quarta-feira, 5 de junho de 2019

Bonecos de Estremoz: António Lino de Sousa


Fig. 1 – Operação de desenfornar na Olaria Alfacinha nos anos 50 do séc. XX.
Ao centro António Lino de Sousa (1918-1982) com cerca de 40 anos. À sua
esquerda Caetano da Conceição e à sua direita Jerónimo da Conceição.
Fotografia de Rogério de Carvalho (1915-1988). Arquivo fotográfico do autor. 

Nasceu a 4 de Junho de 1918 numa casa da rua do Poço Novo, na freguesia da Anunciação, concelho de Redondo. Filho legítimo de José Arnaldo de Sousa Meneses, de 24 anos, oleiro, natural da freguesia da Conceição, concelho de Vila Viçosa e de Isabel Maria Lopes, de 19 anos, doméstica, natural da freguesia da Anunciação, concelho de Redondo (3).
Aos 12 anos entrou como aprendiz na Olaria Alfacinha, onde chegou a rodista. Era popularmente conhecido por duas alcunhas “Mouco” e “Redondeiro”.
A 3 de Março de 1973, com 54 anos de idade, casou catolicamente com Quirina Alice Marmelo, de 51 anos, cozinheira, natural da freguesia de São Lourenço, concelho de Estremoz. O casamento ficou sujeito ao regime imperativo de separação de bens, nos termos da alínea b) do nº 1 do artº 1920 do Código Civil. A celebração do matrimónio decorreu na Igreja Matriz de Santa Maria de Estremoz e foi presidida pelo Padre Júlio Luís Esteves, pároco da freguesia (4).
Foi na Olaria Alfacinha (Fig. 1) que, com Mestre Mariano da Conceição, aprendeu a manufactura de Bonecos de Estremoz, visando reforçar o seu magro salário. A isso se dedicava nos dias de folga, no que era acompanhado por Quirina, que além de manufacturar os seus próprios Bonecos, pintava os de ambos, visto que ao marido não lhe agradava pintar. O barro utilizado por António Lino era por ele recolhido nos Barreiros e preparado para modelar. A cozedura dos Bonecos era feita num forno a lenha que construíra no quintal da sua residência.
Por motivos de saúde, António Lino teve em 1976 de deixar a Olaria Alfacinha, dedicando-se então em exclusivo à confecção de Bonecos na sua oficina-loja na Rua Arco de Santarém, nº 4, onde igualmente comercializava louça do Redondo e de São Pedro do Corval. Outro local de venda dos seus Bonecos era o Museu Municipal de Estremoz, próximo da sua casa. Nunca frequentou feiras.
Uma coisa chama desde logo a atenção nas suas figuras: as dimensões diminutas das suas bases.
António Lino viria a falecer no dia 5 de Junho de 1982, com 64 anos de idade, vítima de insuficiência cardíaca – edema agudo do pulmão. Morava na Rua Arco de Santarém, nº 4 (2), (1).

BIBLIOGRAFIA
(1) - AGRADECIMENTO - António Lino de Sousa in Brados do Alentejo nº 67, 25/06/1982. Estremoz, 1982 (pág. 2).
(2) - António Lino de Sousa - Assento de Óbito nº 87 de 1982, da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.
(3) - António Lino de Sousa - Registo de Nascimento nº 185 de 1918, da Conservatória do Registo Civil do Redondo.
(4) - António Lino de Sousa - Assento de Casamento nº 18 de 1973, da Conservatória do Registo Civil de Estremoz.

Hernâni Matos

Mulher da azeitona.

Pastor com um borrego ao ombro.


Pastor ofertante das pombas.

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