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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

Apresentação do livro “Bonecos de Estremoz”, de Hernâni Matos



Texto lido por António Júlio Rebelo na sessão
“Bons filhos à casa tornam” que a 5 de Janeiro de 2019,
 teve lugar na Escola Secundária da Rainha Santa Isabel em Estremoz,
para apresentação pública do  livro “Bonecos de Estremoz”, de Hernâni Matos.
Fotografia de Luís Mariano Guimarães.


Escrevi naquela ocasião, no prefácio, que este livro, “Bonecos de Estremoz”, era uma viagem. Agora venho reforçar esta ideia. Para isso, acrescento que essa viagem decorre de um olhar acerca daquilo que está escondido nos objetos materiais. Cada boneco – cada boneco de Estremoz para ser mais preciso – tem afinal uma vida, uma história que projeta o seu criador para o respetivo objeto criado. Dessa história feita de fragmentos vivos, damos conta de épocas e de lugares. É um fio de memórias que vem de longe, composto de episódios de cor e ânimo; um fio que é percurso longínquo e que, de repente, chega e apresenta-se, diz da história de uma terra e das pessoas que, desta configuração tão simples e criativa, a tem ao longo do tempo edificado. E essa terra é a nossa, Estremoz. Uma terra que, pela projeção feita de cada boneco seu, deve ser aberta ao mundo e partilhar com ele a arte, que sendo popular é tão nobre como as demais. Uma arte sentida e genuína, feita de muitos modos e vigores, imaginação e tentativas, e que se junta então a outras artes participando na construção daquilo que de melhor o humano pode ser. Por tudo isto, é mesmo de uma viagem que falamos.
Mas qualquer viagem tem, ou deve ter, sempre um guia. Há casos em que o guia poderemos ser nós próprios, sozinhos e esforçados; há outros casos, em que necessitamos de um guia que relate e detalhe, pesquise, descubra e ponha a claro. E que, sobretudo, não pare nessa descoberta da história humana materializada nos objetos que experimentamos no nosso sentir interior moldado por sensações. Seja a representação de atividades humanamente concretizadas, seja a representação da mera simbologia, o importante é que o escondido se mostre através da nossa sensibilidade nascida do ato de ver, do ato de tocar, mas igualmente do saber e do compreender. No caso presente, o guia da nossa viagem foi o Hernâni Matos, ele levou-nos história fora, por aí adiante até aos confins do quase impossível com uma paixão imensa e única que tem por Estremoz. Poucos o batem nessa alma grande. É o seu lado de investigador insatisfeito que permitiu trazer todos estes bonecos para a luz do dia, como que saídos da escuridão, tal Caverna de Platão. Os bonecos de Estremoz, vindos à claridade e tendo sido reconhecido o seu valor universal, são hoje a oportunidade para fazer de nós uma comunidade aberta ao mundo. Por tudo isto, é mesmo de uma viagem que falamos. 
Daqui, deste itinerário de procura que faço a teu lado, meu caro Hernâni – embora por outras andanças, é certo –, expresso-te uma singular gratidão e deixo-te um forte abraço de viajante.

António Júlio Rebelo
Estremoz, 2 de janeiro de 2019

segunda-feira, 21 de janeiro de 2019

Alquimista e Templário




Há dias, alguém me perguntou com desdém:
- Então Hernâni, fizeste mais um livro?
É claro que eu não faço livros. Fazem-se filhos, mas livros não. Os livros nascem como as dores nas costas e as rugas, fruto do ciclo natural das coisas. Por vezes, a partir de quase coisa nenhuma. Todavia, o acumular de pequenas coisas, origina em certo momento um salto qualitativo e uma mudança de paradigma.
A procura incessante da Verdade, leva-nos a respigar, escavar, reciclar e destilar coisas, numa simbiose de Alquimista à procura da Pedra Filosofal e de um Templário em demanda do Santo Graal.
A procura da Verdade e, em particular, a reconstrução da Memória do Passado, é uma tarefa ciclópica, mas não é uma missão impossível, ainda que jamais venha a ter fim.
A procura da Verdade é um combate. Sempre que um combatente tomba, outros se levantarão com redobrado vigor, como elos duma cadeia que remonta aos tempos primordiais. Segundo reza a lenda, no acto de morrer, Spartacus terá proclamado:
- Voltarei e serei milhões!
A procura da Verdade é uma tarefa de espectro largo, que por um lado nos transporta do nível trivial do quotidiano, à profundidade das caganifâncias quânticas e, pelo outro nos catapulta à imensidão dos domínios astrofísicos.
A procura da Verdade será sempre uma missão que impomos a nós mesmos como livres pensadores. Haverá sempre momentos de encruzilhada, em que se formulará a inescapável pergunta de Lenine:
- Que fazer?
A única resposta possível é sugerida pelo poeta sevilhano António Machado:
……………………………..
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
………………………
Quando nos nasce um livro, o nado-vivo é o resultado de muitas caminhadas, muitas vezes acompanhado, mas a maioria das vezes sozinho. É esse o desafio. Caminhar sempre, sem parar.
Publicado inicialmente em 21 de Janeiro de 2019

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019

BONECOS DE ESTREMOZ: O que é o livro para mim




O meu livro chama-se ”Bonecos de Estremoz”. Sim, simplesmente “Bonecos de Estremoz”, com a mesma simplicidade que “Maria” é simplesmente “Maria” e “José” é simplesmente “José”.

