São Roque (séc. XVII).
Escultura em madeira policromada. Igreja de São Roque, Lisboa.
Início do culto a São Roque em Portugal
As primeiras notícias sobre os milagres de Santo
Roque chegadas a Portugal remontam ao final do reinado de D. João II e ao
início do de D. Manuel I. A devoção a São Roque expandiu-se através da fundação
duma confraria que contava com a família real e a nobreza entre os seus
membros. Desde então que a Irmandade de São Roque de Lisboa tem mantido vivo o
culto a São Roque.
Em 1506 teve início a construção da Ermida de São
Roque no exterior da Cerca Fernandina, perto do adro onde se sepultavam as
vítimas da peste. A ermida foi consagrada pelo bispo em 1515 e nela se
depositaram as Relíquias de São Roque cedidas ao rei D. Manuel I pelas
autoridades venezianas. O adro foi consagrado em 1527. A ermida
transformou-se num importante local de peregrinação, aonde acorriam peregrinos
para cumprir as suas promessas.
Em 1553
a Companhia de Jesus tomou posse da Ermida e em 1556
decidiu avançar com a construção da Igreja de São Roque no local da Ermida.
A Irmandade de São Roque conseguiu subsistir à
expulsão da Companhia de Jesus em 1759. Em 1990 transformou-se em Irmandade da
Misericórdia e de São Roque de Lisboa e em 2011 fundiu-se com a Real Irmandade
do Glorioso São Roque dos Carpinteiros de Machado.
Padroeiro de localidades
- VILAS: São Roque do Pico (Pico – Açores); -
ALDEIAS: Gens – Foz do Sousa (Gondomar), Vilarinho de São Roque (Albergaria a
Velha); - FREGUESIAS: Abrigada (Alenquer), Altares (Angra do Heroísmo), Cortes
do Meio (Covilhã), Romarigães (Paredes de Coura), São Roque (Funchal), São
Roque (Oliveira de Azeméis), São Roque (Ponta Delgada – Açores), São Roque do
Faial (Santana – Madeira).
Padroeiro de profissões
São Roque é padroeiro de cirurgiões e deficientes,
dermatólogos, padeiros, tratadores e treinadores de cães, curtidores de peles,
cardadores, agricultores, viticultores e trabalhadores da pedra (canteiros,
calceteiros e carreiros).
Protector
São Roque é invocado como protector: - Contra
epidemias de peste, cólera, tifo, gripe espanhola, sida, etc. - Contra a
silicose de canteiros, calceteiros e carreiros. - Contra doenças de animais
(febre aftosa) e da videira (filoxera). – De cães.
Arquitectura
São Roque é um nome muito usado na designação de
construções pertencentes aos vários tipos de arquitectura: - ARQUITECTURA CIVIL
– Existem três Pontes ditas de São Roque: a que atravessa a Ribeira de Ovar, a
que une as margens do rio Coa entre as freguesias de Castelo Bom e Mido e a que
liga as duas margens do rio Tâmega em Chaves; - ARQUITECTURA MILITAR – Existe
Forte de São Roque em Castelo de Vide e em Lagos (Meia Praia); - ARQUITECTURA
RELIGIOSA – Tendo por orago São Roque existem: Ermidas (1), Capelas (59) e
Igrejas (4). Destas últimas a mais importante é, sem dúvida, a Igreja de São
Roque, em Lisboa.
Arte
São Roque tem conhecido entre nós e através dos
séculos, múltiplas representações iconográficas: escultura em pedra ou madeira
policromada, pintura, azulejaria e gravura.
Festas em Honra de São Roque
Têm lugar em 71 locais diferentes do país, com
datas de realização e componentes profanas e religiosas igualmente variáveis de
local para local. Pela importância de que se revestem são de referir aqui os
festejos realizados em Lisboa.
Actualmente, a Irmandade da Misericórdia e de São
Roque de Lisboa celebra o seu Orago no primeiro Domingo de Outubro. As Festas
em Honra de São Roque compreendem dois períodos: um de natureza cultural que
ocorre no sábado e outro, de natureza espiritual, que sucede no Domingo.
