Sabina da Conceição Santos
(1921-2005) nos anos 70 do séc. XX, tendo à sua
direita as discípulas Maria Inácia
Fonseca (1957- ) e Perpétua Sousa (1958- ).
Fotografia de Xenia V. Bahder. Arquivo
fotográfico do autor.
Sabina Augusta da Conceição nasceu às
22 horas de 1 de Julho de 1921 num prédio da calçada da Frandina, em Estremoz.
Filha legítima de Narciso Augusto da Conceição, oleiro, de 50 anos de idade,
natural da freguesia de Santo Antão, Évora e de Leonor das Neves, doméstica, de
45 anos, exposta, natural da freguesia de Santo André, Estremoz. Neta paterna
de Caetano Augusto da Conceição, oleiro e de Sabina Augusta, doméstica. Neta
materna de avós incógnitos (8). Com 12 anos de idade e com o pai já falecido (suicídio
por enforcamento a 10 de Junho de 1933, com a idade de 61 anos), candidata-se
em 23 de Agosto de 1933 ao exame de admissão à Escola Industrial António
Augusto Gonçalves e, tendo sido aprovada, matricula-se no Curso de Tapeceira (3 anos), após o Dr. Lourenço Marques Crespo ter atestado que Sabina tem robustez
física, não sofre de doença suspeita ou contagiosa e foi vacinada há menos de 5
anos (7).
Em 5 de Julho de 1942, com 21 anos de
idade, casa-se na Igreja de Santa Maria em Estremoz, com Joaquim Luiz de Matos
Santos, empregado de escritório, de 24 anos de idade. Adopta então o apelido
Santos do marido (5). Em 1960, depois da morte do seu irmão Mariano da
Conceição, dá continuidade à manufactura dos Bonecos de Estremoz na Olaria Alfacinha,
conjuntamente com as suas cunhadas, Maria José Cartaxo da Conceição (1923-2013)
e Teresa Cabaço Cid da Conceição (1922-1962)[1].
A oficina era então na Rua da Campainha, nº 18. Depois do falecimento de Teresa
Cid em 1962 (9), Sabina continua a trabalhar com Maria José, até que motivos de
natureza pessoal a levam a romper a sociedade e a trabalhar sozinha. Passa a
fazê-lo no armazém da Olaria Alfacinha, situado na Rua Pedro Afonso, nº 1, donde
transitou posteriormente na segunda metade dos anos 60 para a oficina da Rua
Brito Capelo, nº 35. Esta era propriedade dum tio de Octávio Palmela, marido de
Maria Luísa da Conceição e foi usado inicialmente como armazém da Sapataria Palmela,
que ficava situada ao fundo da Rua Brito Capelo. Desactivado o armazém, o
espaço foi arrendado a Sabina Santos. Ali trabalhou até se aposentar, em 1988,
fixando-se então em Ribamar, Lourinhã.
A importância de Sabina na barrística
popular estremocense é incomensurável. Por um lado, tomou a atitude corajosa de
prosseguir com estilo muito próprio, a manufactura dos Bonecos de Estremoz,
depois da morte de Mariano, fazendo assim com que a arte não se perdesse.
Sabina nunca tinha confeccionado Bonecos, apenas vira o irmão fazê-los.
Formou-se a ela própria, usando como modelos os Bonecos do seu irmão. Porém, os
Bonecos de Sabina não se confundem com os de Mariano. As figuras não são tão
corpulentas como as de Mariano, são mais magras e a representação dos olhos é
completamente diferente. Em substituição duma pestana tangente à menina do
olho, encimada por uma sobrancelha, Sabina, na representação do olhar, afasta
da menina do olho, não só a sobrancelha como a pestana. Por outro lado, Sabina foi a barrista que mais discípulas formou: Isabel Carona, Fátima Estróia,
Maria Inácia Fonseca e Perpétua Fonseca (Estas últimas com ela na fotografia).
Algumas aparecem com ela no filme “Bonecos de Estremoz” (1), (2) que Lauro
António realizou em 1976 e que se encontra disponível no YouTube.
Os Bonecos de Sabina eram
comercializados, entre outros lugares, na Loja de Artigos Regionais da Olaria
Alfacinha (Largo da República, 30) e no Stand da Olaria Alfacinha no Rossio
Marquês de Pombal, em Estremoz.
A 13 de Setembro de 2004, morre o marido
de Sabina Santos. Sabina vem a morrer a 19 de Abril de 2005, com a idade de 83
anos, tendo sido sepultada no cemitério de Ribamar (6),(3).
Sabina Santos está fortemente
representada no acervo do Museu Municipal de Estremoz Professor Joaquim
Vermelho, uma vez que o Município de Estremoz adquiriu à filha de Sabina, Professora
Maria Leonor da Conceição Santos (1943-2014), uma colecção de mais de uma
centena de figuras que a barrista executara ao longo da sua extensa carreira.
