Estremoz, 4 de março de 2021
segunda-feira, 29 de março de 2021
Preservar memórias
Estremoz, 4 de março de 2021
domingo, 28 de março de 2021
O meu posto é aqui!
É forte o meu amor pelos Bonecos de Estremoz. É como se a Terra-Mãe de barro se tivesse fundido comigo num acto de paixão perene que me aquece e alegra a alma. Por outras palavras: tenho os Bonecos de Estremoz na massa do sangue. Eles são o meu amor de todas as horas e acompanham-me para onde quer que eu vá. Longe de ser um fardo, é uma missão que assumi de corpo inteiro. De tal modo que por vezes me vejo obrigado a puxar das divisas e a proclamar:
- O meu posto é aqui!
Esse o significado da presente fotografia de quem não nasceu para posar para fotografias, mas antes para rasgar horizontes, já que é para serem rasgados que os horizontes existem. Todavia, os horizontes fogem de mim e sempre que avanço na minha caminhada, os horizontes passam a ser outros, até eu passo a ser outro, porque, entretanto, cresci durante a caminhada.
Recolectar, observar, analisar, ver para além do óbvio, estudar, investigar, pulverizar os dogmas e as verdades de conveniência onde alguns gostam de se acoitar e acabam por se atolar, são alguns dos passos dessa caminhada.
Boniqueiro das palavras ou picareta escrevente tanto faz. O que interessa é o que escrevo e como escrevo, já que se escrevo e porque escrevo é espontaneamente da máxima importância, por ser tão vital como o respirar, o comer, o dormir e o procriar. E a voz que é minha com a força e a legitimidade de provir igualmente da Terra-Mãe, tal como eu nunca se rende e mesmo em momentos difíceis proclama comigo e a uma só voz:
- O meu posto é aqui!
sexta-feira, 26 de março de 2021
Hernâni Matos: uma referência na vida estremocense
Traçar o perfil biográfico de quem quer que seja, não é tarefa fácil, muito menos do Professor Hernâni Matos. Limitar-me-ei a alguns tópicos resultantes da minha interação com ele.
No ano de 1994, conheci pessoalmente o Professor Hernâni Matos como autarca na Assembleia Municipal de Estremoz, à qual eu prestava assistência como funcionário do Município. Aos sábados de manhã era vulgar encontrarmo-nos no Café Alentejano, onde em torno de uma bica, o tema de conversa eram os assuntos pertinentes da ocasião, abordando-se também a sua prestação no órgão autárquico e os projetos que desenvolvia na altura (Filatelia, Animação Cultural e Imprensa local). Muitas vezes coloquei à sua disposição os meus conhecimentos no arranjo e produção gráfica de trabalhos das diversas áreas em que tem intervindo.
A meu ver, o seu papel como autarca traduz-se até aos dias de hoje, numa das melhores prestações que o órgão conheceu. Foi ele que implementou a utilização de actas electrónicas na Assembleia Municipal. Era um homem que só precisava da coragem e da força de vontade para lutar por aquilo em que acreditava.
O Professor Hernâni, com o seu espírito persistente, gosta de aprender e ensinar. Desta forma, sabe como ninguém, pensar com serenidade e ponderação.
Há cerca de 50 anos que vem desenvolvendo intensa e diversificada atividade cultural a nível local. Como filatelista alcançou projeção internacional, tendo recebido inúmeros prémios e distinções. Há 12 anos que mantém um blogue dedicado à Cultura Portuguesa, muito em especial à Cultura Popular, com especial incidência no âmbito local e regional. Colaborador ativo da Imprensa local, publicou 4 livros com os conteúdos centralizados em Estremoz.
Pela sua postura cívica representa um exemplo a seguir por qualquer um que tenha a consciência do dever para com a sociedade a que pertence.
terça-feira, 23 de março de 2021
Amizade em tempos de Covid ou sobre os seres que são catedrais
Dou comigo a pensar que o corpo com que nascemos nos molda. Como
se as características físicas fossem os atributos extensíveis da nossa
personalidade. Ou talvez seja ao contrário. Que o corpo se vai moldando de
forma a albergar a dimensão dos nossos interesses, dos nossos valores, do nosso
conhecimento, de como somos com os outros à medida que crescemos.
