Prato de barro vermelho vidrado, confeccionado e cozido na olaria redondense de Mestre Pintassilgo [João Mértola (1929-2022)], decorado a azul cobalto por Jacinto Ramalhosa.
No covo está desenhada uma corça rodeada de
motivos vegetalistas. A aba, larga, encontra-se decorada com pares de pêssegos
estilizados (os pêssegos, originários da China, são símbolos relacionados com o
casamento e a imortalidade) que alternam com folhas de artemísia (planta
medicinal utilizada na medicina tradicional chinesa). Inspirado na faiança
portuguesa do séc. XVII.
Neste período, o fascínio pela porcelana
chinesa no nosso país, leva a que a faiança portuguesa seja caracterizada por
uma original adaptação de motivos ornamentais do Oriente, que são
reinterpretados em novas composições, de estilo híbrido, nas quais se combinam
influências orientalizantes e a permanência de valores tradicionais. Pertencem
a esse estilo, os chamados pratos de “aranhões”. Estes resultam da
simplificação interpretativa dos motivos empregues na porcelana chinesa,
nomeadamente as folhas de artemísia, frequentemente usadas na decoração da
porcelana “kraak”. Esta era um tipo de porcelana chinesa de exportação,
produzida sobretudo no reinado do Imperador Wanli (1563-1620) da dinastia Ming
(1368-1644), até cerca de 1640 e que chegava em abundância à Europa.
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