quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

Inauguração da Exposição "PARAÍSO" de Joana Santos na @arquivolivraria, em Leiria, no sábado, dia 2 de Março

 


Transcrito com a devida vénia da
de 28 de Fevereiro de 2024.


"O paraíso não é um lugar, é uma condição da alma." - Simone Weil

O que é o Paraíso? Onde é o Paraíso? O Paraíso existe?

O Paraíso pode ser um destino final. Um lugar celestial ao qual se chega no final dos dias corpóreos, como uma recompensa. Pode ser um espaço tangível, exótico, perfeito onde a natureza abundante é habitada por seres que vivem em uníssono e onde a felicidade é eterna.

O Paraíso pode ser um espaço que nos habita, que nasce e cresce dentro de nós.

Este é o Paraíso que nasceu das minhas mãos, materializado na delicadeza do grés branco, nos tons azuis e verdes dos cabelos livres das figuras que o habitam, no amarelo ocre das folhas de ginkgo biloba ou no vermelho coração. Uma reflexão sobre o amor, em particular o amor-próprio, vivido no feminino. Uma Ode ao Paraíso como corpo e à sua relação com o mundo físico que o encapsula. Ode também ao mundo interior que se preenche de sentimentos, ideias e tempo.

O Paraíso encontrado no ato da criação, da ideia ao desafio de lhe dar forma usando o barro, tornando físico o meu Paraíso particular e pessoal.

Convido-vos a virem descobrir o meu "Paraíso".

De 2 a 31 de março, na @arquivolivraria, em Leiria. Inauguração, dia 2 de Março, pelas 18h30!

Conto convosco?

Joana Santos


REPORTAGEM FOTOGRÁFICA DA EXPOSIÇÃO













 Hernâni Matos


quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

Apresentação do livro PATRIMÓNIO AZULEJAR DE ESTREMOZ, de Elisabete Pimentel

 



Transcrito com a devida vénia de
newsletter do Município de Estremoz,
de 27 de Julho de 2021.

O Museu Berardo Estremoz irá receber, dia 9 de março de 2024, pelas 16:00 horas, o lançamento do livro "Património Azulejar de Estremoz: Capela da Rainha Santa Isabel, Capela de Nossa Senhora dos Mártires e Igreja de Nossa Senhora da Consolação", de Elisabete Pimentel, com grafismo de Rui Pimentel, publicada pelas Edições Húmus e patrocinada pelo Município de Estremoz.

A obra pretende dar a conhecer o património azulejar de alguns dos monumentos religiosos mais relevantes de Estremoz, descrevendo-os artisticamente e aprofundando o conhecimento já existente sobre os mesmos. O trabalho surge no âmbito de uma filosofia de valorização do património cultural de Estremoz, onde o conhecimento, a difusão da informação e a fruição são os grandes pilares.

Elisabete Pimentel tem formação em Letras, História, e também em Artes, Pintura e Cerâmica, área que exerceu ativamente com a criação de peças escultóricas, criação de painéis decorativos de azulejos, mas também fazendo cópias de azulejos do século XVIII. Radicada na cidade de Estremoz faz parte do Grupo Cidade – Cidadãos pela Defesa do Património de Estremoz e entendeu que era importante estudar o rico património azulejar de Estremoz, enquadrá-lo historicamente o que resultou na publicação do estudo e divulgação da “Capela da Rainha Santa Isabel, Capela de Nossa Senhora dos Mártires e Igreja de Nossa Senhora da Consolação”, considerando ser este o primeiro volume do estudo a que se propôs.

Entrada livre! Venha assistir e participar!

 Hernâni Matos

domingo, 18 de fevereiro de 2024

Cristo na coluna


Cristo na coluna. José Moreira (1926-1991). Colecção particular.


A imagem devocional da figura, da autoria do barrista estremocense José Moreira (1926-1991), representa um episódio da Paixão de Cristo conhecido por flagelação de Jesus, também designado por Cristo na coluna. Trata-se de um episódio recorrente na arte cristã, sobretudo em ciclos da Paixão ou como parte dos ciclos da Vida de Cristo. O evento da flagelação[i] é mencionado em três dos quatro evangelhos canónicos: João 19:1, Marcos 14:65 e Mateus 27:26. A flagelação constituía um prelúdio comum à condenação pela crucificação sob o direito romano.
Jesus, de barba e cabelo compridos, com os pés assentes num chão pedregoso e as mãos atadas por uma corda, encontra-se amarrado a uma coluna[ii] e com o corpo vergado para a frente.
Enverga apenas uma protecção genital e ostenta por todo o corpo as marcas vermelhas da flagelação, fruto dos golpes infligidos pelos soldados romanos.
A exiguidade do vestuário de Jesus durante a flagelação e o martírio na coluna, traduz a humilhação a que os romanos o pretenderam submeter. Por sua vez, as marcas de flagelação simbolizam a humildade, o sofrimento e o sacrifício de Jesus em nome da humanidade.

BIBLIOGRAFIA
VATICAN NEWS. Os Santuários da Flagelação e da Condenação de Jesus. [Em linha]. Disponível em:
https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2023-04/santuarios-flagelacao-condenacao-jesus.html . [Consultado em 18 de Fevereiro de 2024].
WIKIPÉDIA. Flagelação de Jesus. [Em linha]. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Flagelação_de_Jesus . [Consultado em 18 de Fevereiro de 2024].
WIKIWAND. Flagelação de Jesus. [Em linha]. Disponível em:  https://www.wikiwand.com/pt/Flagelação_de_Jesus . [Consultado em 18 de Fevereiro de 2024].

