José Moreira (1926-1991).
Fotografia de Joaquim Vermelho (1927-2002), cedida bela Biblioteca
Municipal de Estremoz / Arquivo Fotográfico.
Conheci José Moreira (1926-1991) aí pelos anos
cinquenta do século passado, quando comecei a fazer o avio para a casa dos meus
pais, na mercearia Luiz Campos, no Largo General Graça, em Estremoz. José
Moreira era também cliente e ali nos víamos muitas vezes.
Mais tarde, nos anos sessenta, encontrávamo-nos no bar da Mocidade Portuguesa,
por ocasião dos santos populares e ali bebíamos uns copos com o António Lapa do
Grupo de Forcados Amadores de Lisboa e com o menino Cigano. José Moreira era um
bom conversador e tinha costela de filósofo. Era agradável conviver e falar com
ele.
José Moreira teve uma infância difícil. Filho
ilegítimo de Felicidade Moreira e de pai incógnito, quando a mãe morreu ficou
sem casa e vivia num buraco da muralha. Daí a alcunha de “Zé do telhado”. Foi Ti
Ana das Peles, que o recolheu em casa após a morte da mãe, quando ainda era
criança. Com ela aprendeu a arte bonequeira. De resto, aprendeu a modelar o
barro na Olaria de Mestre Cassiano, na Rua do Afã, onde ingressou aos 11 anos
de idade. Aos 18 muda para a Olaria Alfacinha, na Rua de Santo Antonico, onde
trabalhou cerca de 8 anos com José Ourelo. Dali viria a sair nos anos 50, para
se dedicar exclusivamente à manufactura de figurado de Estremoz
As marcas de autor de José Moreira são de cinco
tipos: Tipo 1 - Carimbo ESTREMOZ/PORTUGAL, com a marca
distribuída por 2 linhas e ocupando uma superfície de 2,5 cm x 1,3 cm ; Tipo 2 – Marca manuscrita
J.M. , seguida do
carimbo ESTREMOZ/PORTUGAL, com
a marca distribuída por 2 linhas e ocupando uma superfície de 2,5 cm x 1,3 cm ; Tipo 3 - Carimbo ESTREMOZ/ALENTEJO/PORTUGAL, com
a marca distribuída por 3 linhas e ocupando uma superfície de 2,5 cm x 3 cm ; Tipo 4 - Marca
manuscrita J.M. conjugada com o
carimbo ESTREMOZ/ALENTEJO/PORTUGAL, com a marca distribuída por 3 linhas e
ocupando uma superfície de 2,5
cm x 3
cm . Desta marca aparecem 3 variedades: Tipo 4 a - A
marca manuscrita e o carimbo são simétricos em relação a um eixo horizontal; Tipo 4 b – A
marca manuscrita aparece primeiro e por baixo dela o carimbo; Tipo 4 c – O carimbo
aparece primeiro e por debaixo dele a marca manuscrita; Tipo 5 – Marca
manuscrita J.M.
A patine dos 38 exemplares da minha colecção, leva-me
por uma questão de “feeling”, a acreditar que o carimbo ESTREMOZ/PORTUGAL, tenha
antecedido o carimbo ESTREMOZ/ALENTEJO/PORTUGAL. O mesmo “feeling” leva-me a
acreditar que a marca manuscrita era por vezes gravada, por uma questão de
afirmação da identidade do barrista. A marca tipo 4 a é a mais frequente. A marca
5 parece ser exclusiva de figuras com menor base, como os apitos e os cestos
com galinha no choco. Para além das marcas apontadas, tenho uma peça – um
cinzeiro – sem marca alguma.
Frequentador dos Salões
de Artesanato do Estoril, do Mercado da Primavera em Lisboa e da Feira Nacional
de Artesanato de Vila do Conde, por diversas vezes premiado, foi um embaixador
da barrística popular estremocense. Os seus bonecos, muito expressivos e por
isso muito apreciados, estão espalhados não só de Norte a Sul do país, como
também nas Ilhas e mesmo pelas Sete Partidas do Mundo.
Jesus amarrado a um cepo. Colecção particular.
Senhor dos Passos. Colecção particular.
São João Baptista. Colecção particular.
Sargento. Colecção particular.
Barbeiro sangrador. Colecção particular.
Matança. Colecção particular
Pastor das migas. Colecção particular.
Primavera. Colecção particular.
Bailadeira grande. Colecção particular.
Galinha no choco. Colecção particular.
Galo no pinheiro. Colecção particular.
Marca de autor Tipo 1.
Marca de autor Tipo 2.
Marca de autor Tipo 3.
Marca de autor Tipo 4a.
Marca de autor Tipo 4b.
Marca de autor Tipo 4c.
Marca de autor Tipo 5.
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