O
GRUPO DO LEÃO (1885). Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929).
Óleo
sobre tela (200 x 380 cm).
Museu do Chiado, Lisboa.
O conceito de “massa
crítica”, originário da física nuclear, é extensível a múltiplos domínios como
sociologia, política, dinâmica de grupos, publicidade, marketing, etc. Em
qualquer destas áreas, “massa crítica” é a quantidade mínima de pessoas
necessárias para que um determinado fenómeno possa ocorrer e adquirir uma
dinâmica própria que lhe permita autosustentar-se e crescer.
Uma questão que se põe
imediatamente é a de saber se a comunidade estremocense tem ou não, massa
crítica que lhe permita induzir dinâmicas sociais, indispensáveis ao
desenvolvimento nas suas diversas vertentes. Uma análise do problema poderá
levar à conclusão de que Estremoz não tem massa crítica. Contudo, a situação
não é irreversível como passo a demonstrar.
Estremoz tem entre os seus filhos, naturais ou
adoptivos, bastantes individualidades com currículo respeitável, com percursos
de vida notáveis, com provas dadas e obra feita que merece o reconhecimento da
comunidade. Todavia, atomizados na sua individualidade não constituem massa
crítica. Estão dispersos por variadas coutadas doutrinárias, ideológicas e
partidárias, muitas vezes estanques, avessas a pensar para além do dogma que as
sustenta, o que inevitavelmente as acabará por aniquilar. Estão ainda
disseminados por capelas e tertúlias, que reproduzem alguns dos vícios
anteriores. Estão igualmente espalhados por grupos de acção escolar ou
confinados a torres de marfim ou celas individuais de pensamento pró-monástico.
Naquelas circunstâncias nunca constituirão massa crítica,
já que como nos ensina o
gestaltismo, o todo é mais que um mero somatório das suas partes, pois tem
características próprias. Estas só poderão ser alcançadas se todos e cada um
tiverem a humildade de reconhecer que atomizados não conseguem chegar a parte
nenhuma, limitando-se a cumprir um caminho de penitência. Todavia é impensável
e ilegítimo que cada um dos múltiplos grupos cogite em arregimentar os
restantes, visando o seu auto-reforço. O que é possível e legítimo é cada um
desses grupos ou individualidades proceder a uma profunda reflexão que lhe
permita separar em termos de objectivos e de linhas de acção, o que é essencial
do que é acessório. Feito isto, é então possível procurar equacionar quais os
caminhos que podem ser percorridos conjuntamente. Então, Estremoz terá massa
crítica, indutora de dinâmicas sociais conducentes ao desenvolvimento nas suas
distintas vertentes. Então poderá ocorrer uma mudança de paradigma, que como
Fénix renascida das cinzas, nos devolva o orgulho de sermos estremocenses.
Muito boa reflexão. Apetece-me adaptar aqui para a realidade de Vagos, terra tristemente célebre por ter sido o concelho onde o Cavaco teve maior percentagem de votos. Como em todos os lados ninguém se junta a ninguém, excepto para confrarias gastronómicas. Será uma razão cultural...
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