Dama dos Girassóis. Vera Magalhães (1966- ).
Em jeito de
apresentação
Vera Magalhães (1966- ) é uma barrista que frequentou o
Curso de Formação sobre Técnicas de Produção de Bonecos de Estremoz, que no ano
transacto teve lugar em Estremoz, no Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte.
O seu a seu dono
“A Dama das Camélias”, é um romance do escritor francês Alexandre Dumas Filho, publicado pela primeira vez em 1848. “A Dama dos Girassois” é um Boneco de Estremoz criado pela barrista Vera Magalhães em 2020.
A Dama de Vera Magalhães
A Dama traja um distinto vestido comprido, a demarcar os contornos de um corpo a que corresponde uma silhueta graciosa.
O vestido revela confecção em tecido estampado com padrão de girassóis em campo verde seco. É fechado em cima por uma gola branca e larga, fechada por um botão amarelo no centro e orlado de castanho, cor que também é a dos punhos do vestido e da banda ajustada à cintura e atada atrás, em jeito de laço com duas airosas pontas pendentes.
A cabeça encontra-se adornada por um elegante chapéu castanho, que pompeia à frente três plumas de cor verde seco matizada de castanho, os quais sublinham o garbo do chapéu. O cabelo é castanho puxado para trás e enrolado em forma de carrapito. De cada lado do rosto, aquilo que aparenta serem pendentes de ouro, reforçam a requinte e a distinção ligadas à figura.
Os sapatos negros, de bico, rematam na base, a distinção do modelo.
O simbolismo das cores
- Verde, cor fria que é a cor da natureza viva, sobretudo a cor da Primavera que é a estação da fertilidade. Está associada à frescura, ao crescimento, à juventude, à renovação, à plenitude, à alegria, à esperança, à liberdade, à saúde, à vitalidade, à estabilidade, à tranquilidade, ao equilíbrio, à harmonia, à ponderação, à coerência e à riqueza. É uma cor litúrgica usada nos Ofícios e Missas do Tempo Comum, pois ao simbolizar a cor das plantas e árvores, prenuncia a esperança da vida eterna.
- Castanho, que por ser uma cor neutra sugere estabilidade, calma, conforto, maturidade e responsabilidade. Além disso é a cor da terra e da madeira e por isso está associada à natureza, aos produtos naturais, ao estilo de vida saudável, à simplicidade, à conservação, à qualidade e à seriedade. Finalmente e por ser a cor da terra, está associada à fertilidade e à feminilidade.
Branco, que é uma cor neutra e pura associada à infância, à pureza, à inocência, ao bem, à espiritualidade, à harmonia, à simplicidade, à tranquilidade, à calma, à paz, à juventude, à virtude, à virgindade, à limpeza, à frescura, à luminosidade, à dignidade, à elegância. É uma cor que harmoniza com todas as outras.
O girassol é uma planta imponente e de porte majestoso, cujas flores arredondadas e radiadas constam de um disco floral castanho e de pétalas amarelo-douradas, que aparentam ser o Sol. Daí que em inglês seja designada por “sunflower”. Entre nós é designada por “girassol”, já que goza duma propriedade conhecida por “heliotropismo” e que consiste no movimento da planta em relação ao Sol. Ao amanhecer os girassóis têm as flores viradas para oriente. Ao longo do dia, seguem o Sol no seu movimento aparente de oriente para ocidente e à noite estão voltados para oriente.
O girassol não é uma flor anónima, já que marca presença na Poesia Portuguesa. Do girassol nos fala Fernando Pessoa (1888-1935), no poema “PASSA UMA NUVEM PELO SOL": “Passa uma nuvem pelo sol / Passa uma pena por quem vê. / A alma é como um girassol: / Vira-se ao que não está ao pé. // Passou a nuvem; o sol volta. / A alegria girassolou. / Pendão latente de revolta, / Que hora maligna te enrolou?”. Do girassol nos fala também Maria Alberta Menéres (1930- ), no poema “O GIRASSOL”; “Girassol, Girassol, / Põe as pestanas ao sol! // O Girassol parece um olho aberto / Amarelo a olhar para tudo. // Passa uma perdiz e diz: / – Girassol, Girassol, / Põe as pestanas ao sol! // Passa uma abelha e diz: / – Girassol, Girassol,/ Põe as pestanas ao sol! //Passa a tarde e anoitece… / Girassol, Girassol, / Fecha as pestanas ao sol! // E o Girassol adormece…”
Epílogo
Vera Magalhães modelou a sua Dama com grande rigor formal e com uma estética muito própria, que incluiu uma decoração cromaticamente harmoniosa e de elevado valor simbólico. O rosto e o olhar da figura parecem constituir marcas identitárias da barrista.
No seu todo, a Dama de Vera Magalhães é uma figura na qual está patente a simplicidade e a espiritualidade, aliadas à distinção e à alegria, da qual irradia imensa frescura e luminosidade. Creio que por isso tudo, a barrista é merecedora que lhe demos todos os nossos parabéns:
- Parabéns Vera!
Gosto muito de o ler. Bem haja, com saúde.
ResponderEliminarObrigado, Maria Eduarda. Para si, também.
EliminarA Dama dos Girassóis... (mas não sou eu?) :)
ResponderEliminarPois não...
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