Esta imagem, tal como as restantes refere-se à Feira Medieval de Estremoz - 2014
De alguns anos a esta parte que têm proliferado um
pouco por toda a parte, eventos a que se convencionou chamar “Feiras Medievais”.
Estremoz não podia deixar de fugir à regra e daí que no ano transacto, por
iniciativa da Escola Secundária e com o apoio do Município, tenha ocorrido a 17
de Maio a chamada “I Feira Medieval de Estremoz”. O acontecimento para além dos
objectivos pedagógicos pré-fixados pela Escola, contribuiu para a animação
sócio-cultural e turística, que figura e muito bem nos objectivos do Município.
Incluiu a parte baixa da Cidade e o Bairro do Castelo.
Os estremocenses gostaram do que viram no ano passado
e neles eu me incluo. Todavia, esse facto não me impede de enumerar algumas
críticas que visam contribuir para o aperfeiçoamento da realização de um
evento, o qual é desejável que se consolide e fortaleça. Naturalmente que com
credibilidade. Para tal é recomendável o máximo de rigor histórico. Tal não é
compatível com a utilização de acessórios pessoais e o comércio de produtos inexistentes
na época, assim como a utilização visível de tubagem de ferro. Uma Feira Medieval
não pode ser um albergue espanhol, onde tudo cabe. Daí que não deva ser vendido
gato por lebre. Assim o exige a nobreza dos objectivos pedagógicos da Escola
Secundária e que o Município subscreve.
Provavelmente será difícil fugir a clichés que têm
sido seguidos noutros lados. Todavia há que saber resistir à tentação de o
fazer. A organização da Feira deve ter uma contextualização sócio-cultural e
espaço-temporal credível. Daí que tenha ficado perplexo com a designação
"Festival da Rainha - II Feira
Medieval de Estremoz", concedida ao evento deste ano, a decorrer nos
próximos dias 16 e 17 de Maio. É que a Rainha Santa Isabel morreu em Estremoz
em 1336 e a I Feira Medieval de Estremoz, teve lugar 127 anos depois, entre 20
e 30 de Junho de 1463, já na 2ª Dinastia, graças a carta de mercê datada de
Estremoz aos 25 de Janeiro de 1463, concedida por D. Afonso V, que nesse
sentido tinha sido solicitado pelos oficiais e homens-bons do Concelho, no
decurso da sua permanência em Estremoz, na última quinzena de Janeiro desse
ano. De salientar também que em 1463 era inexistente o culto oficial à Rainha
Santa, o que só aconteceu após a beatificação concedida em 1516 pelo Papa Leão
X, por solicitação de D. Manuel I.
Em Estremoz tem-se usado e abusado do nome da Rainha
Santa Isabel para tudo e mais alguma coisa. Creio que o respeito devido à sua
memória deveria inspirar mais comedimento na utilização do seu nome.
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