CRÉDITOS FOTOGRÁFICOS
Jorge da Conceição
Nasceu a 24 de Outubro de 1963 na Rua
Brito Capelo, nº 33, freguesia de Santo André, em Estremoz. Filho legítimo de
Octávio Varela Dias Palmela, comerciante, e de Maria Luísa Banha da Conceição
Palmela, doméstica, que se viria a tornar barrista. É, pois, filho da barrista
Maria Luísa da Conceição (1934-2015), neto dos barristas Mariano da Conceição
(1903-1959) e Liberdade da Conceição (1913-1990) e sobrinho de Sabina da
Conceição Santos (1921-2005), irmã de Mariano (3). Filho e neto de peixes sabe
nadar, pelo que Jorge da Conceição estava condenado a ser barrista, tomando
contacto com o barro desde criança e criando apetência pela manufactura de
Bonecos como via fazer à avó e à mãe. Foi assim que aprendeu as técnicas e a
arte de modelar o barro, manufacturando Bonecos enquanto estudava, até à idade
de 21 anos. Na juventude, participou em várias exposições colectivas em Portugal
e vendeu peças a coleccionadores particulares e ao Museu Municipal de Estremoz.
Frequentou a Escola Secundária de
Estremoz desde 1975, tendo concluído em 1981 o 12º ano de Escolaridade do 1º Curso
– Via ensino, com a média de 19,3 valores (4). Ingressou então no Instituto
Superior Técnico onde se viria a licenciar em Engenharia Electrónica e de Computadores
– Variante de Electrónica e Telecomunicações. Terminada esta, iniciou uma
carreira profissional na área de consultoria que durou 25 anos e o manteve
afastado da modelação do barro. Porém, a chamada do barro, que transporta na
massa do sangue, levou-o em 2013
a dedicar-se exclusivamente à barrística. Tem ateliê em
Estremoz na Rua Brito Capelo nº35, bem como no Largo do Andaluz nº 2, em
Lisboa.
Tive o privilégio de ser Professor de
Física de 12º ano de Jorge da Conceição e desde essa época que o vejo como um perfeccionista
que procura dar o melhor de si próprio em tudo aquilo que faz, o que se
reflecte não só na concepção como nos acabamentos das figuras que modela. Bem
ilustrativo do seu pensamento e da sua prática barrística é o depoimento concedido
ao jornal E de Estremoz, nº117, de 4 de Dezembro de 2014 (1). Referindo-se aos
Bonecos de Estremoz, Jorge da Conceição considera que: “As peças são
todas elas diferentes porque têm a ver com o estilo artístico de cada um. Uns
têm mais habilidade que outros, uns arriscam mais e outros são mais
tradicionais e mais comerciais e tentam repetir
as peças que fizeram. Existe a
barrística naquilo que é a sua forma de fazer e nos materiais usados e existe o
resultado final que é aquilo que cada artesão põe de si”. Lançou ainda o desafio
de “entender o que é o Boneco de Estremoz”, acrescentando: “Existe muita
tendência de pensar que o boneco de Estremoz é um conjunto de figuras dos anos
quarenta que sistematizaram e que a partir daí foram feitas réplicas de uma forma
inesgotável. Hoje em dia há muito mais figuras, mas às vezes, quando se fazem
figuras um bocadinho diferentes, as pessoas dizem que já não é boneco de
Estremoz porque já não é o pastor nem a ceifeira”. Concluiu, dizendo que “não
se pode rejeitar estas figuras só porque não têm essas formas mais naif de
fazer os Bonecos de Estremoz. Nós estamos no século XXI, o boneco está vivo,
vai evoluindo e evolui com aquilo que cada artista acrescenta”. Estou
inteiramente de acordo com ele. Sem se afastar da produção ao modo de Estremoz,
o perfeccionismo de Jorge da Conceição e a que ele tem direito como marca das
sua identidade, implica uma confecção mais complexa e morosa do que os
espécimens doutros barristas. Para além disso, e já não é pouco, corresponde, em
termos de imaginário do seu criador, a uma ruptura com aquilo que vinha sendo
feito, elevando assim a nossa barrística a um novo patamar. É caso para dizer
que com este barrista ocorrem frequentemente mudanças de paradigma,
que apraz registar e valorizar.
Não será despropositado recorrer aqui ao
sociólogo Álvaro Borralho, que, no artigo “Bonecos de Estremoz: não há
identidades puras”, publicado no Jornal E nº 199, de 3 de Maio de 2018 (2),
conclui a determinado passo: “E os Bonecos de Estremoz não escapam a esta
lógica: não há uma identidade dos bonecos, há identidades (no plural), quer
dizer, tendências diversas, várias visões, concepções e estratégias para as quais
concorrem diversos agentes que não só os barristas”.
