Fig. 1 - Mariano da Conceição na sua oficina em pose para o fotógrafo Rogério de
Carvalho (1915-1988). À sua direita, o Presépio de trono ou altar projectado por
Sá Lemos e por ele executado. Este vistoso presépio não esteve presente na
Exposição do Mundo Português em 1940, pelo que terá sido criado posteriormente,
mas em data anterior a Dezembro de 1947, já que nesta data, a fotografia aqui
apresentada aparece a ilustrar a capa da revista “Mensário das Casas do Povo”,
nº 18. Arquivo fotográfico do autor.
LER AINDA
Filho ilegítimo de Narciso Augusto da Conceição
No dia 24 de Setembro de 1912, na
repartição do Registo Civil do concelho de Estremoz, sita no Rossio Marquês de
Pombal da vila de Estremoz, perante António Luís da Cruz, ajudante de oficial
do Registo Civil, no impedimento deste por motivo de saúde, compareceu Narciso
Augusto da Conceição, solteiro, industrial, de 41 anos, natural da freguesia de
Santo Antão de Évora e residente na freguesia de Santa Maria de Estremoz. Declarou
que, no dia 26 de Janeiro de 1903, às 20 horas, nasceu na (nome da rua ilegível
no Assento de Nascimento nº 305 de 1912 da Conservatória do Registo Civil de
Estremoz), freguesia de Santa Maria de Estremoz, um indivíduo de sexo masculino,
que as testemunhas disseram ser filho ilegítimo do declarante, que agora o
reconhece como seu filho para todos os efeitos legais. Pelas testemunhas foi
dito que o rejeitando se iria chamar Mariano Augusto da Conceição. Foram testemunhas
José Joaquim Correia, seleiro, solteiro, maior e Joaquim Hilário Cardoso
Amante, casado, sapateiro, ambos residentes na vila de Estremoz (8).
Mariano era filho de oleiro pelo que
viria a ser oleiro. Todavia, como iremos ver, não ficaria por aqui. Iria muito mais
longe.
Casamento
A 8 de Novembro de 1931, Mariano Augusto
da Conceição, de 28 anos, oleiro (Fig. 1, Fig. 5 e Fig. 6), natural da freguesia de Santa Maria
de Estremoz e residente na Calçada da Frandina, nº 15 da mesma localidade,
casou na Repartição do Registo Civil de Estremoz com Liberdade da Conceição Banha,
de 18 anos, doméstica, filha legítima de José Ricardo Banha, corticeiro natural
da mesma freguesia e de Agripina da Conceição Banha, doméstica, natural da
freguesia de São Bartolomeu, em Vila Viçosa (11).
Mestre da Oficina de Olaria na Escola
Industrial António Augusto Gonçalves
A 3 de Dezembro de 1930, na secretaria
da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves de Estremoz, perante o Director
Luís Fernandes de Carvalho e Reis, tomou posse como Mestre provisório da
oficina de olaria, Mariano Augusto da Conceição, nomeado por alvará desse dia,
que afirmou por sua honra que cumpriria fielmente as funções do seu cargo, entrando
logo no exercício das suas funções (5).
De 25 a 27 de Março de 1931 faz concurso de provas
(Fig. 2 a
Fig. 7) para Mestre da oficina de olaria e é classificado com 15,6 valores,
conforme consta do seu registo biográfico. A 29 de Abril de 1931 passa à
condição de contratado (10). A 23 de Março de 1936, na secretaria da Escola,
perante o Director José Maria de Sá Lemos, tomou posse como Mestre efectivo da
oficina de olaria, nomeado por portaria de 22 de Fevereiro, publicada no Diário
do Governo, n°65 - 2ª série, de 19 de Março de 1936. 0 empossado afirmou por
sua honra que cumpriria fielmente as funções do seu cargo, entrando logo no
exercício das suas funções (5).
A morte do pai de Mariano da Conceição
O pai de Mariano, Narciso Augusto da
Conceição, suicidou-se por enforcamento na Olaria Alfacinha, a 10 de Junho de 1933,
com a idade de 61 anos (14).
