
dizem que a juventude é violenta!
Na escuridão, beijos generosos
que se dão e óculos escuros que se tiram, pois à noite todos os gatos são
pardos.
Os cigarros que tremulam são os
novos pirilampos da sociedade de consumo.
Há quem deambule por aqui e por
ali e há quem beba cerveja, que o escuro não mata a sede.
As coisas aqueceram aí pelo “Modelo
Fotográfico”, não percebemos se vestido se despido, que por essa altura os
tímpanos já tinham pifado. O quê? Queres um fósforo? Toma lá pá! Não tens de quê!
Com o “Cavalo de Corrida”
atingiu-se o auge da morneza, com a malta de braços erguidos como quem protesta
contra o preço da carne, o que não era o caso, pois ali todos tinham ido ao
concerto por sua livre vontade.
Quanto à encenação, aquilo tava
uma maravilha, pá! Era a gaja da saia transparente que tirava fotografias à contraluz
e foi o blusão despido aí por alturas do “Cavalo de Corrida”, que era p’ra a
gente acreditar que aquilo estava mesmo a aquecer. E até deu p’ra haver
publicidade, que um sumo que se bebe no palco é sede comercial que é preciso
promover.
Vale tudo menos tirar olhos. Não
pensava isto quem no outro dia ia tirando um ao António Manuel Ribeiro (vocalista - viola ritmo),
pois estava acompanhando o rock ao ritmo da fisga. Aquilo de colcheias e projecteis
à mistura não resultou e o Tó Manel ia ficando como o Luís Vaz, vulgo Camões.
Isqueiros que se se acendem aqui
e ali nos braços erguidos ao alto, como quem paga uma promessa a Fátima.
E eis que um fogo de artifício
cria a apoteose que os espectáculos devem apresentar no fim. E aqui houve
encenação de pormenor na cor cardinalícia que conferiu a solenidade que a
apoteose precisava ter. E no momento em
que termina o concerto, os músicos erguem as violas bem alto, como um sacerdote
num templo ao proceder à consagração da hóstia.
Música que se extingue, artifício
de fogo que se acaba. Resta o fumo que o vento acaba por levar. E com aquela
nuvem passageira, os músicos saem pela esquerda baixa para logo de seguida,
numa semi-escuridão e com blusas trocadas entre si por questões de segurança,
irem direitinhos à cozinha do bufete. A traça não perdoa. É preciso encher a
mula, pá!
Uma hora de espectáculo. 13 composições,
85 contos de cachet. Nada mau. E o “Estremoz”[4]?
Terá reforçado a verba ou averbado o esforço?
E é isto o rock. Rock à Portuguesa,
pois claro!
Quando tiver um puto, hei de lhe
dizer:
- Porta-te bem ou levo-te ao
rock!
sábado, 19 de fevereiro de 2022
Exposição Biográfica de Tomaz Alcaide
sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022
Cerimónia de deposição de cinzas de Asta-Rose Alcaide
segunda-feira, 16 de agosto de 2021
A Banda de Música de Jorge Carrapiço
Estremoz e as Bandas de Música






























































