"Estremoz terra d'encantos" numa imagem da novela Belmonte.
XX Encontro de Poetas Populares do Concelho de Estremoz
Integrado na XXI Cozinha dos Ganhões terá lugar pelas 15 horas de sábado, dia 30 de Novembro, o XX Encontro de Poetas Populares do Concelho de Estremoz. Atendendo ao impacto que a rodagem da novela Belmonte tem tido no nosso concelho e a projecção dada à cidade e seu termo a nível nacional, os poetas foram convidados a apresentar décimas tendo como mote a seguinte quadra de Hernâni Matos:
É de poetas a fonte,
Estremoz terra d’encantos,
Ond’a novela Belmonte
Revela os seus recantos.
A iniciativa é da Associação Filatélica Alentejana e conta com o apoio da Câmara Municipal de Estremoz.
O que é a Cozinha dos Ganhões
A Cozinha dos Ganhões é a Sé Catedral da Gastronomia do Sul, onde qualquer visitante é homenageado com a ancestralidade de sabores, odores e cores, que estimulam o palato, excitam o olfacto e regalam a vista. Ali poderá partilhar com os outros, o prazer da gastronomia alentejana, degustando os pratos definidores da nossa identidade cultural, assim como os vinhos, os queijos, os enchidos e a doçaria regional. Ali poderá apreciar e adquirir também peças dos melhores artesãos do concelho. Tudo isto justifica plenamente a sua visita. Cá o esperamos. E como dizia o Zeca Afonso “Traz outro amigo, também!”.
A Cozinha dos Ganhões nasceu de uma patuscada que juntou à mesma mesa Aníbal Alves, Armando Alves, Jacinto Varela, João Albardeiro e João Paulo Ferrão, entre outros, em Abril de 1985. O evento tomou o nome de Cozinha dos Ganhões e foi assumindo diversos figurinos e desenrolando-se em diversos espaços. Actualmente decorre no Pavilhão Multiusos de Estremoz.
O que eram os ganhões
Os "ganhões" eram assalariados agrícolas indiferenciados, que se ocupavam de tarefas como lavras, cavas, desmoitas, eiras, etc., com excepção de mondas, ceifas e gadanhas, que eram efectuadas por pessoal contratado sazonalmente pelos lavradores.
O conjunto dos ganhões era designado por "ganharia" ou "malta" e tinha por dormitório a chamada "casa da ganharia " ou "casa da malta", casa ampla que podia acomodar vinte a trinta homens, em tarimbas improvisadas ao longo das paredes.
No monte, as refeições da ganharia tinham lugar na chamada “cozinha dos ganhões”. Aí se sentavam em burros dispostos ao longo de uma mesa comprida e estreita. A cozinha dispunha igualmente de uma lareira espaçosa onde se podia cozinhar em panelas de ferro. A comida era bastante frugal: açorda acompanhada com azeitonas, olha com batatas e hortaliças, sopas de cebola acompanhadas com azeitonas, olha de legumes com toucinho e morcela ou badana, gaspacho acompanhado com azeitonas ou batatas cozidas temperadas com azeite e vinagre.
A Poesia Popular
Desde sempre, o povo produziu poesia, sobretudo em contexto de trabalho, os trabalhadores rurais em tarefas de grupo, cíclicas e sazonais, como as lavras, as mondas, as ceifas, a apanha da azeitona, a vindima ou a tiragem da cortiça. O mesmo se passava com os pastores na solidão da sua vida de nómadas. E criaram sobretudo décimas e quadras que registaram no livro vivo da sua memória, pois muitos nem sequer sabiam ler. Mas, a Poesia Popular não é só passado. É presente e deve ser sobretudo Futuro. Em boa hora a Associação Filatélica Alentejana, convidou 15 poetas populares a participarem no XX Encontro de Poetas Populares do Concelho de Estremoz. Foram eles: Altino Carriço (Rio de Moinhos), António Canoa (São Lourenço), Aurélio Buinho (São Bento do Cortiço), Constantina Babau (Estremoz), Fernando Máximo (Avis), Gertrudes Dias (São Bento do Cortiço), Joaquim Gavião (São Bento do Ameixial), Joaquim Lima (Évora Monte), José das Mercês (Bencatel), José Máximo (Avis), Manuel Geadas (Rio de Moinhos), Manuel Gomes (Arcos), Manuel Sarrachino (Rio de Moinhos), Mateus Maçaneiro (Estremoz) e Renato Valadeiro (Arcos).
Como cada um deles tem a sua experiência de vida, que os levou a glosar o mote de modo diferente, o que naturalmente é enriquecedor, ficaremos decerto com uma visão multifacetada das inter-relações entre a novela Belmonte e “Estremoz terra d’encantos”.
Acompanho a novela, pelos artistas mas, acima de tudo, pelas paisagens, porque é de Portugal e mostra regiões ao mundo que muitos nem imaginavam existir!
ResponderEliminarSaibamos honrar o que é de Portugal e dos Portugueses. Parabéns pela iniciativa e pelo poema.
Já que falo em poesia, gostaria de referir um livro muito curioso e de que gosto muito de Modesto Navarro e que se intitula Poetas Populares Alentejanos. Vale a pena ler.
Menina Marota:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Conhecemos e possuimos essa antologia e também gostamos.
Os nossos cumprimentos.