Com a morte do pai, Mariano da
Conceição, o primogénito (eram 5 irmãos: Mariano, Jerónimo, Diocleciano,
Caetano e Sabina) passou a dirigir a olaria que entretanto se tinha
transformado em sociedade na qual participavam todos os irmãos. Mariano
trabalhava como oleiro na oficina e simultaneamente dava aulas na Escola (13).
Depois da morte da matriarca Leonor das
Neves Conceição em 1946 e de seu filho Jerónimo Augusto da Conceição, alguns anos
depois, a mulher de Jerónimo e Mariano Augusto da Conceição, vendem a sua quota
na Olaria Alfacinha aos irmãos. Mariano deixa então de trabalhar na Olaria, a
qual passa a ser dirigida por seu irmão Caetano.
Mais tarde, em 11 de Abril de 1958, os
irmãos Caetano Augusto da Conceição, Diocleciano Augusto da Conceição e Sabina
Augusta da Conceição Santos, constituem a firma Leonor das Neves da Conceição
Herdeiros. A família detém e trabalha na olaria até 1987, ano em que é vendida
a Rui Barradas e sua mulher, Cristina. Em 1995 a Olaria Alfacinha encerra
definitivamente.
De filho ilegítimo a filho legítimo
Por auto público de 14 de Junho de 1933,
nos autos de inventário orfanológico, por óbito de Narciso Augusto da
Conceição, que correu seus termos na Comarca de Estremoz, com sentença de 23 do
mesmo ano, que transitou em julgado, Mariano Augusto da Conceição foi declarado
filho legítimo de Narciso Augusto da Conceição e de sua mulher Leonor das Neves
da Conceição, exposta. Ficaram arquivados uma certidão e um documento autêntico
de consentimento do perfilhado.
Este averbamento, datado de 10 de
Janeiro de 1957 e subscrito pelo Conservador, cuja assinatura é ilegível,
integra o Assento de Nascimento nº 305 de 1912 da Conservatória do Registo
Civil de Estremoz, relativo a Mariano Augusto da Conceição (8).
Mariano da Conceição oleiro e bonequeiro
O escultor José Maria Sá Lemos, director
da Escola Industrial António Augusto Gonçalves conseguiu, entre 1933 e 1935, a recuperação da
extinta tradição de manufactura dos Bonecos de Estremoz, com a colaboração de
ti’ Ana das Peles, uma barrista de idade já avançada. Impunha-se que houvesse continuadores.
Daí que tenha lançado um repto a Mariano da Conceição, que o aceitou de bom
grado e teve êxito, passando a ter uma tripla actividade: Oleiro na Olaria
Alfacinha, Mestre de Olaria na Escola Industrial António Augusto Gonçalves e bonequeiro.
A Exposição do Mundo Português
António Ferro (1895-1956),
Secretário-Geral da Comissão Executiva da Exposição do Mundo Português era
próximo de José Maria de Sá Lemos e esteve em Estremoz, onde convidou Mestre
Mariano da Conceição a participar na Exposição. Este não o pôde fazer, devido
às actividades lectivas na Escola Industrial António Augusto Gonçalves. Quem
ali esteve presente durante todo o período da mesma, foi a sua mulher,
Liberdade Banha da Conceição (1913-1990) (Fig. 8), que ali pintava os Bonecos
por ele confeccionados em Estremoz e que depois eram transportados para Lisboa.
O êxito de vendas na Exposição do Mundo
Português fez com que Mariano da Conceição a partir de 1942-43 se dedicasse à
confecção [1]
de Bonecos de Estremoz em oficina própria, actividade que acumulava com o seu magistério
de Mestre de Olaria na Escola Industrial António Augusto Gonçalves. A sua oficina
funcionou sucessivamente na Rua das Meiras nº1, na Rua da Frandina e na Rua
Pedro Afonso nº 6 (13).
Mariano que não tinha forno próprio,
cozia os seus Bonecos no forno de lenha da Olaria Alfacinha, a qual tinha
dirigido. De resto, o barro utilizado por Mariano era preparado na Olaria e transportado
numa carrinha pelo seu irmão Caetano, que levava os Bonecos para cozer
arrumados em gaiolas de barro e os entregava a Mariano, depois de cozidos (13).
