sábado, 27 de fevereiro de 2021

O amigo Hernâni


João Moura Reis. Médico. Presidente do Conselho de Administração da ULSNA, EPE. 
Ex-Presidente da Assembleia Municipal de Estremoz.

O Hernâni, amigo desde longa data, conheci-o melhor no início dos anos oitenta do século passado. Pessoa “inquieta” e com “bichos-carpinteiros”, sempre a olhar para tudo, sedento de saber e questionando tudo e todos. Em parte a sua formação académica ajudava à percepção científica da “coisa”, à sua inquirição, à sua continuidade e como tal à sua vida através dos tempos, originando recolecção e acabando na colecção. Com a colecção vem o trabalho de investigação científica, assim como a transformação para o saber, que lhe dá o grau ou a capacidade de ser especialista.
A minha maior interacção com o Hernâni foi, como disse, no início dos anos oitenta em que ele, com o meu pai, eu e outros “carolas” dos selos, formámos a AFA - Associação Filatélica Alentejana, como forma de patrocinar o coleccionismo de selos, assim como fazer sair muitos dos que se juntaram a nós, da fase de recolector de “coisas” para a fase de coleccionador. O Hernâni, nunca foi pessoa de se satisfazer com pouco e amigo do ócio, pelo que singrou na Filatelia, com árduo trabalho, chegando a receber vários prémios, de que destaco a “Ordem de Mérito Filatélico”.
Como disse de início, a inquietude do Hernâni não é só com a Filatelia, é com a imprensa escrita, com as novas plataformas informáticas, com a cultura em geral, com a escrita e literatura, com a política concelhia, com a educação e claro com os nossos bonecos de barro de Estremoz, sendo neste momento, talvez o seu “afilhado” mais recente, em termos de estudo e investigação, no entanto com obras escritas e bem fundamentadas por um estudo criterioso e obviamente exaustivo e científico.
Hernâni continua com o teu trabalho, já que o mesmo é bastante profícuo e deixa-nos a capacidade de apreciar tudo o que tens feito. O meu abraço e muito obrigado.
João Moura Reis
Estremoz, 7 de Fevereiro de 2021

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

Ao meu amigo Hernâni Matos

 
Manuel Lapão. Empresário.

AO MEU AMIGO HERNÂNI MATOS  
  
Caro ”Velho” amigo Hernâni Matos
Fizeste boa carreira de professor
Muito vens brilhando como escritor
Vincando sobranceiramente teus atos
                                                                
Biografando-te sinto-me honrado
Longe de algo na manga ou na palma
Escrevo de ti o que me vai na alma
Eu sou mestre, enquanto tu és mestrado
Proponho que sejas homenageado
Pelos teus procedimentos sensatos
Divulgas conhecimentos natos
Comentas com muita sabedoria
Não estou a fazer qualquer fantasia
Caro ”Velho” amigo Hernâni Matos
 
Secundária de Estremoz te recorda
Pela tua competência a exercer
Fui teu aluno, sei que estou a dizer
Quem frequentou a secundária concorda
Tua determinação nunca transborda
Eras disciplinado e disciplinador
Lecionaste com todo o teu rigor
Tua sonante voz, aluno ouviu      
Muito bem aprendeu quem te seguiu
Fizeste boa carreira de professor
                       
Tua cultura geral é invejável
És filho de um saudoso alfaiate
A escrever e a ler ninguém te bate
Sendo júri atribuía-te o Nobel
À cultura foste sempre muito fiel
Tratas todas as causas com muito amor
Participas sempre com muito calor
Facilidade em orar ou escrever
Manipulas palavras com todo prazer
Muito vens brilhando como escritor
                       
O teu perfil enobrece o bairrismo
Tens Estremoz gravado no teu coração
Pugnas muito pela dinamização
Sempre com muito otimismo
Chancelado plo teu puro dinamismo
Filatélica moldurou teu retrato
Os Bonecos de Estremoz são-te gratos
Pelo muito que lhe tens emprestado
Facto que mereces ser elogiado
Vincando sobranceiramente teus atos
 
Manuel Lapão
Estremoz, 5 de Fevereiro de 2021


quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Homem de Paixões


 António J. B. Ramalho. Economista. Professor. Ex-vereador da CME.

