quarta-feira, 10 de janeiro de 2024

O frio na gíria popular

 

Costumes alentejanos (1923). Jaime Martins Barata (1899-1970).
Aguarela sobre papel. Museu Grão Vasco, Viseu.

 

Para mim hoje é Janeiro, está um frio de rachar
Rui Veloso in "Não há estrelas no céu"


Em Janeiro, o frio “é fruta da época”, pelo que não é de estranhar ouvirem-se frases que em gíria popular traduzem o rigor da frialdade:- “Está cá um barbeiro”; - “Está cá um briol”; - “Está cá um griso”, - “Está frio como o diabo”, - “Está um frio de rachar”, - “Estou frio como um cão”. De resto, o frio que impera, faz-nos:  - “Bater o dente”; - “Tiritar de frio”; - “Tremer de frio”.

A abundância de expressões idiomáticas atinentes ao vocábulo “frio“, é reveladora da riqueza da nossa língua, sem a qual não há cultura portuguesa e identidade cultural nacional, uma vez que a construção desta se alicerça naquelas.

Há, pois, que lutar contra a agressiva operação de colonização linguística, veiculada maioritariamente pelos meios de comunicação social, os quais nos bombardeiam com estrangeirismos e muito em especial com anglicismos em nome da globalização, apregoada por alguns como uma fatalidade irreversível.

Publicado inicialmente em 10 de Janeiro de 2024

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