quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O Peralta de Luísa Batalha


Peralta (2020). Luísa Batalha (1959-  ). Colecção do autor.

Descrição
Trata-se de uma figura antropomórfica masculina de aspecto citadino trajando um fato e um chapéu vistosos e calçando um par de sapatos com sola. A imagem assenta numa base quadrangular com os vértices cortados em bisel, tem topo verde-escuro e orla cor de zarcão.
Ao modelar o Boneco em epígrafe, Luísa Batalha decidiu conceder volumetria a alguns componentes da sua composição. Deste modo, a gola do casaco, os botões do mesmo, o lenço em torno do pescoço, a camisa, a fita do chapéu e o cabelo ondulado foram modelados em barro. Despertam a atenção os vincos das mangas na região dos cotovelos, os quais reforçam a noção de curvatura.
O chapéu tem aba circular voltada para cima e copa de formato cilíndrico, cortada a meio.
A camisa tem colarinho algo revirado para cima e punhos que se destacam das mangas do casaco. Junto ao pescoço um lenço cujas pontas se cruzam junto ao peito.
O fato, os botões do casaco e a fita do chapéu são cor violeta. A gola, a orla do casaco, assim como o chapéu, são cor azul de petróleo (azul-verde). A camisa é branca. O lenço é vermelho e os sapatos são negros. O cabelo é castanho.
Análise
A representação apresenta um rosto bem gizado, com olhos, nariz, boca, queixo e orelhas bem definidas, o mesmo se passando com o cabelo, a que há que acrescentar maçãs do rosto de ténue tonalidade rosa e uma representação do olhar inconfundível. Tudo isto parece ser marcas identitárias da barrista. Para além disso, o modelo tem um perfil e um aspecto elegante, com mãos bem definidas, que fazem lembrar mãos reais, mãos de pessoas de carne e osso. E essas parecem-me ser outras das marcas distintivas da barrista.
A cor dominante no artefacto é a cor violeta, que historicamente está muito associada ao poder e à nobreza. Nunca é encarada como estando ligada à humildade. Usada no vestuário chama a atenção e é vista como um sinal de extravagância. É considerada a cor da vaidade ou seja do sentimento de grande valorização que alguém tem em relação a si próprio.  A vaidade está associada à soberba, crença de alguém ser superior a todos, o que de acordo com o Cristianismo constitui um dos sete pecados capitais. Tendo em conta o conceito de “Peralta” creio que a cor violeta foi a melhor cor escolhida para o vestuário, visando transmitir a ideia de extravagância associada à figuração.
A excelência do trabalho da barrista é merecedor de toda a minha admiração e por isso lhe dou os meus sinceros parabéns. Formulo ainda votos de que continue a trilhar com êxito a senda recentemente iniciada.


Luísa Batalha pintando o Peralta.

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