O Hernâni é um homem de paixões. As primeiras que lhe conheci foram a Maximafilia e a Filatelia. Depois, um pouco mais tarde, percebi que também na Ciência era um homem rigoroso… para ele a regra geral (e simplificada) do arredondamento era redutora para quem não brinca com números, logo, fiquei a saber que se 0,125 + 0,875 somam 1 (um), então também o arredondamento às centésimas desses números tem de somar 1 (0,12+0,88=1; enquanto 0,88+0,13 já soma 1,01). Este rigor estava também associado a uma certa ansiedade. Dou um exemplo, não vi em mais nenhum colega professor a intenção (que não sei se algum dia concretizou) de trazer os sumários escritos de casa numa etiqueta autocolante, para disponibilizar mais tempo para aquilo que verdadeiramente importava: Ensinar! Foram ainda as paixões que lhe possibilitaram uma transição (mais) pacífica entre a vida ativa e a aposentadoria. Ou seja, outras havia que, provavelmente, já germinavam na sua cabeça mas que, para quem está de fora, apenas nesse momento se tornaram evidentes. Refiro-me à pesquisa histórica, ao arrolamento e inventariação das tradições das suas gentes, da sua cultura, sem nunca esquecer os poetas (tanto eruditos como populares) e outros vultos da Cultura que nasceram ou viveram naquela que é a sua cidade: Estremoz!       

António J. B. Ramalho
Estremoz, 5 de Fevereiro de 2021

Hernâni Matos

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

Hernâni Matos

 

Maria Odete Gato Ramalho. Economista, Professora.
Ex-Presidente da Assembleia Municipal de Estremoz.
 

Antes de aparecer o corpanzil alto, magro e ligeiramente curvado, ouve-se o vozeirão como um rochedo no início de uma derrocada que tudo arrasta. Olhamos uns para os outros com pontos de exclamação no olhar: não há a mínima dúvida de quem se aproxima, é o Hernâni! E é assim, arrastando obstáculos, que põe toda a gente a mexer, seja para uma exposição de selos ou de bonecos de Estremoz, seja para um almoço com poetas populares…

- Preciso que vás dizer uma poesia no evento X. Já falei também com a Fátima Crujo e a Francisca Matos.
Num instante despeja o que tem a dizer. E aquela voz de trovão, mesmo quando sussurrada, apoiada pela expressão séria atrás do bigodinho, que vai mexendo (talvez seja mesmo a coisa menos convincente que possui) não dá margem para dizer que não, mesmo que, por dentro, lhe chame chato. Impõe respeito. Não sei bem como, ou o que provoca tudo isto. Agora que penso nisso, acho que este homem se pode traduzir, antes de mais, talvez antes ainda de ser o filho do bom alfaiate Matos, ou do professor de Físico-Química da minha/nossa querida Escola Secundária, ou do homem que é pai da Catarina e marido da Fátima, o que ali vive, o que domina é uma vontade férrea que o empurra para a frente com força e que lhe dá uma capacidade de trabalho impressionante, que se propaga a tudo o que o rodeia.
Por falar em alfaiate, lembro-me do Hernâni sempre impecavelmente enfarpelado, nos seus fatos completos, de boas fazendas, com gravata e lenço na lapela. Outros tempos. Hoje é a aparência mais descontraída. Mas por dentro continua o mesmo. A escrever, a pesquisar, a dar a conhecer o mais que pode a cultura alentejana e, em particular de Estremoz. enquanto outros apenas choram por tradições perdidas.
Uma cultura ou uma civilização, como um ser vivo, nasce, cresce, vive e morre. Não adianta brigarmos a favor ou contra o progresso. Clamar pela continuação de costumes ou tradições. A mudança é inevitável. E não esqueçamos as desvantagens, a dureza e as injustiças de muitos aspetos da vida antiga, quando recordamos, romântica e nostalgicamente, os trabalhos no campo, as searas a perder de vista, a ardósia para escrever, a bola de trapos de jogar nas ruas, ou as “guerras” à pedrada de partir cabeças, entre os rapazes de antigamente. Que fazer no dilema entre a nossa memória seletiva da parte boa dos “tempos da outra senhora” e o avanço tecnológico? A resposta é clara: antes de mais há que registar para manter a memória, seja ela boa ou má! É com registos que se escreve a História e é ela que julgará o melhor e o pior dos tempos. E é isso que faz este nosso amigo.
Obrigada, Hernâni, por essa teimosia, por esse trabalho incansável que regista e dá a conhecer a nossa cultura alentejana e, em particular, a de Estremoz.
Confinada no espaço, mas com o coração expandido com esperança num mundo melhor, em 4 de fevereiro de 2021,
                                                                      
