terça-feira, 16 de dezembro de 2025

O Presépio na Pintura Portuguesa


Jorge Afonso (c.1470 - c.1540). Adoração dos Pastores.


Um dos grandes símbolos religiosos, que retrata o Natal e o nascimento de Jesus é o presépio. De acordo com Rafael Bluteau [1] e Cândido de Figueiredo [2], a palavra “presépio” provem do latim “praesepium”, que genericamente significa curral, estábulo, lugar onde se recolhe gado e que, numa outra óptica designa qualquer representação do nascimento de Cristo, de acordo com os Evangelhos [LUCAS 2: 1 a 18) e MATEUS 2: 1 a 11]. O Presépio está profusamente representado na pintura portuguesa antiga. Passemos em revista essas representações, que incluem a adoração dos pastores e a adoração dos Reis Magos, as quais serão visualizáveis de uma forma cronológica. 

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 26 de Fevereiro de 2010

Jorge Afonso (c.1470 - c.1540).  Adoração dos Magos (c. 1515). Óleo sobre madeira
(170 x 205 cm). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

Gregório Lopes (c.1490-1550). Presépio (c. 1527). Óleo
sobre madeira (128 x 87 cm). Museu  Nacional de Arte
Antiga, Lisboa.

Gregório Lopes (c.1490-1550). Adoração dos Pastores.

Vasco Fernandes (activo entre 1501 e 1540). Natividade
(1501-6). Óleo sobre madeira (131 x 81 cm). Museu de
Grão  Vasco, Viseu.

Vasco Fernandes (activo entre 1501 e 1540). Adoração dos
Magos (1501-6). Óleo sobre madeira (130,2 x 79 cm). Museu
de Grão Vasco, Viseu.

Frei Carlos (activo entre 1517-1539). Adoração dos
Reis Magos. Museu da Guarda.

André Reinoso (activo entre 1610-1641). Adoração dos Pastores.

Bento Coelho da Silveira (1620-1708). Adoração dos Pastores.

Bento Coelho da Silveira (1620-1708). Adoração dos Magos.

Josefa de Óbidos (1630 –1684). Natividade (c. 1650-60). Óleo sobre cobre. (21 x 16 cm).
Colecção particular, Porto.

Josefa de Óbidos (1630 –1684). Adoração dos Pastores (1669). Óleo sobre tela
(150 x 184 cm). Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.

André Gonçalves (1686-1762). Adoração dos Magos (s/ data). Óleo sobre tela.
Museu Nacional de Machado de Castro, Coimbra.

André Gonçalves (1686-1762). Adoração dos pastores.

Domingos António de Sequeira (1768-1837). Adoração dos Magos (1828). Óleo sobre tela.
(100 x 140 cm). Colecção Particular, Lisboa.


BIBLIOGRAFIA

[1] – BLUTEAU, Raphael. Vocabulario Portuguez & Latino. Real Colégio das Artes da Companhia de Jesus. Coimbra, 1713.
[2] – FIGUEIREDO, Cândido de. Novo Diccionário da Língua Portuguesa. Editora T. Cardos & Irmão, 1899.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

NATIVIDADE - uma tipologia de cantarinha enfeitada, criada pelas Irmãs Flores


Cantarinha enfeitada com Natividade. Irmãs Flores

A chamada "olaria enfeitada" não integra aquilo que se convencionou chamar o “Figurado de Estremoz”. Trata-se de objectos oláricos produzidos na roda pelos oleiros e enfeitados “à maneira de Estremoz” e na qual predominam cores como o zarcão, o azul, o verde e o vermelho. São peças com dupla autoria, que ostentam por vezes na base, as marcas dessa dupla autoria.
A cantarinha enfeitada aqui designada por "Natividade" é uma criação das Irmãs Flores.
Com a cantarinha ainda em cru, foi-lhe extraída a parte frontal superior do bojo e colada ao nível do corte, uma placa de barro que encaixa perfeitamente na concavidade aberta da cantarinha.
Com uma tal opção, essa concavidade configura a gruta na qual segundo uma das tradições bíblicas, terá nascido o Menino Jesus.
No interior da gruta e nas posições usuais, encontram-se: o berço do Menino Jesus, Nossa Senhora, São José, o burro e a vaca.
A “gruta” encontra-se protegida por uma sacada com arcos floridos, inspirada na protecção lateral do berço dos anjinhos (um dos tipos de berço do Menino Jesus).
Esta última opção visou embelezar ainda mais a decoração do conjunto, bem como impedir que as figuras da Natividade possam cair quando se desloca a cantarinha.
Com esta criação, as Irmãs Flores ampliaram e reforçaram o conceito de olaria enfeitada, criando uma peça composta, bivalente, que pertence simultaneamente a dois mundos: o da olaria enfeitada e o dos presépios.

