sábado, 3 de agosto de 2024

Alforge – Mercado das Velharias de Estremoz



Os burros usados outrora no transporte de carga podiam ser portadores de um “alforge”, faixa de tecido grosseiro com dois sacos nas extremidades, os quais ficavam dependurados de cada lado do animal, após o alforge se encontrar assente na “albarda”, sela grosseira cheia de palha que era aparelhada no dorso do animal.

O alforge aqui apresentado, fazia parte do recheio de um monte alentejano e foi confeccionado em tecido grosseiro com quadrados vermelhos e brancos. Encontra-se guarnecido à volta com um debrum branco e o topo dos sacos ostenta um recorte branco com um bordado cor-de-rosa. De cada uma das extremidades do saco pende uma borla cor-de-rosa.

Os sacos encontram-se monogramados com as letras “M” e “A, bordadas a linha cor-de-rosa, correspondentes decerto às iniciais do(a) proprietário(a) e cada uma das letras está ladeada por dois pés de uma flor indefinida, bordada a vermelho, cor-de-rosa e verde claro.

A decoração do alforge não faria sentido em exemplares usados no serviço diário, o que me leva a admitir que se destinava a ser usado apenas em dias festivos, como era o caso da “bênção do gado” pelo pároco da freguesia, tradição rural cuja origem se perde na memória dos tempos.

Hernâni Matos

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