Em 2019, quando embarquei no Curso de Técnicas de Figurado de
Estremoz, estava longe de imaginar que a minha vida ia dar uma volta de 360
graus. Mas uma grande volta deu a minha vida, de tal
forma que, inspirada e apaixonada pelo que
tinha aprendido, deixei um emprego certo e decidi dedicar-me à
incerteza de ser artesã e fazer bonecos. Uns mais inspirados nos de Estremoz do
que outros, mas sempre com os de Estremoz, e o que aprendi no curso, no
horizonte e como ponto de partida.
Neste meu salto em queda livre, foram muitos os que me foram
abrindo para-quedas, de tal forma que acabei por perceber que afinal
não era uma queda, mas sim um voo. E ninguém como o Hernâni Matos, que agora
tenho o privilégio de ter como Amigo, e que me tem acompanhado neste voo
e tem sido uma ponte sólida entre o meu trabalho como artesã e o mundo
dos Bonecos de Estremoz.
Não me esqueço o sábado de sol, de um princípio de verão, no dia
em que nos conhecemos. Um dia da era estranha dos tempos Covid, que não são
ainda dias do passado, mas que espero, possam sê-lo em breve. Ambos de máscara
posta, adereço uniformizador da nossa vulnerabilidade humana, escudo que
nos protege a vida, mas que nos afasta da riqueza codificada das
expressões faciais. O que era para ser uma entrega de uma peça à laia de um
café, tornou-se numa conversa que teria durado todo o dia, não fosse a sardinhada
em família que o Hernâni tinha agendado para esse sábado.
A mente do Hernâni é como as cartolas dos mágicos, e exerce o
mesmo fascínio para quem tem a sorte de privar com ele. Nem bem acabado
que está de sair o primeiro coelho, já uma pomba, um lenço, uma rosa se põem em
fila para sair também, num desfile inesgotável e surpreendente, cada um como
consequência inevitável do outro. Dos cumprimentos formais "do como está,
é um prazer conhecê-lo finalmente", o Hernâni deslindou o primeiro
"coelho da sua cartola" com a lenda de São Roque e do seu
confinamento visionário, em tempos de outras pandemias, e sobre o cão que lhe
trazia pão e que lhe permitiu sobreviver. Do São Roque passou-se aos apitos. Os
mais tradicionais, os mais contemporâneos. Fiquei a saber que o Hernâni prefere
os mais singelos. Depois a conversa discorreu para a origem carnavalesca das
figuras do Amor é Cego, da sua possível inspiração nas obras barrocas com
cupidos e outros anjos. Daí passámos à Primavera, às peças de inovação, o percurso
histórico dos Bonecos. Outro truque da cartola, e o Hernâni falou do seu
percurso profissional como aprendiz de alfaiate, e depois como professor de
Física no Liceu. Mencionou um aluno brilhante que teve, o seu perfeccionismo já
evidente, e que se transformou num dos grandes do Figurado Português, com o
qual tive o privilégio de aprender o que sei de figurado - o Mestre Jorge
Palmela. Logo a conversa se virou para os novos artesãos, os mais velhos, os
que já não estão. E daquela cartola não parariam de sair
"coelhos e pombas", na analogia possível aos temas de
grande interesse que ali partilhávamos, não tivesse chegado a hora do almoço.
O mercado de sábado, que me parecia acontecer apenas com o
propósito de servir de cenário à nossa conversa, era já um baile de gente
a arrumar bancadas e outras de sacos nas mãos a transbordar com ramas verdes,
comprando um último ingrediente, ou fazendo uma última negociação de
algum achado em segunda mão, antes do regresso a casa.
E assim, sob o olhar atento da fonte do Sátiro, do
escultor Sá Lemos, nos despedimos. Sem abraços, ou outras manifestações de
proximidade, porque os tempos não estão para isso.
No regresso a casa vim a pensar no quanto aquele homem de 74 anos,
ao qual praticamente só vi os olhos, leva dentro. Tanto conhecimento, tanta
força, tanta generosidade, tanto amor por tantas coisas e um incomensurável
pelos Bonecos, que o seu corpo mais não poderia ser se não um corpo alto,
basilar, com a elegância da idade e das coisas interessantes às quais dedica o
seu tempo.
