Mercado de sábado: os barros. Ao fundo e ao centro, o Castelo de Estremoz.
À direita, os campanários da extinta Igreja de Santo André.
A arte do azulejo herdada dos árabes, enraizou-se entre nós no século XVI, fruto da prosperidade económica resultante da expansão marítima portuguesa, que permitiu a construção de igrejas e palácios. Estes foram decorados interiormente com cenas sagradas ou profanas, que por vezes também ornamentam alguns jardins de palácios.
No século XX, o azulejo sai definitivamente para rua e passa a decorar fachadas de residências, edifícios públicos, lojas, estações e mercados. Foi o que aconteceu com a Estação da CP em Estremoz, decorada com painéis azulejares policromáticos da autoria de Alves de Sá (1), datados de 1940 e fabricados na Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego, em Lisboa. Trata-se de quadros de grande qualidade artística que num estilo muito barroco, contam o dia-a-dia da cidade de Estremoz e registam as fainas agro-pastoris no segundo quartel do século XX. As cenas alternam com vasos carregados de flores e frutos, motivos que também figuram na cercadura, a qual é encimada por um cesto repleto daquelas espécies. São quadros que nos permitem uma viagem espaço-temporal à época da Exposição do Mundo Português, já que constituem um repositório dos usos e costumes locais na 1ª metade do século XX. Para muitos de nós, estes azulejos, conjuntamente com os do Palácio Tocha e da Câmara Municipal de Estremoz, foram o nosso primeiro livro de banda desenhada.
Dado que alguns painéis foram vandalizados, não seria possível promover a sua recuperação a partir de fotografias existentes ou dos estudos do artista que deram origem aos painéis? Aqui fica o alvitre a quem de direito. Seria ouro sobre azul, já que a autarquia pretende instalar um espaço museológico ferroviário, no antigo edifício da estação da CP de Estremoz.
Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 5 de Agosto de 2012
Publicado inicialmente em 5 de Agosto de 2012
(1) - João Alves de Sá (1878-1972), que exerceu episodicamente a magistratura, foi como aguarelista, discípulo de Manuel de Macedo (1839-1915), tendo sido agraciado com elevadas distinções como a medalha de honra em aguarela da Sociedade Nacional de Belas Artes e o 1º prémio Roque Gameiro (1947), do Secretariado Nacional de Informação. Encontra-se representado no Museu do Chiado e no Museu da Cidade (Lisboa), na Casa-Museu dos Patudos (Almeirim), no Museu Grão Vasco (Viseu) e em diversas colecções particulares. Para além da aguarela, dedicou-se à cerâmica, realizando painéis azulejares que se encontram espalhados por vários pontos do país: Estações da CP de Estremoz, Rio Tinto e Vilar Formoso, bem como as salas de espera da Estação Fluvial de Sul e Sueste e a entrada do Governo Civil, em Lisboa.
A fachada da Estação da CP de Estremoz.
A gare da Estação da CP de Estremoz, vista do lado de Vila Viçosa.
A gare da Estação da CP de Estremoz, vista do lado de Évora.
Ceifeiras. Ao fundo o Castelo de Estremoz.
Porqueiro guardando uma vara de porcos.
Mercado de sábado: os barros.
Convento das Maltesas e zona do mercado das sementes, no decurso
do mercado de sábado.
Convento das Maltesas e zona dos churriões-tabernas, no decurso
do mercado de sábado.
Carros de tracção animal, à saída das Portas de Santo António.
Carro de tracção animal, frente à fonte de São João de Deus, situada
no alçado lateral esquerdo do Hospital Real de São João de Deus.
Fonte das Bicas e aguadeiros no Largo General Graça.
Fonte do Largo do Espírito Santo e aguadeiro.
Aguadeiro na subida da rua do arco de Santarém, em direcção ao Castelo.
Agora que a secção museológica foi parar ao Entroncamento é que a Câmara Municipal de Estremoz quer criar um museu ferroviário?
ResponderEliminarExº(a) Senhor(a):
ResponderEliminarNão será difícil através do Google encontrar textos dos meus amigos António Ramalho (PPD-PSD) ou Luís Assis (CDS-PP) com análises e comentários sobre o assunto em epígrafe, abordando nomeadamente, segundo eles, as culpas do PS de José Alberto Fateixa, nesta embrulhada toda.
Acha que Luís Mourinha (MIETZ) também tem culpas no cartório? Sabe uma coisa? Eu não vou por aí,pois não sou castelhano e também porque o cargo de Defensor do Reino, cessou com o Mestre de Aviz.
Eu apenas quis levantar a questão doa azulejos da Estação da CP. E vou continuar, aprofundando a questão. O resto deixo ao cuidado dos políticos, que crêem que o seu dever é andar à bulha uns com os outros, para o que decerto terão as suas respeitáveis razões. Todavia é por essas e por outras que Estremoz é uma cidade retrógrada, por causa dos trauliteiros que temos, pelo menos desde os miguelistas tempos da matança dos armazéns.
