domingo, 19 de abril de 2015

24 - Bom filho à casa torna

Amazona (Anos 50 do séc. XX). 
Mariano Augusto da Conceição (1903-1959).
Colecção particular.
Os bonecos de Estremoz figuram entre os melhores ex-líbris da cultura popular alentejana. Embaixadores credenciados desta terra que é a nossa, daqui partem acondicionados na bagagem dos turistas que nos visitam. Entre eles os estrangeiros, seduzidos tanto pelo registo etnográfico como pela riqueza policromática. Daí que estejam espalhados pelas Sete Partidas do Mundo, integrando colecções daqueles que se renderam ao seu fascínio. Por vezes aparecem à venda em antiquários no estrangeiro e em leilões “on line”. Foi o que aconteceu com a figura que vos mostro. Depois de ter cumprido com êxito a sua missão em terras norte-americanas, voltou ao país de origem e mais propriamente à terra que a viu nascer. Trata-se duma imagem que integra o núcleo tradicional dos bonecos de Estremoz e que é conhecida por Amazona. É uma figura antropomórfica feminina a cavalo, assente numa base plana, sensivelmente rectangular, de cor zarcão, cujo topo é verde, pintalgado de branco, amarelo e zarcão, numa clara alegoria às flores silvestres que atapetam os campos na Primavera.
O cavalo é de cor castanho claro, com crina preta e malhas pretas nas patas, ostentando cabeçada e rédeas castanhas, cor de couro. A dama a cavalo, monta de lado, sendo visível do lado oposto uma manta zarcão com franjas. O vestido é preto, com botões laranja no peito e nos punhos e ornamentado com uma barra amarela na parte inferior, antes da orla. A gola é rematada por uma fita amarela que ata à frente nas duas pontas e o vestido é ainda ornamentado à cintura por uma fita igualmente amarela, com duas pontas que pendem para trás.
A senhora, bem apessoada, tem cabelo castanho, apanhado atrás e aparenta bons ares que se traduzem por lábios que evocam cerejas carnudas e rosetas que exibem saúde para dar e para vender. Nas orelhas, dois brincos pendentes, cor de ouro, cujo tamanho chama a atenção, sugerem a condição de vida desafogada da sua proprietária, eventualmente uma lavradora, que bem vestida se deslocou à cidade, quem sabe se em dia de festa. Na cabeça um chapéu preto, de aba circular e copa semi-esférica, ornamentado à frente com três plumass. As mãos da amazona apoiam-se sobre as coxas, como que para assegurar o equilíbrio na montada. A mão esquerda segura um bastão amarelo supostamente destinado a controlar o equídeo.
A peça transporta consigo as marcas de identidade do autor, Mariano da Conceição (1903-1959), entre elas a sua marca de autor, ESTREMOZ / PORTUGAL, estampada na base.




quinta-feira, 16 de abril de 2015

Bonecos de Estremoz em selo


Na próxima 3ª feira, dia 21 de Abril, os Correios de Portugal vão pôr em circulação uma emissão filatélica subordinada ao tema “Barros de Portugal”, ilustrada por bonecos das regiões mais importantes do figurado português: Barcelos, Vila Nova de Gaia, Ribolhos (Castro de Aire), Estremoz, Açores e Madeira.
Naquela emissão, Estremoz foi presenteada com um selo de 0,55 €, destinado ao correio azul nacional. Nele aparecem duas figuras pertencentes ao núcleo tradicional dos bonecos de Estremoz.
Em grande plano “O cirurgião”, também conhecido por “Barbeiro-sangrador”, conjunto de duas figuras trajando à moda do séc. XVIII, em que um é o sangrador e outro o sangrado. Existia na época a convicção arreigada de que a sangria tinha resultados terapêuticos. No séc. XIX ainda se sangrava e o ofício de sangrador só foi extinto por lei de 13 de Julho de 1870.
Presente ainda no selo, a imagem de uma “Primavera”, figura de Entrudo, envolvida em rituais de vegetação, que anunciava e saudava a proximidade da Primavera, na qual a natureza e muito em especial a flora, refloresce.
As características técnicas do selo são as seguintes: Design: Atelier B2; Tiragem: 120 000; Impressão: papel FSC 110 g/m2; Formato: 40 x 36 mm; Perfuração: Cruz de Cristo 13 x 13; Impressão: offset; Impressor: Cartor; Folhas com 50 exemplares.
Os Correios editaram ainda um sobrescrito de 1º dia, formato C6 e uma pagela anunciadora da emissão com texto de Joaquim Pais de Brito, Director do Museu Nacional de Etnologia, Museu a que pertencem as peças reproduzidas no selo.
O selo pode ser adquirido na estação dos CTT de Estremoz, bem como o sobrescrito ilustrado de 1º dia, que pode ser utilizado no envio de correspondência a familiares e amigos, com a obliteração de Estremoz, do 1º dia de emissão.


