E é com esses olhos uns
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
que eu vejo no mundo escolhos
onde outros, com outros olhos,
não vêem escolhos nenhuns.
António Gedeão (1906-1997)
in poema “Impressão Digital”
Este livro não é um
livro de História dos Bonecos de Estremoz. Apesar disso, regista com rigor os
principais marcos históricos da sua longa caminhada desde setecentos até aos
dias de hoje. Fá-lo de uma forma não fastidiosa, procurando manter uma relação
de cumplicidade afectiva com o leitor, para que este não deserte para outras
paragens.
Este livro é um livro de
estórias. Em primeiro lugar, estórias de vida dos barristas que dão vida aos
bonecos. Em segundo lugar, as estórias que os bonecos nos contam, bem como as
estórias que possamos urdir e que sejam pré-existentes aos bonecos por cuja
génese foram responsáveis. Em terceiro lugar, as estórias de vida do autor,
cujos escritos são uma simbiose de duas condições: a de coleccionador e a de
investigador da arte popular alentejana. Trata-se de exercícios que pratica
numa perspectiva polifacetada, predominantemente artística, antropológica e
etnográfica. Se o conseguir também neste livro, tal facto será para si
gratificante, pois mais importante que a posse de conhecimentos é a sua
partilha com a comunidade, o que assegura a transmissão de saberes.
Tendo o autor exercido o
magistério professoral durante 36 anos consecutivos, este livro reflecte as
suas preocupações de não dissociar o rigor da escrita da clareza do texto e da
motivação que cative o leitor.
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