Em Estremoz, os Bonecos eram
comercializados nos seguintes locais: Loja de Artigos Regionais da Olaria
Alfacinha (Largo da República, 30), Papelaria Ruivo (Largo da República, 24), Lojas
de Artesanato de Rafael dos Santos Grades (Rua Victor Cordon, 27 e 30) e
Papelaria A Tabaqueira de Alves & Simões, Lda. (Rossio Marquês Pombal 11 e
12 [2]
(13).
Mariano da Conceição visto pelos outros
A 23 de Junho de 1951 reuniu o Conselho
Escolar da Escola Industrial e Comercial de Estremoz, sob a presidência do Director,
Irondino de Aguillar, o qual, antes de se entrar na ordem do dia, quis dirigir
algumas palavras a todos os presentes. “Lembrou-lhes que longe vai o tempo em
que o professor entendia que a vida de professor se cumpre toda dentro das quatro
paredes e dos cinquenta e cinco minutos de uma aula. 0 professor de hoje tem de
não esquecer-se nunca de que é professor, de que é seu dever contribuir para o
prestígio da sua classe e da sua escola e de que é seu dever maior que todos
meditar na responsabilidade que tomou ao escolher tal profissão. Convidou os
presentes a fazerem exame de consciência, que ele, Director, limitar-se-ia a
fazer pública justiça ao Mestre de Olaria, Senhor Mariano Augusto da Conceição,
que pelo seu zelo, pela sua honestidade no cumprimento do dever, confirmou
largamente o que dele era de esperar pelo seu comportamento nos anos anteriores”(1).
O pintor Armando Alves (1935- ) foi
aluno de Mariano da Conceição nos anos lectivos de 1949-1950 e 1950-1951. Na sua
condição de ex-aluno, prestou-me, em 2012, o seguinte depoimento escrito (3):
“Foi na década de quarenta do século passado que conheci o Mestre Mariano
Alfacinha. Era eu por essa altura aluno na Escola Industrial e Comercial de Estremoz
e o Mestre Mariano, professor de Olaria nessa escola.
Frequentar as suas aulas não era para a
maioria de nós, alunos, apenas uma obrigação, antes pelo contrário, era um prazer.
Para mim era mesmo uma espécie de necessidade, pois não só frequentava as
aulas, como muitíssimas vezes aparecia para ajudar o Mestre Mariano nas tarefas
mais fáceis – fazer bases, fazer pernas, fazer (nas pequenas formas de barro
cozido), as cabeças dos bonecos. Com ele aprendi muitos dos segredos do barro e
aprendi também a fazer os Bonecos de Estremoz.
O Mestre Mariano fazia invariavelmente
os seus bonecos em grupos de seis, isto é: seis pastores, seis amazonas, seis
cavaleiros, etc., E isto não era por acaso pois os bonecos são feitos por
partes – as bases, as pernas, os troncos, os braços e as cabeças. À medida que
se iam fazendo cada uma destas partes, (começando sempre pelas bases), o barro
ia ganhando a dureza necessária para receber a colagem das pernas e dos troncos
até à conclusão do boneco. A colagem das partes era feita com a lambugem, (lama
do barro) e uns pequenos risquinhos que se faziam nas partes a colar, tendo sempre
o cuidado de não deixar bolhas de ar, o que poderia causar dissabores na
cozedura... O calor das mãos e um certo vento que de vez enquanto soprava e
rachava o barro, eram também elementos a ter em conta.
Para tudo isto me chamava a atenção o
Mestre Mariano com aquela presença muito forte e ao mesmo tempo muito doce que
o caracterizavam.
Tive a sorte de ter privado com este
Homem a quem agradeço o muito que me ensinou e a quem Estremoz continua a dever
tudo o que ele fez pela nossa terra.”
