Tenho
o coleccionismo na massa do sangue. Sou geneticamente um coleccionador e
cumulativamente um contador de estórias, não só de estórias
reais, mas também das estórias que as coisas me contam sobre os segredos que a
sua existência encerra.
Ao
longo da minha vida de coleccionador reuni mais de 200 objectos oláricos de
diferentes tipologias, morfologias, funcionalidades e tamanhos, os quais têm
entre si um elo comum: foram produzidos pelas extintas olarias de Estremoz. São,
pois, memórias do passado. Ao reunir um acervo pessoal dessas peças, tornei-me,
eu próprio, um guardador de memórias.
Estas
memórias guardadas, conjuntamente com muitas outras memórias, integram a
chamada memória colectiva, a qual nos ajuda a construir e manter
a nossa identidade cultural e histórica, preservando tradições, valores e
experiências comuns.
É a
memória colectiva que nos permite aprender com os erros e sucessos do passado,
o que é essencial para o desenvolvimento e a evolução da sociedade.
Como
guardador de memórias, assumo-me como fiel guardião da nossa ancestral matriz
identitária, incumbido duma nobre missão: a de transmitir às novas gerações, a
importância e a riqueza da pluralidade do passado e das tradições do nosso
povo, para que elas tenham consciência de que urge resistir a uma globalização
castrante, que assimptoticamente procurará reduzir à chapa zero, as nossas
identidades culturais, a nível local, regional e nacional.
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