A poetisa Constantina Babau, de Estremoz, declamando um poema de sua autoria.
(Fotografia de Jorge Pereira)
No passado dia 21 de Março comemorou-se o Dia Mundial da Poesia. Em Estremoz,
a celebração da efeméride consistiu na apresentação do livro da poetisa
Constantina Babau “Estremoz, eu e a caneta de Deus”. O evento decorreu na Casa
de Estremoz e teve o apoio do Município.
Com a sala literalmente cheia, a sessão reuniu na mesa, para além das
poetisa e da Vereadora da Cultura, o Cónego Júlio Esteves e o autor destas
linhas, tendo os dois últimos, cada um dos quais à sua maneira, falado da obra
e da autora.
No livro,
a modalidade de poesia dominante é a décima, embora ao sabor da inspiração
também brotem quadras, quintilhas e sextilhas, já que Constantina aprendeu as
formas seguidas pelo seu pai, o lendário Hermínio Babau, a quem acompanhava no
seu confronto poético com outras figuras igualmente lendárias, como Jaime da
Manta Branca. É caso para dizer, que “quem sai aos seus não degenera” e “filho
de peixe sabe nadar”.
Constantina fala da Família,
revelando sentir uma grande saudade da mãe e do pai. Confessa o seu grande Amor
a Deus e uma grande devoção pela Rainha Santa Isabel e por Nossa Senhora da
Conceição. Verseja também sobre dignitários da Igreja. Relata a sua experiência
de escrita, a sua participação na Academia Sénior, na Rádio Despertar, bem como
sentimentos íntimos como a saudade e a tristeza e de atitudes como a amizade, a
solidariedade e o voluntariado. Fala igualmente de outras terras e de personalidades
de âmbito nacional.
Fala de
Estremoz e dos seus monumentos, bem como de barro e olaria, de bonecos de
Estremoz e de arte pastoril. Evoca também figuras locais que lhe são gratas: José de Alter, Joaquim Vermelho, António
Simões, José Sena e José Gonzalez.
Confessa que
recebeu de braços abertos o 25 de Abril. Canta o Alentejo, fala da gastronomia
alentejana e mostra preocupações ambientalistas.
Constantina é fortemente crítica em relação àquilo
que considera injustiças. Fala da fome, da pobreza e da emigração dos jovens na
procura de melhores condições de vida. Verseja contra os governantes: Desta seguinte forma/ Eu queria-os
convidar /Eu dou-lhes a minha reforma/Dão-me o que estão a ganhar/ Queria
vê-los governar/ Como me estou governando/Queria vê-los penando/ Por esse
mercado fora/ Eu estaria gozando/ Como eles gozam agora. Como corolário disto tudo, faz uma chamada às armas: À luta vamos meu povo/ Ao chão não vai a toalha/
Em força contra a canalha/ Que ameaça de novo/ Que ninguém seja estorvo/ Para
as fileiras integrar/ A hora é de lutar/ Ter fé, sentir confiança/ Não os
deixaremos passar/ Às armas, com força e esperança.
Fazendo
minhas as palavras de Constantina, apetece-me dizer:
- VAMOS A
ELES, CONSTANTINA!
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