Filipe Glória Silva. Pediatra.
A
recordação mais antiga que tenho do professor Hernâni Matos é das aulas de
Química, do 10.º ao 12.º ano. Homem de altura imponente e voz forte, um pouco
austero na primeira impressão, conseguia manter desde o início a ordem na sala
de aula e ganhava também o respeito dos alunos pela sua segurança no
conhecimento e no ensino das matérias. A convivência permitia também conhecer o
seu sentido de humor muito próprio. O programa de Química estava todo explicado
nos acetatos que projetava durante as aulas e que entregava para fotocopiar e
distribuir entre os alunos. Incentivava a prática de muitos exercícios, o que
era fundamental para a consolidação da aprendizagem.
Sempre
foi evidente o seu zelo pela organização e sistematização, fundamental para
viabilizar a disponibilidade de tempo para os seus muitos interesses para além
da ciência. Penso que a sua maior paixão na altura era a filatelia, mas muitos
interesses se foram juntando com um espírito persistente, minucioso, curioso,
irrequieto, ativista, resiliente, colecionador e empreendedor.
Quando
penso no professor Hernâni, não consigo deixar de pensar também na companheira
da sua vida, a professora Fátima, com o seu ar discreto e sereno. Diz-se que ao
lado de um grande homem, há sempre uma grande mulher. Será também aqui o caso
pelo seu cuidado com a família, persistência, resiliência, mostrando bonita
admiração pelos projetos do seu marido.
De
facto, o professor Hernâni tem feito um trabalho notável de recolha, reflexão,
promoção e preservação do património cultural português e, particularmente, da
cidade de Estremoz e da sua barrística. Fê-lo por diversos meios e iniciativas,
não ficando também de fora da revolução da internet com o seu blogue “Do tempo
da outra senhora” e página do Facebook. Enquanto filhos desta terra alentejana
e cidadãos portugueses, ficamos-lhe gratos por todo este trabalho e empenho.
Bem-haja, professor Hernâni.
Filipe Glória Silva
Lisboa, 14 de março de 2021
Sem comentários:
Enviar um comentário