O meu livro chama-se
”Bonecos de Estremoz”. Sim, simplesmente “Bonecos de Estremoz”, com a mesma
simplicidade que “Maria” é simplesmente “Maria” e “José” é simplesmente “José”.
Pelas suas dimensões de 27,5
cm x 27,5 cm, pelo peso de 1377 g, pelo número de
páginas que é 180, pelo número de imagens que é 360 e pelo número de notas de
rodapé que é 60, este livro é um livro XXXL. Outra coisa não seria de esperar
da parte de um autor que astrologicamente é leão com ascendente de touro, que
nasceu no pino do Verão, num dia grande de Agosto, neto de um homem chamado
Manuel, cuja alcunha alentejana era o Alturas. E vejam lá que o bom do homem,
tinha menos 15 cm
que o neto.
Este livro é um livro de
amor aos Bonecos de Estremoz. Mas é igualmente e sobretudo um livro de respeito
e admiração por todos os barristas do passado e do presente, sem excepção.
Este livro é o livro de
horas do meu dia-a-dia. Foi lavrado e filigranado na mais rigorosa, ainda que
voluntária clausura na cela monástica em que se tornou o meu escritório. Para
trás ficaram as minhas incursões exploratórias ao Mercado das Velharias em
Estremoz e às leiloeiras e aos alfarrabistas, tanto reais como virtuais.
Este livro foi uma longa
caminhada. Como diria o poeta sevilhano António Machado (1875-1939):
……………………………..
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
………………………
Nessa longa caminhada,
este livro é seguramente, mais uma etapa que liga pólos de romagem à barristica
popular de Estremoz. Outros há que me falta visitar e entender.
Com o filósofo António
Telmo aprendi que existe sempre um lado oculto das coisas, cuja codificação
urge decifrar, visando a sua revelação para que, em nome da verdade, se faça
luz. Este livro envolve assim, linhas ocultas de investigação, que a seu tempo
terei oportunidade de partilhar convosco em edição futura.
É um livro para ficar,
mas é também um livro para continuar, já que o autor não tem reumático
intelectual e não é pessoa para se acomodar.
Parafraseando Luís Vaz
de Camões na estrofe 155 do Canto X, direi que:
“Nem me falta na vida
honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.”
O meu fado é este: o de
me cruzar com as linhas de força do espaço-tempo da barrística popular
estremocense. Não sei se são aquelas linhas que convergem para mim ou se,
porventura, sou eu que me dirijo para elas. O que sei é que vou por aí. É esse
o meu sonho.
Parafraseando António
Gedeão na Pedra Filosofal direi que:
“Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.”
A partir de agora, o meu livro é também o vosso
livro. Tomai-o e partilhai-o, mas divulgai-o também como seus arautos, tal como
Azinhal Abelho foi arauto da recuperação da extinta manufactura dos Bonecos de
Estremoz.
De acordo com o Capítulo
2 do Génesis, Deus criou o homem e depois a mulher, para que o homem não
vivesse sozinho e a partir daí pudesse viver em sociedade.
Como nos ensina
Aristóteles em Política I, “O homem é um animal social” que necessita de coisas
e de outras pessoas para alcançar a sua plenitude.
Significa isto que um
homem sozinho não é ninguém.
Por isso, este livro
para além de ser um livro de afectividades, é também um livro de cumplicidades.
Ele não teria sido possível sem a colaboração de todos que comigo colaboraram
desinteressadamente e cada um à sua maneira. Para eles são devidos
agradecimentos:
‐ Ao professor José Carlos Cabaço Salema, director da
Escola Secundária da Rainha Santa Isabel de Estremoz, que desde 2012 e até ao
presente me facultou o acesso ao Arquivo da Escola Industrial António Augusto
Gonçalves, bem como às suas sucessoras.
‐ A António José Lopes Anselmo, presidente da Câmara
Municipal de Borba, por me ter facultado a consulta, em Julho de 2018, do
espólio documental do poeta Azinhal Abelho, adquirido pelo Município em 2007.
‐ Aos vendedores do Mercado das Velharias em Estremoz
e às leiloeiras que ao longo dos anos têm procurado mitigar a minha fome e
saciar a minha sede de Bonecos de Estremoz.
‐ Aos alfarrabistas e às leiloeiras que no decurso do
tempo me têm alimentado com papel velho.
‐ Aos depoentes: Armando José Ruivo Alves (aluno de
Mariano da Conceição), Rogério Peres Claro (Director da Escola Industrial e
Comercial de Estremoz), José Manuel Silva Madeira (neto de Ana das Peles),
Maria Leonor da Conceição Santos (filha de Sabina Santos e sobrinha de Mariano
da Conceição) e Maria Margarida Barros de Queiroz Martins Mantero Morais
(sobrinha-neta de Francisca Emília Guerra Vieira de Barros).
‐ Aos barristas: Irmãs Flores, Jorge Manuel da
Conceição Palmela, Maria Luísa Banha da Conceição e Ricardo Jorge Moreira
Fonseca, que me transmitiram muito do seu saber.
‐ A todos aqueles que me facultaram fotografias e são
referidos nos créditos fotográficos.
‐ Ao director do Museu Municipal de Estremoz, Hugo
Guerreiro, meu companheiro de estrada nestas andanças e com quem tenho
partilhado informação.
‐ À directora da Biblioteca Municipal de Estremoz,
Maria Helena Mourinha, pelo apoio prestado na consulta da imprensa periódica
local.
‐ À directora do Arquivo Municipal de Estremoz, Paula
Gonçalves, e às funcionárias Sílvia Arvana e Joaquina Babau, pelo apoio
prestado na pesquisa documental.
‐ Ao director do Arquivo Distrital de Évora, Jorge
Janeiro, e à funcionária Maria Célia Caeiro Malarranha, pelo apoio prestado na
pesquisa documental.
‐ A
todos os funcionários da Conservatória do Registo Civil, Predial, Comercial e
Automóvel de Estremoz, pelo apoio prestado na pesquisa de documentos paroquiais
e de registo civil.
‐ Ao Luís Mariano Guimarães, que desde 2012
fotografou, a meu pedido, Bonecos das colecções dos Museus Rural e Municipal de
Estremoz, bem como exemplares da minha colecção particular e do pintor Armando
Alves.
‐ À Francisca de Matos, que reviu o texto.
‐ Ao António Júlio Rebelo, que prefaciou o livro.
‐ Ao Armando Alves, que com mestria assumiu o design
gráfico.
‐ E os últimos são os primeiros: ao Casino da Póvoa
de Varzim, que custeou a edição do livro.