Pelas suas dimensões de 27,5 cm x 27,5 cm, pelo peso de 1377 g, pelo número de páginas que é 180, pelo número de imagens que é 360 e pelo número de notas de rodapé que é 60, este livro é um livro XXXL. Outra coisa não seria de esperar da parte de um autor que astrologicamente é leão com ascendente de touro, que nasceu no pino do Verão, num dia grande de Agosto, neto de um homem chamado Manuel, cuja alcunha alentejana era o Alturas. E vejam lá que o bom do homem, tinha menos 15 cm que o neto. 

Este livro é um livro de amor aos Bonecos de Estremoz. Mas é igualmente e sobretudo um livro de respeito e admiração por todos os barristas do passado e do presente, sem excepção.

Este livro é o livro de horas do meu dia-a-dia. Foi lavrado e filigranado na mais rigorosa, ainda que voluntária clausura na cela monástica em que se tornou o meu escritório. Para trás ficaram as minhas incursões exploratórias ao Mercado das Velharias em Estremoz e às leiloeiras e aos alfarrabistas, tanto reais como virtuais.

Este livro foi uma longa caminhada. Como diria o poeta sevilhano António Machado (1875-1939):

……………………………..
caminhante, não há caminho,
faz-se caminho ao andar.
………………………

Nessa longa caminhada, este livro é seguramente, mais uma etapa que liga pólos de romagem à barristica popular de Estremoz. Outros há que me falta visitar e entender.
Com o filósofo António Telmo aprendi que existe sempre um lado oculto das coisas, cuja codificação urge decifrar, visando a sua revelação para que, em nome da verdade, se faça luz. Este livro envolve assim, linhas ocultas de investigação, que a seu tempo terei oportunidade de partilhar convosco em edição futura.

É um livro para ficar, mas é também um livro para continuar, já que o autor não tem reumático intelectual e não é pessoa para se acomodar.

Parafraseando Luís Vaz de Camões na estrofe 155 do Canto X, direi que:

“Nem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.”

O meu fado é este: o de me cruzar com as linhas de força do espaço-tempo da barrística popular estremocense. Não sei se são aquelas linhas que convergem para mim ou se, porventura, sou eu que me dirijo para elas. O que sei é que vou por aí. É esse o meu sonho.

Parafraseando António Gedeão na Pedra Filosofal direi que:

“Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida,
que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança.”

A partir de agora, o meu livro é também o vosso livro. Tomai-o e partilhai-o, mas divulgai-o também como seus arautos, tal como Azinhal Abelho foi arauto da recuperação da extinta manufactura dos Bonecos de Estremoz.

De acordo com o Capítulo 2 do Génesis, Deus criou o homem e depois a mulher, para que o homem não vivesse sozinho e a partir daí pudesse viver em sociedade.
Como nos ensina Aristóteles em Política I, “O homem é um animal social” que necessita de coisas e de outras pessoas para alcançar a sua plenitude.
Significa isto que um homem sozinho não é ninguém.
Por isso, este livro para além de ser um livro de afectividades, é também um livro de cumplicidades. Ele não teria sido possível sem a colaboração de todos que comigo colaboraram desinteressadamente e cada um à sua maneira. Para eles são devidos agradecimentos:

  Ao professor José Carlos Cabaço Salema, director da Escola Secundária da Rainha Santa Isabel de Estremoz, que desde 2012 e até ao presente me facultou o acesso ao Arquivo da Escola Industrial António Augusto Gonçalves, bem como às suas sucessoras.
 A António José Lopes Anselmo, presidente da Câmara Municipal de Borba, por me ter facultado a consulta, em Julho de 2018, do espólio documental do poeta Azinhal Abelho, adquirido pelo Município em 2007.
 Aos vendedores do Mercado das Velharias em Estremoz e às leiloeiras que ao longo dos anos têm procurado mitigar a minha fome e saciar a minha sede de Bonecos de Estremoz.
 Aos alfarrabistas e às leiloeiras que no decurso do tempo me têm alimentado com papel velho.
 Aos depoentes: Armando José Ruivo Alves (aluno de Mariano da Conceição), Rogério Peres Claro (Director da Escola Industrial e Comercial de Estremoz), José Manuel Silva Madeira (neto de Ana das Peles), Maria Leonor da Conceição Santos (filha de Sabina Santos e sobrinha de Mariano da Conceição) e Maria Margarida Barros de Queiroz Martins Mantero Morais (sobrinha-neta de Francisca Emília Guerra Vieira de Barros).
  Aos barristas: Irmãs Flores, Jorge Manuel da Conceição Palmela, Maria Luísa Banha da Conceição e Ricardo Jorge Moreira Fonseca, que me transmitiram muito do seu saber.
  A todos aqueles que me facultaram fotografias e são referidos nos créditos fotográficos.
 Ao director do Museu Municipal de Estremoz, Hugo Guerreiro, meu companheiro de estrada nestas andanças e com quem tenho partilhado informação.
 À directora da Biblioteca Municipal de Estremoz, Maria Helena Mourinha, pelo apoio prestado na consulta da imprensa periódica local.
 À directora do Arquivo Municipal de Estremoz, Paula Gonçalves, e às funcionárias Sílvia Arvana e Joaquina Babau, pelo apoio prestado na pesquisa documental.
 Ao director do Arquivo Distrital de Évora, Jorge Janeiro, e à funcionária Maria Célia Caeiro Malarranha, pelo apoio prestado na pesquisa documental.
 A todos os funcionários da Conservatória do Registo Civil, Predial, Comercial e Automóvel de Estremoz, pelo apoio prestado na pesquisa de documentos paroquiais e de registo civil.
 Ao Luís Mariano Guimarães, que desde 2012 fotografou, a meu pedido, Bonecos das colecções dos Museus Rural e Municipal de Estremoz, bem como exemplares da minha colecção particular e do pintor Armando Alves.
  À Francisca de Matos, que reviu o texto.
  Ao António Júlio Rebelo, que prefaciou o livro.
  Ao Armando Alves, que com mestria assumiu o design gráfico.
  E os últimos são os primeiros: ao Casino da Póvoa de Varzim, que custeou a edição do livro.
  Bem hajam.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019

Prefácio de António Júlio Rebelo ao livro "Bonecos de Estremoz", de Hernâni Matos


António Júlio Rebelo

PREFÁCIO

Com este livro vamos fazer uma viagem. Quem nos orienta é Hernâni Matos, um colecionador apaixonado e ciente de que a eternidade se ganha na recolha diária de objetos. Hernâni, na sua ânsia comunicativa, irá conduzir-nos por uma paisagem humana que se expressa na história dos Bonecos de Estremoz.
É esse grau de ligação, essa saudável mistura aquilo que, na verdade, as viagens têm de bom. Sendo humana, é também feita de barro, formas e cores. Nesta trilogia apetecível, esta viagem revela ao pormenor os Bonecos de Estremoz. Do interior fundo dessa mistura delicada que os constitui irrompem homens e mulheres, que, pela sensibilidade e técnica, criaram com as suas mãos e utopia objetos vivos. Vivos pela pertença, vivos pelas histórias e memórias, vivos pelo poder que a simbologia concebe ao imaginário. Esta viagem assinala os diversos momentos dessa existência material que cada vez mais se vai tornando em persistência imaterial. Trata-se de uma humanidade e de uma comunidade reveladas ao longo de muitos anos.
Vamos então para esse lugar habitado pelos Bonecos. Comecemos pelos primórdios e como tudo começou e ficou em suspensão, uma ameaça terrível, não consumada, de imerecida extinção. Depois, como tudo aquilo que permanece, o ressurgimento. Tudo isso é contado nesta viagem em andamento. A paisagem, entretanto, muda, e nesse renascimento há, através dos Bonecos, uma dádiva à nossa história comum. Uma visibilidade que nesse momento se tornou mais ampla, tão datada e tão precisa.
A viagem prossegue e faz-se nas narrativas da tradição, compatibilizando inovação e produzindo novos paradigmas. Neles a Escola está assinalada. Ela foi hospedeira, laboratório, espaço criativo de aprendizagem. A Escola é o arranque, a pré-história dos sonhos. E os Bonecos avançam e nós também. De tanta presença manifestada já não sabemos, afinal, se viajamos com eles ou se são eles, pela sua inexplicável atração, quem nos acolhem nesta viagem. Eles são demasiados em exemplos de profissões, de atividades, de modos de existir.
Na viagem em prossecução, a narrativa pormenoriza-se neste itinerário com marcas de identidade, de autores, de uma nomenclatura própria e, igualmente, no diálogo constituído com a literatura oral. Pela oralidade descobrimos e identificamos muitos nomes que falam de si, pela exposição do Hernâni. São um sem fim de artesãos e artesãs que connosco passam a fazer parte desta viagem. Por isso, nesse percurso de Bonecos concebidos, existentes pela forma e cores impregnadas, quem os criou reforçou, afinal, o lado humano, tornando-os mais objetivos na presença efetiva desses criadores habitantes permanentes da nossa viagem. Conhecemos, por isso, muitos nomes, parcelas de vida e experiências que se cruzam. E a viagem continua humana, detentora de objetos que expressam uma simbologia que é representativa daquilo que têm no seu interior mágico. Cada fragmento visível, seja de forma ou de cor, é um pequeno mundo exemplar que conta uma história, desvenda um significado.
Esta viagem, como todas as viagens, parece chegar a um fim. Um fim que é, somente, uma simples paragem maior, uma vez que as viagens desta natureza nunca, em rigor, têm um fim. Abrir-se-á assim uma praça com um monumento que elogia e comemora. Justo reconhecimento da arte, das vivências do humano que se fundiram com o barro e fizeram nascer os Bonecos de Estremoz. Esse é o momento da obra do artista e da alegria pela abertura ao mundo. Uma situação única, um singular horizonte que importaria aproveitar.
Façamos as devidas despedidas ao Hernâni convictos de que a viagem irá prosseguir. As três geometrias explicadas, a placa, a bola e o rolo, verdadeiros elementos representativos da natureza, mas também do humano, farão o seu caminho na direção do futuro.

