Peralta (2020). Luísa Batalha (1959- ). Colecção do autor.
LER AINDA
Descrição
Trata-se de uma figura antropomórfica masculina de
aspecto citadino trajando um fato e um chapéu vistosos e calçando um par de
sapatos com sola. A imagem assenta numa base quadrangular com os vértices
cortados em bisel, tem topo verde-escuro e orla cor de zarcão.
Ao modelar o Boneco em epígrafe, Luísa Batalha decidiu
conceder volumetria a alguns componentes da sua composição. Deste modo, a gola
do casaco, os botões do mesmo, o lenço em torno do pescoço, a camisa, a fita do
chapéu e o cabelo ondulado foram modelados em barro. Despertam a atenção os
vincos das mangas na região dos cotovelos, os quais reforçam a noção de
curvatura.
O
chapéu tem aba circular voltada para cima e copa de formato cilíndrico, cortada
a meio.
A camisa
tem colarinho algo revirado para cima e punhos que se destacam das mangas do
casaco. Junto ao pescoço um lenço cujas pontas se cruzam junto ao peito.
O fato, os botões do casaco e a fita do chapéu são
cor violeta. A gola, a orla do casaco, assim como o chapéu, são cor azul de
petróleo (azul-verde). A camisa é branca. O lenço é vermelho e os sapatos são negros.
O cabelo é castanho.
Análise
A representação apresenta um rosto bem gizado, com olhos,
nariz, boca, queixo e orelhas bem definidas, o mesmo se passando com o cabelo,
a que há que acrescentar maçãs do rosto de ténue tonalidade rosa e uma
representação do olhar inconfundível. Tudo isto parece ser marcas identitárias
da barrista. Para além disso, o modelo tem um perfil e um aspecto elegante, com
mãos bem definidas, que fazem lembrar mãos reais, mãos de pessoas de carne e
osso. E essas parecem-me ser outras das marcas distintivas da barrista.
A cor dominante no artefacto é a cor violeta, que
historicamente está muito associada ao poder e à nobreza. Nunca é encarada como
estando ligada à humildade. Usada no vestuário chama a atenção e é vista como
um sinal de extravagância. É considerada a cor da vaidade ou seja do sentimento
de grande
valorização que alguém tem em relação a si próprio.
A vaidade está associada à soberba, crença de alguém ser superior a
todos, o que de acordo com o Cristianismo constitui um dos sete pecados
capitais. Tendo em conta o conceito de “Peralta” creio que a cor violeta foi a melhor
cor escolhida para o vestuário, visando transmitir a ideia de extravagância
associada à figuração.
A excelência do trabalho da barrista é merecedor de
toda a minha admiração e por isso lhe dou os meus sinceros parabéns. Formulo
ainda votos de que continue a trilhar com êxito a senda recentemente iniciada.
Luísa Batalha pintando o Peralta.
Sem comentários:
Enviar um comentário