Fig. 1 - Armando Alves (1935- ) com a
idade de 14 anos. Fotografia de Rogério de
Carvalho (1915-1988). Arquivo
fotográfico do autor.
Na Conservatória do Registo Civil de
Estremoz consta que, no dia 7 de Novembro de 1935, numa casa sita próximo às “Portas
de Santo António”, na freguesia de Santa Maria de Estremoz, nasceu uma criança
do sexo masculino, a quem foi dado o nome de Armando José Ruivo Alves, filho de
António José Simões Alves de 34 anos de idade, serralheiro, e de Maria Amélia
Ruivo Simões Alves, de 28 anos de idade, doméstica, domiciliados na referida
casa (2).
O recém-nascido era neto paterno de
Joaquim Alves e de Joana Rita e materno de Armando Macarro Ruivo e de Felismina
Maria Pimentão Ruivo.
O registo de nascimento foi efectuado
pelo pai da criança no dia 4 de Dezembro de 1935, tendo apadrinhado o acto
Joaquim António Chouriço, solteiro, maior, sapateiro, domiciliado na rua
Narciso Ribeiro, 58, desta cidade e Felismina Maria Pimentão Ruivo, casada,
doméstica, domiciliada no Terreiro do Barguilha, desta cidade.
De 1942 a 1945, o Armando (Fig.
1) frequentou a Escola Primária do Castelo, situada no actual edifício do Museu
Municipal de Estremoz. De 1946
a 1949, frequentou o Colégio do capitão Grincho e, de 1949 a 1952, frequentou a Escola
Industrial e Comercial de Estremoz, onde teve aulas de oficinas de olaria com
Mestre Mariano da Conceição (1).
Foi no ano lectivo de 1951-52, já com a
Escola Industrial e Comercial de Estremoz instalada no Castelo, no local onde
hoje funciona a Pousada da Rainha Santa Isabel, que Armando começou a
confeccionar os seus Bonecos de Estremoz.
O trabalho de modelação, cozedura,
pintura e envernizamento era feito na própria Escola. Armando não terá feito
mais que 10 modelos de Bonecos: - Figuras que têm a ver com a realidade local:
Amazona, Leiteiro, Mulher a vender chouriços e Homem do harmónio; - Figuras
intimistas que têm a ver com o quotidiano doméstico: Mulher a lavar; - Figuras
que são personagens da faina agro-pastoril nas herdades alentejanas: Ceifeira,
Mulher da azeitona, Pastor de tarro e manta, Pastor com um borrego e Pastor do
harmónio (Fig. 2).
Ao todo, não terá manufacturado mais de
cinquenta Bonecos que eram comercializados na Papelaria Ruivo, situada no Largo
da República, 24, em Estremoz, exactamente um dos locais em que também eram
comercializados os Bonecos do Mestre Mariano da Conceição. Fê-lo a pedido da
proprietária, a sua tia Joana Ruivo. Cada figura era vendida ao preço de vinte
e cinco tostões, enquanto os de mestre Mariano custavam 12$50.
Mestre Mariano marcava os seus Bonecos,
estampando na base a marca ESTREMOZ/PORTUGAL em maiúsculas, distribuídas por
duas linhas. Porém, o jovem Armando vai além do Mestre e assina simplesmente
“Armando” (3) (Fig. 3), em caracteres manuscritos. Fá-lo a verde, o verde da esperança e
das searas que, já doiradas, ondularão mais tarde as suas telas de artista
consagrado. Tratou-se então de uma aposta forte visando o futuro, uma espécie
de premonição da Obra que iria construir. Daí a razão de assinar simplesmente
“Armando”. Sabem porquê? É simples. Toda a gente sabe quem é o Armando. Pois
claro! É um consagrado artista plástico a quem José Saramago (1922-2010)
prestou tributo, chamando-lhe “Inventor de Céus e Planícies”.
Actualmente, o Armando não faz ideia de
quem eram as pessoas que compravam os seus Bonecos. Todavia, lembra-se da tia
uma vez lhe ter dito que uma dessas pessoas era o coleccionador e médico
calipolense, Dr. Couto Jardim (1879-1961).
BIBLIOGRAFIA
(1) - Armando
José Ruivo Alves - Processo Individual de aluno nº 572.
(2) - Armando
José Ruivo Alves - Registo de Nascimento nº 555 de 1931,
da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
(3) - MATOS, Hernâni. Armando,
bonequeiro de Estremoz in Brados do Alentejo nº
847, 11/12/2014. Estremoz, 2014 (pág. 15).
Fig.
2 – O Pastor do harmónio criado pelo jovem Armando no ano lectivo de 1951-52.
Fig.
3 - A marca "Armando" manuscrita, pintada a verde na base.
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