Publicado inicialmente a 12 de Julho de 2023

domingo, 14 de dezembro de 2025

67 - Berços do Menino Jesus – 6


Berço dos anjinhos.
Sabina Santos (1921-2005).
Colecção particular.

Figurado de Estremoz – 3
O berço dos anjinhos
O berço dos anjinhos é mais uma representação alegórica ao nascimento de Jesus numa manjedoura. Trata-se de um conjunto em barro policromado, constituído por um berço, uma figura antropomórfica masculina (o Menino Jesus) e duas figuras celestiais (os anjinhos). Este tipo de berço tem existência individual e não costuma integrar o presépio de trono ou de altar e os de 3, 6 e 9 figuras.
Merece particular descrição, o modelo de Sabina Santos, pertencente a colecção particular. O berço, de forma rectangular, está assente em 4 pés em forma de sino, colocados nas extremidades e possui um espaldar elevado, em forma de sector elíptico, orlado por um adorno de pregas, aparentando folho. O berço, de cor amarela, apresenta à frente e lateralmente, arcos sensivelmente ogivais, prateados e com manchas irregulares de cor verde e amarela. Os arcos encontram-se decorados frontalmente com palmas de cor verde, apresentando entre eles, botões florais de cores diversas.
A cor do folho é azul do Ultramar. O espaldar está enfeitado por um laço prateado com volumetria, ladeado por duas flores de oito pétalas, alternadamente vermelhas e negras. Os pés do berço são prateados, com manchas irregulares de cor verde e amarela.
No centro do folho encontra-se empoleirado um galo, ladeado de dois anjinhos, olhando qualquer deles em frente.
O galo tem as patas figuradas por dois pedaços de arame, apresenta as asas recolhidas e a cauda erguida. O galo é branco, pintalgado de negro e apresenta linhas negras, configurando as penas. Os olhos estão representados por dois pontos negros e o bico é amarelo, de forma cónica. Na cabeça, o galo ostenta uma crista e um papo, ambos vermelhos.
Os anjinhos estão despidos e sentados, tocando uma trombeta que seguram com ambas as mãos, nas quais linhas incisas representam os dedos. As trombetas e as asas abertas dos anjinhos são prateadas.
Na cabeça dos anjinhos, o cabelo é de cor castanha. Os olhos estão representados por dois pontos negros, encimados por dois traços da mesma cor, que representam as pestanas e as sobrancelhas. O nariz é em relevo e a boca apresenta lábios delineados e de cor vermelha. De cada lado da face é visível uma roseta alaranjada.
No interior do berço está assente uma manta branca com a orla decorada com listas incisas, alternadamente de cor preta e alaranjada, assim como uma almofada branca decorada de igual maneira.
Assente na manta e com a cabeça sobre a almofada, encontra-se a figura do Menino Jesus, despida e deitada de costas, com a perna esquerda sobreposta à direita. O braço direito apoia-se no peito e o braço esquerdo esticado, acompanha o corpo. Nas mãos, linhas incisas representam os dedos. Na cabeça do Menino, o cabelo é de cor castanha. Os olhos são figurados por dois pontos negros, encimados por dois traços da mesma cor, que figuram as pestanas e as sobrancelhas. O nariz é em relevo e a boca apresenta lábios esboçados e de cor vermelha. De cada lado da face é visível uma roseta alaranjada.
O facto de este tipo de berços estar enfeitado por um laço e por palmas, leva a que seja também designado por berço enfeitado.
Publicado inicialmente em  2 de Março de 2017

sábado, 13 de dezembro de 2025

Cancioneiro do Natal Alentejano


Grupo de cantadores (anos 90 do séc. XX). Ana Bossa (1978- ), que nos anos 90
do séc. XX, frequentou o atelier das irmãs Flores.