Os festejos de Domingo iniciam-se com a Eucaristia
na Igreja de São Roque, no decurso da qual está exposta a Relíquia do Santo
Patrono. Durante a Missa são entoados os cânticos e o Hino de São Roque, e lido
o texto do nono e último dia da Novena de São Roque.
A Eucaristia termina com a Bênção com a Relíquia, a
distribuição do Pão de São Roque “que simboliza o alimento e o amparo da
comunidade humana” e a entrega da Pagela, que todos os anos é editada para esta
celebração e que, de forma iconográfica, recorda a figura do Santo e os seus
atributos.
Ainda no primeiro domingo de Outubro, tem lugar a
Procissão solene com a Relíquia de São Roque e a imagem do Santo Patrono, a
qual sai da Igreja de São Roque, caminha pelas ruas do Chiado e dirige-se à
Capela da Irmandade do Glorioso São Roque dos Carpinteiros de Machado, no
Arsenal da Marinha. De acordo com a Irmandade promotora, trata-se de “um acto
de manifestação pública de fé, de peregrinação e de testemunho, mantendo vivo o
culto a São Roque e divulgando as singulares obras de caridade e de
misericórdia…”
Divisão Administrativa
O nome de São Roque figura na designação de
concelhos, vilas, aldeias e freguesias: - CONCELHOS (1): São Roque do Pico
(Pico); - VILAS (1): São Roque do Pico (Pico). – ALDEIAS (1): Vilarinho de
São Roque (Albergaria a Velha); - Freguesias (4): São Roque (Funchal), São
Roque do Faial (Santana), São Roque (Oliveira de Azeméis), São Roque
(Ponta Delgada).
Toponímia
O nome de São Roque marca presença na toponímia
portuguesa tanto a nível urbano como a nível rural: - A NÍVEL URBANO: altos
(1), arraiais (1), avenidas (3), bairros (4), calçadas (2), caminhos (5),
casais (1), corredouras (1), estradas (1), ilhéus (1), largos (14), loteamentos
(1), miradouros (1) pracetas (1), quelhos (1), quintas (1), rampas (2),
rotundas (1), ruas (70), terreiros (1), travessas (35), urbanizações (1) e
vielas (1). - A NÍVEL RURAL: lugares (18).
Hidrografia
O nome de São Roque surge no âmbito da hidrografia
para designar ribeiras e canais: - RIBEIRAS (3): Ribeira de São Roque (Angra do
Heroísmo, Loures e São Roque do Pico). - CANAIS (1): Canal de São Roque
(Aveiro).
Heráldica
A imagem de São Roque acompanhado pelo cão integra
o brasão de armas das freguesias de São Roque do Faial (Santana) e Vila Chã de
São Roque (Oliveira de Azeméis). O bordão de peregrino de São Roque com uma
cabaça atada faz parte do brasão da freguesia de São Roque (Funchal).
São Roque (1517-1551)].
António de Holanda. Iluminura. Pintura a têmpera e ouro
sobre pergaminho (14,2x10,8
cm). Fólio 274. Livro de Horas de D. Manuel I.
Museu Nacional de Arte Antiga,
Lisboa.
Aparição do anjo São Roque
(1584). Gaspar Dias. Pintura a óleo sobre madeira
(350x300 cm). Igreja de São Roque,
Lisboa.
Milagre de São Roque (1584).
Francisco de Matos. Painel de azulejos (Fragmento).
Igreja de São Roque,
Lisboa.
Gravura de São Roque datada
de 1800, executada por Frei Mattheus da Assumpção
Brandão (1778-1837), com Impressão
Régia de 1832 em Lisboa e que ilustra a
Novena do Glorioso S. Roque por occasião
da Epidemia Cholera-Morbus no anno
de 1832. Offerecida, e celebrada pela Real
Irmandade de S. Roque de Lisboa,
sendo seu Provedor Perpetuo El Rei Nosso Senhor: O
senhor D. Miguel I”.
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