Por sua vez, Leonor da Conceição Santos
(1943-2014), filha de Sabina Santos, sobrinha de Mariano e Professora de Educação
Especial aposentada, prestou-me, igualmente em 2012, o seguinte depoimento escrito
(6): “Tenho uma ideia vaga do meu tio Mariano que era o mais velho e lembro-me de
um homem muito alto, claro que eu também era muito pequena… Sabia que ele era
professor na Escola Industrial e que a minha mãe tinha sido lá aluna. Lembro-me
também, talvez com os meus 10 anos, e vivendo já na rua do Reguengo, de ter ido
frequentar a Escola Comercial e Industrial, onde hoje é a Pousada. Via por lá o
tio Mariano, que era professor de Olaria, e quando o via ia dar-lhe um beijo, e
ele perguntava com aquele vozeirão:” Então como vai a Escola?” Eu fugia à
resposta porque, na realidade, a escola ia muito mal. Gostava da disciplina de
desenho e…pouco mais. Fui aluna da D. Joana, que era uma artista naquilo para
que eu nunca tive jeito: bordados, tapetes e afins. Só frequentei o ano preparatório
e depois, com grande sacrifício os meus pais mandaram-me para o Colégio do
Mota, (a que chamavam o colégio dos ricos – não era uma verdade absoluta, mas
isso são outras histórias…) onde realmente me senti ambientada. Era uma miúda
pequena e um tanto frágil e aquela Escola Industrial fazia-me medo. Passei a
ver o tio Mariano quando ia à Olaria e ele estava a fazer peças enormes, à
roda, pois só uma pessoa alta, pujante e habilidosa como ele, conseguia “puxar”
o barro na roda de oleiro para fazer essas peças (ânforas e outras). Também o
visitava, em casa dele e tenho ideia, mas a minha prima Maria Luísa poderá
confirmar, que ele tinha uma sala cheia de pássaros das mais diversas raças. Sempre
achei interessante. Ele era caçador, e dos bons, matava perdizes, faisões e
outra passarada e ao mesmo tempo gostava de aves canoras e sustentava-as. Será
que a memória me está a atraiçoar? Penso que não.
Também estive muitas vezes, ao lado dele
a vê-lo fazer os Bonecos de Estremoz. A tia Liberdade, sua mulher, que gostava muito
de mim, arranjava-me um lanche e eu ficava sentada, numa daquelas cadeiras
baixinhas, a ver o meu tio a trabalhar. Naquela altura fazia-me impressão como
é que ele que tinha umas mãos enormes e uns dedos cheios também conseguia
trabalhar minuciosamente cada figurinha e fazer as cabecinhas dos bonecos. Era
isso que eu admirava nele: ora fazia coisas minúsculas, ora puxava, na roda
ânforas gigantescas. Extraordinário!...”
A morte prematura de Mariano da Conceição
O Boletim da Escola Industrial e
Comercial de Estremoz de 29 de Setembro de 1959 (17), sob a epígrafe “Um
estúpido acidente atirou para a morte o Sr. Mestre Mariano”, relata o que se
passou: “O caso deu-se no passado domingo, em pleno Rossio, quando da chegada
dos cavaleiros que disputavam o raid hípico de Estremoz.
A anteceder os dois primeiros
cavaleiros, que surgiram a par, a galope desenfreado, vinham um jeep e uma
moto, mas tão devagar que, num instante, os cavalos estavam sobre eles. 0s cavaleiros
gritavam, os veículos não tomavam velocidade e não houve outra solução senão
guinar cada cavaleiro para seu lado.
Foi nesta altura que à frente de um dos
cavalos surgiu o Sr. Mestre Mariano da Conceição, muito para lá da meta. O
choque foi inevitável e o Sr. Mariano rolou pelo chão.
Imediatamente levado ao hospital, cheio
de sangue, ali foi observado, recolhendo depois a um dos quartos particulares em
estado de coma, com suposta fractura craniana e uma clavícula e várias costelas
partidas. Quem diria que naquele luminoso domingo um estúpido acidente atiraria
para o hospital o nosso Mestre Mariano?
Na madrugada de terça-feira 45, o Sr.
Mestre Mariano expirou (9), por não ter podido resistir à gravidade dos
ferimentos, tendo a Escola perdido assim, estupidamente, um dos seus agentes de
ensino mais dedicados e a quem ela muito ficou a dever.
No funeral incorporaram-se muitos
antigos e actuais alunos e todo o pessoal da Escola em exercício.” (7), (12), (17).
Reacções à morte de Mariano da Conceição
No dia 30 de Setembro de 1959, pelas 15
horas reuniu no gabinete do Director da EICE, o Conselho Escolar presidido pelo
Director Rogério Peres Claro com a presença de todos os membros efectivos,
Mestres Joana Simões e Eduardo Silva. No último ponto da ordem de trabalhos,
por falecimento de Mestre Mariano da Conceição, deliberou o Conselho convidar o
Mestre provisório José Alexandre Rosa para sua substituição. Antes de encerrar
a sessão, o Director propôs com o fim de ser exarado em acta, um voto de pesar
pelo falecimento do Mestre efectivo da Escola, Mariano Augusto da Conceição (2).