Maria Odete Gato Ramalho
Lisboa, 4 de Fevereiro de 2021

sábado, 20 de fevereiro de 2021

Companheiros Filatélicos


João Manuel Lopes Soeiro. Empresário. Presidente da Confraria Timbrológica Meridional.

Conheço o Hernâni Matos desde adolescente. Hoje com quase cinquenta e oito anos de idade quase que me apetece dizer que o conheço desde sempre…
Travámos conhecimento na Associação Fotográfica do Sul, na sua secção filatélica, onde a paixão pelos selos nos fez percorrer durante muitos anos um caminho comum. Quando falo deste caminho comum, falo de um percurso intenso ligado à filatelia e a muitos eventos filatélicos, realizados em conjunto quer na AFA, quer na ANJEF, quer na Confraria, quer na colaboração prestada a outras coletividades. Fez parte da lista dos filatelistas fundadores da Confraria Timbrológica Meridional em Évora, de vários Corpos Sociais de alguns clubes ligados à filatelia e até da própria Federação Portuguesa de Filatelia.
Sempre o conheci determinado e cheio de projetos, nos quais “arrastava” e “envolvia”, os amigos mais próximos, para que o objetivo fosse conseguido. Poderia enumerar aqui vários exemplos deste dinamismo, mas estou seguro que não é necessário fazê-lo, porque todos os que privam com ele e o conhecem suficientemente bem, o podem fazer tão bem quanto eu. Era até costume dizer-se no meio filatélico, que o Hernâni era a AFA e a AFA era o Hernâni.
Para além das excelentes coleções que possuía, era dotado de grandes conhecimentos e foi por mérito próprio Jurado FIP.
Para além da filatelia, sempre o vi motivado pela escrita, pela pesquisa, pelo aprofundar do conhecimento ligado às raízes culturais do povo alentejano. É um acérrimo defensor da cultura popular, da etnografia e da história, cuja intervenção vai desde a olaria e dos bonecos de barro até aos poetas populares.
Nos últimos anos afastou-se da atividade filatélica, ocupando o seu tempo quase em exclusivo com a escrita, onde o seu blogue dá conta desta profunda atividade e desta inquietação permanente.
Um grande abraço para o meu Amigo Hernâni, com o desejo expresso que prossiga por muitos anos esta sua atividade.

João Manuel Lopes Soeiro 
Évora, 2 de Fevereiro de 2021

 Hernâni Matos

Hernâni Matos e João Soeiro (ao centro), durante a XIX Exposição Filatélica Nacional
realizada em Évora, em 2006. Estão ladeados à esquerda por Pedro Vaz Pereira (Pre-
sidente da FPF) e à direita por Rui Arimateia (Chefe de Divisão de Cultura da CME).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

Hernâni: uma referência


Maria Manuela Fidalgo Marques. Professora. Ex-vereadora do Pelouro da Cultura
da Câmara Municipal de Estremoz.

