segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021
Uma vida ao serviço da Cultura Portuguesa
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021
Ferozmente independente
Homem das letras exactas
Sempre na linha da frente
Sem timidez nem bravatas
Aguçado pela ciência,
Com método positivo,
Vens construindo um arquivo
Com saber e paciência.
Um marco da resistência
Da cultura popular,
A alma da nossa gente.
É uma forma de lutar,
E contra a maré remar,
Ferozmente independente.
Um guardador de memórias,
Que se perdem hora a hora.
Tempos da outra senhora.
Entre bonecos e estórias.
Os sonhos do povo, as glórias
De um viver ancestral.
Boneco, selo, postal,
Juntando dados e datas.
Hernâni Matos, o tal
Homem das letras exactas.
Coisas simples, verdadeiras.
Dás ânimo às boniqueiras,
Que contemplas e acarinhas.
Tu sabes ou adivinhas
Como se fazem artistas.
Cada peça que conquistas
Também enriquece a gente.
És homem largo de vistas,
Sempre na linha da frente.
Alimentas as raízes
O que escreves e o que dizes,
Sempre antigo, é sempre novo.
Coisas com que me comovo.
Hernâni, homem de Abril,
Outono primaveril:
As belezas que retratas
São a arte pastoril,
Sem timidez, nem bravatas.
Manuel Calado
Borba, 3 de Fevereiro de 2021
terça-feira, 9 de fevereiro de 2021
Onde as Ciências Exacta e Humana se complementam
domingo, 7 de fevereiro de 2021
Guardador de memórias
sábado, 30 de janeiro de 2021
Bonecos de Estremoz e pandemia
No decurso da pandemia que dilacera o país, os barristas de Estremoz
tiveram as suas oficinas fechadas e sem escoamento de produção, durante largos
períodos de tempo. Porém, continuaram a modelar o barro, com esperança no
amanhã que tarda, mas que crêem que há de vir.
Como coleccionador e investigador
da barrística popular estremocense, surgiu-me na mente a ideia de que poderiam
e deveriam ser modelados Bonecos que perpetuassem no barro, a pandemia que
atravessamos. Como não costumo ficar só pelas ideias, contactei oportunamente
os barristas Irmãs Flores e Ricardo Fonseca, a quem motivei para a criação das seguintes figuras:
- Fig. 1 - “PERALTA NA PANDEMIA” e
“SÉCIA NA PANDEMIA”, retratando em contexto social a resposta possível à
pandemia, através do uso de máscaras comunitárias. Criação das Irmãs Flores.
- Fig. 2 - “RICARDO JORGE”, figura
maior da Medicina Social em Portugal, que em 1899 concebeu medidas profiláticas
que ainda hoje são usadas no combate às pandemias. Criação de Ricardo Fonseca.
- FIG. 3 - "SÃO ROQUE",
invocado pela comunidade católica, como Santo Protector contra as epidemias.
Criação de Ricardo Fonseca.
As Irmãs Flores interpretaram a
seu modo o que eu propusera e a sua mestria criou duas figuras muito belas, de
cunho verdadeiramente popular e que correspondem inteiramente aquilo que eu
pretendia. Por sua vez, Ricardo Fonseca nas figuras que criou, revelou igualmente
toda a sua mestria, bom gosto e fidelidade aos cânones da modelação de Bonecos
ao modo de Estremoz.
Para além da sua beleza, qualquer
das figuras criadas é não só um ícone dos tempos presentes, como uma
recordatória nos tempos futuros.
Hernâni Matos
quarta-feira, 27 de janeiro de 2021
A Boniqueira Joana
LER AINDA
À Boniqueira Joana,cuja magia das mãos me encantou à primeira.
domingo, 17 de janeiro de 2021
És alfaiate da palavra
Uma das muitas coisas que partilho com os outros é a escrita,instrumento
de libertação do Homem. Filho de alfaiate, aprendi a alinhavar palavras,que
permitem cerzir ideias com que se propagam doutrinas. Esse o sentido da minha
intervenção na blogosfera.
MATOS, Hernâni. Nós os subversivos
do Facebook.Blogue "Do Tempo da Outra Senhora".Estremoz, 11 de Setembro de 2010.
ÉS ALFAIATE DA PALAVRA
MOTE
És
alfaiate da palavra,
Do alinhavar ao cerzir,
É com ela a tua lavra
Para elogiar ou zurzir.
Talvez seja genética,
Essa arte de costurar!
A escrever ou a falar,
Não descuidas a fonética
E és bom na dialética.
Escrita também se alinhava,
Senão o texto escalavra.
É preciso ter jeito,
P’ra escrever a preceito
És alfaiate da palavra.
Após a
obra alinhavada
Com cuidado e atenção,
Passas à execução.
Atentamente verificada
A tarefa fica terminada
E depois de a concluir,
Divulgar e difundir,
Indagar atentamente
Se agrada ao cliente
Do alinhavar ao cerzir.
É trabalho fascinante,
Aprazível e libertador
Que exige algum labor,
Mas muito gratificante,
E também contagiante.
Sem o uso da palavra,
Como é que se comunicava?
Como é que a gente fazia
Ou como é que eu te dizia?
É com ela a tua lavra.
Que gostes da brincadeira,
É isso o que mais quero,
E ao menos assim espero.
Penso que não disse asneira
Nem te causei canseira.
É a maneira de exprimir,
Sem receio de mentir,
Que é do homem libertação
O uso da opinião
Para elogiar ou zurzir.
São Bento do Ameixial, 16/01/2021
Xico de São Bento