 Carimbo de 1º dia de Estremoz

 Barbeiro-sangrador. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

Primavera. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

segunda-feira, 13 de abril de 2015

23 - Um burro singular

Burro (Anos 80 do séc. XX). 
Sabina Augusta da Conceição Santos (1921-2005).
Colecção particular.

Há milhares de anos que o burro é utilizado pelo homem no transporte de pessoas e de carga, atrelado a carroças ou albardado, transportando alforges ou cangalhas, tal como o faziam os almocreves e os aguadeiros. Foi também muito utilizado para fazer mover noras, assim como na agricultura, nomeadamente na lavra e na gradagem. Actualmente é uma espécie em vias de extinção, devido ao abandono do mundo rural e da agricultura de subsistência, fruto da mecanização dos trabalhos agrícolas.
É abundante a presença do burro na literatura de tradição oral. A nível do cancioneiro popular alentejano é conhecida a quadra: “Eu subi á serra d’Ossa / A cavalo num burrinho / Fui com medo de cair / Dentro d’algum barranquinho.”. São bem conhecidos os adágios: “A gente, queira ou não queira, tem de ir de burro à feira”, “Burro que geme, carga não teme” e “Um olho no burro, outro no cigano”. A nível de ditados tópicos temos: “É como os burros de Borba que acarretam vinho e bebem água”. No que respeita a adivinhas é bem conhecida esta: "Cal é, cal é, quem não adivinha burro é?". Quanto a lengalengas é muito famosa a seguinte: “ Arre burro / De Loulé / Carregado / De água-pé; Arre burro / De Monção / Carregado / De requeijão; Arre burrinho / Pra S. Martinho / carregadinho / de pão e vinho; Arre burrinho / Arre burrinho / Sardinha assada / Com pão e vinho.”.
No cristianismo, o burro simboliza pobreza, humildade, paciência, tenacidade, força e obstinação. Daí ter sido usado na fuga para o Egipto, descrita no Evangelho Segundo São Mateus (2:13-15), em que São José foge com Nossa Senhora e o Menino Jesus, depois de ter sido avisado por um Anjo, do massacre de crianças que iria ser perpetrado por ordem de Herodes. Terá sido montado num burro que Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém, uma semana antes da sua ressurreição (Mateus 21:1-11).
A nível de figurado de Estremoz, o burro não figura nos tradicionais presépios de 6 figuras e de trono ou altar. Todavia, aparece na bem conhecida “Fuga para o Egipto”, conjunto composto pela figura de Nossa Senhora montada num burro, com o Menino Jesus ao colo, tendo à frente a figura de São José, segurando um bordão rematado por um lírio.
Recentemente adquiri uma figura representando um burro assente numa base rectangular, com as dimensões de 9,7 x 14,5 x 17 cm e que pesa 1140 g. Ostenta na base a seguinte marca manuscrita de autor: “ Estremoz Portugal / Sabina A Santos “, acompanhada da inscrição “Lembrança / do / Zé Artur”. Trata-se de uma peça que pertenceu à professora eborense Ivone Andrade, já falecida e cuja colecção de burros esteve à venda no Mercado das Velharias, em Estremoz. Terá sido uma peça confeccionada por encomenda e que provavelmente é única. Esta marca manuscrita era até agora desconhecida.A barrística de Estremoz está sempre a surpreender-nos.