 Hernâni Matos



[i] A flagelação era uma forma de suplício infringido pelos romanos, visando castigar crimes, obter confissões ou preparar execuções capitais. Para esse efeito, recorriam ao “flagelo”, chicote constituído por tiras de cabedal ou corda com pedaços de ferro nas pontas, com o qual açoitavam as vítimas.

[ii] No contexto do simbolismo e arte cristãos, a coluna é um dos “instrumentos maiores” da Paixão de Cristo. Outros são: a cruz, a coroa de espinhos, o chicote, a esponja, a lança, os pregos e o véu de Verónica. Para além destes, existem ainda outros que são considerados “instrumentos menores”. Uns e outro são vistos como armas que Jesus utilizou para derrotar Satã e são tratados como símbolos heráldicos.

sábado, 3 de fevereiro de 2024

António Cunhal (1910-1932), artista plástico neo-realista


António Cunhal (1910-1932). Semeador. Desenho a tinta-da-china
sobre cartolina. Assinado e não datado. Colecção particular.


Um Cunhal menos conhecido
ANTÓNIO CUNHAL (1910-1932), natural de Coimbra, faleceu em Lisboa em 1932, vítima de tuberculose e gangrena pulmonar. Filho de Avelino Cunhal (1887-1966) e irmão de Álvaro Cunhal (1913-2005), advogados, políticos, escritores e artistas plásticos neo-realistas.

Artista plástico
Com 21 anos de idade, António Cunhal expôs 26 trabalhos seus no Salão “PINTURAS E DESENHOS DE ANTÓNIO CUNHAL”, patente ao público entre 1 e 15 de Junho de 1931, na prestigiada Papelaria Progresso, situada na Rua do Ouro 151 a 155, em Lisboa.
Nesse salão esteve exposto o desenho aqui reproduzido, pertencente à colecção do Dr. Fernando Abranches Ferrão (1908-1985).
É corrente afirmar-se que o neo-realismo surgiu em Portugal no final dos anos 30. Ora, “O semeador” de António Cunhal é anterior aquela data e eu não tenho dúvida alguma que o conteúdo temático da representação, nos leva a inclui-la no neo-realismo e consequentemente a considerar António Cunhal um artista plástico neo-realista.
António Cunhal está representado no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian em Lisboa e em colecções particulares.

Cinesta de animação
António Cunhal realizou em 1930 com Raul Faria da Fonseca, o filme de animação “A lenda de Miragaia”. O argumento é da autoria de ambos, inspirado no Romanceiro de Almeida Garrett. Baseia-se numa lenda popular que relata como o rei Ramiro II de Leão raptou a princesa moura Zahara e como o seu irmão Alboazar raptou a esposa de Ramiro, a rainha Gaia.
Trata-se do primeiro filme de animação português, recorrendo à técnica inovadora de animação de silhuetas recortadas, as quis foram fotografadas uma a uma para criar o movimento.
O filme, com 400 metros de extensão, era constituído por 24 800 fotogramas, que representavam outros tantos desenhos e movimentos.
“A Lenda de Miragaia”, produção da Ulyssea Film, estreou-se em Lisboa, no Jardim Cinema, a 1 de Junho de 1931.

Epílogo
Talvez a obra de António Cunhal merecesse uma investigação apurada, visando concluir se é ou não um artista plástico neo-realista, tal como eu aqui o proclamo.

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

CERÂMICA DE REDONDO – Garrafão falante de Mestre Álvaro Chalana

 

Garrafão falante de Mestre Álvaro Chalana (1916-1983). 

Garrafão em barro de tonalidade vermelha, vidrado, de base circular plana, corpo ovóide, colo cilindriforme e carenado a meia altura da parede, bordo ligeiramente extrovertido e arredondado. Imediatamente abaixo da carena deriva uma asa de secção rectangular, que finda na zona de diâmetro máximo do bojo.

A superfície exterior está decorada com três manchas de engobe, de cor amarelo de palha, de forma irregular, dispostas praticamente a partir do início do colo e até à base. Estas manchas receberam decoração esponjada, a verde e a amarelo.

Sobre cada uma das três manchas de engobe estão esgrafitadas as inscrições: “Ai que belo”, “Viva a boa pinga” e a quadra:

“Sou pequeno mas alegre
Isto que digo e a verdade
O meu amigo come e bebe
Mas pode beber a vontade”

segunda-feira, 29 de janeiro de 2024

CERÂMICA DE REDONDO – Brasão de Lisboa em prato falante de Mestre Álvaro Chalana


Brasão de Lisboa. Prato falante de Mestre Álvaro Chalana (1916-1983)

Prato de barro vermelho vidrado, modelado, cozido e decorado na olaria redondense de Mestre Álvaro Chalana (1916-1983).

Prato covo, falante, brasonado, de grandes dimensões, com superfície interna de cor creme, de aba larga ligeiramente côncava e bordo plano. Decoração esgrafitada e pintada com base em quadricromia verde-amarelo-castanho-negro.

Decorado no bordo com motivos fitomórficos constituídos por pés de flores, bi-folheados, de dois tipos que se sucedem alternadamente. Decorado no fundo com motivo configurando o escudo do Brasão de Armas de Lisboa, com um barco castanho, um corvo na popa e outro corvo na proa. O barco assenta num mar de cinco faixas onduladas, quatro de castanho e três verdes. Do mastro, central, pende cordame em direcção à proa e à popa. No topo do mastro está içada a Bandeira de Lisboa ou Bandeira de São Vicente, gironada de quatro peças, creme e negro, símbolo do município de Lisboa. As velas, verdes, estão recolhidas. Em torno do topo do barco, riscos a castanho parecem configurar bases de nuvens e/ou aves a planar.

Hernâni Matos