A identidade cultural alentejana reflecte-se em tudo, inclusive no cancioneiro popular de Natal, onde apesar da religiosidade um pouco peculiar, é notório o respeito pela Sagrada Família, a qual apesar disso é tratada terra a terra e mesmo com uma certa ironia. Assim, Jesus é identificado como mais pobre que os pobres:

"Qualquer filho de homem pobre
Nasce num céu de cortinas.
Só tu, Menino Jesus,
Nasceste numas palhinhas." [1]

Jesus é também recriminado por ter nascido numa época de frialdade:

"Ó meu Menino Jesus
Ó meu menino tão belo,
Logo Vós foste nascer
Na noite do caramelo!" [2]

Fazendo fé no cancioneiro, ou das duas uma, tal como a minha filha, o Menino era crescido para a idade, ou S. José era um carpinteiro de obra grossa, que fazia as obras a olho, não ligando às possíveis medidas:

"O Menino chora, chora,
Chora com muita rezão:
Fizeram-le a cama curta,
‘Tá c'os pézinhos no chão." [3]

De resto, S. José poderia não ser mesmo dado a grandes trabalheiras:

"José, embana o Menino,
Com a mão e não com o pé;
Esse Menino que embanas
É Jesus de Nazaré!" [4]

Quem parece que sabia embalar o Menino era a mãe:

"Esta noite, à meia noite,
Ouvi cantar ao Divino;
Era a virgem Maria
Que embalava o seu Menino." [5]

O Menino parece que era um bébé - chorão e tanto chorava por cima como por baixo:

"O Menino chora, chora,
Chora pelos calçõezinhos.
Calai-vos, ó mê Menino
Faltam-le os botõezinhos." [6]

Como todos os bébés, o Menino era um bébé – mijão. Por isso, tinha de mudar de roupa de baixo com frequência, dando muito trabalho à mãe:

"Cantai, anjos, ao Menino
Que a senhora logo vem:
Foi lavá-los cueirinhos
À ribeira de Belém." [7]

Era cada encharcadela! Molhava não só ao cuerinhos como também a camisinha:

"Ó mê Menino Jasus,
Qu'é da tua camisinha?
Tá lá fora na ribeira
Em cima duma pedrinha." [8]

Não havia sítio que chegasse para estender a roupa, a ponto de os pastores terem de ser avisados para não arrancar vegetação, não fosse dar-se o caso, de não haver onde estender a roupa:

"Pastor do gado branco,
Não arranques o rosmaninho,
Pois é onde a Virgem Pura
Estende os cueirinhos." [9]

De resto, parece que o menino não era muito esquisito em relação à roupa:

"- Ó meu amado Menino
Quem Vos deu o fato verde?
- Foi uma moça donzela
Duma doença que teve." [10]

Mariolicices também o Menino as faria, a ponto de ter que levar o seu tabefe:

"- Ó meu menino Jesus
Quem vos deu? Porque chorais?
- Deram-me as moças da fonte;
Não hei-de tornar lá mais." [11]

O cancioneiro popular alentejano é um cancioneiro de homens sujeitos ao trabalho sazonal e ao consequente desemprego cíclico. Por isso, é um cancioneiro de homens, muitas vezes com uma barriga vazia que dá horas, não podendo, por isso mesmo, deixar de reflectir naquilo que as poderia confortar. Para alguns, haveria mesmo que dar de comer ao Menino, sem a própria mãe saber:

"Ó mê Menino Jasus,
Quem vos pudera valer,
com sopinhas da panela
Sem a vossa Mãe saber!" [12]

Alguns deviam ter tanta fome, que chegaram a pôr a hipótese de comer a boca do Menino:

"Ó mê Menino Jasus,
Boquinha de requêjão:
Quem vo-la comera toda
C'um bocadinho de pão." [13]

Outros mais comedidos, limitaram-se a pedir ao Menino para repartir com eles a comida, porque não têm pão:

"Ó mê Menino Jasus
Da Lapa do coração,
Dai-me da vossa merenda,
Que a minha mãe não tem pão." [14]

Ou até porque não têm mesmo nada para comer:

"Ó meu amado Menino,
Boquinha de marmelada,
Dai-me da vossa merenda,
Que a minha mãe não tem nada." [15]

Chegam mesmo ao ponto de querer saber, onde é que o menino arranjou a comida que tem naquele momento