Jorge da Conceição participou até ao
presente nas seguintes exposições e eventos: - Julho de 1983 - 1ª Feira de Arte
Popular e Artesanato Artesanato do Concelho de Estremoz; - Dezembro 2013 - VII
Exposição de Presépios de Artesãos do Concelho de – Estremoz; - Janeiro 2014 -
Exposição de Barrística de Jorge da Conceição (Estremoz); - Junho 2014 - FIA
2014 (Lisboa); Julho 2014 - 1º Prémio do Concurso de Artesanato
Tradicional - FIA 2014 (Lisboa) com a
peça “Fado”; - Julho 2014 - Exposição temática sobre a Rainha Santa Isabel (Estremoz);
- Novembro 2014 - VIII Exposição de Presépios de Artesãos do Concelho de
Estremoz; - Junho 2015 – FIA 2015 (Lisboa); Julho de 2015 - Exposição “Os
Artesãos de Estremoz e o Apóstolo Santiago” (Estremoz); - Dezembro 2015 - IX
Exposição de Presépios de Artesãos do Concelho de Estremoz; - Abril de 2016 -
Exposição “500 Anos da Beatificação da Rainha Santa Isabel” (Estremoz); - Junho
2016 - FIA 2016 (Lisboa); - Junho 2016 - Menção Honrosa - FIA 2016 (Lisboa) com
a peça “Presépio - Adoração dos Reis Magos”; - Julho 2016 - RAÍZES - Jorge da
Conceição (Fátima); - Novembro 2016 - X Exposição de Presépios de Artesãos do
Concelho de Estremoz; - Dezembro 2016 - A Arte dos Presépios (Montijo); Março
2017 - Figurado de Estremoz por Jorge da Conceição (Museu de Arte Sacra da Covilhã);
- Novembro de 2017- XI Exposição de Presépios de Artesãos de Estremoz (Estremoz);
- Abril de 2018 - Exposição “Figurado de Estremoz” (Estremoz); - Maio de 2018 -
Exposição “Figurado de Estremoz de Jorge da Conceição” - Museu de Ovar (Ovar); -
Junho de 2018 - FIA 2018 (Lisboa).
BIBLIOGRAFIA
1 -
Bonecos de Estremoz / Proposta nas mãos da “Cultura” in jornal E,
nº117, 04/12/2014. Estremoz, 2014 (pág. 5).
2 - BORRALHO, Álvaro. Bonecos de Estremoz: não há identidades
puras in Jornal E nº 199, 03/05/2018. Estremoz, 2018 (pág. 15).
3 - Jorge
Manuel da Conceição Palmela – Assento de
Nascimento Informatizado nº 5493 de 2008, da Conservatória do Registo Civil de
Estremoz.
4 - Jorge
Manuel da Conceição Palmela – Processo
Individual de aluno nº 4280, no Arquivo da Escola Industrial António Augusto Gonçalves
e sucessoras.
Presépio de trono ou altar. Jorge da Conceição.
Nossa Senhora do Ó. Jorge da Conceição.
Santo António. Jorge da Conceição.
Rainha Santa Isabel. Jorge da Conceição.
Senhor dos Passos. Jorge da Conceição.
Primavera de arco. Jorge da Conceição.
Bailadeira. Jorge da Conceição.
Amor é cego. Jorge da Conceição.
Vitória de Estremoz. Jorge da Conceição.
Pastor de tarro e manta. Jorge da Conceição.
Ceifeiro. Jorge da Conceição.
Aguadeiro. Jorge da Conceição.
Leiteiro. Jorge da Conceição.
Mulher das castanhas. Jorge da Conceição.
Barrista a modelar Bonecos
de Estremoz. Jorge da Conceição. Figura modelada
em homenagem ao avô
Mariano da Conceição (1903-1959), que nos anos 30 do
séc. XX e na peugada de
Ana das Peles [Ana Rita da Silva (1870-1945)], ficou
indissociavelmente ligado à recuperação dos Bonecos de Estremoz na Escola
Industrial António Augusto
Gonçalves, graças à iniciativa do seu director, José
Maria de Sá Lemos
(1892-1971). Trabalho inspirado em fotografia de Rogério de
Carvalho
(1915-1988), datada dos anos 40 do séc. XX.
Barrista a pintar Bonecos
de Estremoz. Jorge da Conceição. Figura confeccionada em
homenagem à avó Liberdade
da Conceição (1913-1990), barrista que participou na
Exposição do Mundo
Português, em 1940. Trabalho inspirado em imagens do filme
“A Grande Exposição do
Mundo Português (1940)”, de António Lopes Ribeiro.
Mulher a lavar a roupa. Jorge da Conceição.
Mulher a passar a ferro. Jorge da Conceição.
Senhora a servir o chá. Jorge da Conceição.
Senhora ao toucador. Jorge da Conceição.
Galo no poleiro (apito). Jorge da Conceição.
Cesta de ovos (apito). Jorge da Conceição.
Galinha no choco (apito). Jorge da Conceição.
Fado. Jorge da Conceição. Figura
composta a que foi atribuído o 1º Prémio do
Concurso de Artesanato Tradicional
na Feira Internacional de Lisboa (FIA), em 2014.
Fico sempre extasiada com os bonecos do Jorge e encantada com a prosa do Hernâni.
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