A minha trincheira é outra e é daí que como atirador franco, não deixarei de visar o meu alvo: o restauro dos azulejos da Estação da CP de Estremoz.
Porque creio que me conhece bem, sabe que a minha atitude seria rigorosamente a mesma se a Câmara fosse outra. É aquilo que me distingue daqueles que dançam conforme a música.
Sem outro assunto de momento, queira receber os meus melhores cumprimentos.
E que tal desenvolvermos uma campanha pelo restauro dos azulejos da Estação da CP de Estremoz?
Se possível identifique-se, pois é desejável que assim seja.
Com os azulejos é o mesmo: nunca quizeram saber dos ditos p'ra nada e agora é que os querem "salvar" com uma cópia kitsch.
ResponderEliminarNão sei se os querem salvar ou não. Repare que eu não falei em cópia, falei em restauro, o que é completamente diferente. Portugal tem um património azulejar ímpar e tem técnicos de restauro, que são pacientes artistas que depois de interiorizarem a técnica e as características da pintura do autor e verem que a dominam, reconstituem o que falta, a partir de fotografias ou dos estudos prévios do autor.
ResponderEliminarSem outro assunto de momento, queira receber os meus melhores cumprimentos.
Boas, sou António Feijó e sou do norte, Sou ferroviário na estação de Valença e no tempo livre sou um entusiasta dos caminhos de ferro portugueses.
ResponderEliminarNo que puder ajudar para manter acesa a chama dos caminhos de ferro faço o que posso.
Além de entusiasta, sou um viajante e adoro deveras o alentejo.
Estou a tentar levar a efeito uma exposição fotografica sobre o tema azulejo nas estações em Portugal, de de momento faltam-me mais a sul, como o caso de Estremoz, Vila viçosa, Fronteira, Cabeço de Vide, Reguengos Monsaraz, estações que não tive oportunidade de conhecer pessoalmente antes do comboio desaparecer. Precisava assim, 3 fotos relacionadas com estas estações, e autorização para as publicar na exposição, ficava agradecido. O meu email, abfeijo@gmail.com
Boa noite, eu saltando um pouco, daquilo que é abordado aqui, e também destacando a obra feita (que está muito bem e muito util à cidade), sinto alguma nostalgia nas fotografias, pois morei 26 anos, num dos bairros da periféricos e onde passava o comboio regularmente (Bairro de Sto António). Faz me um pouco de confusão depois de ter passado anos a estudar os caminhos de ferro, as serras e os rios de Portugal, ver de um momento para o outro a destruição de linha ferrea e também o empobrecer da riqueza da cidade (Museu da CP). Só espero que daqui a uns anos os entendendidos na matéria não cheguem à conclusão que temos que "voltar ao comboio". Em relação aos azulejo sou da opinião que se deve preservar esta riqueza antes que seja tarde.
ResponderEliminarAss. Nuno Prates
Nuno:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Também eu estou desagradado com toda esta situação e faço votos para que haja melhores dias.
Caro Amigo Hernani
ResponderEliminarTenho observado pelo PaÍs a grande variedade de estações com um património valiosíssimo azulejar. Completamente de acordo com o meu amigo, sobre a necessidade de se proteger esta arte patrimonial, que aqui e além se vais perdendo. Encontrei há dias uma estação, muito bem utilizada em outros serviços e alguma preocupação na preservação dos seus azulejos. Tento o mais possível fotografá-los onde quer que os encontre e tenho informado a própria CP sobre algumas que encontrei abandonadas e vandalizadas, sendo que uma delas tem painéis lindíssimos, que lhe enviarei. Bem haja por partilhar connosco esta e outras temáticas do nosso património.
Maria do Céu
Obrigado, Maria do Céu.
EliminarBem haja!
Bom dia
ResponderEliminarSou visitante assíduo do seu blog, principalmente pelo tema dos azulejos, a que tem dedicado muitas entradas, felizmente. Gosto principalmente dos de estações da CP, como é o caso, e tenho-me deslocado a muitas, algumas abandonadas, expressamente para os fotografar. Foi o caso de Extremoz, há já uns anos atrás, onde os encontrei protegidos por uma armação e placas de plástico grosso, rígido e transparente. Admirei-me de os encontrar aqui fotografados sem a dita. Pergunto eu, são as suas fotos antes de a terem posto, ou posteriormente a retiraram? Parabéns pelo excelente blog e muito agradecido pelas muitas horas passadas a explorá-lo. Cumprimentos.
José Valente.
José:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
As fotos são anteriores à colocação das placas e ainda todos os painéis estavam completos, o que não acontece hoje.
Volte sempre e se puder divulgue o meu blogue entre os seus amigos.
Os meus melhores cumprimentos.
LINDAS RECORDAÇÕES DA AZULEIJARIA PORTUGUESA-..
ResponderEliminarOrlando Monteiro
Orlando:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os meus cumprimentos.