Era a chamada colecção da mãe. Todavia, a Maria Leonor, que foi minha colega de
Liceu, tinha outra colecção, que era a sua. Propôs-me a sua aquisição em 2012
e, embora não tenha adquirido tudo, adquiri um número bastante significativo de
figuras, facto que me encheu e enche de orgulho, pois além, de gostar do
trabalho de Sabina, conhecia-a pessoalmente, desde os meus tempos de juventude.
BIBLIOGRAFIA
1 - ANTÓNIO, Lauro.
Entrevista a Sabina Santos. Estremoz,
1976. Arquivo de Lauro António.
2 - ANTÓNIO, Lauro. Filme
Bonecos de Estremoz. Estremoz, 1976.
3 - GUERREIRO, Hugo. Morreu
Sabina Santos in Brados do Alentejo nº 616,
29/04/2005. Estremoz, 2005 (pág. 16).
4 - MATOS, Hernâni. Entrevista
a Maria Luísa da Conceição. Estremoz, 7
de Fevereiro de 2013. Arquivo de Hernâni Matos.
5 - Sabina
Augusta da Conceição - Assento de Casamento nº 81 de 1942, da
Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
6 - Sabina
Augusta da Conceição - Assento de Óbito nº 51 de 2005, da
Conservatória do Registo Civil da Lourinhã.
7 - Sabina
Augusta da Conceição - Processo Individual de aluna nº 174.
8 - Sabina
Augusta da Conceição - Registo de Nascimento nº 351 de 1921,
da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
9 - Teresa
Cabaço Cid – Assento de Óbito nº 73 de 1962, da
Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
[1] Amélia,
mulher de Jerónimo da Conceição e cunhada de Sabina, já havia falecido. Liberdade
da Conceição também foi convidada para integrar a sociedade, mas não aceitou
porque era uma pessoa muito doente. Esteve 6 anos internada no Sanatório do
Outão, devido a uma tuberculose óssea na espinha dorsal e que a deixou
paralítica. No fim do tratamento teve que aprender a andar (4).
Hernâni Matos
Berço do menino Jesus (dos putto). Sabina Santos.
Nossa Senhora da Conceição. Sabina Santos.
Nossa Senhora ajoelhada. Sabina Santos.
Pastor de tarro e manta. Sabina Santos.
Pastor das migas. Sabina Santos.
Pastor a comer. Sabina Santos.
Maioral e ajuda a comer. Sabina Santos.
Ceifeira. Sabina Santos.
Mulher da azeitona. Sabina Santos.
Mulher dos carneiros. Sabina Santos.
Mulher dos perus. Sabina Santos.
Mulher das galinhas. Sabina Santos.
Aguadeiro. Sabina Santos.
Leiteiro. Sabina Santos.
Mulher a vender chouriços. Sabina Santos.
Homem do harmónio. Sabina Santos.
Lanceiro. Sabina Santos.
Lanceiro com bandeira. Sabina Santos.
Mulher a lavar a roupa. Sabina Santos.
Bailadeira pequena. Sabina Santos.
Amazona (assobio). Sabina Santos.
Peralta a cavalo (assobio). Sabina Santos.
Ceifeira. Sabina Santos.
Semeador. Sabina Santos.
Polícia do Exército. Sabina Santos.
Berço do menino Jesus (dos putto). Sabina Santos.
Nossa Senhora da Conceição. Sabina Santos.
Nossa Senhora ajoelhada. Sabina Santos.
Pastor de tarro e manta. Sabina Santos.
Pastor das migas. Sabina Santos.
Pastor a comer. Sabina Santos.
Maioral e ajuda a comer. Sabina Santos.
Ceifeira. Sabina Santos.
Mulher da azeitona. Sabina Santos.
Mulher dos carneiros. Sabina Santos.
Mulher dos perus. Sabina Santos.
Mulher das galinhas. Sabina Santos.
Aguadeiro. Sabina Santos.
Leiteiro. Sabina Santos.
Mulher das castanhas. Sabina Santos.
Mulher a vender chouriços. Sabina Santos.
Homem do harmónio. Sabina Santos.
Lanceiro. Sabina Santos.
Lanceiro com bandeira. Sabina Santos.
Mulher a lavar a roupa. Sabina Santos.
Bailadeira pequena. Sabina Santos.
Amazona (assobio). Sabina Santos.
Peralta a cavalo (assobio). Sabina Santos.
Ceifeira. Sabina Santos.
Semeador. Sabina Santos.
Polícia do Exército. Sabina Santos.
São muito bonitos não tinha ainda visto tantos da coleção ,obrigado por mais uma vez mostrar e dar conhecer esta linda arte e historia dos benecos de estremoz
ResponderEliminarOra essa. É com muito gosto que o faço.
EliminarLindas peças de artesanato .A artesã teve uma boa herança do pai e irmão e muito vocacionada para belas peças de olaria algumas aproveitadas do irmão e adaptadas ao seu gosto.
ResponderEliminarAo ver estas nem sei qual gosto maiS gosto de todas parabéns um abraco
ResponderEliminarMuito obrigado. Igualmente para si.
EliminarMuito obrigado. Igualmente para si.
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