Santa
Bárbara. Sabina
Santos (1921-2005). Colecção particular.
Diz a lenda que Santa Bárbara nasceu e viveu no final do séc. III, na cidade de Nicomédia, na actual Turquia. Era uma jovem muito bela. Dióscoro, seu pai, era um pagão rico que a desejava proteger dos pretendentes. Por isso encerrou-a numa torre, onde mandou abrir duas janelas, mas entretanto teve que viajar. Quando regressou, a filha tinha-se feito baptizar e mandara rasgar uma terceira janela, em honra à Santíssima Trindade. O pai ficou irado, pelo que ela teve de fugir, abrindo-se os rochedos para que ela passasse. Descoberta, foi capturada pelo progenitor e levada a tribunal. Aí foi condenada a ser exibida nua por todo o país e padeceu toda sorte de suplícios, acabando por ser executada pelo próprio pai, que a degolou com uma espada. Logo após a sua morte, um raio fulminou o filicida.
Santa Bárbara é Protectora contra relâmpagos e tempestades, bem como Padroeira de artilheiros, mineiros, geólogos, engenheiros militares, armeiros e de todos aqueles que trabalham com o fogo. É igualmente Padroeira de profissões relacionadas com torres e a sua construção (cabouqueiros, pedreiros, arquitectos) e ao seu uso como prisão (presidiários e guardas de prisão).
Os atributos de Santa Bárbara são numa mão (geralmente a direita) a palma do martírio e na outra a torre com três janelas onde o pai a encerrou. A torre pode aparecer também a seus pés e pode segurar a espada com que foi degolada ou segurar o cálice com a hóstia.
Santa Bárbara, cuja festa litúrgica ocorre a 4 de Dezembro, tem considerável presença na tradição oral portuguesa. A nível de adágios: “Só se lembra(m) de Santa Bárbara, quando faz trovões". Está igualmente presente no cancioneiro popular de Angra do Heroísmo:
“Ò Senhora Santa Barba,
Senhora dos corações,
Ninguém se lembra dela
Senão quando faz trevões”.
Existem também orações populares como esta:
“Santa Bárbara Bendita,
Que no céu está escrita
com papel e água benta,
nos livre desta tormenta”.
No que respeita a superstições populares, existia a crença de que as palmas e os ramos de alecrim, bentos na Procissão do Domingo de Ramos, afastavam as trovoadas. De resto, era hábito tocar os sinos durante as trovoadas, pois havia a crença popular de que o toque fazia afastar os raios e os trovões. Em Castedo do Douro, um dos sinos da Igreja até tem gravado o nome de Santa Bárbara. Actualmente, as orações e o toque de sinos foram substituídos por pára-raios, o que levou Guerra Junqueiro (1850-1923) a escrever:
“Pára-raios nas Igrejas,
É para mostrar aos ateus,
Que os crentes quando troveja,
Não têm confiança em Deus”.
Hernâni Matos
Publicado inicialmente a 21 de Maio de 2015
Publicado inicialmente a 21 de Maio de 2015
Magnifico, como sempre ! Eu desconhecia a história, embora conhecesse a sua " popularidade" por toso o país!
ResponderEliminarObrigada!
mf/.
Fernanda:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os meus cumprimentos.
Meu bom Amigo santa Barbara era um tema.muito falado em nossa casa A minha Saudosa Mãe sabia os versos todos. QUANDO TROVEJAVA A MINHA m Mãe rezava a Santa Barbara. Viviamos numa grande mansão e eramos 5 irmaos e empregados. Juntos na segunda cozinha à lareiraera.lindo beijinho grande Manuela
ResponderEliminarMuito obrigado. Igualmente para si.
EliminarA oração a Santa Bárbara , aquando das trovoadas ,era a que eu rezava na minha juventude cheia de Fé que a dita abrandasse e até passasse e não é que resultava. Abraço.
ResponderEliminarMuito obrigado. Igualmente para ti.
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