terça-feira, 9 de maio de 2023

Exposição: "Pr'Além do Tejo" - Pinturas de Fátima Mateus

 


Transcrito com a devida vénia dr
newsletter do Município de Estremoz,
de 04 de Maio de 2023.

“Pr ‘Além do Tejo" é o nome da exposição de pintura de Fátima Mateus, que é inaugurada no dia 12 de maio, pelas 16:00 horas, no Museu Municipal de Estremoz.
A artista, natural de Azeitão, viveu grande parte da sua vida no Alentejo e descreve-o da seguinte forma: "Bastou uma ida à serra d'Ossa para me voltar a apaixonar pelo Alentejo, numa recaída inesperada. Pensei que essa relação, que durara mais de trinta anos, estava arrumada, na minha cabeça, e no meu coração. Devia ter sabido que, com raízes tão profundas, havia de voltar à superfície algum dia. Quando fomos viver juntos era eu criança a entrar na adolescência e já o Alentejo era velho, muito velho! Não foi amor à primeira vista, nem à décima primeira...foi uma relação que fomos construindo, dia a dia, feita de dias bons, maus e assim assim. Mas houve momentos deslumbrantes, de serões frios à braseira em noites longas. Manhãs radiosas e dias abrasadores, luas enormes em céus tão estrelados. As cores do pôr do sol nas planícies sem fim. O cheiro da terra molhada das primeiras chuvas, as hortas férteis e os pomares de fruta madura ... Crescemos juntos. O início foi difícil, mas depois fomo-nos habituando, devagarinho. Algumas vezes fugi, mas voltei, sempre com a sensação de voltar a casa. Só estes últimos anos de separação trouxeram uma distância, e em ocasionais visitas, a estranheza de chegar a uma casa que não a minha, tão perto de mim, mas tão longe... Por isso me surpreendeu este sentimento recente, de querer ficar, de querer fazer o caminho de volta. De volta a casa." Francisca Mateus
A mostra irá estar patente até dia 9 de julho de 2023, numa organização do Município de Estremoz com o apoio da ARTMOZ.

sexta-feira, 5 de maio de 2023

Dia Nacional do Azulejo


Mercado de sábado em Estremoz. Painel azulejar policromático da autoria de Alves de
Sá (1878-1972), datado de 1940 e fabricado na Fábrica de Cerâmica da Viúva Lamego,
em Lisboa. Estação da CP em Estremoz.

A 6 de Maio assinala-se o Dia Nacional do Azulejo, criado por proposta do Projecto ”SOS Azulejo”’ datada de 2016 e aprovada por unanimidade pela Assembleia da República, em 24 de Março de 2017.
O Dia Nacional do Azulejo é um evento anual que tem como objectivo reconhecer esta tradição e património nacional, projectando a sua importância, constituindo-se, igualmente, numa ocasião de evocação da sua protecção e preservação.
O Projecto SOS Azulejo criado em 28 de Fevereiro de 2007, é de iniciativa e coordenação do Museu de Polícia Judiciária (MPJ), na dependência do Instituto de Polícia Judiciária e Ciências Criminais (IPJCC), e nasceu da necessidade imperiosa de combater a grave delapidação do património azulejar português que se verificou recentemente, de modo crescente e alarmante, por furto, vandalismo e incúria.
A nível local, não foram divulgadas quaisquer iniciativas do Município de Estremoz ou do Museu Berardo Estremoz, visando assinalar a efeméride no presente ano de 2023.

