domingo, 4 de julho de 2010

A Experiência dos Hemisférios de Magdeburgo


    Experiência dos Hemisférios de Magdeburgo – Azulejos Barrocos Joaninos (1744-1749) da
Aula de Física da Universidade do Espírito Santo (hoje sala 120 da Universidade de Évora)
e que atesta a preocupação dos jesuítas com a modernização do ensino científico.


A EXPERIÊNCIA DOS HEMISFÉRIOS DE MAGDEBURGO
A experiência dos Hemisférios de Magdeburgo foi efectuada em 8 de Maio de 1654, em Magdeburgo (Alemanha), pelo burgomestre da cidade, o jurista e físico Otto Von Guericke (1602-1686), perante o Imperador Friedrich Wilhelm von Brandenburg (1620-1688) e a sua corte.

Otto von Guericke, gravura de Anselm van Hulle (1601-1674).

A experiência visava a separação de dois hemisférios de cobre, de 51 centímetros de diâmetro, unidos por contacto comum com um anel de couro, formando uma área fechada, da qual foi extraído o ar com recurso a uma bomba de vácuo, inventada pelo próprio Von Guericke. Em cada hemisfério existiam anéis para prender cabos ou correntes que eram puxados em sentidos opostos.
Os espectadores ficaram completamente surpreendidos ao verificar que diferentes grupos de homens, puxando com toda sua força em sentidos opostos, não conseguiram separar os hemisférios. O mesmo aconteceu com dois grupos de 8 cavalos puxando em sentidos opostos. Só depois dum grande esforço da parte dos cavalos, é que foi possível separar os hemisférios, o que só foi conseguido por não ser perfeito o vácuo alcançado através da rudimentar bomba de vácuo de Von Guerick. Em contrapartida, deixando entrar o ar para o interior dos hemisférios através duma torneira de admissão, era possível separar os hemisférios sem qualquer dificuldade.

Gravura de Gaspar Schott (1608 - 1666), executada em 1657, reproduzindo a experiência dos hemisférios de Magdeburgo, realizada em 1654. Publicada no livro de Otto Von Guericke “ Experimenta nova (ut vocantur) Magdeburgica de vacuo spatio”, editado em 1672.

A experiência seria repetida ainda no mesmo ano em Berlim, com 24 cavalos.
Com esta experiência Von Guerick demonstrou:
- a imensa força que a atmosfera podia exercer sobre os corpos;
- a existência de pressão atmosférica sobre os corpos;
- a existência do vazio.
A interpretação corrente do resultado experimental é a de que os hemisférios não se separam enquanto a pressão atmosférica for superior à pressão do ar no interior dos hemisférios. Uma vez conseguida a igualdade de pressões, através da entrada de ar, é fácil a separação dos hemisférios.
Com a sua experiência, Von Guerick pôs fim, de forma espectacular às ideias que vinham sendo defendidas desde Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e segundo as quais a Natureza teria “horror ao vácuo”, preenchendo imediatamente, a todo custo, qualquer espaço que fosse deixado sem matéria.
A UNIVERSIDADE DE ÉVORA
A criação da Universidade de Évora data de 18 de Outubro de 1558, por Bula de Paulo IV e a abertura solene das aulas ocorreu no dia 1 de Novembro de 1559, sendo 1º Reitor o Padre Leão Henriques.
A Universidade de Évora foi suprimida em 1759 pelo Marquês de Pombal, quando da expulsão da Companhia de Jesus. No período que medeia entre 1841 e 1979, o edifício esteve ocupado pelo Liceu Nacional André de Gouveia. Após um hiato de 200 anos, ocorreu uma reestruturação em 1973, primeiro, como Instituto Universitário, e pelo Decreto de 14 de Dezembro de 1979, como Universidade de Évora.
Na Universidade de Évora cursaram, no período áureo, vultos da Cultura Humanística Universal como Luís de Molina, Sebastião Barradas, Francisco Suarez, Pedro da Fonseca, Manuel Álvares Baltazar Teles, Francisco da Fonseca, António Franco, S. Francisco de Borja, padre António Vieira, D. Afonso Mendes, Patriarca da Abissínia e o arcebispo de Braga D. José, filho de D. Pedro II.
Na volumosa construção trabalharam alguns dos maiores arquitectos quinhentistas: Afonso Alvares, Manuel Pires, Diogo de Torralva e Cristóvão de Torres.
Do seu conjunto monumental e artístico destacam-se silhares de azulejos historiados, de temática bíblica, mitológica, literário-poética (Virgílio, Platão, Arquimedes, Aristóteles), do Humanismo e das leis naturais, que revestem todas as aulas quinto-joaninas (1744-49).

Publicado inicialmente a 4 de Julho de 2010

BIBLIOGRAFIA
ESPANCA, Túlio. Évora – Arte e História. 2º edição. Câmara Municipal de Évora. Évora, 1987.
ESPANCA, Túlio. Évora – Encontro com a Cidade. Câmara Municipal de Évora. Évora, 1988.

4 comentários:

  1. Sempre a aprender!
    Obrigada por tão boa informação
    Isabel Borges

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  2. Muito Bom!!! Você é uma pessoa muito sábia!!!!!1

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    1. Sou físico teórico de formação e interesso-me por História, Arte e Etnografia entre outras coisas. Procuro sempre fazer o melhor que sei. Se as pessoas gostam de me ler, ainda bem.
      Muito obrigado pelo seu comentário.
      Os meus cumprimentos.

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  3. Que interessante o facto histórico que nos conta. E ainda mais quanto me faz lembrar que assisti a essa mesma experiência numa aula prática de física do antigo 5ºano dada no velho pavilhão de física do velho Liceu Camões, em Lisboa. Muitas experiências se faziam naquelas aulas. Far-se-ão ainda hoje? É quase certo que não e é pena.

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