António Júlio Rebelo[1]
Meados de Setembro 2018


[1] António Júlio Andrade Rebelo, natural de Tomar e a viver em Estremoz, professor do Ensino Secundário a exercer funções na Escola Secundária/3 Rainha Santa Isabel dessa cidade. Licenciado em Filosofia, em 1981, pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa; Doutorado em Filosofia e Cinema, em 2014, pela Universidade de Évora.


segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

“Bonecos de Estremoz”, de Hernâni Matos: uma cosmogénese


Francisca de Matos

Texto lido por Francisca de Matos na sessão
“Bons filhos à casa tornam” que a 5 de Janeiro de 2019,
 teve lugar na Escola Secundária da Rainha Santa Isabel em Estremoz,
para apresentação pública do  livro “Bonecos de Estremoz”, de Hernâni Matos.
Fotografia de Luís Mariano Guimarães.

Chamo-lhe assim, cosmogénese, porque neste livro se relata, com base em documentos e em depoimentos, toda a história da criação dos Bonecos de Estremoz e também a genealogia dos artesãos que foram os seus criadores e continuadores. Cada um deles, em determinado momento da sua vida e pelas mais diversas razões, pegou no barro vermelho de Estremoz e afeiçoou-o com as suas próprias mãos, dando-lhe forma humana, recriando e perpetuando no tempo os usos e costumes de uma sociedade da qual, hoje, já poucos se recordam. Neste ato criativo, que inclui naturalmente a alegria muito especial que o artesão/criador sente perante a obra criada, vejo quase uma parábola do Génesis bíblico. Isto, sem esquecer que a galeria dos Bonecos de Estremoz é, no seu todo, uma espécie de presépio agigantado que, à semelhança dos presépios barrocos que foram a sua inspiração, provoca, tal como eles, o arrebatamento dos sentidos, devido à graça, ingenuidade e colorido das suas figuras e à diversidade das cenas representadas e recriadas, ou seja, os Bonecos de Estremoz são um verdadeiro microcosmo à escala, representativo da região de Estremoz e do próprio Alentejo.

Neste sentido estamos também, aqui, hoje, para dar a conhecer ao público uma bíblia, não no sentido religioso do termo (Deus nos livre de tal...) mas no sentido de “Obra que contém os fundamentos de uma área, de uma disciplina ou de um assunto”[1] e que, tenho a certeza, virá a ser também “muito lida ou muito consultada” por todos aqueles que querem saber um pouco mais sobre estes graciosos Bonecos que, sendo de Estremoz, são também já Património da Humanidade.

Este livro - “Bonecos de Estremoz” - pode também descrever-se, de forma metafórica, como um autêntico puzzle, cujas peças se foram encaixando num jogo de paciência que não conhece limites, ou não estivéssemos nós a falar do Hernâni Matos. A exaustiva pesquisa bibliográfica e documental, organizada de forma diacrónica, surge acompanhada e ilustrada por aquilo que o próprio autor designa como as “jóias da coroa”, as suas, bem entendido, porque é sobretudo a sua própria coleção pessoal, consolidada com tanto amor e devoção ao longo dos anos, que dá um brilho muito especial a esta obra, materializando página a página toda a plasticidade e colorido que tornam os Bonecos tão fascinantes.