BILIOGRAFIA
- Projecto SOS azulejo. Apresentação. [Em linha]. Disponível em: http://www.sosazulejo.com/apresentacao [Consultado em 5 de Maio de 2023].

sexta-feira, 28 de abril de 2023

LAAF - LISBON ART AND ANTIQUES FAIR 2023




Entre 5 e 13 do próximo mês de Maio, terá lugar em Lisboa, na Cordoaria Nacional, a LAAF - LISBON ART AND ANTIQUES FAIR 2023.
Trata-se da mais prestigiada Feira de Arte e Antiguidades de Portugal, organizada pela Associação Portuguesa dos Antiquários (APA) desde os anos 90. Em 2019, o evento alterou o seu nome para a actual designação, entrando definitivamente no calendário internacional de Feiras de Arte e Antiguidades.
Nesta 20.ª edição, a Feira contará com 32 expositores nacionais e estrangeiros, entre antiquários e galerias de arte contemporânea, para além de dois Museus: o Museu Nacional de Arte Antiga e a Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, três editoras e uma programação alargada que inclui espaços de debate sobre arte e coleccionismo - as “Conversas Sobre Arte” - apresentadas por especialistas e abertas ao debate e troca de opiniões, assim como exposições temáticas, visitas guiadas, concertos, lançamentos de livros e revistas, entre outros, que fazem deste evento um espaço único para ver, comprar, aprender e falar sobre Arte e Antiguidades.
A duração do certame é de 9 dias, ao longo dos quais os visitantes poderão apreciar milhares de obras de arte num único local. A Comissão Organizadora realizou uma cuidadosa e criteriosa selecção de expositores e todas as obras foram sujeitas a peritagens realizada por especialistas nas diversas áreas.
Informação pormenorizada pode ser obtida, clicando na lista de expositores por ordem alfabética: ANFORA ASIAN ART, ANTÓNIO COSTA ANTIGUIDADES, BARROS & BERNARD, CARLOS CARVALHO ARTE CONTEMPORÂNEA, D’OREY TILES. ESPADIM 1985, GALERIA BELO-GALSTERER, GALERIA BESSA PEREIRA, FINE ART AND FURNITURE, GALERIA DA ARCADA - ANTÓNIO BOUZA, GALERIA SÃO MAMEDE, GALERIE PHILIPPE MENDES. ILÍDIO CRUZ, ISABEL LOPES DA SILVA, J. BAPTISTA. JOÃO RAMADA - ANTIGUIDADES. JOSÉ SANINA ANTIQUÁRIO , KUKAS BY CASA FORTUNATO, LUÍS ALEGRIA, MANUEL CASTILHO. MANUELA VERDE LÍRIO, MIGUEL ARRUDA ANTIGUIDADES, OBJECTISMO, OITOEMPONTO , PAB / AGUIAR-BRANCO , PEDRO JAIME VASCONCELOS, PORCELANA DA CHINA DE MARIA EDUARDA MOTA , RICARDO HOGAN ANTIGUIDADES, RUI FREIRE - FINE ART, LISBOA , SÃO ROQUE, ANTIGUIDADES E GALERIA DE ARTE, TBF FINE ART - TOMÁS BRANQUINHO DA FONSECA. TREMA ARTE CONTEMPORÂNEA, TRICANA GALLERY.
O horário de funcionamento é o seguinte: - 5 e 6 de Maio, das 15 h às 23 h: - 7 a 13 Maio, das 15 h às 21 h.

sábado, 22 de abril de 2023

segunda-feira, 17 de abril de 2023

Poesia Portuguesa - 102




Canção de Primavera

José Régio (1901-1969)

Eu, dar flor, já não dou. Mas vós, ó flores,
Pois que Maio chegou,
Revesti-o de clâmides de cores!
Que eu, dar, flor, já não dou.

Eu, cantar, já não canto. Mas vós, aves,
Acordai desse azul, calado há tanto,
As infinitas naves!
Que eu, cantar, já não canto.

Eu, Invernos e Outonos recalcados
Regelaram meu ser neste arrepio…
Aquece tu, ó sol, jardins e prados!
Que eu, é de mim o frio.

Eu, Maio, já não tenho. Mas tu, Maio,
Vem com tua paixão,
Prostrar a terra em cálido desmaio!
Que eu, ter Maio, já não.

Que eu, dar flor, já não dou; cantar, não canto;
Ter sol, não tenho; e amar…
Mas, se não amo,
Como é que, Maio em flor, te chamo tanto,
E não por mim assim te chamo?

