Cavaleiro tauromáquico (1934). Ilustração de Almada Negreiros na capa da
PANORAMA – Revista de Arte e Turismo, nº 3, de Agosto de 1941.
PANORAMA – Revista de Arte e Turismo, nº 3, de Agosto de 1941.
Os anti-taurinos, comandados por uma minoria de
lunáticos alojados no Parlamento, pretende em nome de supostos valores
civilizacionais, criar por etapas, condicionantes que conduzam à erradicação da
Tauromaquia em Portugal.
Foi assim que na Assembleia da República, a
Ministra da Cultura declarou que tenciona manter a taxa de IVA de 13% para os
espectáculos tauromáquicos, prevista no Orçamento do Estado para 2018, argumentando
que "há valores civilizacionais que diferenciam políticas".
A reacção dos partidos
Quem ficou incomodado com as declarações da
Ministra da Cultura em relação às touradas foi o poeta e histórico socialista
Manuel Alegre que em declarações ao jornal Público no início do mês declarou: ”o que está em causa com as suas
declarações é a liberdade de uma grande tradição ibérica”, acrescentando “Agora
são as touradas, depois há de ser a caça e depois o livro que podemos ou não
ler”. E concluiu: “É este tipo de intolerâncias que cria os Bolsonaros. Atitudes
como esta colocam em causa a democracia”.
Da Ministra da Cultura discorda a maioria do Grupo
Parlamentar do PS, que com o seu líder Carlos César à cabeça, não dá cobertura aquela
Figura, auto-travestida em Ministra da Intolerância Tauromáquica.
António Costa há muito que percebeu e aceitou o
direito à diferença. Todavia, apesar de político experiente, vê-se metido numa grandessíssima
tourada, já que aceitou o direito à diferença da sua Ministra da Cultura, pelo
que não tem outro remédio, por maioria de razão, senão aceitar o direito à
diferença do seu Grupo Parlamentar em relação àquela e por arrastamento, em
relação a ele próprio.
A nível de Geringonça e desta tourada toda, sai
incólume o PCP, que tem peso político em municípios com tradições taurinas e há
muito percebeu que é preciso respeitar o Povo.
O PS é historicamente caracterizado por ter um pé
de um lado do rio e o outro do lado contrário, não vá o Diabo tecê-las. Apesar
dessas condicionantes todas, a matriz popular que ainda o incorpora e até ver, parece
ser favorável à Tauromaquia, o que a meu ver constituirá uma atitude sábia de
um partido que, no terreno social e político, se afirma e tem pretensões a ser
um partido charneira.
Do Bloco de Esquerda é melhor não falar, porque
fico mal disposto. Do PEV e do PAN, que são criações surrealistas de alguém em
maré imaginativa, tão pouco falo, já que são partidos urbanos e residuais, que
servem de bengala quando dá jeito.
A direita é comandada pelo CDS em nome da Tradição,
já que “La Noblesse oblige” e leva o PSD na sua peugada. Este partido, apesar
de estar na fase Rio, é como o PS, useiro e vezeiro por questões tácticas, em
apostar em dois cavalos ao mesmo tempo.
Outras
reacções
A PróToiro – Federação Portuguesa de Tauromaquia,
lançou uma “Petição para defender o respeito pela cultura
portuguesa, pela lei e pelos direitos inalienáveis do acesso de todos à
cultura, em liberdade, e sem discriminações.”
Como era de esperar, surgiu uma “Petição pela
abolição das touradas e de todos os espectáculos com touros” e uma “Petição que
defende um Referendo Nacional para abolição das touradas”.
Nas redes sociais, abolicionistas e
anti-abolicionistas deram conta dos seus pontos de vista. Assim a PróToiro
editou na sua página do Facebook, uma fotografia do poeta e histórico
social-democrata Vasco da Graça Moura, acompanhada do excerto de um discurso
seu no Parlamento Europeu: “As touradas
são um ritual diante do perigo em que arte e coragem, inteligência e perícia,
entusiasmo e audácia, criatividade e liberdade permitem (ao toureiro) revisitar
e refazer o mito imemorial da luta do Homem contra o que de mais obscuro e
brutal existe na natureza, concentrados no toiro que ataca.”
Como aficionado partilhei o texto da PróToiro na
minha página do Facebook e imediatamente comecei a receber “Gostos”, mas também
comentários desajustados em relação a Vasco da Graça Moura e em relação a mim
mesmo. Comentários da parte de quem, gozando do direito democrático que a Constituição
lhe confere de não gostar de touradas, não admite que outros possam gostar de
touradas, graças a essa mesma Constituição. Chama-se a isso intolerância. É uma
atitude inadmissível num Estado de Direito, onde o direito à diferença está
consignado na lei.
Os activistas anti-touradas, que não são obrigados
a frequentá-las, pretendem por todos os meios que outros que as queiram
frequentar, não o possam fazer. Ainda não há muito tempo, Marco Pernas Fanéco,
da Tertúlia Tauromáquica Estremocense, se queixou na sua página do Facebook,
ter visto a sua integridade física em risco por um grupo de manifestantes
anti-taurinos, quando pretendia entrar na Praça do Campo Pequeno, em Lisboa.
Mas o que é isto? É caso para proclamar:
- Perdoai-lhes Pai, que eles não sabem o que fazem!
Foram cegados por fundamentalismos doutrinários e crêem-se detentores da
verdade.
Sem comentários:
Enviar um comentário