Esta viagem no tempo começa,pois, nas mais antigas referências conhecidas aos barros de Estremoz, em meados do séc. XIII, e prolonga-se até à década de 30 do séc. XX, quando, no seu nº 210 de 3/2/1935, o próprio Brados do Alentejo reconhece que os Bonecos que tanta fama tinham alcançado estavam extintos. O próprio José Maria de Sá Lemos, escultor que, 3 anos antes, havia tomado posse como professor e diretor da então Escola António Augusto Gonçalves, escrevia também no Brados do Alentejo, em novembro desse mesmo ano, que “as derradeiras feitureiras (...) haviam levado consigo o segredo para o túmulo (...) sem terem deixado escola” (p. 32). Mas esta sentença de morte não haveria de ser definitiva porque, dessas antigas bonequeiras, ainda restava uma, a Ti Ana das Peles, embora ela já mal se lembrasse dos bonecos que fizera muitos anos antes. E foi ela que, com a persistência férrea de Sá Lemos, acompanhado pela mestria e entusiamo do mestre de Olaria da escola, Mariano da Conceição, ajudou a reerguer os Bonecos de Estremoz das cinzas a que pareciam estar condenados.

De tal forma que, em 1940 e por mérito próprio,os Bonecos de Estremoz já marcaram forte presença no “Pavilhão da Vida Popular” durante a Exposição do Mundo Português, o que lhes conferiu visibilidade e permitiu, definitivamente, virar a página da mais que provável extinção.

O Hernâni Matos conta-nos depois a biografia dos “Continuadores”, e são muitos, felizmente. Alguns, ainda hoje moldam e trabalham o barro vermelho, produzindo não apenas os “Bonecos da Tradição” – cuja descrição e caracterização pormenorizada constitui uma das partes mais importantes do livro – mas também os da “Inovação” porque a arte, quando é verdadeira, não é estática e muito menos rígida. Evolui, tal como os próprios artesãos.

Estão aqui também documentadas de forma exaustiva as marcas pessoais e as formas muito próprias como cada artesão fez e faz os Bonecos, bem como a técnica de base da sua feitura, os utensílios e as matérias-primas utilizadas.

E depois vem aquela que me parece ser a parte mais importante da obra: a que regista a biografia de cada um dos artesãos que, ao longo de gerações, tem dado identidade e uma alma muito própria a estes Bonecos, assim contribuindo para a sua preservação. Incluindo aqui as circunstâncias muito particulares que levaram cada um deles a fazer os Bonecos e o modo como aprenderam a fazê-los: por necessidade de subsistência, por circunstâncias familiares, por gosto pessoal, ou outros. E sublinho ainda um aspeto que me parece ser muito pertinente: a forma como a complexa teia de relações familiares, profissionais ou de afinidade entre os diversos artesãos permitiu perpetuar esta arte ao longo do tempo. No fundo, a tal “escola”de que falava Sá Lemos em 1935: aquela que implica haver quem ensine, quem aprenda, quem pratique a arte, mas também quem a valorize e a preserve. A “escola” que todos esperamos não volte a fechar portas para que os Bonecos de Estremoz continuem a povoar as nossas memórias e, sobretudo, a interpelar a nossa imaginação com a sua profusão colorida. Julgo ser esse o grande objetivo do Hernâni Matos ao escrever este livro.

Julgo sobretudo que, com este livro, o Hernâni Matos oferece aos seus conterrâneos a partilha generosa de um conhecimento aprofundado e consolidado por anos de pesquisa e descoberta, sedo este, sem qualquer dúvida, o seu maior e mais importante legado.

Francisca de Matos
Estremoz, 5/1/2019

[1] in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, [consultado em 02-01-2019].

domingo, 13 de janeiro de 2019

BONECOS DE ESTREMOZ: Os amigos que me acompanharam nesta aventura


BONECOS DE ESTREMOZ, o novo livro de Hernâni Matos.

Excerto do texto lido pelo autor na sessão
“Bons filhos à casa tornam” que a 5 de Janeiro de 2019,
 teve lugar na Escola Secundária da Rainha Santa Isabel em Estremoz,
para apresentação pública do seu livro “Bonecos de Estremoz”.

Armando Alves

Independentemente do conteúdo textual de uma obra, a sua impressão graças aquilo que em tempos remotos foi adjectivado como “Divina Arte Negra”, não passa de uma floresta mais ou menos densa de caracteres que traduzem aquilo que se passou na alma do autor. É certo que a inserção de imagens quebra a monotonia da floresta textual. Todavia a sua distribuição ao longo do texto não pode ser arbitrária. É preciso um arquitecto paisagista que reestruture a paisagem, que a organize e valorize cromaticamente para deleite visual dos futuros leitores. A gestão do espaço-tempo do livro passa assim pela sua reformulação topológica, conferindo-lhe cor, ritmo, harmonia, beleza, vida e alma. É esse o papel do designer gráfico, que neste caso foi o maior de todos eles desde sempre, o Armando Alves, a quem muito justamente José Saramago apelidou de “Inventor de Céus e Planícies”. A sua Mestria valorizou muito este livro, o que muito me honra.

