Santa Catarina de Alexandria.
Maria Luísa da Conceição (1934-2015).
Colecção particular.
De acordo com a lenda, Catarina era filha do rei
Costes de Alexandria, cidade onde nasceu no ano de 288. Após a morte do pai, emigrou
com a mãe para a Cilícia e converteu-se ao cristianismo, sendo instruída na fé
cristã por um eremita de nome Ananias, que a baptizou e lhe prometeu o mais
formoso dos noivos.
Aos 12 anos teve um sonho no qual lhe apareceu o
menino Jesus nos braços da Virgem e que lhe disse que ela seria a sua noiva e
que não deveria entregar-se a nenhum homem. Colocou-lhe então no dedo, o anel
de casamento, que ela descobriu ao acordar.
Catarina estudou filosofia, teologia e outras
ciências, sendo dotada de uma inteligência superior e de singular beleza.
Nessa época, Maximino II, Imperador de Alexandria,
perseguia os cristãos. Catarina, então com 17 anos, censurou o opressor pela
sua crueldade e procurou convencê-lo a abandonar o culto pagão. Incapaz
de refutar os argumentos da jovem, o imperador mandou chamar cinquenta
filósofos para discutirem com ela. No confronto verbal, ela conseguiu demolir
os seus argumentos e convertê-los ao cristianismo, pelo que foram mandados
queimar vivos pelo déspota.
Surpreendido com o êxito da jovem e encantado pela
sua beleza, o imperador procurou ganhar a sua simpatia, visando levá-la a
abandonar o cristianismo. Para tal, prometeu elevá-la à dignidade de Imperatriz,
o que ela rejeitou, visto que estava casada misticamente com Jesus. Foi então
encarcerada e alvo de flagelações e de privações. Na prisão recebeu a visita da
Imperatriz, acompanhada de escolta militar, tendo-se convertido todos ao cristianismo.
Tal circunstância reforçou a fúria do tirano, que ordenou que Catarina fosse
colocada sobre uma roda com lâminas cortantes e ferros pontiagudos. Quando lhe
tocou, a roda desconjuntou-se e ela saiu ilesa, enquanto que alguns dos
espectadores foram mortos por fagulhas, o que causou espanto entre os presentes
e determinou a conversão de alguns.
Maximino deu então ordem para que Catarina fosse
decapitada no dia 25 de Novembro de 307. A jovem recebeu alegremente a sentença,
louvando o dia que lhe ia proporcionar a maior das venturas: a união com Jesus. Ainda
segundo a lenda, quando lhe cortaram a cabeça, em vez de sangue, jorrou leite.
Por ter sido torturada na roda, é padroeira de
todos os que trabalham com rodas: oleiros, torneiros, amoladores, carpinteiros
e curtidores. Pela sua sabedoria, é invocada como protectora por estudantes e
intelectuais. É também padroeira das mães que desejam ter leite para amamentar os
filhos. Os seus atributos são a roda de tortura, a palma de mártir, a
espada, o anel e o livro. A sua festa litúrgica tem lugar a 25 de
Novembro e foi incluída no calendário litúrgico pelo Papa João XXII
(1249-1334).
Santa Catarina está presente na nossa literatura de
tradição oral. A nível de adagiário temos “De Santa Catarina ao Natal, um mês
igual”. A nível de cancioneiro popular alentejano, conhece-se entre outras a
seguinte quadra: “Senhora Santa Cath'rina,/ Minha santinha de prata,/ De vagar
se vae ao longe,/ Muito tolo é quem se mata.”
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