quarta-feira, 8 de abril de 2015

Feira Medieval de Estremoz – 2015

Esta imagem, tal como as restantes refere-se à Feira Medieval de Estremoz - 2014

De alguns anos a esta parte que têm proliferado um pouco por toda a parte, eventos a que se convencionou chamar “Feiras Medievais”. Estremoz não podia deixar de fugir à regra e daí que no ano transacto, por iniciativa da Escola Secundária e com o apoio do Município, tenha ocorrido a 17 de Maio a chamada “I Feira Medieval de Estremoz”. O acontecimento para além dos objectivos pedagógicos pré-fixados pela Escola, contribuiu para a animação sócio-cultural e turística, que figura e muito bem nos objectivos do Município. Incluiu a parte baixa da Cidade e o Bairro do Castelo.
Os estremocenses gostaram do que viram no ano passado e neles eu me incluo. Todavia, esse facto não me impede de enumerar algumas críticas que visam contribuir para o aperfeiçoamento da realização de um evento, o qual é desejável que se consolide e fortaleça. Naturalmente que com credibilidade. Para tal é recomendável o máximo de rigor histórico. Tal não é compatível com a utilização de acessórios pessoais e o comércio de produtos inexistentes na época, assim como a utilização visível de tubagem de ferro. Uma Feira Medieval não pode ser um albergue espanhol, onde tudo cabe. Daí que não deva ser vendido gato por lebre. Assim o exige a nobreza dos objectivos pedagógicos da Escola Secundária e que o Município subscreve.
Provavelmente será difícil fugir a clichés que têm sido seguidos noutros lados. Todavia há que saber resistir à tentação de o fazer. A organização da Feira deve ter uma contextualização sócio-cultural e espaço-temporal credível. Daí que tenha ficado perplexo com a designação "Festival da Rainha -  II Feira Medieval de Estremoz", concedida ao evento deste ano, a decorrer nos próximos dias 16 e 17 de Maio. É que a Rainha Santa Isabel morreu em Estremoz em 1336 e a I Feira Medieval de Estremoz, teve lugar 127 anos depois, entre 20 e 30 de Junho de 1463, já na 2ª Dinastia, graças a carta de mercê datada de Estremoz aos 25 de Janeiro de 1463, concedida por D. Afonso V, que nesse sentido tinha sido solicitado pelos oficiais e homens-bons do Concelho, no decurso da sua permanência em Estremoz, na última quinzena de Janeiro desse ano. De salientar também que em 1463 era inexistente o culto oficial à Rainha Santa, o que só aconteceu após a beatificação concedida em 1516 pelo Papa Leão X, por solicitação de D. Manuel I.
Em Estremoz tem-se usado e abusado do nome da Rainha Santa Isabel para tudo e mais alguma coisa. Creio que o respeito devido à sua memória deveria inspirar mais comedimento na utilização do seu nome.












segunda-feira, 30 de março de 2015

22 – A hierarquia do presépio de trono

Presépio de trono (1961-62)
Marca: OLARIA ALFACINHA/ESTREMOZ/PORTUGAL.
Colecção particular.
Fotografia de Luís Mariano.

O chamado presépio de trono ou de altar, não aparece em qualquer imagem da Exposição do Mundo Português (1940), onde os bonecos de Estremoz se revelaram e se impuseram ao Mundo. Todavia, aparece na capa da revista Mensário das Casas do Povo, nº 18, de Dezembro de 1947. Terá sido então criado entre 1941 e 1947. Provavelmente entre 1941 e 1945, já que terá sido projectado pelo escultor José Maria de Sá Lemos (1892-1971), natural de Mamafude (Vila Nova de Gaia), onde existia a tradição de cascatas e de tronos, por ocasião dos Santos Populares. Sá Lemos foi Director da Escola Industrial António Augusto Gonçalves, entre 21 de Abril de 1932 e 30 de Setembro de 1945 e a ele se deve o renascimento dos bonecos de Estremoz.
No presépio de trono, as figuras são em número de nove e encontram-se distribuídas por três degraus, hierarquizadas de baixo para cima e da esquerda para a direita do observador:
1º DEGRAU - OS PASTORES: - pastor ofertante em pé, com um cesto contendo uma pomba branca; - pastor ajoelhado e de cabeça descoberta, orando com o chapéu à frente; - pastor ofertante em pé, segurando um borrego e com tarro enfiado no braço esquerdo. O 1º degrau corresponde à base da escala social.
2º DEGRAU – A SAGRADA FAMÍLIA: - Nossa Senhora ajoelhada; - Menino Jesus deitado numa manjedoura; - São José ajoelhado.
3º DEGRAU – OS REIS MAGOS: Todos de pé e segurando as respectivas ofertas: Gaspar, representante da raça asiática (de túnica cor de rosa: incenso); Baltasar, representante da raça africana (de túnica vermelhão: mirra) e Belchior, representante da raça europeia (de túnica azul: ouro). O 3º degrau corresponde ao topo da escala social.
No presépio de trono há um eixo de simetria que passa pelas figuras centrais, que têm qualquer coisa que as distingue daquelas que as ladeiam. Assim: - o rei central é negro e os outros dois têm pele clara; - o Menino Jesus tem natureza celeste e Nossa Senhora e São José têm natureza terrena; - o pastor ajoelhado está ladeado de dois pastores em pé.
Analisemos agora a hierarquia, da esquerda para a direita. Numa sociedade patriarcal e conservadora como a da época de Jesus, há supremacia do homem nas relações sociais e a direita é valorizada em relação à esquerda. Por isso: - o rei que oferece ouro está posicionado à direita, enquanto o que oferta incenso está situado à esquerda, visto que o metal é mais valioso que a resina aromática; - São José está ajoelhado à direita do berço e Nossa Senhora está genuflectida à esquerda; - O pastor ofertante que segura o borrego está localizado à direita, ao passo que o pastor ofertante da pomba, está posicionado à esquerda, pois o ovino vale mais que a ave. 