António Júlio Rebelo

O António Júlio Rebelo, meu companheiro de múltiplas andanças culturais, foi quem prefaciou o livro. O Júlio, aqui na fotografia com ar de realizador de cinema, foi quem realizou por escrito o filme deste livro. Fê-lo com a Filosofia que lhe brota espontânea e cristalina do pensamento, temperada com o espírito de fineza que consubstancia a sua postura cívica. Com ambos reescreveu o guião da acção que neste livro decorre. Um Prefácio sinaliza um livro e valoriza-o, quando é de quem é, ao ponto de como nos ensinou a Francisca de Matos, haver prefácios que são mais importantes que os livros.

Francisca de Matos

A Francisca de Matos fez a revisão do texto do original deste livro. É ela que desde a primeira hora em que me deu para tirar livros do coração, me tem acompanhado sempre nos partos literários e contribuído para que à luz do dia surja um nado-vivo e não um nado-morto. Por isso e tal como eu, ela é responsável por haver leitores hernanianos, tal como os há camilianos, camoneanos ou saramaganos.

Luís Mariano Guimarães

O Luís Mariano que me tem acompanhado nas minhas andanças culturais desde 2010, foi o emérito fotógrafo do livro. Nesta fotografia e com aqueles óculos, aparece com o ar de bate-chapas fotográficas que realmente é. Está há muito familiarizado com os Bonecos de Estremoz. Parece que o estou a ouvir dizer ao Santo António ou ao Pastor das migas, a sacramental frase:
- “Eh pá! Olha o passarinho!”

quinta-feira, 10 de janeiro de 2019

Hernâni Matos lançou o livro “Bonecos de Estremoz”


A mesa da apresentação do livro. Da esquerda para a direita: o autor, Francisca de
Matos, José Carlos Salema, António Júlio Rebelo e Armando Alves.

Texto transcrito com a devida vénia
 do jornal E, nº 214, de 10 de Janeiro de 2019.
Fotografias de Luís Mariano Guimarães.

“Este livro é um livro de amor aos Bonecos de Estremoz. Mas é igualmente e sobretudo um livro de respeito e admiração por todos os barristas do passado e do presente, sem exceção”. Com estas palavras, Hernâni Matos anunciou, no passado Sábado, dia 5 de janeiro, a uma plateia numerosa, o que é para si o seu mais recente livro, “Bonecos de Estremoz”, que, não sendo um livro de História dos Bonecos de Estremoz, é, segundo o autor, um registo rigoroso “dos principais marcos históricos da sua caminhada desde setecentos até aos dias de hoje”.
O local escolhido para a apresentação da obra, o auditório da Escola Secundária Rainha Santa Isabel de Estremoz (ESRSI), o lugar onde o escritor exerceu por 36 anos (i) a sua atividade como professor, mas é também um lugar emblemático, segundo Hernâni Matos, porque “legítimo herdeiro das tradições da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves”. “Aí, o Diretor de então, o escultor José Maria de Sá Lemos, recuperou a tradição da manufactura dos Bonecos de Estremoz, extinta desde 1921”, lembrou aos presentes.
Na sessão de apresentação do livro “Bonecos de Estremoz”, António Júlio Rebelo, autor do Prefácio, descreveu a obra como uma viagem. “No caso presente, o guia da nossa viagem foi o Hernâni Matos, ele levou-nos história fora, por aí adiante até aos confins do quase impossível com uma paixão imensa e única que tem por Estremoz”, dizendo ainda, referindo-se ao autor, que “é o seu lado de investigador insatisfeito que permitiu trazer todos estes bonecos para a luz do dia, como que saídos da escuridão, tal Caverna de Platão”.
O livro tem Prefácio de António Júlio Rebelo, Posfácio de Maria de Santa Isabel, Revisão de Francisca de Matos e Fotografia de Luís Mariano Guimarães. O Design Gráfico e a Capa ficaram a cargo do conhecido pintor estremocense Armando Alves, personalidades que no lançamento do livro “Bonecos de Estremoz”, com o Diretor da ESRSI, José Carlos Salema, acompanharam o autor, Hernâni Matos.
A obra desenvolve-se por 13 capítulos: Estórias do Autor, As Jóias da Coroa, Dos primórdios até à extinção, A Revitalização da Manufactura, A Exposição do Mundo Português, Os continuadores, A manufactura, Bonecos da tradição, Bonecos da inovação, Mais olaria enfeitada, Brinquedos de louça de Estremoz, Estórias de barristas, Património Cultural Imaterial da Humanidade.
O autor, escritor, jornalista e blogger, é um apaixonado pela cultura popular de Estremoz e do Alentejo. É colecionador de Bonecos de Estremoz há mais de 40 anos e incansável investigador da Barrística Popular Estremocense, tendo dado valioso contributo para o aprofundamento e consolidação da sua história.
O livro, editado pelas Edições Afrontamento, é impresso em papel couché de 150 g / m2, mede 27,5 cm x 27,5 cm, pesa 1377 g e tem 180 páginas, ilustradas com 360 imagens. A capa dura é forrada com papel impresso a 4 cores, plasticizada com brilho. A tiragem é de 1500 exemplares e não vai estar disponível nos circuitos comerciais habituais, podendo os interessados na sua aquisição contactar diretamente o seu autor ou encontrar a obra no atelier das Irmãs Flores, sito no Largo da República, em Estremoz, onde poderá ser adquirido.


