terça-feira, 9 de maio de 2023
Exposição: "Pr'Além do Tejo" - Pinturas de Fátima Mateus
sexta-feira, 5 de maio de 2023
Dia Nacional do Azulejo
sexta-feira, 28 de abril de 2023
LAAF - LISBON ART AND ANTIQUES FAIR 2023
sábado, 22 de abril de 2023
Estremoz e as Memórias do 25 de Abril de 1974
segunda-feira, 17 de abril de 2023
Poesia Portuguesa - 102
José Régio (1901-1969)
Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.
Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.
Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.
Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.
Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?
terça-feira, 11 de abril de 2023
O que deve o Renascimento no Alentejo à "escola" de cantaria artística de Estremoz
quinta-feira, 30 de março de 2023
Mestre Emídio Viana (1869-1954), ceramista estremocense
É sabido que sou um coca
bichinhos que cumpre o fado de andar metido no barro. Numa das minhas mais
recentes incursões no digital, descobri e acabei por adquirir o objecto
olárico, cuja descrição passo de imediato a fazer.
Escultura modelada em barro
vermelho, representando um pastor junto ao tronco de uma árvore ou melhor parte
dela, visto que só está representado o tronco que se bifurca em dois ramos abertos
nas extremidades, as quais nos revelam ser oco o seu interior.
A observação pormenorizada do
tronco revela que a sua modelação procurou representar a ausência de casca
junto á base da árvore, pelo que se trata dum sobreiro que sofreu extracção de
cortiça.
O pastor é representado como
calçando botas e vestindo calças e camisa, sobre os quais enverga respectivamente
safões e pelico, representados com todos os seus componentes. Na cabeça usa um
chapéu com fita, de aba e copa, ambas normais, mas esta última com duas “amolgadelas“
á frente, como é usual.
Os pés do pastor estão representados
na bem conhecida posição de “10 para as 2” e os braços de tal modo que o cajado
(de madeira) é seguro a meio pela mão esquerda e a extremidade superior pela
mão direita.
A observação da cabeça do
pastor revela uma modelação cuidada nos seus pormenores, os quais se encontram
todos representados.
A escultura tem uma altura de
34 cm e assenta numa base materializada por uma placa de forma elíptica com 20
cm de eixo maior e 16 cm de eixo menor.
Na modelação foram
representadas texturas: cabelo (cabeça),
lã (pelico e safões), cortiça (tronco do sobreiro), solo (base da escultura).
Na base e colada frente ao pé
direito, uma placa com as iniciais “E V”, iniciais de Mestre Emídio Viana
(1869-1954), proprietário da extinta Cerâmica Estremocense Lda, situada na Rua
do Lavadouro, nº ?, em Estremoz. Um homem polifacetado: desenhador,
caricaturista, ceramista, empreendedor, comerciante, editor de postais
ilustrados, ciclista, praticante de desportos motorizados, filatelista, coleccionador
de Bonecos de Estremoz e prestigiado estremocense. Um homem com H grande, a
quem tiro o chapéu e de quem tenho o prazer de, a partir de agora, ter uma
escultura sua na minha colecção. Uma escultura que não foi criada com finalidade
meramente decorativa, embora a tivesse. É que Mestre Emídio Viana tinha não só alma
de artista, como era também um grande empreendedor. Por isso, a escultura tinha
também uma funcionalidade: era a base de um candeeiro eléctrico, como é
revelado pelos restos de fio condutor que assomam nas extremidades abertas das
ramificações do tronco. As aberturas serviriam, como é fácil de concluir, para
encaixe de casquilhos de lâmpadas. “Deus disse: Haja luz e houve luz” (Génesis
1:3).