"Ó mê Menino Jasus,
Quem te deu essa boleta?
Foi a minha avó Sant'Ana
Qu'a tinha lá na gaveta." [16]

Outros, mais imaginativos, talvez pensando naquilo que não têm, pintam um menino empanturrado com aquilo que o porco e a terra dão:

"Olha o Deus Menino,
Nas palhinhas deitado,
A comer pão e toicinho
Todo besuntado!" [17]

Este o cancioneiro popular que temos e de que nos devemos orgulhar, por ser parte integrante da nossa memória colectiva e da nossa identidade cultural, que urge preservar e transmitir às gerações mais novas.
[1] - Elvas. Recolha de M. Inácio Pestana in Etnologia do Natal Alentejano, Edição da Assembleia Distrital, Portalegre, 1978.
[2] - Recolha de J. Leite de Vasconcellos in Cancioneiro Popular Português, vol. III, Acta Universitatis Conimbrigensis, Coimbra, 1983.
[3] - Elvas. Recolha de M. Inácio Pestana in Etnologia do Natal Alentejano, Edição da Assembleia Distrital, Portalegre, 1978.
[4] - Alandroal. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[5] - Alentejo. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[6] - Elvas. Recolha de M. Inácio Pestana in ob. cit.
[7] - Alentejo. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[8] - Elvas. Recolha de M. Inácio Pestana in Etnologia do Natal Alentejano, Edição da Assembleia Distrital, Portalegre, 1978.
[9] - Elvas. Recolha de M. Inácio Pestana in ob. cit.
[10] - Alentejo. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[11] - Alentejo. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[12] - Alandroal. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[13] - Elvas. Recolha de M. Inácio Pestana in ob. cit.
[14] - Alandroal. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[15] - Alentejo. Recolha de J. Leite de Vasconcellos in ob. cit.
[16] - Elvas. Recolha de M. Inácio Pestana in ob. cit.
[17] - Estremoz. Recolha de H. Matos. Anos 60.

Publicado inicialmente em 8 de Março de 2010

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

Pastoras ofertantes de pezinhos

 

Fig. 1 - Pastoras ofertantes de pezinhos. Oficinas de Estremoz do último quartel do séc. XIX.


Na barrística popular de Estremoz existe uma figura cuja origem remonta, pelo menos, ao último quartel do séc. XIX e que é conhecida por “Senhora de pezinhos”. Trata-se de uma figura que tem como atributos, prescindir de base (ser assente nos pezinhos e no vestido/saia) e ter ambas as mãos assentes frontalmente nas pernas e abaixo da anca (Fig. 2).

O presente escrito tem por finalidade chamar a atenção para o facto de a “Senhora de pezinhos” não ser o único espécime da nossa barrística cujo assentamento se efectua nos pezinhos e no vestido/saia. Com efeito, existem também figuras de pastoras ofertantes do último quartel do séc. XIX, cujo assentamento é do mesmo tipo (Fig. 1). Trata-se de “Pastoras ofertantes de pezinhos”, que nos exemplares desta figura transportam um borrego ao colo e um cesto com queijos na cabeça. Outros exemplares haverá, segundo creio, que transportem aves ao colo e ovos na cabeça.

Hernâni Matos

Publicado inicialmente em 28 de Março de 2024


Fig. 2 - Senhora de pezinhos. Ana das Peles (1869-1945). 

quinta-feira, 11 de dezembro de 2025

40 – Fuga para o Egipto – 1


Fuga para o Egipto (1948). Mariano da Conceição (1903-1959).
Museu Rural de Estremoz.