 Um aspecto do público presente na sessão de apresentação do livro.

Um aspecto da banca de vendas.


BONECOS DE ESTREMOZ, o livro de Hernâni Matos.  

(i) - CORRECÇÃO DO EDITOR DO BLOGUE: 34 anos num conjunto de 36 de actividade profissional.


quinta-feira, 20 de dezembro de 2018

BONECOS DE ESTREMOZ: Bons filhos à casa tornam




BONECOS DE ESTREMOZ, o mais recente livro de Hernâni Matos, desde Novembro passado que anda por aí na qualidade de arauto da distinção concedida pela UNESCO em 2017. A sua apresentação pública irá ter lugar no próximo dia 5 de Janeiro (sábado) pelas 16 horas, no Auditório da Escola Secundária da Rainha Santa Isabel, local emblemático porque legítimo herdeiro das tradições da Escola Industrial de António Augusto Gonçalves. Aí, o Director de então, o escultor José Maria de Sá Lemos (1892-1971), recuperou a tradição de manufactura dos Bonecos de Estremoz, extinta desde 1921. Para tal, contou com Ti Ana das Peles (1869-1945), velha barrista que foi o instrumento primordial dessa recuperação e com o Mestre de Olaria, Mariano da Conceição - o Alfacinha (1903-1959), que foi o instrumento de continuidade dessa recuperação.

A obra
Logo a abrir, o autor diz-nos que “Sou um homem de escrita e esta é um meio de que me sirvo para dar conta de tudo aquilo que me estimula a alma. Por isso, este livro é um corolário natural de um dos meus múltiplos percursos de vida, o de coleccionador e investigador da barrística popular de Estremoz.”
O livro tem Prefácio de António Júlio Rebelo, Posfácio de Maria de Santa Isabel, Revisão de Francisca de Matos e Fotografia de Luís Mariano Guimarães. O Design Gráfico e a Capa são de Armando Alves.
A obra distribui-se por 13 capítulos: Estórias do Autor, As Jóias da Coroa, Dos primórdios até à extinção, A Revitalização da manufactura, A Exposição do Mundo Português, Os continuadores, A manufactura, Bonecos da tradição, Bonecos da inovação, Mais olaria enfeitada, Brinquedos de louça de Estremoz, Estórias de barristas, Património Cultural Imaterial da Humanidade.
No lançamento do livro, a apresentação deste e do autor estarão a cargo dos Professores José Carlos Salema, António Júlio Rebelo, Francisca de Matos e ainda do pintor Armando Alves.
O livro impresso em papel couché de 150 g / m2, mede 27,5 cm x 27,5 cm, pesa 1377 g e tem 180 páginas, profusamente ilustradas com 360 imagens. A capa dura é forrada com papel impresso a 4 cores, plasticizada com brilho. O editor são as Edições Afrontamento do Porto e a tiragem é de 1500 exemplares.

O autor
Escritor, jornalista e blogger, intervém em domínios como a História Postal, a História Popular de Estremoz, a Etnografia e a Cultura Popular Alentejana, publicando textos, apresentando comunicações e montando exposições temáticas e iconográficas. Coleccionador de Bonecos de Estremoz há mais de 40 anos, tornou-se investigador da Barrística Popular Estremocense, tendo nos últimos anos dado um forte contributo para o aprofundamento e consolidação da sua História.
Como jornalista tem colaborado com regularidade na imprensa regional e na imprensa escolar. Como escritor é autor dos livros: - BONECOS DA GASTRONOMIA (1ª edição-2009, 2ª edição-2010); - MEMÓRIAS DO TEMPO DA OUTRA SENHORA / ESTREMOZ - ALENTEJO (2012); - FRANCO-ATIRADOR - TEXTOS DE CIDADANIA DE UM ALENTEJANO DE ESTREMOZ (2017); - BONECOS DE ESTREMOZ (2018).