Conheci o Hernâni, professor na Escola Comercial e Industrial, hoje Escola Secundária da Rainha Santa Isabel. Era um professor exigente. A "simpatia" não foi à primeira vista. Confesso que o achava um pouco "arrogante".O Hernâni é observador, dinâmico, atento, arguto, determinado e por vezes irónico. No blogue "Do Tempo da Outra Senhora" de sua autoria, é abrangente. Conta "estórias", fala-nos da história da sua cidade e não só.
É um Homem de causas, que defende sem medos. É um orgulho tê-lo como amigo do qual gosto, por ser como é.
 
Maria Manuela Fidalgo Marques
Estremoz, 2 de Fevereiro de 2021


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Grande Hernâni…


José Guerreiro. Sociólogo. Ex-Presidente da Câmara Municipal de Estremoz.
Ex-Director do jornal "Brados do Alentejo".

Conheço-te há décadas, meu grande piru. Lembro-me de ti no Colégio S. Joaquim mais alto e esticadinho do que todos os outros. E do dia em que foste atropelado, uma tragédia que nos marcou a todos. Ainda guardo fotos do teatro de finalistas, ensaiado pelo professor Augusto Leitão, e onde apareces fardado de marinheiro.
Depois foi a ida para Lisboa, para estudares na Faculdade de Ciências, onde não nos cruzamos, mas o teu activismo político deixou marcas que eu pude confirmar, quando fui tirar a pós-graduação em planeamento regional e urbano na Universidade Técnica, ali junto à Assembleia da República.
Quando acabaste o curso, regressaste a Estremoz, para dar aulas de Física e Química na Escola Secundária. Estávamos em 1975 e o ambiente político escaldava na Escola e fora da Escola. No ano lectivo seguinte, fui eleito com 24 anos para a presidência do conselho directivo. As reuniões gerais de professores eram quase semanais e tu distinguias-te pela firmeza e lucidez das intervenções. A tua voz de trovão conseguia calar os colegas que não tinham nada de útil para dizer, mas perturbavam e prolongavam desnecessariamente as reuniões.
Cedo começaste a ter um papel ativo na política local. Creio que foste um dos primeiros militantes do núcleo de Estremoz da UDP e um dos mais destacados membros da Comissão Organizadora das Festas do Povo que elaborou um programa que marcava a diferença com as Festas da Exaltação da Santa Cruz. Provavelmente, partiu de ti a ideia de promover a homenagem ao maestro José António Lima, com descerramento de lápide, na casa onde morou no Largo dos Combatentes.
Mais tarde, o nosso relacionamento estreitou-se em 1983, quando fui eleito Presidente da Camara Municipal de Estremoz e tu criaste a Associação Filatélica Alentejana. Foram vários os projectos culturais que a Associação promoveu e a CME apoiou, com toda a justiça.
Em Dezembro de 1993, o amigo José Sena ganha as eleições autárquicas pela APU e nós os dois juntamente com o Narciso Patrício fazemos parte da mesa da Assembleia Municipal, pela mesma força política. Foi uma experiência curta, porque o falecimento inesperado do Presidente da Câmara obrigou a uma reconfiguração do executivo municipal.
Mais recentemente, o teu trabalho de valorização da cultura popular e, em especial, dos "bonecos de Estremoz" tem sido notável. Não será exagerado reconhecer que a ti se deve, em boa medida, a classificação da UNESCO como património imaterial da humanidade.
Ainda no ano passado, pude contar com o teu apoio na pesquisa de algumas matérias relacionadas com um livro que estou a preparar sobre a história contemporânea da cidade. Foi extraordinária essa colaboração.
Sei que tens planeado vários projectos de futuro. Ficamos a aguardar, com toda a expectativa deste mundo.

José Guerreiro
Estremoz, 30 de Janeiro de 2021