Desde então são inúmeras as vezes que trocamos ideias. Não se
cingem aos bonecos, nem ao eterno dilema, tão velho como a própria arte em si,
da tradição versus a inovação, que pano para longas mangas tem dado aos
Bonecos da Cidade Branca. Outros temas afloram, alguns de cariz mais
atual, outros mais poéticos e oníricos. Em todos eles sempre a mesma
generosidade, cuidado, mente crítica, conhecimento profundo,
sensibilidade e, a qualidade mais preciosa entre todas - humanidade.
Seres como Hernâni são seres raros, bons, necessários cuja
contribuição para o bem maior é indelével. E por isso têm corpos como
catedrais, fortes, amplos, erguidos, para que neles possa existir o universo
vasto que contêm.
Que acabem rápido estes dias covidescos, e que a nossa amizade
possa fazer-se de mais dias de verão, numa esplanada de Estremoz, irradiada
pelo sol e pela partilha de saber, de interesses comuns e pelos nossos
sorrisos.
Joana Santos
Foros do Queimado, 1 de Março de 2021
domingo, 21 de março de 2021
O professor Hernâni
sexta-feira, 19 de março de 2021
Hernâni Matos, pois claro!
Mal o
ano chegou, mais concretamente, no começo
do mês em curso, mandou missiva. Ai, conseguirei
cumprir?
– Catarina, ajuda-me. Confirma
aí, o antecessor que te apresentou ao mundo… antes
de Carmelo, chama-se…?
– …
– Ah,
maravilha! Haja alfabeto!
Anteontem,
madrugada adentro, ambiente criado, concentrei-me
e consegui caracterização.
Homem
da cultura, ativista, melómano, apreciador de artistas
e de aguarelistas, complementa o curso de ciências,
amando conjuntamente as artes e ainda os herdeiros
das cantigas de amigo e de amor, ansiando constantemente
homenagear com afinco Antero, os Antónios, e
Almada, o Almeida, Cesário e Camões, os modernistas
e os mais que couberem.
Mestre
maior a avivar memórias, habitual mentor, é hábil
conhecedor de adágios e aforismos, anexins dos antepassados,
o antigo mister campesino. Curioso por aprender
mais e mais ainda, é um colecionador compulsivo
de arte campestre, ajudante máximo da arte
dos artesãos da cidade e do Alentejo, não se cansando
de mostrar os de agora, que maravilhosamente manuseiam
a massa à moda antiga.
É colaborador
assíduo dos meios de comunicação cá da cidade
com crónicas e comentários carregados de maravilhosas
metáforas e habitualmente muito atento às causas
maiores, à contribuição cívica como cidadão deste
aglomerado e dos arredores, do cantinho, do mundo.
Em
1995, em maio, aproximou amigos, de modo multidisciplinar,
e assegurou apresentações, ajustadas à área, de múltiplas
comunicações acerca da água. Da mesma maneira,
constantemente agrupa colegas, atribui um mote,
e matuta na melhor maneira de criar concursos.
Há anos,
convidou-me a apresentar a minha coleção de corujas,
conseguindo que se carregassem milhares, de muitos materiais,
o que cativou adeptos do colecionismo, colhendo agradáveis
apreciações.
Acabo
aqui, caro colega, almejando cabeça e musculada
massa cinzenta que aguente acompanhar-te em mais
coisas mil, manifestando além do mais, e atenta
no meu humilde conselho, que conserves a mesma
atividade abundante e absoluta firmeza.
Concluo,
assim, este é o habilidoso, acelerado, célebre e metódico
Hernâni António Carmelo de Matos, pois com certeza!
sexta-feira, 12 de março de 2021
O Pernas
O Pernas que nasceu por ser magro, alto e com as pernas longas, passou a ser o Hernâni, com todas as suas valências, nascidas talvez também por causa dessa perda dramática.
Voltei a vê-lo, passados talvez três ou quatro anos. Falámos de tudo, com realce para as ciências e as letras. Depois disso, só voltei a saber do Hernâni, pelas redes sociais e fiquei maravilhado com as coisas que escrevia. Crítico mordaz num estilo que me fazia lembrar os clássicos surrealistas. Escrever brincando, deixando meio escondida a mensagem, num ritmo quase poético. Estilo. É o estilo, que caracteriza os seus escritos e que o faz diferente.