quinta-feira, 14 de junho de 2018

Mulheres (de) Coragem - POR UM MUNDO MAIS JUSTO



Mulheres (de) Coragem - POR UM MUNDO MAIS JUSTO é o título da mais recente obra de Maria do Céu Pires, lançada no passado dia 9 de Junho, pelas 16 horas no Centro de Ciência Viva em Estremoz.  A apresentação do livro esteve a cargo da Professora Maria de Fátima Crujo.
A obra é constituída por um volume de capa mole, com grafismo de Raquel Ferreira, a partir de aguarela de Teresa Carvalho. Formato 16 cm x 23 cm, com 170 páginas. A edição é da Colibri e temo preço de lançamento de 14 euros, sendo posteriormente comercializada nas livrarias ao mesmo preço. 
A autora
Maria do Céu dos Santos Pires é natural de Portalegre, onde nasceu em 1960. Professora de Filosofia no Ensino Secundário, é licenciada em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e Doutora em Filosofia pela Universidade de Évora. É Colaboradora do Pólo de Évora do Centro de Investigação “PRAXIS – Centro de Filosofia, Política e Cultura” da Universidade da Beira Interior. Desenvolve actividades no âmbito da Cidadania e dos Direitos Humanos, sendo Coordenadora do Grupo de Estremoz da Secção Portuguesa da Amnistia Internacional.
Participou nas seguintes obras colectivas: A dicotomia política esquerda-direita: a problemática da sua validade e actualidade (Organização de Victor Correia), Fonte da Palavra, 2012; Marginalidade e alternativa – vinte e seis FILÓSOFAS para o século XXI, (Coordenação de Maria Luísa Ribeiro Ferreira e Fernanda Henriques), Colibri, 2016.
É autora das seguintes obras: Pão e Rosas – Exercícios de Cidadania, Edições Colibri, 2012; Ética e Cidadania – um diálogo com Adela Cortina, Edições Colibri, 2015.
A obra
Trata-se de uma colectânea de 32 textos da autora que na Apresentação nos diz que “Este livro está organizado em duas partes distintas. A primeira in­tegra um conjunto de pequenos ensaios cuja origem se situa em trabalhos e comunicações realizadas em contexto académico nos Cursos de Mestrado e de Doutoramento em Filosofia na Universi­dade de Évora, entre os anos de 2008 a 2014. Inclui, igualmente, dois textos: "Para além do contrato social - o papel das emoções na vida política" que resultou da adaptação de uma comunicação apre­sentada na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, em se­tembro de 2016, e "O papel do cuidado na Ética ambiental", adap­tado a partir de uma comunicação apresentada na Conferência "O que devemos ao futuro", promovida pela Sociedade de Ética Ambiental, em outubro de 2017, na Fundação Gulbenkian, em Lis­boa. Este primeiro momento termina com a recensão crítica da obra Filosofia e Género da autoria de Fernanda Henriques.
Ainda segundo a autora, “A segunda parte é constituída por textos que foram, original­mente, publicados no Jornal local "Brados do Alentejo" e no Jornal online "Tornado", entre 2016 e 2017. Trata-se de peque­nas notas biográficas sobre mulheres que se destacaram pelo seu pensamento e pela sua intervenção em diferentes épocas históricas e em diferentes áreas mas que, em muitos casos, foram remetidas ao esquecimento. Juntam-se igualmente outros textos cuja temática se centra em várias situações de discriminação, baseadas em questões de género.”
No Prefácio diz-nos André Barata, Professor da Universidade da Beira Interior: “Dona de uma linguagem cristalina, informada e filosoficamente conhecedora, com densidade mas sem nunca perder o cuidado para com a leitura a que se destina, Maria do Céu Pires capta neste livro esses dois registos – o do horizonte fechado de um passado de mulheres apenas clandestinamente pensadoras e o de um horizonte largo de aparecimento de grandes filósofas contemporâneas. Depois de Hannah Arendt, de alguma maneira percursora, ela que nem se revia na designação de filósofa, surgem outras pensadoras maiores, sem tutelas mais ou menos disfarçadas, que Maria do Céu Pires nos apresenta – Sheila Benhabib, Martha Nussbaum, Adela Cortina. Com estas pensadoras, este é também um livro que pensa o nosso tempo, com uma esplêndida capacidade de fazer perguntas que nos dizem respeito, por isso mobilizadoras, e que conduzem o leitor a caminhos de respostas possíveis.”


A autora Maria do Céu Pires, ladeada à esquerda pela apresentadora Maria de
Fátima Crujo e à direita pelo editor Fernão Mão de Ferro. Fotografia de 
António Júlio Rebelo.

Um aspecto da assistência presente na sessão de lançamento do livro no Centro
Ciência Viva de Estremoz. Fotografia de António Júlio Rebelo.