A “Fuga para o Egipto” é um evento relatado no Evangelho de São Mateus (Mateus 2:13-25), no qual após a Adoração dos Magos, José foge para o Egipto com Maria sua esposa e seu filho recém-nascido Jesus, após ter sido avisado por um Anjo do Senhor, do massacre de crianças com menos de dois anos, que ia ser perpetrado por ordem de Herodes I, o Grande, receoso que a criança que os Magos proclamavam como novo rei, lhe tomasse o trono e o poder.
Tradição católica
A intensa devoção dos católicos por Maria, levou-os a atribuir-lhe inúmeros títulos, entre os quais Nossa Senhora do Desterro, visto que após a fuga para o Egipto, aí permaneceu desterrada durante 4 anos.
Nossa Senhora do Desterro é Padroeira dos refugiados e dos emigrantes e é venerada na Igreja do mesmo nome, na Póvoa de Varzim, onde no 1º domingo de Junho se celebra a sua festa litúrgica. Nela sobressaem os tapetes de flores que ornamentam as ruas envolventes à Igreja, assim como uma grandiosa procissão bastante participada pela comunidade piscatória, muito devota da Santa. Na procissão figura uma alegoria à “Fuga para o Egipto”, na qual uma figurante trajando à época e com uma criança ao colo, monta uma burrinha que é conduzida por outro figurante, desempenhando o papel de São José.  
Também em Lamego na Igreja de Nossa Senhora do Desterro, existe igual veneração. Dela nos fala o cancioneiro popular da Beira Alta: “Dizeis que não tenho mãe, / Eu tenho-a em Lamego; / Dizei-me quem ella é? / A Senhora do Desterro.”
Em Braga, na Quarta-Feira Santa tem lugar o tradicional cortejo bíblico “Vós sereis o meu povo”, popularmente conhecido como “Procissão da Burrinha”. Trata-se de uma procissão nocturna que apresenta a pré-história do Mistério Pascal de Jesus, que a Igreja celebra nos dias seguintes. No decurso dela são apresentados em sucessão cronológica e em verdadeira catequese, 22 quadros da vida de Jesus. Num deles é recriada a fuga para o Egipto de São José e Nossa Senhora, com a imagem da Virgem com o Menino Jesus ao colo, transportada numa burrinha e conduzida por um figurante, fazendo de São José. A procissão, organizada desde 1998 pela Paróquia e pela Junta de Freguesia de São Victor, integra mais de 1000 figurantes com trajes bíblicos, assim como bandas filarmónicas e grupos corais. É uma referência incontornável da Semana Santa de Braga e a ela assistem vulgarmente mais de 60 mil pessoas, ao longo dos 3 km de percurso.
Arte cristã
Desde a Idade Média que a “Fuga para o Egipto” constitui um tema recorrente na arte cristã, frequentemente explorado pelos artistas plásticos, que representam Nossa Senhora com o Menino Jesus ao colo, montada numa burrinha e acompanhada por São José, que segue a pé.
A nível da pintura há inúmeras iluminuras dos códices de pergaminho medievais, bem como pinturas sobre os suportes mais diversos (tela, madeira, mármore, vidro, cobre, prata, fresco, etc.). No âmbito da escultura em pedra, a evocação bíblica figura em pias baptismais, túmulos, fachadas, capiteis, edículas, frisos de arquitraves, etc. A ela há a acrescentar ainda a escultura em madeira e barro policromados, bem como painéis de azulejos, vitrais, desenhos e gravuras (em madeira ou a água-forte).

Publicado inicialmente em 6 de Janeiro de 2016

quarta-feira, 10 de dezembro de 2025

Provérbios de Natal


Virgem com o Menino Jesus ao colo (2º quartel do séc. XVII). Painel com 6 x 8 azulejos (70 x 112 cm).
Arquidiocese de Évora.

