Presépio (2022). Carlos Alves (1958- ).
Eis uma Sagrada Família, representada de um modo formal em termos da iconografia habitual dos presépios de Estremoz. Todavia, o pai terreno de Jesus não empunha a costumada acuçena, símbolo da pureza, preferindo ter a mão direita sobre o peito, enquanto na mão esquerda empunha um pequeno bordão, como para proteger o filho. Para além disso, a Sagrada Família está representada num contexto alentejano, sugerido pelo cromatismo azul-vermelho dos ornatos da parede que se encontra em segundo plano. A cruz templária ostentada na parte superior da parede, entre os ornatos azuis e vermelhos, parece querer simbolizar a fé em Deus e a protecção divina. No centro da parede, encontra-se uma Capela, onde um anjinho anda de baloiço, como se festejasse o nascimento do Menino, ideia que é reforçada pela alegria sugerida pelos vasos floridos que ornamentam a parede, de cada um dos lados da Capela. Tudo parece dizer:
- É DIA DE FESTA. NASCEU JESUS!
A meu ver, o barrista soube combinar na sua representação, o sagrado e o profano de uma forma harmoniosa, que tornam a sua criação num hino à alegria.
Poderá haver outras interpretações. Lá diz o rifão: "Cada cabeça, sua sua sentença", o que significa que a percepção das coisas, nem sempre é coincidente. Daí, que algumas pessoas, entre as quais eu me situo, visando minimizar o erro, procurem ter e transmitir aos outros, uma visão multifacetada das coisas. Assim, não se arregimenta ninguém. O leitor fica sempre com liberdade de escolha entre uma visão mono-focal ou mutifacetada do mundo e da vida.
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