A
imagem que tenho do meu amigo Hernâni Matos é a de um colecionador insaciável. Ele
tudo organiza e tudo coleciona.
A
sua casa é um museu com mais recheio do que muitos museus. Ele são,
principalmente, os Bonecos de Estremoz (alguns com séculos), são as rendas, os
artefactos de cortiça, as miniaturas talhadas em madeira, são os talegos, os
livros, as gravuras, os jornais… é o mundo rural dentro de portas que a Fátima
vai gerindo sempre com um sorriso nos lábios.
A
única coisa que o faz sair da cama cedo é a intuição de haver alguma novidade
transacionável no Mercado de Sábado.
Este
mundo vivido entre as memórias da sua cidade levou a que o Hernâni se confunda
com a própria Cidade.
De
espírito obstinado, algumas vezes sem razão, tem a particularidade de persistir
nas suas pesquisas para lá do infinito. Muitas das memórias esquecidas de
Estremoz, algumas descobertas também, devem-se a esta maneira de ser.
Acidentalmente
tornei-me seu fotógrafo “oficial” através de muitas sessões de inventário dos
Bonecos em sua casa, no Museu Municipal, em casa de outros colecionadores, no
antigo Museu Rural, em procissões até.
Foi
pela mão dele e pelos seus ensinamentos que sei alguma coisa da nossa terra.
A
sua ânsia de adquirir conhecimentos e de os transmitir, a sua costela de
investigador e professor manifestam-se na sua obra. Infelizmente esta não tem
sido valorizada pelos poderes municipais e pela pequenez de alguns decisores.
Um
dia vai ter nome de rua, mas o que fazia mesmo falta era o museu Hernâni Matos,
Já!
Os
estremocenses devem sentir orgulho nesta obra e nesta personagem. Por mim,
muito por cima disso, sinto-me agradecido pela sua amizade.
Luís Mariano
Guimarães
Estremoz, 16 de Fevereiro
de 2021
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