José Régio (1901-1969)

terça-feira, 11 de abril de 2023

O que deve o Renascimento no Alentejo à "escola" de cantaria artística de Estremoz




Transcrito com a devida vénia de
 newsletter do Município de Estremoz,
de 11 de Abril de 2023.


No dia 15 de abril de 2023, pelas 16h00, o Museu Berardo Estremoz irá receber a Conferência de Francisco Bilou, CDEAACP- Universidade de Coimbra: "O que deve o Renascimento no Alentejo à "escola" de cantaria artística de Estremoz".
Partindo da tese de doutoramento que defende na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Francisco Bilou aborda, nesta conferência, a importância histórica e artística dos mestres lavrantes de Estremoz durante a época do Renascimento na geografia do Alto Alentejo. Das principais características escultóricas do mármore extraído das bancadas locais às obras de referência que fizeram a fortuna artística de pedreiros-escultores como João Ávares ou Pero Gomes, aqui se analisam dados inéditos que consubstanciam um primeiro olhar sobre aquilo a que se pode chamar, apropriadamente, “escola” de cantaria artística de Estremoz.
Venha assistir!

quinta-feira, 30 de março de 2023

Mestre Emídio Viana (1869-1954), ceramista estremocense

 


É sabido que sou um coca bichinhos que cumpre o fado de andar metido no barro. Numa das minhas mais recentes incursões no digital, descobri e acabei por adquirir o objecto olárico, cuja descrição passo de imediato a fazer.

Escultura modelada em barro vermelho, representando um pastor junto ao tronco de uma árvore ou melhor parte dela, visto que só está representado o tronco que se bifurca em dois ramos abertos nas extremidades, as quais nos revelam ser oco o seu interior.

A observação pormenorizada do tronco revela que a sua modelação procurou representar a ausência de casca junto á base da árvore, pelo que se trata dum sobreiro que sofreu extracção de cortiça.

O pastor é representado como calçando botas e vestindo calças e camisa, sobre os quais enverga respectivamente safões e pelico, representados com todos os seus componentes. Na cabeça usa um chapéu com fita, de aba e copa, ambas normais, mas esta última com duas “amolgadelas“ á frente, como é usual.

Os pés do pastor estão representados na bem conhecida posição de “10 para as 2” e os braços de tal modo que o cajado (de madeira) é seguro a meio pela mão esquerda e a extremidade superior pela mão direita.

A observação da cabeça do pastor revela uma modelação cuidada nos seus pormenores, os quais se encontram todos representados.

A escultura tem uma altura de 34 cm e assenta numa base materializada por uma placa de forma elíptica com 20 cm de eixo maior e 16 cm de eixo menor.

Na modelação foram representadas texturas:  cabelo (cabeça), lã (pelico e safões), cortiça (tronco do sobreiro), solo (base da escultura).

Na base e colada frente ao pé direito, uma placa com as iniciais “E V”, iniciais de Mestre Emídio Viana (1869-1954), proprietário da extinta Cerâmica Estremocense Lda, situada na Rua do Lavadouro, nº ?, em Estremoz. Um homem polifacetado: desenhador, caricaturista, ceramista, empreendedor, comerciante, editor de postais ilustrados, ciclista, praticante de desportos motorizados, filatelista, coleccionador de Bonecos de Estremoz e prestigiado estremocense. Um homem com H grande, a quem tiro o chapéu e de quem tenho o prazer de, a partir de agora, ter uma escultura sua na minha colecção. Uma escultura que não foi criada com finalidade meramente decorativa, embora a tivesse. É que Mestre Emídio Viana tinha não só alma de artista, como era também um grande empreendedor. Por isso, a escultura tinha também uma funcionalidade: era a base de um candeeiro eléctrico, como é revelado pelos restos de fio condutor que assomam nas extremidades abertas das ramificações do tronco. As aberturas serviriam, como é fácil de concluir, para encaixe de casquilhos de lâmpadas. “Deus disse: Haja luz e houve luz” (Génesis 1:3).





Mestre Emídio Viana (1869-1954), ceramista estremocense.