Sobre Mestre Mariano da Conceição
recolhi um depoimento (15) daquele que era director à data da sua morte,
Rogério Peres Claro (1921-2015), redigido a 11 de Novembro de 2012, aos 91 anos
de idade: “Conheci o Sr. Mariano da Conceição como Mestre de Trabalhos Manuais
na Escola Comercial de Estremoz, entre 1951 e 1961, período da minha presença
lá como Director. Era conhecido como especialmente hábil na confecção de
bonecos de barro com características locais, como aliás os outros membros da
sua família. Trabalhava em oficina montada no pátio de entrada do castelo, onde
trabalhava também o Sr. Joaquim Prudêncio Oliveira, hábil Mestre no trabalhar
do mármore da região, para o qual formou muitos artistas. A maioria dos brasões
que sustém a fonte luminosa que embeleza Setúbal frente ao mercado da Avenida
Luísa Todi, foram trabalho seu e dos seus alunos.
Mestre Mariano ficou lembrado não apenas
pelos seus bonecos, mas infelizmente também por ter falecido ao coice de um dos
cavalos que em corrida festiva atravessavam o Rossio e que presenciei. Ficou o
dito de que “só ao coice o Mestre Mariano poderia ser abatido”, tão forte que
ele era “
No já referido depoimento escrito (6) de
Leonor da Conceição Santos sobre o tio Mariano, datado de 2012, referindo-se à
sua morte diz: “O Tio Mariano foi um artista e um grande Mestre de olaria. A
sua arte poderia ter-se prolongado para enriquecimento da cultura e do
artesanato estremocense … mas infelizmente um acontecimento inesperado
ceifou-lhe a vida aos cinquenta e poucos anos. Podemos dizer que ele estava no
sítio errado, à hora errada… Um cavalo que fazia parte do raid hípico que
terminava no Rossio Marquês de Pombal, espantou-se e, ou por pouca sorte, ou
por ineficácia do cavaleiro, atingiu o meu tio que assistia ao evento entre muitas
pessoas, ferindo-o de morte. Ainda foi para o antigo hospital, mas viria a
falecer pouco tempo depois.
Foi pena Tio Mariano. Ainda guardo essa
memória, como se fosse hoje. Eu tinha 16 anos. Estremoz perdeu tragicamente um
Alfacinha.
Recordo-o e recordá-lo-ei sempre. Foi
com ele que a arte bonequeira renasceu. Todos lhe devemos isso.”
Mariano da Conceição morreu, mas os
Bonecos não
O Mestre partiu mas legou-nos os seus
Bonecos. A recuperação da manufactura dos Bonecos de Estremoz não podia ficar
por aqui. Surgiram continuadores e a primeira foi a sua irmã, Sabina da
Conceição Santos.
BIBLIOGRAFIA
(1) - Acta da sessão de 23 de Junho de 1951 in Livro de Actas do Conselho Escolar da Escola industrial e
Comercial de Estremoz (1948-1951) (acta nº 12).
(2) - Acta da
sessão de 30 de Setembro de 1959
in Livro de Actas
nº 2 do Conselho Escolar da Escola industrial e Comercial de Estremoz
(1959-1981) (acta nº 1).
(3) -
ALVES, Armando José Ruivo. Depoimento sobre Mariano
Augusto da Conceição. Porto, 2012. sp.
(4) - Auto de posse conferido a Mariano Augusto
da Conceição no cargo de
mestre provisório da oficina de olaria da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves. Estremoz, 3 de Dezembro de 1930 in Livro de
Posses 1930-59 (folha 1v).
(5) - Auto de
posse conferido a Mariano Augusto da Conceição no cargo de mestre efectivo da
oficina de olaria da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves. Estremoz,
23 de Março de 1936 in Livro de
Posses 1930-59 (folha 7v).
(6) -
CONCEIÇÃO SANTOS, Maria Leonor da. Depoimento
sobre Mariano Augusto da Conceição. Ribamar,
2012. sp.
