Paiol de Santa Bárbara
(1739). Fotografia inserida no II volume do Inventário
Artístico de Portugal –
Distrito de Évora (concelhos de Arraiolos, Estremoz,
Montemor-o-Novo, Mora e
Vendas Novas), da autoria de Túlio Espanca e
editado pela Academia
Nacional de Belas Artes, em 1975.
“Santa Bárbara Bendita, / Que no céu está escrita /
com papel e água benta, / nos livre desta tormenta”. Esta uma das muitas
orações populares da tradição oral portuguesa. Através dela se invoca o auxílio
de Santa Bárbara, Protectora contra relâmpagos e tempestades, bem como
Padroeira de artilheiros, mineiros, geólogos, bombeiros e de todos aqueles que
trabalham com o fogo.
Santa Bárbara de Nicomédia, cuja festa litúrgica
ocorre a 4 de Dezembro, tem em Estremoz, património arquitectónico militar não
classificado, com o seu nome. Trata-se do Paiol de pólvora de Santa Bárbara.
Construído entre 1736 e 1739, foi projectado pelo arquitecto e engenheiro
militar Carlos Andreas, sendo o responsável pelas obras, o também arquitecto e
engenheiro militar Eugénio dos Santos de Carvalho.
O paiol é antecedido por um portal barroco com
frontispício de mármore, ostentando as armas de D. João V. Nele existe um nicho
onde estava alojada uma escultura de Santa Bárbara, em mármore.
Disse que estava, uma vez que já não está. É que há
alguns anos atrás, um comandante do RC3, temendo o roubo da imagem, ordenou a
sua remoção do local e o seu transporte para o quartel, onde na sua óptica
estaria mais segura. Acontece que como Santa Bárbara é Padroeira dos artilheiros,
houve uma alta patente de visita àquele regimento, que entendeu que a imagem
devia ser transferida para a Escola Prática de Artilharia (EPA), em Vendas Novas , o que
se concretizou.
Acontece que a Escola Prática de Artilharia foi
desactivada em 2013, passando as suas funções para a então criada Escola das
Armas, instalada nas antigas instalações da Escola Prática de Infantaria (EPI)
e do Centro Militar de Educação Física e Desportos (CMEFD) em Mafra.
É natural que um cidadão como eu, investido do direito
e dever constitucional de defesa do património, levante questões pertinentes,
do tipo:
- Aonde pára Santa Bárbara?
- Não deveria a imagem regressar a Estremoz, de
onde nunca deveria ter saído? É que apesar de ser património militar, é
património militar de Estremoz.
Gostaria que ter resposta a estas questões, o que
decerto só poderá ser concretizado pelo Ministério da Defesa Nacional, através
da abertura de um rigoroso inquérito que seja conclusivo e esclarecedor para a
opinião pública. De resto, ser-me-ia grato com o regresso da escultura a
Estremoz, poder dizer:
- Bom filho, à casa torna.
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