sábado, 28 de março de 2015

Procissão do Senhor dos Passos de Estremoz - 2013


Em Estremoz, a Procissão do Senhor dos Passos, tem lugar no domingo anterior ao Domingo de Ramos ou seja duas semanas antes do Domingo de Páscoa. O trajecto da Procissão passa pelas Capelas dos Passos existentes na cidade, mandadas construir no início do séc. XVIII pela Irmandade do Senhor Jesus dos Passos. Inicialmente eram cinco, tendo desaparecido em 1960, a que estava junto da extinta Igreja de Santo André. As restantes, estão situadas na Rua da Porta da Lage (Bairro de Santiago), na embocadura da Rua Alexandre Herculano com o Largo do Espírito Santo, no alçado exterior direito da Igreja de São Francisco e do lado esquerdo da frontaria do Convento das Maltesas.
A Procissão do Senhor dos Passos, se num ano tem início na Igreja de Santa Maria do Castelo e termina na Igreja do Convento de São Francisco de Assis, no ano seguinte segue o trajecto inverso. Quando sai da Igreja de Santa Maria, o trajecto da Procissão é o seguinte: Largo de D. Dinis, Rua do Arco de Santarém, Rua Direita, Rua da Freirinha, Rua da Porta da Lage, Rua Alexandre Herculano, Largo do Espírito Santo, Rua Magalhães de Lima (antiga Rua das Freiras), Rua Vasco da Gama, Praça Luís de Camões, Largo da República e Rossio Marquês de Pombal (passagem frente à Igreja dos Congregados, seguida de viragem à esquerda e paragem junto ao Paço do Convento das Maltesas, para depois virar à esquerda, em direcção ao Paço da Igreja de São Francisco, onde para, para depois prosseguir em direcção à Igreja do Convento de São Francisco de Assis, no Largo dos Combatentes da Grande Guerra, onde termina.

terça-feira, 24 de março de 2015

Dia Mundial da Poesia

A poetisa Constantina Babau, de Estremoz,  declamando um poema de sua autoria.
(Fotografia de Jorge Pereira)

No passado dia 21 de Março comemorou-se o Dia Mundial da Poesia. Em Estremoz, a celebração da efeméride consistiu na apresentação do livro da poetisa Constantina Babau “Estremoz, eu e a caneta de Deus”. O evento decorreu na Casa de Estremoz e teve o apoio do Município.
Com a sala literalmente cheia, a sessão reuniu na mesa, para além das poetisa e da Vereadora da Cultura, o Cónego Júlio Esteves e o autor destas linhas, tendo os dois últimos, cada um dos quais à sua maneira, falado da obra e da autora.
No livro, a modalidade de poesia dominante é a décima, embora ao sabor da inspiração também brotem quadras, quintilhas e sextilhas, já que Constantina aprendeu as formas seguidas pelo seu pai, o lendário Hermínio Babau, a quem acompanhava no seu confronto poético com outras figuras igualmente lendárias, como Jaime da Manta Branca. É caso para dizer, que “quem sai aos seus não degenera” e “filho de peixe sabe nadar”.
Constantina fala da Família, revelando sentir uma grande saudade da mãe e do pai. Confessa o seu grande Amor a Deus e uma grande devoção pela Rainha Santa Isabel e por Nossa Senhora da Conceição. Verseja também sobre dignitários da Igreja. Relata a sua experiência de escrita, a sua participação na Academia Sénior, na Rádio Despertar, bem como sentimentos íntimos como a saudade e a tristeza e de atitudes como a amizade, a solidariedade e o voluntariado. Fala igualmente de outras terras e de personalidades de âmbito nacional.
Fala de Estremoz e dos seus monumentos, bem como de barro e olaria, de bonecos de Estremoz e de arte pastoril. Evoca também figuras locais que lhe são gratas: José de Alter, Joaquim Vermelho, António Simões, José Sena e José Gonzalez.
Confessa que recebeu de braços abertos o 25 de Abril. Canta o Alentejo, fala da gastronomia alentejana e mostra preocupações ambientalistas.
Constantina é fortemente crítica em relação àquilo que considera injustiças. Fala da fome, da pobreza e da emigração dos jovens na procura de melhores condições de vida. Verseja contra os governantes: Desta seguinte forma/ Eu queria-os convidar /Eu dou-lhes a minha reforma/Dão-me o que estão a ganhar/ Queria vê-los governar/ Como me estou governando/Queria vê-los penando/ Por esse mercado fora/ Eu estaria gozando/ Como eles gozam agora. Como corolário disto tudo, faz uma chamada às armas: À luta vamos meu povo/ Ao chão não vai a toalha/ Em força contra a canalha/ Que ameaça de novo/ Que ninguém seja estorvo/ Para as fileiras integrar/ A hora é de lutar/ Ter fé, sentir confiança/ Não os deixaremos passar/ Às armas, com força e esperança.
Fazendo minhas as palavras de Constantina, apetece-me dizer:
- VAMOS A ELES, CONSTANTINA!