- Ande o frio por onde andar, pelo Natal cá vem parar.
- Assim como vires o tempo de Santa Luzia ao Natal, assim estará o ano, mês a mês até ao final.
- Caindo o Natal à segunda-feira, o lavrador tem de alargar a eira.
- De Santa Catarina ao Natal, bom chover e melhor nevar.
- De Santa Catarina ao Natal, mês igual.
- De Santa Luzia ao Natal, ou bom chover ou bom nevar.
- De Santos a Santo André, um mês é; de Santo André ao Natal, três semanas.
- De Santos ao Natal perde a padeira o cabedal.
- De Santos ao Natal, ou bom chover ou bem nevar.
- Depois de o Menino nascer, é tudo a crescer.
- Dezembro nasceu Deus para nos salvar.
- Do Natal a Santa Luzia cresce um palmo em cada dia.
- Do Natal a São João, seis meses são.
- Dos Santos ao Natal bico de pardal.
- Dos Santos ao Natal é bom chover e melhor nevar.
- Dos Santos ao Natal é Inverno natural.
- Dos Santos ao Natal vai um salto de pardal.
- Em caindo o Natal à segunda-feira, o lavrador tem de alargar a eira.
- Em Dezembro ande o frio por onde andar, pelo Natal há-de chegar.
- Em dia de festa e Natal, atesta a barriga, não faz mal.
- Em dia de Santa Luzia cresce a noite e minga o dia.
- Em Natal chuvoso até o diligente é preguiçoso.
- Entrudo borralheiro. Natal em casa, Páscoa na praça.
- Festa do Natal no lar, da Páscoa na Praça e do Espírito Santo no campo.
- Galinhas de São João, pelo Natal ovos dão.
- Janeiro gear, Fevereiro chover. Março encanar, Abril espigar, Maio engrandecer, Junho ceifar, Julho debulhar. Agosto engavelar, Setembro vindimar. Outubro revolver, Novembro semear, Dezembro nasceu Deus para nos salvar.
- Janeiro gear. Fevereiro chover, Março encanar, Abril espigar. Maio engrandecer. Junho ceifar, Julho debulhar. Agosto engavelar, Setembro vindimar. Outubro revolver. Novembro semear. Dezembro nascer.
- Laranja antes do Natal livra o catarral.
- Na mesa de Natal, o pão é o principal.
- Não há ano, afinal, que não tenha o seu Natal.
- Natal a assoalhar e Páscoa ao luar.
- Natal à segunda-feira, lavrador alarga a eira.
- Natal à sexta-feira, guarda o arado e vende os bois.
- Natal ao sol, Páscoa ao fogo, fazem o ano formoso.
- Natal de rico é bem sortido.
- Natal em casa, junto à brasa.
- No Natal em casa, junto à brasa.
- No Natal tem o alho bico de pardal.
- No Natal, só o peru é que passa mal.
- No Natal, todo o lobo vira cordeiro.
- Noite de Natal estrelada dá alegria ao rico e promete fartura ao pobre.
- Nos bons anos agrícolas, o Natal passa-se em casa e a Páscoa na rua.
- Novembro, semear; Dezembro, nascer.
- O ano vai mal, se não há três cheias antes do Natal.
- O Natal ao soalhar e a Páscoa ao luar.
- O Natal em casa e junto da brasa.
- O Natal quer-se na praça, a Páscoa em casa.
- Outubro, revolver; Novembro, semear; Dezembro, nasceu um Deus para nos salvar; Janeiro, gear; Fevereiro, chover; Março, encanar; Abril, espigar; Maio, engrandecer; Junho, ceifar; Julho, debulhar; Agosto, engravelar; Setembro, vindimar.
- Para o ano não ir mal, hão-de os rios três vezes encher, entre o São Mateus e o Natal.
- Para o ano ser bom, passar o Natal na rua e a Páscoa em casa.
- Pela Senhora da Conceição, favas ao chão; por São Tomé, carregam da ponta ao pé; eu semeio quando me faz conta e carregam do pé à ponta.
- Pelo Natal cada ovelha em seu curral.
- Pelo Natal se houver luar, senta-te ao lar; se houver escuro, semeia outeiros e tudo.
- Pelo Natal, bico de pardal vai ao laranjal.
- Pelo Natal, cada ovelha em seu curral.
- Pelo Natal, lua cheia, casa cheia.
- Pelo Natal, neve no monte, água na ponte.
- Pelo Natal, poda natural.
- Pelo Natal, sachar o faval.
- Pelo Natal, saltinho de pardal.
- Pelo Natal, semeia o teu alhal e se o quiseres cabeçudo, semeia-o no Entrudo.
- Pelo Natal, sol; pela Páscoa, carvão.
- Pelo Natal, tenha o alho bico de pardal.
- Por Natal ao jogo e por Páscoa ao fogo.
- Por Natal sol e por Páscoa carvão.
- Quando o Natal tem o seu pinhão, a Páscoa tem o seu tição.
- Quem quer bom ervilhal semeia antes do Natal.
- Quem quiser bom pombal, ceva-o pelo Natal.
- Quem vareja antes do Natal, fica-lhe a azeitona no olival.
- Quem varejar antes do Natal, deixa azeite no olival.
- Se te queres livrar de um catarral, come uma laranja antes do Natal.
- Sol no Natal, chuva na Páscoa.
- Três semanas antes do Natal, Inverno geral.
- Uma cama em Agosto e uma ceia em Natal, quem a quer a pode dar.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 14 de Dezembro de 2012