Gosto do Hernâni, da sua verticalidade e dos seus escritos que espero, venham a ser lidos por todos. Só não gostei da alcunha Pernas.
quinta-feira, 11 de março de 2021
Um lutador
Um grande obrigado pela sua obra e que continue por muitos anos.
Isabel Taborda
Oliveira
Estremoz,
20 de Fevereiro de 2021
terça-feira, 9 de março de 2021
Hernâni Matos - O Boniqueiro das Palavras
domingo, 7 de março de 2021
Hernâni, “O colecionador”
quinta-feira, 4 de março de 2021
Hernâni Matos: a memória de um amigo distante
sempre mais e mais.
Desata laços,
transpõe barreiras,
salta os muros da mediocridade,
faz das horas mortas,
tempo de validade.
Não pactua com o fácil,
diz não quando preciso for.
Tem a coragem
de renegar, até a dor
é apanágio do forte,
é a bandeira do que nada teme,
nem sequer a morte!
Leiria, 7 de Fevereiro de 2021
terça-feira, 2 de março de 2021
Hernâni Matos, um homem que não passa ao lado da vida
segunda-feira, 1 de março de 2021
O nosso amigo Hernâni
Só restringiu o modo de leccionar.
Cumpre um papel pedagógico mais lato,
Como bom jornalista e escritor ímpar.
É conferencista em múltiplos assuntos
Que vão desde a arte rural mais singela,
Utensílios de barro e bonecos juntos,
À filatelia que tanto zela!...
O Hernâni é um eterno apaixonado
Pela sua terra de alvura caiada,
Pelos campos doirados, pastagem do gado,
Por gente de hoje ou da era passada,
Pelos poetas a quem deu nome e palcos,
Os pintores, os oleiros ou boniqueiras,
Pelos ganhões a pisar trilhos e socalcos,
A quem notabiliza em suas maneiras.
Procura as raízes do povo que respeita,
Busca-lhe a singularidade da arte,
A ciência singela, inata, perfeita,
Achando algo de novo em qualquer parte,
A sugerir-lhe uma maior atenção,
Para registar em documento escrito,
Criado com minuciosa precisão,
Num elogio fácil e bem explícito.
Já completou um monumento imortal,
Que é depósito ou cofre de memórias
Desta bela cidade de mármore e cal,
De ceifas, mondas, gente e suas histórias,
Dos jogos de infância no largo da Fonte...
A par dos selos, envelopes, e postais,
O Hernâni publicou para que conste,
Coisas que nunca se valorizam demais!
Georgina Ferro
Estremoz, 14 de Fevereiro de 2021
sábado, 27 de fevereiro de 2021
O amigo Hernâni
A minha maior interacção com o Hernâni foi, como disse, no início dos anos oitenta em que ele, com o meu pai, eu e outros “carolas” dos selos, formámos a AFA - Associação Filatélica Alentejana, como forma de patrocinar o coleccionismo de selos, assim como fazer sair muitos dos que se juntaram a nós, da fase de recolector de “coisas” para a fase de coleccionador. O Hernâni, nunca foi pessoa de se satisfazer com pouco e amigo do ócio, pelo que singrou na Filatelia, com árduo trabalho, chegando a receber vários prémios, de que destaco a “Ordem de Mérito Filatélico”.
Como disse de início, a inquietude do Hernâni não é só com a Filatelia, é com a imprensa escrita, com as novas plataformas informáticas, com a cultura em geral, com a escrita e literatura, com a política concelhia, com a educação e claro com os nossos bonecos de barro de Estremoz, sendo neste momento, talvez o seu “afilhado” mais recente, em termos de estudo e investigação, no entanto com obras escritas e bem fundamentadas por um estudo criterioso e obviamente exaustivo e científico.