(7) - Falecimento
(Mariano da Conceição) in Brados do Alentejo nº
1475, 04/10/1959. Estremoz, 1959 (pág. 2).
(8) – Mariano
Augusto da Conceição - Assento de Nascimento nº 305 de 1912
da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
(9) –
Mariano Augusto da Conceição -
Assento de Óbito nº 193 de 1959 da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
(10) - Mariano
Augusto da Conceição – Processo Individual de professor nº
707, no Arquivo da Escola Industrial António Augusto Gonçalves e sucessoras.
(11) -
Mariano Augusto da Conceição -
Registo de Casamento nº 68 de 1931 da Conservatória do Registo Civil de
Estremoz.
(12) - Mariano
Augusto da Conceição in O Eco de Estremoz nº 2951,
04/10/1959. Estremoz, 1959 (pág. 3).
(13) – MATOS, Hernâni. Entrevista
a Maria Luísa da Conceição. Estremoz, 7
de Fevereiro de 2013. Arquivo de Hernâni Matos.
(14) –
Narciso Augusto da Conceição –
Registo de Óbito nº 71 e 1933 da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
(15) - PERES CLARO, Rogério. Depoimento
sobre Mariano Augusto da Conceição. Setúbal,
2012. sp.
(16) - Terminou o I
RAID HIPICO ALENTEJANO in Brados do Alentejo nº
1475, 04/10/1959. Estremoz, 1959. (pág. 3).
(17) - Um estúpido
acidente atirou para a morte o sr. mestre Mariano in Boletim
da Escola Industrial e Comercial de Estremoz, 29/09/1959. Estremoz, 1959 (pág.
1).
Fig. 2 - Desenho duma forma cerâmica. Prova de Concurso de Mariano Augusto da
Conceição para Mestre da oficina de olaria da Escola Industrial de António Augusto
Gonçalves, realizada a 25 de Março de 1931. Fotografia de autor desconhecido.
Arquivo fotográfico do autor.
Fig. 3 - Cópia dum motivo floral. Prova de Concurso de Mariano Augusto da
Conceição para Mestre da oficina de olaria da Escola Industrial de António
Augusto Gonçalves, realizada a 26 de Março de 1931. Fotografia de autor
desconhecido. Arquivo fotográfico do autor.
Fig. 4 - Decoração. Prova de Concurso de Mariano Augusto da Conceição para
Mestre da oficina de olaria da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves,
realizada a 27 de Março de 1931. Fotografia de autor desconhecido.
Arquivo fotográfico do autor.
Fig. 5 - Mariano Augusto da Conceição a modelar a peça projectada na oficina de
olaria da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves. Arquivo fotográfico do autor.
Fig. 6 - Mariano Augusto da Conceição a desenfornar uma das peças projectadas
na oficina de olaria da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves.
Arquivo fotográfico do autor.
Fig. 7 - As peças projectadas e executadas por Mariano Augusto da Conceição
já cozidas. Arquivo fotográfico do autor.
Fig. 8 - Liberdade da Conceição, mulher de Mariano da Conceição a pintar
Bonecos de Estremoz na Exposição do Mundo Português. Fotografia do
documentário “A Grande Exposição do Mundo Português” (1940),
de António Lopes Ribeiro.
Fig. 9 - Carimbos usados sucessivamente por Mariano da Conceição para marcar os
seus bonecos: MADE IN PORTUGAL (3,4 cm x 0,3 cm ), ESTREMOZ / PORTUGAL
(2 cm x 0,8 cm ), ESTREMOZ (2 cm x 0,8 cm ). Arquivo fotográfico do autor.
[1] Mariano modelava os bonecos que eram pintados
por sua mulher, Liberdade da Conceição. Mariano só pintava em último caso,
sempre que havia uma encomenda grande de Bonecos. Todavia, era ele que aplicava
sempre o verniz, visto a sua mulher ser uma pessoa bastante doente (13).
[2] De salientar que só a partir do momento em
que se estabeleceu como bonequeiro por conta própria é que Mariano passou a
auferir proventos dessa actividade. Anteriormente só fazia Bonecos na Escola, os
quais conjuntamente com os Bonecos manufacturados pelos alunos, eram
comercializados e as receitas resultantes da sua venda destinavam-se a custear
as despesas de funcionamento da própria Escola (13).
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