Hernâni continua com o teu trabalho, já que o mesmo é bastante profícuo e deixa-nos a capacidade de apreciar tudo o que tens feito. O meu abraço e muito obrigado.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021
Ao meu amigo Hernâni Matos
Fizeste boa carreira de professor
Muito vens brilhando como escritor
Vincando sobranceiramente teus atos
Biografando-te sinto-me honrado
Longe de algo na manga ou na palma
Escrevo de ti o que me vai na alma
Eu sou mestre, enquanto tu és mestrado
Proponho que sejas homenageado
Pelos teus procedimentos sensatos
Divulgas conhecimentos natos
Comentas com muita sabedoria
Não estou a fazer qualquer fantasia
Caro ”Velho” amigo Hernâni Matos
Pela tua competência a exercer
Fui teu aluno, sei que estou a dizer
Quem frequentou a secundária concorda
Tua determinação nunca transborda
Eras disciplinado e disciplinador
Lecionaste com todo o teu rigor
Tua sonante voz, aluno ouviu
Muito bem aprendeu quem te seguiu
Fizeste boa carreira de professor
Tua cultura geral é invejável
És filho de um saudoso alfaiate
A escrever e a ler ninguém te bate
Sendo júri atribuía-te o Nobel
À cultura foste sempre muito fiel
Tratas todas as causas com muito amor
Participas sempre com muito calor
Facilidade em orar ou escrever
Manipulas palavras com todo prazer
Muito vens brilhando como escritor
O teu perfil enobrece o bairrismo
Tens Estremoz gravado no teu coração
Pugnas muito pela dinamização
Sempre com muito otimismo
Chancelado plo teu puro dinamismo
Filatélica moldurou teu retrato
Os Bonecos de Estremoz são-te gratos
Pelo muito que lhe tens emprestado
Facto que mereces ser elogiado
Vincando sobranceiramente teus atos
Estremoz, 5 de Fevereiro de 2021
quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021
Homem de Paixões
António J. B. Ramalho
Estremoz, 5 de Fevereiro de 2021
segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021
Hernâni Matos
Antes de aparecer o corpanzil alto, magro e ligeiramente curvado, ouve-se o vozeirão como um rochedo no início de uma derrocada que tudo arrasta. Olhamos uns para os outros com pontos de exclamação no olhar: não há a mínima dúvida de quem se aproxima, é o Hernâni! E é assim, arrastando obstáculos, que põe toda a gente a mexer, seja para uma exposição de selos ou de bonecos de Estremoz, seja para um almoço com poetas populares…
sábado, 20 de fevereiro de 2021
Companheiros Filatélicos
Travámos conhecimento na Associação Fotográfica do Sul, na sua secção filatélica, onde a paixão pelos selos nos fez percorrer durante muitos anos um caminho comum. Quando falo deste caminho comum, falo de um percurso intenso ligado à filatelia e a muitos eventos filatélicos, realizados em conjunto quer na AFA, quer na ANJEF, quer na Confraria, quer na colaboração prestada a outras coletividades. Fez parte da lista dos filatelistas fundadores da Confraria Timbrológica Meridional em Évora, de vários Corpos Sociais de alguns clubes ligados à filatelia e até da própria Federação Portuguesa de Filatelia.
Sempre o conheci determinado e cheio de projetos, nos quais “arrastava” e “envolvia”, os amigos mais próximos, para que o objetivo fosse conseguido. Poderia enumerar aqui vários exemplos deste dinamismo, mas estou seguro que não é necessário fazê-lo, porque todos os que privam com ele e o conhecem suficientemente bem, o podem fazer tão bem quanto eu. Era até costume dizer-se no meio filatélico, que o Hernâni era a AFA e a AFA era o Hernâni.
Para além das excelentes coleções que possuía, era dotado de grandes conhecimentos e foi por mérito próprio Jurado FIP.
Para além da filatelia, sempre o vi motivado pela escrita, pela pesquisa, pelo aprofundar do conhecimento ligado às raízes culturais do povo alentejano. É um acérrimo defensor da cultura popular, da etnografia e da história, cuja intervenção vai desde a olaria e dos bonecos de barro até aos poetas populares.
Nos últimos anos afastou-se da atividade filatélica, ocupando o seu tempo quase em exclusivo com a escrita, onde o seu blogue dá conta desta profunda atividade e desta inquietação permanente.
Um grande abraço para o meu Amigo Hernâni, com o desejo expresso que prossiga por muitos anos esta sua atividade.